ENTENDA MAIS SOBRE OS ARQUIVOS DE CONFIGURAÇÃO DO RETROARCH
Talvez você já tenha enfrentado ou esteja enfrentando problemas com os menus e configurações do Retroarch. Ao realizar certos ajustes, é comum ocorrer situações, tais como:
- Meu overlay (arquivos de sobreposição) não condiz com o sistema que estou usando;
- Meu shader não é o mesmo que configurei anteriormente;
- A tela está desalinhada;
- Meu jogo não inicia mais.
Estes e outros pequenos problemas podem ocorrer, principalmente com novos usuários. Existem alguns cuidados que você precisa ter na hora de alterar algumas configurações e quais opções você utiliza na hora de salvar os arquivos. Vou explicar com certos detalhes como utilizar melhor os arquivos de configuração, evitando assim, um comportamento inesperado do Retroarch. As informações a seguir foram testadas na versão 1.79.
O Retroarch possui muitas opções de configuração. Diversos arquivos espalhados pelas pastas são criados para armazenar as alterações que você realiza. O segredo para evitar complicação é entender a finalidade desses arquivos e quando o sistema faz uso deles.
A primeira coisa que você precisar saber é que o Retroarch é um concentrador de emuladores (núcleos). Estes núcleos são os emuladores propriamente ditos, cada um com suas particularidades. Porém, o Retroarch possui suas próprias configurações que muitas vezes serão combinadas com as configurações próprias de cada núcleo.
Antes de sair emulando seu jogo favorito, o ideal é ajustar primeiro as configurações globais do sistema e só depois ajustar os Cores. Faça isso sempre de forma separada. Entendendo esta necessidade, fica mais fácil descobrir onde pode estar o problema e como resolvê-lo.
CONFIGURAÇÕES GLOBAIS
Configurações globais são aquelas responsáveis pela forma como o Retroarch "fala" com o seu hardware e também, responsável pelas opções disponíveis durante a navegação pelos menus do sistema. Estas configurações são gravadas no arquivo
retroarch.cfg, localizado na pasta raiz do Retroarch. Neste arquivo ficam registradas, dentre outras coisas, configurações para:
- Controle e mapeamento de botões;
- Modificação e ajuste de teclado;
- Configurações do monitor de vídeo;
- Configurações de som;
- Configurações de tema, cor e plano de fundo;
- Mapeamento de diretórios;
- Configurações de registros de logs e estatísticas de uso;
- Configuração de jogos em rede;
- Arquivo de sobreposição (overlay) padrão.
Por padrão, o Retroarch salvará várias configurações automaticamente. Porém algumas delas só serão gravadas se você fechar a aplicação corretamente. Eu recomendo que você adquira o hábito de salvar as alterações realizadas manualmente. Então, ainda sem Core ativo, toda vez que você realizar um ajuste relevante para as configurações globais, é aconselhável ir até a seguinte opção:
Menu Principal > Arquivo de Configuração > Salvar Configuração Atual:
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Não utilize outra opção de gravação existente nesse menu, exceto para fins de testes. Todos os ajustes que você pretende realizar nas configurações globais devem ser salvos sem qualquer núcleo ativo. Assim, sempre que você iniciar um Core pela primeira vez e carregar um jogo nele, não terá surpresas com as configurações que o jogo pode lhe apresentar.
OBS: Nunca salve modificações de nível global quando há núcleo ativo. Do contrário, o Retroarch vai associar que tais configurações só entrarão em vigor quando você carregar o Core que estava ativo no momento em que salvou as modificações. Esta é uma das situações que frequentemente gera dúvidas em muitos usuários.
CONFIGURAÇÕES DE NÚCLEO
Por padrão, a partir do momento que você roda jogos, outros arquivos de configuração passam a ser criados. Um deles é o
retroarch-core-options.cfg, também disponível na pasta raiz do Retroarch. Este arquivo armazena as configurações escolhidas no menu
Opções de cada Core e também algumas configurações específicas para jogos arcade. Sendo assim, o arquivo tende a crescer muito conforme você vai jogando jogos diferentes. Repare no seu conteúdo:
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Este arquivo mostrado na imagem está pequeno porque eu acabei de realizar uma instalação limpa do Retroarch apenas para ilustrar esse post. Obviamente ele seria muito maior se eu tivesse jogado bastante jogos arcade. Se você observar, foram gravadas configurações para a rom sf2ceua (Street Fighter II Champion Edition), quando utilizei o emulador FinalBurn Neo. Também é possível notar que existem registros gravados pelo emulador nestopia.
IMPORTANTE: O arquivo
retroarch-core-options.cfg é unificado. Por padrão, todos os núcleos irão escrever nesse arquivo, tornando-o com o tempo, absurdamente grande. Para fins de organização e facilitar a recuperação de configurações perdidas, eu recomendado fortemente que você desabilite a gravação nesse arquivo. Prefira que os núcleos gravem suas configurações em registros separados. Para isso, verifique se sua versão do Retroarch oferece esta opção indo em
Menu Principal > Aba Configurações > Configuração >Usar arquivos de opções globais de núcleo:
Desabilitando esta opção, serão criados arquivos separados por Core na pasta
config, com a extensão
.opt. A partir desse momento, o sistema não mais escreverá no arquivo
retroarch-core-options.cfg. Você pode até mesmo excluí-lo se assim desejar. Se algo der errado para um core específico, você poderá restaurar as configurações dele somente, simplesmente apagando o seu respectivo
.opt, sem afetar os demais núcleos. Repare na imagem abaixo:
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Neste exemplo, o arquivo
FinalBurn Neo.opt foi criado, quando salvei algumas configurações para o Core. Para referência, o arquivo
1942.cfg foi criado quando
salvei uma configuração específica para o game 1942 da Capcom. Os arquivos com a extensão
.opt são agora responsáveis por armazenar de forma separada as configurações de cada núcleo, fazendo com que cada emulador tenha o seu. Vamos dá uma olhada no conteúdo do arquivo
FinalBurn Neo.opt:
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Como você pode notar, estão presentes linhas de configurações para os jogos 1942 e Mercs, ambos da Capcom. O preenchimento da maioria dessas linhas é automático para jogos arcade e algumas outras são oriundas de configurações realizadas pelo usuário a partir do menu Opções próprio de cada emulador, como por exemplo, a alteração na rotação de tela que eu fiz (linha 44 do documento).
Vamos agora dá uma olhada no conteúdo do arquivo
1942.cfg:
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Este arquivo deixa claro quais ajustes de tela foram realizados e também aponta para o diretório onde está armazenado o overlay que eu utilizei com o jogo.
CONFIGURAÇÕES POR DIRETÓRIO DE CONTEÚDO
As configurações aplicadas a um diretório de conteúdo ficam registradas em arquivos do tipo
.cfg e são armazenados em subpastas a partir do diretório
config. Veja neste exemplo:
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Esta imagem mostra a seguinte situação:
A partir da pasta Capcom, eu criei outras quatro subpastas conforme o sistema emulado (Classics, CPS 1, 2 e 3) e depois, criei outras subpastas onde finalmente foram colocadas as roms, separando-as pelo tipo de alinhamento da tela (vertical e horizontal). Cada vez que eu salvei uma configuração específica para o diretório de conteúdo, utilizando o emulador FinalBurn Neo, o sistema criou um arquivo de configuração diferente. Estes receberam os mesmos nomes das pastas onde se encontram as roms utilizada neste processo, conforme vemos na imagem a seguir:
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Na imagem acima, você vê que além dos arquivos
1942.cfg e
FinalBurn Neo.cfg, explicados anteriormente, temos agora outros seis arquivos. Estes correspondem às seis pastas de roms mostradas na imagem anterior. Atente-se que não existe um arquivo correspondente à pasta CPS2Vert porque eu ainda não havia salvo configurações envolvendo o seu conteúdo.
ATENÇÃO: Para que a função
“Salvar Configurações para o Diretório de Conteúdo” funcione adequadamente, é imprescindível que cada pasta contendo roms tenha um nome diferente, indiferente de sua localização. Sem esse devido cuidado, o sistema vai sobrepor configurações e causar uma tremenda baguça. Isso acontece porque, ao salvar configurações por diretório, o Retroarch não considera a localização, mas apenas os nomes das pastas. Significa que, se você tiver duas ou mais pastas de mesmo nome e contendo roms, o arquivos de configuração correspondentes a elas será um só, botando tudo a perder. Considere isso como uma falha ou limitação a ser corrigida.
Continuando nosso raciocínio, vamos dá uma olhada no conteúdo do arquivo corresponde ao diretório de nome
ClassicsVert:
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Percebe-se que o seu conteúdo é muito parecido com o que vimos anteriormente no arquivo
1942.cfg. Se olharmos mais atentamente, vemos que neste arquivo não foi configurado um overlay. Quando eu gravei uma configuração para o jogo 1942, havia escolhido um overlay customizado apenas para o game em questão.
Entendemos que, existe de fato uma ordem de procedimento a ser seguido para que tudo ocorra da melhor maneira possível. Precisamos decidir previamente se as configurações que estamos realizando devem atender a um jogo em particular, uma pasta inteira de roms, ou todas as roms que rodarem num determinado núcleo. Salvar configuração específica para um núcleo só é recomendada se você não for utilizar núcleos multi sistemas ou vai usar este Core apenas para um único sistema. Você tem a opção de escolher qual tipo de configuração será criada, como nesta tela, onde eu estava configurando um shader:
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PRESETS DE SHADER (FILTROS DE IMAGEM)
Alterações nas configurações de shader seguem o mesmo princípio que abordamos até aqui. Contudo, a localização dos arquivos de configuração (presets) ficam no diretório
\shaders\presets\ :
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Tomando como exemplo o conteúdo da pasta correspondente ao Core FinalBurn Neo, temos este conteúdo:
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A extensão de cada arquivo apenas determina se utilizei um shader do tipo CG ou GL. Neste caso, salvei configurações de ambos os tipos durante os meus testes. O conteúdo destes arquivos representa o shader escolhido e quais ajustes manuais foram feitos em seus parâmetros. Se não forem realizadas alterações no shader escolhido, o sistema apenas grava a sua localização e o carregará por meio de uma diretiva de referência. Já quando efetuo qualquer alteração nos parâmetros do shader, por menor que seja a modificação, tenho um arquivo de configuração bem maior, contendo várias linhas. Compare os arquivos nas imagens a seguir:
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Neste exemplo, temos um arquivo referente ao Core (nestopia.glslp) e outro referente a uma de minhas pastas de roms (NES.glslp). Para a pasta de roms apenas determinei o shader que será utilizado, toda vez que um jogo daquele diretório for carregado. Já o conteúdo do arquivo Nestopia traz os parâmetros que o sistema precisa seguir ao carregar o shader.
CARREGANDO AS CONFIGURAÇÕES (PRIORIDADES)
Na hora de carregar seus jogos o Retroarch busca pelas configurações que você salvou, seguindo uma ordem de prioridades. Primeiro será efetuada uma busca por arquivos salvos para o jogo em particular. Não sendo encontrados, a busca será pelo arquivo de configuração do diretório de conteúdo. Por último, tentará carregar um arquivo de configuração salvo para o núcleo. Não encontrando nenhum deles, o jogo rodará com as configurações globais.
CONCLUSÃO
Como você verificou, não existe um arquivo de configuração absoluto. Cada um tem sua finalidade e juntos são responsáveis pelo comportamento do jogo durante a emulação. O Retroarch se encarrega de unir as configurações determinadas pelo usuário e executa os jogos a partir de então. Quando você se familiariza com o conceito apresentado, sabe o quanto é útil efetuar backup periódicos dos arquivos de configuração, principalmente a cada mudança importante realizada. Isso vai ajudar a otimizar o seu tempo ou mesmo resolver problemas. Com prática, você será capaz até mesmo de editar alguns desses arquivos manualmente, copiando parte do conteúdo de um para outro.
Bom, espero que aproveitem o conteúdo.
Bom divertimento!