Eu nem chamo esse game de Remake. Se eu fosse um scholar que ditasse os conceitos e coloquialismos dessa cena, eu usaria a seguinte nomenclatura para reiterações de games antigos (os três “res”):
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PRIMEIRO “RE” - Remaster: literalmente o mesmo game, o mesmo pack de texturas, UI, menus, apresentação, texto, tudo praticamente igual, com poucos extras, somente revamped para resoluções e framerates maiores. Esse termo eu reservaria para o que se costumava chamar de port intergeracional antigamente. É como o port de Soul Reaver pra Dreamcast. Aquilo ali, se ocorresse hoje, seria batizado de remaster. Exemplos: Final Fantasy XII, Uncharted Remaster,
GoW III Remaster, Gears of War Remaster pra One etc
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SEGUNDO “RE” - Remake: aqui, o termo designaria uma mudança profunda em toda estrutura visual do game, novos asstes feitos praticamente do zero, embora baseados em arte e técnica antigas. Menus atualizados, alguns reajustes de gameplay e modernizações a granel, mas ainda assim resultando essencialmente no mesmo game. Pode ou não conter modos extras e alguma extensão breve de conteúdo. Exemplos seriam Crash Team Racing, Spyro Reignited Trilogy, Shadow of the Colossus 2018 e Yakuza Kiwami.
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TERCEIRO “RE” - Reimagination: esse termo representa um jogo tão modificado em espírito frente a seu original, um departure tão brusco e intenso do core primordial, que a coisa se torna um novo ente completamente diferente em todo sentido possível e imaginável. É o caso de Resident Evil 2 Remake ou de
Final Fantasy VII Remake. Não são o
mesmo game com update de resolução e framerate (exemplo: The Last of Us Remaster), não são o
mesmo game com assets completamente revolucionados (exemplo: Link’s Awakening), são outro game diferente.
Se eu fosse um ditador, eu obrigaria debaixo de chibatada na lomba e cusparada na cara todo mundo a usar essa taxonomia. Dito isso, uma Reimaginação, pelo menos no caso de videogames, é sempre um passo a frente, no sentido de incluir novas experiências, sem omitir as demais. Um remake 1:1 aí, mesmo 3D, seria um desperdício, porque já temos o game antigo pronto pra uso.
Eu apoio completamente a divisão desse game em episódios. A obra original é monumental, e um dos maiores games de sua geração em expansividade e conteúdo. Uma revolução completa se comparado ao anêmico FF VI.
Eu penso que transplantar uma mísera sequência como a da City of the Ancients, que era constituída de 3 telas no game original, para uma produção do tipo “Reimaginação” do século XXI, demandaria muitas horas de gameplay pra não ficar tosco. Eu não sei se vocês captaram a mensagem. Imaginem as mesmas 3 telas da City of the Ancients, e os eventos que culminaram com a morte de Aerith, somente elevadas a categoria de gráficos 3D atuais, as mesmas telas e diálogos, somente com revamped visual. Em 5 passos você chegaria em Jenova e a Masamune cantaria no bucho da Ancient em 10 minutos de gameplay. Muito tosco e inaceitável.
A quantidade de scenario (scenario com “sc”, eventos, e não “cenário” com “c”) que FF VII possuía é muito grande. A mísera sequência de Medeel - Recobrar a Consciência de Cloud deve corresponder à Main Quest inteira de The Witcher 3 em número de scenarios. Pra não ficar tosco pros padrões atuais, resolveu-se acertadamente repartir tantos scenarios.
O Cemitério de Trens inteiro desse FF VII Remake tem que ter o tamanho aproximado de pelo menos 1/3 do Pântano Retorcido inteiro de TW 3 pra não soar absurdo.
Esse game então, traduzido, num âmbito duma reimaginação, para os padrões atuais, ou ficaria micro e tolo demais, ou ocuparia literalmente 6 Blu Rays, o que seria comercialmente inviável. Entre isso e, ao invés dum Reimagining, um Remake da minha nomenclatura do princípio do meu post, eu prefiro 1 milhão de vezes o lançamento em episódios.