O que há de Novo?
Fórum Outer Space - O maior fórum de games do Brasil

Registre uma conta gratuita hoje para se tornar um membro! Uma vez conectado, você poderá participar neste site adicionando seus próprios tópicos e postagens, além de se conectar com outros membros por meio de sua própria caixa de entrada privada!

  • Anunciando os planos GOLD no Fórum Outer Space
    Visitante, agora você pode ajudar o Fórum Outer Space e receber alguns recursos exclusivos, incluindo navegação sem anúncios e dois temas exclusivos. Veja os detalhes aqui.


Distributismo

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Tópico dedicado a discussão sobre o Distributismo/Distributivismo.
Sei que esse assunto foi ventilado num tópico de 2015 pelo Gatuso, porém foi muito carente de informação e não vingou, creio eu, pela forma como foi apresentado.
Diante disso, trago esse tópico com o fito de discutir essa Teoria Econômica que está sendo base de estudo para minha Monografia.
Desejo que seja um tópico que até possa me trazer subsídio para esse meu objetivo acadêmico.

Primeiro, a Definição. Coloco um artigo bem conciso de um blog. Pensei eu mesmo em fazer, porém esse está tão bem sucinto e bem feito que ele o serve e muito bem.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

1*ZS-QZ0hKPDCZw0XZIrbYxg.png


O que é Distributismo?

O Distributismo tem suas raízes nas teorias sociais e econômicas articuladas nos documentos dos pontífices católicos, começando com o Papa Leão XIII, na Rerum Novarum. Essas encíclicas sociais trazem imperativos para as transações econômicas e suas relações com o trabalho, solidariedade, salários, ampla difusão da propriedade e os limites apropriados à tecnologia. O Distributismo é um sistema econômico de acordo com os princípios desses documentos, e é centrado na mais vasta posse de propriedade possível, como a melhor garantia da liberdade política e econômica. Uma família que tenha sua própria terra ou suas próprias ferramentas pode levar sua vida sem ser dependente de um emprego oferecido por terceiros. Assim, o Distributismo almeja estender a propriedade para o maior número possível de proprietários, e acabar com a concentração da propriedade nas mãos de poucos capitalistas, ou do Estado.

O que são os ‘meios de produção’?

Meios de produção são terra, ferramentas e equipamentos necessários ao trabalho de transformação de materiais brutos em bens e serviços. Como riqueza (bens ou serviços) somente é possível pela combinação dos meios de produção, trabalho e matérias-primas, acreditamos ser melhor quando são adquiridos em modelo de cooperativa (de propriedade do trabalhador) ou inteiramente operados pela família.

Vocês são Capitalistas ou Socialistas?

Nenhum dos dois. Capitalismo — ou proletarianismo — é um sistema baseado na maximização do retorno dos investimentos, e busca isso à custa do trabalho e do bem comum. O Socialismo busca eliminar a propriedade e colocá-la nas mãos de um governo impessoal e centralizado. Ambos sistemas — Capitalismo e Socialismo — limitam a real propriedade na prática. A única diferença entre um Estado socialista e um capitalista é se o poder está concentrado em poucas mãos privadas ou burocráticas.

1*z8AP5p7Mrk-CsBOLIjzqBw.jpeg

Proletariado no início da revolução industrial. Chesterton fez pesadas críticas ao capitalismo em “O Que há de Errado com o Mundo

Então vocês não apoiam um “Governo Grande/Estado Grande”?

Distributistas são descentralistas, que acreditam que a maioria das funções organizacionais (negócios, governo ou trabalho) deveriam ocorrer no menor nível de competência possível (subsidiariedade). Instituições como cooperativas e governos locais contribuem para a redução dos controles excessivos em larga escala, sejam eles burocráticos ou comerciais.

O que isso tem a ver com justiça?

Desde os tempos de Aristóteles os filósofos e economistas consideram a justiça como um elemento integrante do mercado; um fator a ser considerado antes que as trocas se efetivem. Todavia, durante o período da história conhecido como Iluminismo, surgiu o equívoco de que a justiça social viria somente por meio das “forças do mercado”, ou do planejamento centralizado pelo governo. Nesse caso, o homem se torna uma mera engrenagem na máquina da economia, ele é reduzido a uma insignificância material que desconsidera sua natureza decaída ou telos (propósito). Assim, reconhecemos a dependência do homem aos bens materiais, reconhecemos que o comércio e as políticas sociais devem estar subordinados à sua vocação virtuosa.

Não seria o Distributismo menos eficiente, tornando a todos mais pobres?

Embora o capitalismo afirme ser altamente “eficiente”, ele não funciona tão bem sem massivas despesas e intervenções governamentais. Os distributistas afirmam que a propriedade produtiva é uma geradora genuína de riqueza, porque serve e sustenta a família materialmente (comida, roupa e abrigo), e cultiva a alma através do trabalho. Ademais, evidencia-se que a propriedade distribuída é na verdade mais eficiente e menos dependente de enormes conglomerados governamentais ou corporativos. A propriedade significa liberdade para as famílias em relação à volatilidade financeira; partindo da perspectiva dos proprietários, a terra transcende os valores de mercado, devido à sua indispensabilidade para a estabilidade da família.

Qual é a sua posição em relação à nossa atual crise econômica?

Salários estagnados, usura, especulação, derivativos, desperdício e dívidas dos consumidores são somente uma parte dos problemas que transformaram uma terra de pequenos negócios e pequenos fazendeiros em uma nação dividida entre corporações entregando suas responsabilidades aos contribuintes e um governo complacente com os empregos sendo enviados ao exterior. Com relativamente poucos produtores e mais produção terceirizada, a confiança da família em obter alimentos saudáveis, salários justos, casa própria, serviços de saúde e educação apropriada para seus filhos através do emprego, entrou em colapso.

1*GNVeczOhwvqvJcSCSmoCWQ.jpeg

Operárias soviéticas. O trabalho mais crítico de Chesterton contra as ideologias modernas foi Hereges

Como o Distributismo planeja nos ajudar a restabelecer a sanidade econômica?

Nós acreditamos que um renascimento da economia local irá reparar o dano causado pelas grandes empresas que pressionam o governo por maiores subsídios do erário público. O Distributismo avança com uma economia humana e uma política social investida nas necessidades da família, através da posse da propriedade e tecnologia sob medida. Nossos objetivos incluem a restauração do sistema de cooperativas, o apoio a negócios familiares, a promoção empresarial nas propriedades dos trabalhadores, empréstimos de microcrédito, apoio a agricultura comunitária e a associações encarregadas de implementar programas de produção vigorosos. Apoiamos iniciativas políticas para favorecer políticas de tributação diferenciadas, assistência jurídica para os negócios caseiros, assim como a revisão de práticas dos setores contábil e bancário. Pretendemos atingir nossos objetivos formando um movimento popular de acadêmicos e leigos, trabalhando juntos para criar seções regionais dedicadas à execução do programa Distributista.

Isso tudo não é muito utópico?

Não, o Distributismo é um sistema prático, que é validado por vários exemplos de empresas Distributistas em funcionamento; em pequena escala, existem milhares de empresas baseadas em casa e de posse dos seus trabalhadores, bancos de microcrédito, cooperativas de crédito, e companhias de seguros; em grande escala, há a corporação de cooperativas Mondragón, na Espanha, uma das mais bem sucedidas cooperativas na Europa, e a economia Distributista de Emilia-Romagna (Bologna), na Itália, onde mais de 45% do PIB vem de cooperativas, e que possui um padrão de vida que é o dobro do restante da Itália, e um dos maiores da Europa. As economias e companhias Distributistas têm uma vantagem competitiva inerente sobre suas contrapartes capitalistas e socialistas, assim como benefícios sociais e comunitários que o capitalismo e o socialismo não conseguem desenvolver.

Tradução: Distributism Brasil


------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Posteriormente venho alimentar o tópico com mais informações. Mas as Obras que estou lendo e que indico para quem se interessar são:

O Estado Servil

Capa-O-Estado-Servil-web-300x420.jpg


E Um Esboço de Sanidade - Pequeno Manual de Distributismo

f7854819-78f4-42e2-a3c4-9aaf4287e402.jpg
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Bom tópico.

Os Integralistas foram influenciados pelo distributismo não?
Não duvido, já que boa parte da Elite Intelectual da época conhecia e lia Chesterton. Como Gustavo Corção, Jackson de Figueiredo e similares.
 


Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Bom, eu teria que ler bem mais sobre o assunto, fiz uma rápida pesquisa, mas sei lá, a idéia a princípio é interessante, mas ela cai pesadamente naqueles que Marx chamava de Socialistas Utópicos.

Nem todo mundo sabe, mas Carlos Marques não criou o socialismo. O ideal de uma sociedade pensada, organizada segundo ideais racionais e que trouxesse prosperidade e igualdade a todos (o tal socialismo) já existia antes. Marx apenas criou uma variante (obviamente chamando todos os outros de utópicos, sonhadores) e o dele o certo.

Numa visão bem enviesada minha, poderíamos dizer que:

-Socialismo
--Socialismo Utópico
----Distributistas
--Marxistas
-----Leninistas
-----Trotskistas
-----Maoístas
--Fascismo
----Nazismo
----Integralismo
--Social democracia

Pois bem, o Distributismo meio que me parece outra idéia baseada em pessoas ideais, num contexto ideal, mas que parece muito difícil de ser colocado em prática. Chesterton parece ter sido um sujeito formidável, falo sem zoeira, mas o fato de ele ser mais um pensador humanista e menos um economista me faz pensar se a idéia dele se fundamentaria e desenvolveria num mundo real.

Entenda, algumas situações passaram pelo teste do tempo, outras não. Em 2019 distribuir terras às pessoas seria legal? Sim. Seis meses depois, no Brasil, 90% dessa terra teria sido revendida para outras pessoas, gerando o mesmo sistema de tem-não tem que o distributismo condena. Isso falo baseado em casos reais, de pessoas que venderam a casa pra comprar drogas, carros ou investir. Proibir o direito das pessoas comprarem terras (desses que querem vender) deixaria a todos em situação ruim. Logo, a ilegalidade (como contratos de compra e venda extra-legais) surgiria. Espertalhões se aproveitariam de ambos os lados (do vendedor de boa fé e do comprador de boa fé, existem pessoas assim).

Escrevendo este texto lembrei do mendigo gente boa que encontrou o Gugu uns anos atrás, fingindo se mendigo, e que por o tratar de forma super humana ganhou casa, emprego, fama... Poucos meses depois o mendigo estava pior do que antes, havia largado o emprego e vendido a casa por itens mais valiosos - para ele - e havia novamente voltado à miséria.

Então, como se daria esse distributismo? Se tomaria na cara dura a propriedade de outrem e se daria a quem precisa? Ou melhor, se tomaria parte da propriedade de outrem e se daria a outras pessoas? Mas seria justo isso?

Meu pai, católico, honesto, solidário (sério, fazia parte de todos esses lances de Igreja, certa vez descobri que ajudava duas famílias com cestas básicas, icógnito, através da Igreja) sempre trabalhou honestamente. Com uma vida dura, comprou sua propria casa. Com 3 filhos, comprou ainda três terrenos e construiu duas outras casas, uma das quais ele morou depois de aposentado, outra para meu irmão do meio - meu pai temia que ele não teria cabeça para a velhice e seria legal ter uma casa. O terreno sobrante ele queria construir uma casa para minha irmã. Mas tanto minha irmã quanto meu irmão preferiram se desfazer das propriedades e usar o dinheiro para outras coisas que - para eles - era mais importante. Isso deixou o velho bem triste.

Hoje, meus dois irmãos moram na primeira casa (que, olha só, seria minha) se odiando. Eu tenho uma meia casa própria (me divorciei e, embora a ex jamais tenha ajudado, por lei ela tem direito a metade da casa, estou juntando dinheiro pra comprar a outra metade) e minha mãe mora, com um tio doente mental, na outra casa.

Ao mesmo tempo que pode-se ver que meus dois irmãos jogaram fora sua herança (a minha foram apenas as fotos) tbm se pode ver que dar terras e casas a eles de nada adiantou. Mas tbm serve pra se pensar, será que uma pessoa que tem mais, o tem por explorar e abusar dos outros? Será que seria justo terem tomado as casas de meu pai (aliás, lembrou de uma chácara que ele comprou nos anos 80 e foi invadida, já contei antes essa história) para dá-las a outras pessoas? De repente seria alguém que usaria mais da casa? Mas e se fossem apenas outros como meus irmãos, que se livrariam dela tão logo possível?

Não creio ser uma teoria econômica viável do meu ponto de vista moral.

Cristo mais de uma vez falou acerca da propriedade. Ele não era contra certa justiça, como conta a parábola dos servos que receberam dinheiro para investir. Quem mais produz, mais merece receber. E isso não é maldade dele, é uma constatação lógica. Se você tira do que mais produz para dar aos que menos produzem, também tira o incentivo do produtor e, com o tempo, todos produzem menos e, aí sim, todos padecem.


(*) Falando assim do meu pai parece que ele era rico. Não era. Mas era um trabalhador sem grandes vícios e sem muito interesse em ostentação. A chácara era de um colega, em outra cidade, que ele havia trocado por sua brasília (sniff, sniff) e as casas e terrenos ele comprou com sua aposentadoria, construindo ele mesmo a maior parte das casas.
Eu ia vir aqui postar um texto, mas depois dessa sua análise impecável, acho que não tem mais nada a acrescentar.

Apenas complemento que o distributismo enquanto sistema econômico (eu já tinha ouvido falar dele por católicos tomistas) é mais uma forma de planejamento central. Necessita dos planejadores para distribuir as terras (exceto como movimento voluntário, que seria belo e moral).
E sendo necessário um planejamento central, cai no problema do Cálculo Econômico demonstrado por Mises. Culminando por fim, no colapso do sistema devido a escassez gerada pela alocação irracional dos recursos pela falta de um método de alocação (como os preços livremente formados onde se tem propriedade privada).

Eu encaixaria o distributismo exatamente onde você encaixou ali (entre os socialistas utópicos, não ideológicos como os marxistas). Seu gráfico está corretíssimo.
 
Ultima Edição:

geist

Lenda da internet
Mensagens
22.448
Reações
91.051
Pontos
1.503
O maior ataque ao capitalismo é a privação da liberdade e da falta de proteção à propriedade. Coisa que não advém do próprio sistema, mas dos governos.

Mesmo nesse sistema distributista, com o tempo, havendo liberdade, ele se tornaria um sistema capitalista. Algumas famílias prosperariam mais que outras, algumas venderiam suas propriedades, preferindo produzir para os outros e não para si, tendo unicamente o capital como recompensa. Nada errado aí.

A formação de oligopólios em um sistema de livre mercado pode sim acontecer, mas não se mantém por muito tempo se houver liberdade e proteção à propriedade.

QUALQUER tentativa de igualar materialmente os homens será falha. Um é diferente do outro em aspirações e potencial. Uns serão empreendedores brilhantes, outros funcionários exemplares, outros vagabundos natos.
 

Baralho

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
9.173
Reações
32.378
Pontos
503
Parece bem utópico, esse conceito distributivista como mostrado no tópico. Em princípio, sendo um conjunto de organizações voluntaristas e baseado na tolerância a propriedades de terceiros, não tem problemas.

No entanto, como já postado antes, o distributivismo careceria de um planejamento ainda que mínimo, para ser implementado, e de outro planejamento (talvez não tão minimo) ao longo do tempo, depois de uns 60/80 anos, onde a desigualdade inata da natureza manifestaria seus efeitos.

Pois fatalmente algumas propriedades familiares atingiriam maior exito e outras não, por diversos motivos: origem pátria, know-how precedente, número de colaboradores (famílias menores tenderiam a ter menos problemas com estoque/venda de alimentos por exemplo), e corredores de distribuição onde alguns invariavelmente estariam mais bem-servidos que outros.

E nisso, pegando o gancho da primeira foto, que parece um pátio de montagem de motores, será que o mesmo grupo familiar conseguiria levar a termo todas as etapas de produção/comércio, desde a extração do minério de ferro/beneficiamento do aço/metalurgia/projetos técnicos dos motores/rede de vendas ?

Continuando, não haveriam (ou teriam de haver) famílias que especializariam-se nas tarefas bancárias, de financiamentos, seja por bancos privados ou cooperados ?

Então, o que parece é que modelos semelhantes já existem e são implementados em menor escala, porém ao longo dos séculos, não evoluiram pra maiores territórios: sejam os quaker, sejam os menonitas, pra servirem de exemplos.

Marcando esse bom tópico, e no aguardo dos posts #4, #3 e #2.
 
Ultima Edição:

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Parece bem utópico, mas sendo voluntarista, não tem problemas.
O problema é que esses modelos igualitários nunca são voluntaristas...

É a mesma coisa do comunismo, não teria nenhum problema se um grupo de pessoas resolvesse se juntar numa comuna e produzir de maneira igualitária.
 

Baralho

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
9.173
Reações
32.378
Pontos
503
Então, confrade, há um tempo atrás saiu até um artigo (bem polêmico, foi até apagado depois) no IMB, sobre a questão da diversidade (de origem, religião, costumes).

Um texto nada politicamente correto, porém muito bem embasado e com exemplos na realidade, assim, que em vez de censurados deveriam ser analisados com honestidade.

Que em suas linhas, explicou como um país tão vasto e diverso como o Brasil não deveria acreditar que um dia vai se tornar um país tão igualitário como Noruega ou Japão.

E totalmente coerente com a ideia da liberdade, advogada pelo instituto e pelo liberalismo clássico. Não tem problemas se seu vizinho tiver 20 iates, e seu chefe, 13 ferraris, se seu padrão de consumo/moradia/investimentos é adequado e com sobras, à sua realidade e seus planos.

Não é a desigualdade o problema, mas a pobreza, um mind-set que denigre a geração de riqueza e ''vende'' a ideia de que a economia é um jogo de soma zero.

Tanto que países outros, por exemplo, como Austrália, França e Estados Unidos, tão diversos, estão também entre os mais desenvolvidos (mesmo sendo mais desiguais que Nor e Jap supra citados).

E nesse ponto, o Brasil, invariavelmente, está - e continuará estando - mais próximo do segundo grupo.
 
Ultima Edição:

abcdario

Bam-bam-bam
Mensagens
3.310
Reações
5.107
Pontos
303
Eu acho muito interessante e prudente analisar e meditar em cima de outras alternativas ao atual sistema, não conhecia ainda esta concepção de organização sócio - econômica, tudo que não seja de vertente Marxista ou Fascista vale uma análise.
 

Baralho

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
9.173
Reações
32.378
Pontos
503
Depois de tanto tempo de criado o tópico, marcando pra responder os posts reservados #4, #3 e #2.
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Depois de tanto tempo de criado o tópico, marcando pra responder os posts reservados #4, #3 e #2.
Terá. Mas vou tentar trazer material bem elucidativo. Já que vi muita falácia e mal entendido.
Vi até o absurdo de falarem que é uma espécie de marxismo.
Acho até certo ponto compreensível a confusão, já que a bolha de dicotomia entre esquerda X direita parece não permitir ver além de tudo isso.
A também o fato de que tudo que remeta a justiça social e distributiva parecer pauta socialista/marxista.
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Terá. Mas vou tentar trazer material bem elucidativo. Já que vi muita falácia e mal entendido.
Vi até o absurdo de falarem que é uma espécie de marxismo.
Acho até certo ponto compreensível a confusão, já que a bolha de dicotomia entre esquerda X direita parece não permitir ver além de tudo isso.
A também o fato de que tudo que remeta a justiça social e distributiva parecer pauta socialista/marxista.
Releia as postagens. Ninguém comparou a marxismo. Fez exatamente o contrário.

A única semelhança com o marxismo está na necessidade do planejamento centralizado para existir. O que evidência sua impossibilidade econômica.
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Martel, releia meu post, não coloquei o distributismo como uma espécie de Marxismo, mas coloquei ambos sob o socialismo, pois são socialismos.

Socialismo é o pai.
Socialismo utópico é um filho.
Marxismo é outro filho.
Fascismo é outro filho.

Distributismo é um filho do Socialismo Utópico e neto do socialismo.

O leninismo, stalinismo e cia são filhos do Marxismo, netos do socialismo.

Nisso, eu não disse que Distributismo e igual a marxismo. Tanto que disse que, enquanto ideia voluntária, é algo legal.

:-)


Na verdade a comparação do Distributismo com Marxismo foi nesse outro tópico e confundi pensando que era nesse. Mas dá no mesmo.

O capitalismo traz muita coisa boa, mas para cada solução surge um novo problema. Então sempre é fácil apontar os problemas do capitalismo. Mas quem critica raramente pensa "E qual a alternativa? Seria melhor no mundo real?". Porque enquanto o marxismo (primo bandido do Distributismo) era só teoria, era tudo perfeito.

Porém não lhe culpo. Sair da visão da dicotomia do capitalismo X socialismo/marxismo é difícil mesmo. Ainda mais que a propaganda Liberal está tão forte atualmente com a ascensão da direita.

O Distributismo é muito confundido com Coletivismo e Socialismo. Porém a confusão não é totalmente injusta, ele surgiu nesse período de efervescência pós Revolução Industrial e no período em que o Socialismo estava em ascensão em academias e ainda não havia as atrocidades da revolução comunista.
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Releia as postagens. Ninguém comparou a marxismo. Fez exatamente o contrário.

A única semelhança com o marxismo está na necessidade do planejamento centralizado para existir. O que evidência sua impossibilidade econômica.
Como vc entendeu que seria esse planejamento centralizado? Pergunto pq estou certo que há confusão quanto ao entendimento do Distributismo. Logo, assim que vc me explicar como entendeu, podemos partir desse ponto.
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Como vc entendeu que seria esse planejamento centralizado? Pergunto pq estou certo que há confusão quanto ao entendimento do Distributismo. Logo, assim que vc me explicar como entendeu, podemos partir desse ponto.
As duas únicas formas de distribuir igualitariamente as propriedades são:

-Através de um modelo voluntarista, em que todos estão de acordo em dividir suas propriedades para com todos os outros.

-Instituindo uma lei geral. Na qual mesmo aqueles que não concordem, terão sua propriedade tomada e redistribuída.
Essa possibilidade só seria possível dentro de um planejamento centralizado.
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
As duas únicas formas de distribuir igualitariamente as propriedades são:

-Através de um modelo voluntarista, em que todos estão de acordo em dividir suas propriedades para com todos os outros.

-Instituindo uma lei geral. Na qual mesmo aqueles que não concordem, terão sua propriedade tomada e redistribuída.
Essa possibilidade só seria possível dentro de um planejamento centralizado.
Entendi.
Porém não é isso que propoe o Distributismo.
A Distribuição não é de forma igualitária como está pensando que o socialismo propõe. Mas de forma JUSTA. O que é totalmente diferente.

É a Desconcentração NATURAL da propriedade e dos MEIOS DE PRODUÇÃO através da aplicação da JUSTIÇA e da CARIDADE pela Sociedade.

Coloquei as palavras chaves em caps não por subestimá-lo, mas para dar destaque até para os outros que vão ler.
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Entendi.
Porém não é isso que propoe o Distributismo.
A Distribuição não é de forma igualitária como está pensando que o socialismo propõe. Mas de forma JUSTA. O que é totalmente diferente.

É a Desconcentração NATURAL da propriedade e dos MEIOS DE PRODUÇÃO através da aplicação da JUSTIÇA e da CARIDADE pela Sociedade.

Coloquei as palavras chaves em caps não por subestimá-lo, mas para dar destaque até para os outros que vão ler.
Certo, mas aí você não respondeu a questão original. Como isso se daria, se de forma voluntária ou coercitiva.

Porque o que eu considero como justa propriedade, é aquilo que cada um adquire de forma honesta. Se o sujeito adquiriu honestamente e acumulou terras. O que há de errado ou injusto nisso?
Caridade coercitiva não é caridade, é assistencialismo.

Enfim, seria feito como uma grande reforma agrária? Quem iria julgar a distribuição "justa" ou não? Junta todo mundo e vota numa espécie de democracia? (supondo isso porque você falou em sociedade) Ou seria subordinado a algumas autoridades decidirem (caindo exatamente na questão do planejador central).

O conceito de igualdade do Marx também tem uma atribuição subjetiva de justo, na forma do: "De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades".
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Cara, como eu disse, o Socialismo Utópico é a mãe de todos os socialismos.

As pessoas acham que Marques criou o socialismo e, por serem contra o marxismo (comcerta razão) não querem ver o distributismo como socialismo, mas pelo pouco que li (veja, eu li bem pouco, vc pode adicionar mais informações) os próprios difusores do movimento se consideravam socialistas. Apenas, socialistas diferentes do marxismo.
Exato, nem todo socialista defendia a ruptura de valores e destruição da família como o Marx pretendia.

O próprio Marx chamava os outros socialistas de "utópicos" (foi ele quem criou esse termo), e substituiria pelo seu "socialismo científico".
 

arthur the king

Bam-bam-bam
Mensagens
2.895
Reações
5.753
Pontos
453
Essa ideia poderia ter alguma relevância 100 anos atrás,quando a riqueza era advinda da terra,hoje em dia,que o maior capital e o intelectual,e impossível vc distribui know-how e QI

E a tendência é isso ficar cada vez maior,até setores como petrolíferas e produtoras de energia tendem a desaparecer no futuro

Enviado de meu SM-G920I usando o Tapatalk
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Essa ideia poderia ter alguma relevância 100 anos atrás,quando a riqueza era advinda da terra,hoje em dia,que o maior capital e o intelectual,e impossível vc distribui know-how e QI

E a tendência é isso ficar cada vez maior,até setores como petrolíferas e produtoras de energia tendem a desaparecer no futuro

Enviado de meu SM-G920I usando o Tapatalk
Excelente ponto levantado. Havia me esquecido deste.

Propriedade não se resume a terras agricultáveis. Nem no século 19 ainda era assim.

Talvez na Idade Média (mas mesmo nessa existiam manufaturas).
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Cara, como eu disse, o Socialismo Utópico é a mãe de todos os socialismos.

As pessoas acham que Marques criou o socialismo e, por serem contra o marxismo (comcerta razão) não querem ver o distributismo como socialismo, mas pelo pouco que li (veja, eu li bem pouco, vc pode adicionar mais informações) os próprios difusores do movimento se consideravam socialistas. Apenas, socialistas diferentes do marxismo.
Cara, Belloc e Chesterton NUNCA se consideravam Socialistas. Eles eram Católicos! E o Católico esclarecido, ainda mais daquela época, sabia que Socialismo é CONDENADO pela Igreja. Vc leu pouco e entendeu menos ainda.
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Entendi.

Obrigado pelo esclarecimento.
Pode parecer agressivo de minha parte, mas é que de fato o Catolicismo é inconciliável com o Socialismo.
E ajuda mais ainda saber que o Distributismo é todo guiado pela DSI que é a Doutrina Social da Igreja.
Há pontos que parecem ser do socialismo, mas é pq é práxis do socialismo se apoderar de pautas verdadeiras pra dizer que são coisas deles. Veja o Modus Operandi atual dos movimentos "sociais" atualmente. Eles se aviltam numa pauta e querer falar por todo aquele grupo de pessoas.
 

Goris

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
21.829
Reações
76.869
Pontos
553
Pode parecer agressivo de minha parte, mas é que de fato o Catolicismo é inconciliável com o Socialismo.
E ajuda mais ainda saber que o Distributismo é todo guiado pela DSI que é a Doutrina Social da Igreja.
Há pontos que parecem ser do socialismo, mas é pq é práxis do socialismo se apoderar de pautas verdadeiras pra dizer que são coisas deles. Veja o Modus Operandi atual dos movimentos "sociais" atualmente. Eles se aviltam numa pauta e querer falar por todo aquele grupo de pessoas.
Entendi, aguardarei você terminar a explicação para poder entender e dar uma opinião.

Abcs
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Cara, Belloc e Chesterton NUNCA se consideravam Socialistas. Eles eram Católicos! E o Católico esclarecido, ainda mais daquela época, sabia que Socialismo é CONDENADO pela Igreja. Vc leu pouco e entendeu menos ainda.
Veja bem, eu entendo o ponto levantado pelo Góris. Até agora pela informação que você passou, e pelo artigo que li, o que essas caras propunham era uma socialização no sentido de redistribuição forçada a distribuição de propriedade privada. Uma espécie de reforma agrária.
Obviamente não é socialismo no sentido de dividir a produção, mas é socialismo no sentido de dividir as propriedades e tornar elas privadas.

Mas não falam como isso se daria, nem quais os critérios para se considerar uma propriedade privada como "justa".

Quais seriam os critérios para distribuir a terra? O acúmulo deixa de ser permitido, certo?
O indivíduo que for mais produtivo que os outros pode comprar mais terras com o seu excedente? Ou os recursos que adquiriu teriam de ser todos gastos?

Se ele comprar novas terras, essas terras serão confiscadas e redistribuídas?
 

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
Excelente ponto levantado. Havia me esquecido deste.

Propriedade não se resume a terras agricultáveis. Nem no século 19 ainda era assim.

Talvez na Idade Média (mas mesmo nessa existiam manufaturas).
Definição de Propriedade por Belloc no livro O Estado Servil:

"Propriedade é o termo usado para uma arranjo social em que o controle da terra e da riqueza obtida da terra, incluído, portanto, todos os meios de produção, é conferido a alguma pessoa ou corporação. Assim, podemos dizer de um prédio, incluído a terra sob o qual ele se encontra, que este é "propriedade" de tal ou qual cidadão, ou família, ou colégio, ou do Estado, significando que aqueles que "detêm" tal propriedade estão garantidos por lei do direito de usá-la ou abster de usá-la. Propriedade Privada é a riqueza (incluído os meios de produção) que pode, pelos arranjos da sociedade, estar sob controle de pessoas ou corporações outras que não são os órgãos políticos dos quais estas pessoas ou corporações são, em outros aspectos, membros"
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Definição de Propriedade por Belloc no livro O Estado Servil:

"Propriedade é o termo usado para uma arranjo social em que o controle da terra e da riqueza obtida da terra, incluído, portanto, todos os meios de produção, é conferido a alguma pessoa ou corporação. Assim, podemos dizer de um prédio, incluído a terra sob o qual ele se encontra, que este é "propriedade" de tal ou qual cidadão, ou família, ou colégio, ou do Estado, significando que aqueles que "detêm" tal propriedade estão garantidos por lei do direito de usá-la ou abster de usá-la. Propriedade Privada é a riqueza (incluído os meios de produção) que pode, pelos arranjos da sociedade, estar sob controle de pessoas ou corporações outras que não são os órgãos políticos dos quais estas pessoas ou corporações são, em outros aspectos, membros"
E como se dará a distribuição dessa propriedade e do que você chama de meios de produção? Pode acumular?
Uma família que produz mais que a família vizinha pode comprar novas terras e meios de produção ou será impedida?
Uma outra família que queira vender toda sua propriedade pode?
Quem decide o que?

Um adendo, não existem critérios objetivos para determinar o que é "meio de produção" sem cair em subjetivismos.
 
Ultima Edição:

Martel

Bam-bam-bam
Mensagens
6.783
Reações
21.223
Pontos
353
E como se dará a distribuição dessa propriedade e do que você chama de meios de produção? Pode acumular?
Uma família que produz mais que a família vizinha pode comprar novas terras e meios de produção ou será impedida?
Quem decide o que?

Um adendo, não existem critérios objetivos para determinar o que é "meio de produção" sem cair em subjetivismos.
Ainda Belloc na mesma obra:

"Quando falamos de meios de produção, referimo-nos a terra e capital combinados. Logo, quando dizemos que um homem está "destituído dos meios de produção", ou não pode produzir riqueza salvo pela permissão de quem "detém os meios de produção", queremos dizer que ele é senhor apenas de seu trabalho, e não tem nenhum controle, em qualquer quantidade proveitosa, sobre o capital, ou a terra, ou ambos combinados."

Quanto ao acúmulo, como dito, todo o processo tem que ser NATURAL, Orgânico e Justo. Acúmulo de maneira artificial não é Natural, Orgânico nem justo.
Uma Família que possuir mais recursos pode comprar outras propriedades sim, e o que vai decidir quem vende é a nível de liberdade daquela que decide por vender ou não.
Atualmente o trabalhador que fica na base é um proletário, que escolha ele tem? O próprio Contrato de Trabalho é de POR ADESÃO e ele não discute os termos. Tecnicamente nem é um contrato onde as partes pactual de pé de igualdade. É apenas uma concordância com os termos que aquele que detém o capital e os meios de produção elabora.
 
Ultima Edição:

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
Mensagens
8.023
Reações
43.057
Pontos
1.003
Ainda Belloc na mesma obra:

"Quando falamos de meios de produção, referimo-nos a terra e capital combinados. Logo, quando dizemos que um homem está "destituído dos meios de produção", ou não pode produzir riqueza salvo pela permissão de quem "detém os meios de produção", queremos dizer que ele é senhor apenas de seu trabalho, e não tem nenhum controle, em qualquer quantidade proveitosa, sobre o capital, ou a terra, ou ambos combinados."

Quanto ao acúmulo, como dito, todo o processo tem que ser NATURAL, Orgânico e Justo. Acúmulo de maneira artificial não é Natural, Orgânico nem justo.
Uma Família que possuir mais recursos pode comprar outras propriedades sim, e o que vai decidir quem vende é a nível de liberdade daquela que decide por vender ou não.
Atualmente o trabalhador que fica na base é um proletário, que escolha ele tem? O próprio Contrato de Trabalho é de POR ADESÃO e ele não discute os termos. Tecnicamente nem é um contrato onde as partes pactual de pé de igualdade. É apenas uma concordância com os termos que aquele que detém o capital e os meios de produção elabora.
Você precisa definir o que será o "natural, orgânico e justo". Não pode jogar termos sem definir o que será senão complica o entendimento.

Vamos supor que uma família menos produtiva quis vender sua propriedade. Segundo você ela pode, e agora não tem mais propriedade. Tendo que trabalhar para terceiros.

Como se dará isso? Um terceiro poderá contratar?
 
Topo Fundo