Anúncio põe fim a quatro décadas de história
Warm Up
08/01/2008 - 16:56
MARCUS LELLIS
de Santos
VICTOR MARTINS
de São Paulo
A história do Autódromo de Jacarepaguá começou em 10 de junho de 1966, quando foi inaugurado com a alcunha de "Autódromo da Cidade do Rio de Janeiro". O circuito tinha 5.030 km de extensão, quase com o mesmo traçado que foi utilizado até os tempos atuais.
Em 1977, foi adaptado de acordo com as exigências da FIA na época, chegando a ser chamado de "Autódromo-Modelo". E seguindo à risca as normas da entidade, não demorou muito para que a F-1 começasse a promover o GP do Brasil por lá.
O primeiro aconteceu em 78, após ser realizado em Interlagos por muitos anos. Naquela prova, Emerson Fittipaldi conseguiu o melhor resultado da história da Copersucar, ficando com a segunda colocação, atrás apenas da Ferrari do argentino Carlos Reutemann. Mas a troca não foi definitiva.
Em 79, a corrida voltou à pista de São Paulo, que tinha mais de 8 km na época. Por considerar o autódromo perigoso, a FIA decidiu levar de vez a etapa brasileira para o Rio, onde foi disputada de 80 até 89.
Jacarepaguá presenciou momentos históricos. Em 82, Nelson Piquet venceu e desmaiou no pódio de tanto cansaço, com direito à invasão do público. Mas a descoberta de uma irregularidade em sua Brabham desclassificou o brasileiro, dando a vitória à Alain Prost, a primeira das cinco que transformaram-no em "Rei do Rio".
O primeiro sucesso de Piquet em sua cidade natal veio no ano seguinte. Nesse dia, a Rede Globo tocou pela primeira vez o "Tema da Vitória", hino que marcou os primeiros lugares dos brasileiros na F-1. Ainda no Rio, o GP do Brasil de 84 foi o primeiro da carreira de Ayrton Senna na categoria.
A prova que ficou marcada na mente dos brasileiros aconteceu em 1986. Dobradinha de Piquet e Senna, que já eram rivais na época, fato que não os impediram de segurar a bandeira do Brasil juntos no pódio.
Após ser tri-campeão de F-1, Nelson Piquet foi homenageado ao dar seu nome ao autódromo, em 88. O GP de Brasil teve seu derradeiro capítulo na Cidade Maravilhosa em 89. A pista de Jacarepaguá costumava receber testes coletivos no começo das temporada. Em um deles, Phillippe Streiff capotou várias vezes. Por causa de problemas no seu atendimento, o francês ficou paraplégico. Preocupada com a organização dos cariocas, a FIA decidiu transferir a corrida brasileira de volta para São Paulo.
Por alguns anos, o autódromo sofreu com o descaso, recebendo apenas categorias nacionais. Em 95, a prefeitura comandada por César Maia decidiu remodelar o circuito, que passou a receber provas da então F-Indy e do Mundial de Motovelocidade. As etapas dessas categorias foram promovidas até 2001, quando Maia, qua acabara de voltar à prefeitura do Rio, decidiu que não investiria mais em Jacarepaguá. Pura birra por Emerson Fittipaldi ter apoiado Luiz Paulo Conde nas eleições para o governo da cidade.
O oval foi abandonado, o kartódromo foi demolido. Aí veio o projeto do Pan-2007. E o alvo foi a pista principal. O Setor Norte desapareceu, depois de brigas judiciais sui generis, para que fossem construídas arenas multi-uso. Um circuito de pouco mais de 3 km foi adaptado para receber no máximo provas de Stock Car. Então o projeto megalômano para receber as Olimpíadas de 2016 emanou nesta terça-feira (7), com Carlos Arthur Nuzman, apoiado por Maia, anunciando o fim do autódromo e de três décadas de serviços prestados ao automobilismo.