Flame Vicious
Ei mãe, 500 pontos!
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A falsa promessa da racionalização das relações amorosas que distorce a autopercepção de nós mesmos.
Eu sei, é tentadora. A ideia de conhecer mulheres através da lógica do menor esforço, sem precisar sequer sair de casa — como um serviço por entrega — sem a necessidade do contato direto, um encontro fastfood que te entregaria sem rodeios aquilo que está no cardápio sexual, além de reduzir o receio da rejeição; uma propaganda sedutora (sobretudo sob a ótica da natureza masculina), a promessa de deslizar por alguns minutos para encontrar um par ideal para o sexo casual e quase anônimo com o mínimo de exposição convence muitos homens a baixarem o aplicativo e tentarem a chance. Afinal, o que se tem a perder? Bem, aqui mostraremos que há muito em jogo quando se trata da saúde mental masculina e que, como todo produto vendido dentro da lógica do mercado do comportamento, a teoria é quase sempre distinta da realidade prática que demonstra as distorções escondidas por trás do marketing da venda de uma ideia.
Você inicia o jogo em tremenda desvantagem.
Um estudo realizado no Tinder, e publicado na plataforma Medium intitulado Worst Online Dater, constatou que enquanto a maior parte dos homens (80%) competem pela curtida de uma parcela de 22% das mulheres, 78% delas estão competindo pela atenção dos 20% de homens “mais atraentes” existentes no aplicativo. Estes dados demonstram que as predisposições naturais dos sexos para a escolha dos parceiros no aplicativo não amenizam, mas aprofundam; normalmente mulheres são mais seletivas que os homens (que costumam possuir critérios mais objetivos e visuais) e dentro desta ferramenta, ao invés da busca por encontros fáceis reduzir e flexibilizar estes critérios de seleção, eles ganham um contraste ainda maior do que na vida real, ou seja, mulheres que já eram exigentes se tornam ainda mais exigentes, buscando não perfis de homens medianos ou do seu nível de atratividade, mas sim mirando exclusivamente no topo daqueles que demonstram pelas fotos alto grau de beleza e diferencial nesse quesito. Homens também usam a aparência como critério de escolha, mas são mais propensos a relevar determinados níveis de beleza se isso facilitar o encontro.
Esta mesma pesquisa revela que enquanto os perfis considerados atraentes obtêm uma média de respostas positivas por volta dos 20%, homens pouco atraentes têm desempenho abaixo do 1%. Exatamente, mesmo que você esteja entre os 20% mais desejados a sua taxa de respostas positivas após o match é de aproximadamente 20%, agora, se você fizer parte dos 80% menos atraentes, seu retorno (como mencionado) não chega sequer a 1%. Soma-se a estes dados o fato da maioria dos usuários do Tinder serem homens (a estatística fornecida pelo próprio aplicativo é de 48% de clientes mulheres para 52% de clientes homens) e temos um cenário desestimulante para um homem que casualmente usa o serviço na busca de uma chance de sucesso. Isso acontece porque o uso do app pelo público feminino para conseguir sexo é muito mais facultativo do que para o homem. Expor-se no Tinder em si já possui um determinado caráter de constrangimento social (apesar disto estar mudando com o tempo), então para a mulher é muito mais prático usar outras redes sociais visuais e de intenções sexuais menos óbvias (como o Instagram) para conseguir a atenção que deseja sem precisar se expor em apps de relacionamento para isso.
De modo geral, a mulher não precisa do Tinder para conseguir a atenção sexual masculina, se expondo da maneira certa nas demais redes sociais seu inbox já se transforma basicamente num Tinder, repleto de flertes e mensagens de elogio de diversos seguidores. Tanto é que muitas usuárias sequer preenchem o perfil do aplicativo de paquera, apenas postam algumas fotos como chamariz e põem na descrição o Instagram como propaganda, o seu objetivo ali — de forma geral — é a autopromoção, a busca por atenção e números (transferência de seguidores de uma rede social para outra), a procura por um parceiro é um objetivo secundário ali, já para o homem é diferente, geralmente entram desejando de fato um relacionamento ou lance casual, com o objetivo de abrir as possibilidades no mercado sexual.
E caso ainda acredite, mesmo depois dos dados colocados, que vale a pena o homem médio aderir a este tipo de produto e alimentar este fragmento da indústria dos relacionamentos, saiba que há grandes chances daquela com quem eventualmente der match estar usando o aplicativo para relações extraconjugais; uma pesquisa feita pela Global Web Index (GWI) revelou o número de usuários do Tinder que tem um relacionamento sério ou já são casados. De acordo com o estudo, no universo de 47 mil entrevistados, 42% estavam comprometidos, a pesquisa foi realizada em 33 países, incluindo o Brasil. Além disso, de acordo com as respostas dos entrevistados, 30% dos internautas afirmaram que sim, eram casados ou moravam com alguém. A empresa Tinder (naturalmente) desacreditou a pesquisa, afirmando que muitos dos que disseram estar usando o app mesmo em um relacionamento fixo na verdade o utilizavam como distração, e não com segundas intenções, uma teoria um tanto difícil de acreditar.
A promessa do flerte sem fronteiras.
O Tinder liberou, dentro do contexto de quarentena da pandemia do vírus COVID-19, a função Travel gratuitamente, esse serviço em tese (diz a propaganda) seria uma forma de conhecer pessoas de lugares diferentes sem que o usuário precise se deslocar para isso; certo, aqui voltaremos a percepção masculina do sexo, enxergando essa “opção extra” de flerte de maneira crítica, acontece que esse é o pior tipo de negócio que um homem poderia fazer em questão de investimento, o prazer masculino dentro do aplicativo se concretiza quando o encontro sai do meio virtual em direção a vida real, toda conversa online é uma preparação para se aproximar fisicamente de sua figura de desejo que é a mulher, mas dentro da perspectiva feminina isso não é necessariamente uma verdade; mulheres não priorizam o encontro físico, mas sim a atenção do homem, saber que está sendo desejada, que possui valor e pretendentes, além de dedicação emocional a sua figura, e isso pode ser conseguido à distância.
No fim das contas, a função Travel, disponibilizada pela empresa como propaganda solidária no intuito de facilitar encontros, nada mais é do que uma armadilha para o homem que recorre a estes aplicativos, visto que mulheres dão matches com parceiros de outros estados ou países com quem dificilmente efetivarão o encontro devido a distância, retiram dele o que desejam (sua atenção, entretenimento e adulação emocional) e depois o descartam, enquanto o homem que fizer o mesmo não conseguirá aquilo que tanto quer: o encontro de fato, a aproximação física ou o sexo casual. Você investirá seu tempo em algo que não irá consumir, enquanto ela terá toda a atenção que seu ego deseja neste contexto isolado de quarentena.
A solução precisa ser real.
Imagino que a este ponto deva começar a entender a escala do problema que é o fenômeno Tinder para a imagem e força emocional masculina. A desaprovação em apps do gênero nos transmite a ideia de baixo valor pessoal quando na realidade é um efeito distorcido provocado pela lógica do próprio aplicativo que está longe de traduzir a realidade em si. Não faço aqui um juízo de valor sobre o usuário que escolhe usar um produto que se vende pela praticidade, apenas julgo o serviço em si e exponho suas contradições a partir das já distorcidas relações sexuais atuais. Cabe a você fazer este julgamento pessoal: esta é uma efetiva ferramenta para conhecer pessoas e viver relacionamentos ou mais um meio tecnológico de procrastinação e frustração pessoal?
E como ligeira provocação, concluo: A solução é real. Se exponha engajando-se em seus prazeres pessoais e realizações profissionais, não há forma mais despretensiosa de conhecer alguém interessante e de afinidades em comum na realidade prática do que esta, desprendendo-se destas maquiadas armadilhas virtuais.
https://medium.com/oconselho/ego-e-tinder-decepção-masculina-e-validação-feminina-9e4d70683797
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Achei o tema interessante. Vale um debate.
Eu sei, é tentadora. A ideia de conhecer mulheres através da lógica do menor esforço, sem precisar sequer sair de casa — como um serviço por entrega — sem a necessidade do contato direto, um encontro fastfood que te entregaria sem rodeios aquilo que está no cardápio sexual, além de reduzir o receio da rejeição; uma propaganda sedutora (sobretudo sob a ótica da natureza masculina), a promessa de deslizar por alguns minutos para encontrar um par ideal para o sexo casual e quase anônimo com o mínimo de exposição convence muitos homens a baixarem o aplicativo e tentarem a chance. Afinal, o que se tem a perder? Bem, aqui mostraremos que há muito em jogo quando se trata da saúde mental masculina e que, como todo produto vendido dentro da lógica do mercado do comportamento, a teoria é quase sempre distinta da realidade prática que demonstra as distorções escondidas por trás do marketing da venda de uma ideia.
Você inicia o jogo em tremenda desvantagem.
Um estudo realizado no Tinder, e publicado na plataforma Medium intitulado Worst Online Dater, constatou que enquanto a maior parte dos homens (80%) competem pela curtida de uma parcela de 22% das mulheres, 78% delas estão competindo pela atenção dos 20% de homens “mais atraentes” existentes no aplicativo. Estes dados demonstram que as predisposições naturais dos sexos para a escolha dos parceiros no aplicativo não amenizam, mas aprofundam; normalmente mulheres são mais seletivas que os homens (que costumam possuir critérios mais objetivos e visuais) e dentro desta ferramenta, ao invés da busca por encontros fáceis reduzir e flexibilizar estes critérios de seleção, eles ganham um contraste ainda maior do que na vida real, ou seja, mulheres que já eram exigentes se tornam ainda mais exigentes, buscando não perfis de homens medianos ou do seu nível de atratividade, mas sim mirando exclusivamente no topo daqueles que demonstram pelas fotos alto grau de beleza e diferencial nesse quesito. Homens também usam a aparência como critério de escolha, mas são mais propensos a relevar determinados níveis de beleza se isso facilitar o encontro.
Esta mesma pesquisa revela que enquanto os perfis considerados atraentes obtêm uma média de respostas positivas por volta dos 20%, homens pouco atraentes têm desempenho abaixo do 1%. Exatamente, mesmo que você esteja entre os 20% mais desejados a sua taxa de respostas positivas após o match é de aproximadamente 20%, agora, se você fizer parte dos 80% menos atraentes, seu retorno (como mencionado) não chega sequer a 1%. Soma-se a estes dados o fato da maioria dos usuários do Tinder serem homens (a estatística fornecida pelo próprio aplicativo é de 48% de clientes mulheres para 52% de clientes homens) e temos um cenário desestimulante para um homem que casualmente usa o serviço na busca de uma chance de sucesso. Isso acontece porque o uso do app pelo público feminino para conseguir sexo é muito mais facultativo do que para o homem. Expor-se no Tinder em si já possui um determinado caráter de constrangimento social (apesar disto estar mudando com o tempo), então para a mulher é muito mais prático usar outras redes sociais visuais e de intenções sexuais menos óbvias (como o Instagram) para conseguir a atenção que deseja sem precisar se expor em apps de relacionamento para isso.
De modo geral, a mulher não precisa do Tinder para conseguir a atenção sexual masculina, se expondo da maneira certa nas demais redes sociais seu inbox já se transforma basicamente num Tinder, repleto de flertes e mensagens de elogio de diversos seguidores. Tanto é que muitas usuárias sequer preenchem o perfil do aplicativo de paquera, apenas postam algumas fotos como chamariz e põem na descrição o Instagram como propaganda, o seu objetivo ali — de forma geral — é a autopromoção, a busca por atenção e números (transferência de seguidores de uma rede social para outra), a procura por um parceiro é um objetivo secundário ali, já para o homem é diferente, geralmente entram desejando de fato um relacionamento ou lance casual, com o objetivo de abrir as possibilidades no mercado sexual.
Acontece que este cenário desbalanceado afeta no médio prazo o psicológico destes 80% de homens rejeitados pelos critérios elevados das mulheres ali dentro; simplesmente não vale a pena ceder a propaganda de sexo fácil e aderir a produtos como este, o Tinder agravou o já desbalanceado jogo sexual na sociedade pós-moderna. Uma pesquisa publicada pelo New York Times, além de confirmar os dados daquela anteriormente divulgada no Medium, evidencia que enquanto as mulheres curtem apenas 12% dos homens sugeridos, os clientes masculinos curtem, em média, 46% das sugestões. Homens deslizam mais para a direita, são menos seletivos e mais flexíveis, enquanto mulheres apostam apenas 12% das vezes buscando estes 20% melhores em aparência.Você pode até evitar o constrangimento público de um “não”, mas sacrifica lentamente, em troca, sua autoestima. A rejeição ainda está lá, apesar de silenciosa.
E caso ainda acredite, mesmo depois dos dados colocados, que vale a pena o homem médio aderir a este tipo de produto e alimentar este fragmento da indústria dos relacionamentos, saiba que há grandes chances daquela com quem eventualmente der match estar usando o aplicativo para relações extraconjugais; uma pesquisa feita pela Global Web Index (GWI) revelou o número de usuários do Tinder que tem um relacionamento sério ou já são casados. De acordo com o estudo, no universo de 47 mil entrevistados, 42% estavam comprometidos, a pesquisa foi realizada em 33 países, incluindo o Brasil. Além disso, de acordo com as respostas dos entrevistados, 30% dos internautas afirmaram que sim, eram casados ou moravam com alguém. A empresa Tinder (naturalmente) desacreditou a pesquisa, afirmando que muitos dos que disseram estar usando o app mesmo em um relacionamento fixo na verdade o utilizavam como distração, e não com segundas intenções, uma teoria um tanto difícil de acreditar.
A promessa do flerte sem fronteiras.
O Tinder liberou, dentro do contexto de quarentena da pandemia do vírus COVID-19, a função Travel gratuitamente, esse serviço em tese (diz a propaganda) seria uma forma de conhecer pessoas de lugares diferentes sem que o usuário precise se deslocar para isso; certo, aqui voltaremos a percepção masculina do sexo, enxergando essa “opção extra” de flerte de maneira crítica, acontece que esse é o pior tipo de negócio que um homem poderia fazer em questão de investimento, o prazer masculino dentro do aplicativo se concretiza quando o encontro sai do meio virtual em direção a vida real, toda conversa online é uma preparação para se aproximar fisicamente de sua figura de desejo que é a mulher, mas dentro da perspectiva feminina isso não é necessariamente uma verdade; mulheres não priorizam o encontro físico, mas sim a atenção do homem, saber que está sendo desejada, que possui valor e pretendentes, além de dedicação emocional a sua figura, e isso pode ser conseguido à distância.
No fim das contas, a função Travel, disponibilizada pela empresa como propaganda solidária no intuito de facilitar encontros, nada mais é do que uma armadilha para o homem que recorre a estes aplicativos, visto que mulheres dão matches com parceiros de outros estados ou países com quem dificilmente efetivarão o encontro devido a distância, retiram dele o que desejam (sua atenção, entretenimento e adulação emocional) e depois o descartam, enquanto o homem que fizer o mesmo não conseguirá aquilo que tanto quer: o encontro de fato, a aproximação física ou o sexo casual. Você investirá seu tempo em algo que não irá consumir, enquanto ela terá toda a atenção que seu ego deseja neste contexto isolado de quarentena.
A solução precisa ser real.
Imagino que a este ponto deva começar a entender a escala do problema que é o fenômeno Tinder para a imagem e força emocional masculina. A desaprovação em apps do gênero nos transmite a ideia de baixo valor pessoal quando na realidade é um efeito distorcido provocado pela lógica do próprio aplicativo que está longe de traduzir a realidade em si. Não faço aqui um juízo de valor sobre o usuário que escolhe usar um produto que se vende pela praticidade, apenas julgo o serviço em si e exponho suas contradições a partir das já distorcidas relações sexuais atuais. Cabe a você fazer este julgamento pessoal: esta é uma efetiva ferramenta para conhecer pessoas e viver relacionamentos ou mais um meio tecnológico de procrastinação e frustração pessoal?
E como ligeira provocação, concluo: A solução é real. Se exponha engajando-se em seus prazeres pessoais e realizações profissionais, não há forma mais despretensiosa de conhecer alguém interessante e de afinidades em comum na realidade prática do que esta, desprendendo-se destas maquiadas armadilhas virtuais.
https://medium.com/oconselho/ego-e-tinder-decepção-masculina-e-validação-feminina-9e4d70683797
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Achei o tema interessante. Vale um debate.