Deixa o pai contar uma coisa pra você: se você acha que nosso personagem vai ter vida fácil e será uma explosão de vendas no Leste Europeu porque estes países viveram décadas com o coturno soviético em suas gargantas e hoje têm repulsa e estão todos livres do socialismo ou de qualquer influência da esquerda... se em algum momento você pensou nisso, pode tirar o cavalo da chuva. "Branik Svobode" (O Arauto da Liberdade) já está sofrendo todo tipo de críticas, ataques e boicotes por parte de leitores eslovenos, principalmente universitários. Os ataques vão dos mais baixos possíveis (com palavrões intraduzíveis) aos surradíssimos: "Brasileiros não entendem o comunismo! Como se atrevem a escrever sobre isso?" "Brasileiros não podem escrever sobre comunismo!" Eu já sabia que isso aconteceria, pois conversei bastante com meu agente Ivan e com o editor Biščak. Eles se interessaram em publicar lá justamente por entenderem que a juventude europeia, ainda que avisada pela geração anterior, nutre um tesão juvenil por Marx e seus asseclas e que apresentar uma contrapartida ao pensamento único que atinge a molecada nas faculdades seria fundamental. Também é desnecessário dizer que a mídia e os intelectuais são 99% de esquerda. Chame isso de Síndrome de Estocolmo, de alienação, de corrupção, chame do que quiser... mas a missão é a mesma em todo canto do planeta. É muito difícil, senão impossível.