Eu tive uma criação e educação religiosa forte, e estudei muito a Bíblia quando novo.
Lembro que sempre se usava a mesma passagem:
“Ora, naquele tempo havia gigantes na terra e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos, estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade” (Gênesis 6:4)
MAs não sei.. se pensar pelo conceito, pode fazer sentido ser só uma passagem por que para um ser onsciente, 50, 60 milhões de anos não é nada.
Tem em genesis as feras na formação e evolução da terra.
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Dizem que Behemoth era um braquiossauro, mas não fala nada sobre o pescoço dele, que seria a característica mais marcante. Se realmente tivessem dinossauros na Bíblia era pra ter muito mais descrições.
Bom.
Não conheço muito de Bíblia, mas posso dar alguma contribuição ao tópico baseado em minha compreensão da linguagem.
Essas formas de falar sobre a bíblia são formas de hermenêutica e exegese baseadas a possibilidade de que os autores dela escreveram na linguagem que tinham disponíveis as coisas que eles viam.
A ideia é que o estágio em que se encontra uma língua molda a mentalidade das pessoas, seu vocabulário, sua possibilidade de descrever o que vê e até mesmo moldar o que as pessoas podem ver ou não.
Ocorre então que um leitor de um texto escrito a mais de dois mil anos atrás só poderia compreender de fato o que o texto diz e a que ele se refere se ele fazer um esforço de compreensão da mentalidade e do vocabulário de época a partir da compreensão de sua mentalidade.
Tentarei explicar um pouco essa ideia a partir de brevíssimas e imprecisas noções de história da filosofia e outros recursos.
O filósofo Kant escreveu um livro chamado "Crítica da Razão Pura" em que ele julga ter provado que a física e matemáticas são ciência enquanto que a metafísica não e portanto não seria possível provar racionalmente a existência de Deus, a imortalidade da alma e provar outros temas caros à metafísica tal qual ele a conhece.
Outro filósofo, Hegel, julga que essa interdição Kantiana à metafísica está equivocada e pretende mostra isso, dentre outras coisas, na obra "Fenomenologia do Espírito". Para mostrar o que pretendeu, Hegel procura traçar uma história da evolução do que ele entende por consciência humana em que a Crítica de Kant é um estágio que é superado no filosofia dele mesmo, Hegel. Ao descrever cada etapa da consciência, Hegel escreve a partir de estágios superiores dela, o que foi chamado por comentadores hegelianos de "lógica do para nós". Mas Hegel não se limita a isso. Ele também tenta reconstituir o que seria a voz mesma de cada estágio da consciência o que ele chama de "lógica do para ela". Nem sei mais se isso está preciso, mas servirá
É possível tentar ilustrar esses conceitos da seguinte forma.
Imagine-se um adulto observando uma criança. Ele diria algo do gênero: ela está se deslumbrando com o mundo ao seu redor quando ela olhas as coisas e aponta. A criança mesma só diz "oh". O adulto é que entende aquilo como deslumbramento. A criança só entende a imediates de seu impulso que a conduz a sentir prazer com as coisas que identifica e sente prazer em dizer "oh".
O pressuposto de fazer esse tipo de exegese é mais ou menos esse.
O exegeta lê num texto algo como "pássaro de fogo" e entende que o escritor da época não tinha linguagem e nem compreensão para entender que aquele objeto era uma espécie de nave voadora ou foguete que o escritor teria chamado de "pássaro de fogo" por associar pássaro a qualquer coisa que voa e fogo a qualquer coisa que emita chamas.
Isso quer dizer que esse tipo de leitura de textos antigos não deixa de ser uma tradução.
Isso é possível? Esse tipo de leitura é viável.
Eu acho que sim, mas há que haver muita justificativa para esse tipo de tradução.
"Gigante" aí pode ser entendido como dinossauro?
Eu acho que não.
Já vi outras interpretações que pareciam mais plausíveis.
Parece a mim, com todo respeito, que entender "gigante" como dinossauro é coisa de criacionista sem muito método.
Isso seria um desejo de aliar descobertas da ciência atual ao texto Bíblico de modo a associar o prestígio atual da ciência à religião.
Isso pode ser possível sim, mas essa forma de fazer isso não parece bem sucedida.