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O que se sabe do caso do Dr. Bumbum
Médico e a mãe são considerados foragidos. Namorada está presa.
Por Alba Valéria Mendonça e Eduardo Pierre, G1 RioMédico e a mãe são considerados foragidos. Namorada está presa.
18/07/2018 11h56 Atualizado há menos de 1 minuto
Denis Cesar Barros Furtado, o Dr. Bumbum (Foto: Reprodução/Instagram)
A polícia procura Denis Cesar Barros Furtado, o autoproclamado Dr. Bumbum, de 45 anos, e a mãe dele, Maria de Fátima, 66. Ambos foram indiciados pela morte de Lilian Quezia Calixto, bancária de 46 anos que se submeteu a procedimento estético e teve complicações graves horas depois. O G1 resume o que se sabe do caso.
Lilian seguiu a indicação de uma amiga e entrou em contato com Denis há seis meses. Ela queria retocar o bumbum e marcou o procedimento para o último fim de semana. Ao marido e à família, a bancária disse apenas que faria uma viagem para o Rio de Janeiro. Somente a amiga que recomendou o Dr. Bumbum sabia de tudo.
Justiça nega habeas corpus a Dr. Bumbum e mãe dele, que continuam foragidos
Lilian Calixto (Foto: Reprodução/TV Globo)
O taxista que levou Lilian ao encontro de Denis, outra indicação da amiga, é a testemunha-chave do caso.
Os envolvidos
- Denis Furtado, o Dr. Bumbum: não poderia trabalhar no Rio, porque só tem registro ativo nos conselhos regionais de Goiás e Distrito Federal. Está foragido.
- Maria de Fátima Barros, médica: a mãe de Denis também não podia atuar no Rio; seu registro foi cassado. Está foragida.
- Renata Fernandes, a namorada: começou a cursar Técnica de Enfermagem, mas abandonou os estudos. Foi presa e vai aguardar julgamento em Benfica.
- Rosilane Pereira da Silva, empregada: segundo a polícia, emprestava o nome para a abertura da clínica, que na verdade é um salão de beleza. A Justiça não autorizou sua prisão.
Sábado, 14 de julho
- Lilian chega ao Rio, vindo de Cuiabá (MT).
- À tarde, ela pega um táxi previamente contratado e vai ao encontro de Denis.
- A promessa era que o procedimento seria numa clínica, mas o endereço passado é o da cobertura do médico, em um condomínio da Barra da Tijuca.
- Lilian não recua da cirurgia, mas pede ao taxista que a espere.
- O procedimento atrasa, mas Lilian liga para o motorista mais de uma vez para tranquilizá-lo.
- Durante a cirurgia, a bancária passa mal.
- Às 22h, preocupado, o taxista liga para o número de Lilian.
- Quem desce é Denis, que manda o motorista embora e lhe dá R$ 300, mentindo que sua paciente ia ficar para o jantar.
- O taxista desconfia e resolve ficar. Flagra o médico saindo de carro com Lilian momentos depois. A mãe de Denis, a namorada dele e a técnica os acompanham.
- Denis chega com Lilian ao Hospital Barra D’Or; o táxi os segue de longe.
- Câmeras do hospital gravam a chegada às 22h50. Lilian, numa cadeira de rodas, ainda está consciente.
- Renata, a namorada de Denis, providencia a entrada da bancária. O Dr. Bumbum se identifica como médico, mas omite o que aconteceu.
- Internada, Lilian conta tudo aos médicos do Barra D’Or.
- O quadro de Lilian se agrava. Ela sofre pelo menos três paradas cardíacas e morre.
- Informado do óbito, Denis deixa o hospital.
- O taxista vê a SUV do médico saindo do estacionamento e descobre, na recepção, que sua passageira tinha morrido.
- O motorista avisa à amiga de Lilian. Ela confirma com o hospital, que chama a polícia.
- Equipe da 16ª DP (Barra) o localiza.
- Renata telefona para o taxista e pede para encontrá-lo, a fim de devolver pertences de Lilian. O lugar marcado é na “clínica” de Denis, um salão de beleza no Shopping Downtown.
- A polícia monta cerco e dá voz de prisão ao Dr. Bumbum. Ele arrancacom o carro em alta velocidade e, na fuga, destrói cancela do estacionamento.
- A SUV é encontrada largada tempos depois.
Denis trabalha com a substância conhecida como PMMA para fazer seus preenchimentos. O polimetilmetacrilato, um derivado do acrílico reconhecido pela Anvisa, é usado em implantes definitivos.
“Deve ser utilizado por médicos em pequenas quantidades”, explicou Hermann Tiesenhausen, diretor de Comunicação do Conselho Federal de Medicina.
Conhecido como Dr. Bumbum, médico tem registro ativo no Cremego
O que pode ter acontecido com Lilian
A causa da morte ainda não foi divulgada. André Maranhão, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, alerta que o PMMA é perigoso se cair em alguma veia – e a região do bumbum é bastante vascularizada.
“O risco da utilização do polimetilmetacrilato em largo volume é pegar algum vaso sanguíneo e produzir alguma situação de interrupção do fluxo, que a gente chama isso de embolia, ou ter uma obstrução efetivamente que possa gerar alguma necrose”, afirmou.
O passado de Denis
Dr. Bumbum tem anotações criminais antigas por homicídio, porte ilegal de arma e ameaça:
- Homicídio (1997)
- Porte de arma (2003)
- Crime contra a ordem pública (2003)
- Resistência a prisão (2006 e 2007)
- Exercício arbitrário da própria razão (2007) - quando a pessoa excede no direito de reagir em legítima defesa
- Violação de domicílio (2007)
O registro cassado da mãe
Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj), o registro que possibilita o exercício da Medicina de Maria de Fátima Barros Furtado, mãe de Denis, foi cassado em janeiro de 2015 por causa de série de infrações, entre elas:
- Propaganda enganosa
- Permissão para que o nome circule em qualquer mídia em matérias desprovidas de rigor científico
- Realização de propaganda de método ou técnica que não são aceitos pela comunidade científica
- Promessa de bons resultados a qualquer tipo de tratamento
Defesa
Em nota enviada ao G1, a advogada do médico, Naiara Baldanza, afirmou que "muitas das informações que estão circulando na internet e redes sociais acerca do médico são inverídicas".
"Ninguém é considerado culpado antes da sentença penal condenatória e que qualquer conclusão acerca da morte de Lilian Calixto e a eventual responsabilidade do meu cliente sobre essa fatalidade é precoce", disse a advogada.
Segundo Baldanza, a paciente que morreu no Rio de Janeiro não apresentou complicações no procedimento estético e foi acompanhada pelo "Dr. Bumbum" ao hospital.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/07/18/o-que-se-sabe-do-caso-do-dr-bumbum.ghtml