Felipão, vada a bordo, cazzo!
Antes de criticar a postura de Luiz Felipe Scolari no último sábado, quando abandonou o Grêmio em campo antes do fim da partida contra o Veranópolis, na Arena, é bom ressaltar que o técnico tem pouca culpa pelo início ruim da equipe na temporada. Ele tem sua parcela de responsabilidade, claro, mas não foi ele que iniciou o desmanche do time que terminou o Brasileirão em sétimo lugar e sonhou com vaga na Libertadores até o fim de 2014.
Felipão à beira de campo na arena do Grêmio antes de abandonar o time. (Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
Mas este cenário não muda o papel ridículo do treinador no final de semana. Para quem está pouco preocupado com futebol neste feriado de carnaval, uma recapitulação. Durante a segunda derrota em casa para um time do interior no início do Campeonato Gaúcho, Felipão abandonou seu time. Sim, abandonou. Fez o que um comandante nunca deveria nem cogitar: deixou seu barco prestes a afundar à deriva.
O torcedor do Grêmio deve ter pensado. “Que diabos você está fazendo, Felipão?” ou até um “Vada a bordo, cazzo”, como disse Gregorio de Falco, da Capitania dos Portos italiana, a Francesco Schettino, o comandante fujão do
navio que afundou na Toscana há três anos.
O técnico tentou justificar sua decisão. Alegou que estava envergonhado e que nenhuma decisão sua poderia mudar o curso da vitória por 1 a 0 do time visitante. Ok, Felipão. Mas novamente fazendo alusão ao comandante do navio prestes a afundar, essa atitude não condiz com o que se espera de um líder.
Ora, Felipão. Nem na maior vergonha da história do futebol brasileiro o senhor se prestou a tal papel. Suportou o 7 a 1 para a Alemanha na última Copa do Mundo até o fim e ainda reergueu alguns de seus comandados entregues ao vexame no gramado do Mineirão.
Naquele 8 de julho até recebeu elogios por sua postura ao final do jogo, bem diferente da
patética retirada de campo de Dunga, quatro antes, do estádio de Port Elizabeth, quando o Brasil perdeu para a Holanda nas quartas de final da Copa da África do Sul. Fez o que se espera de um comandante.
Daí, sete meses depois da tragédia de Belo Horizonte, num jogo de Gauchão, Felipão alega “vergonha” para se retirar de uma derrota do Grêmio na quinta rodada de um Estadual.
“Me expulsei. Mais vergonha do que isso, impossível passar. A equipe não apresenta nada daquilo que a gente faz no treinamento. Não adianta ficar enganando a torcida do Grêmio. Não tinha mais o que fazer, fui embora para o vestiário. Acabou o assunto. Não criamos nada, os adversários vêm aqui e tomam conta do jogo. Não aproximamos. Faltava 3 ou 4 minutos e fui embora. Para não tomar uma atitude errada e esfriar a cabeça”, disse o técnico.
Alguns torcedores gremistas aceitaram essa desculpa. “Ele é gremista”. “Felipão sente o que sentimos”. Foram alguns dos comentários lidos nas redes sociais desde sábado. Pode até ser.
Mas isso não muda o papel ridículo prestado pelo técnico, que ainda pode reconduzir o Grêmio a melhores resultados, como fez em 2014. Mas, para isso, ele precisa estar a bordo, cazzo!
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