Acho que a resposta pra essa pergunta sempre vai estar atrelada ao momento de vida de quem se propõe a respondê-la.
Questões como idade, condições financeiras e psicológicas contam muito. Além disso a situação econômica, social e política do país também são importantes.
Eu sempre fui um tipo reflexivo, idealista e muito nostálgico. Percebo que conforme o tempo vai passando (hoje estou com 41) essas características se intensificam, porém passo a enxergar tudo com um grau de realismo absurdo. É como se aquele "romantismo" juvenil fosse se apagando lentamente.
Sempre quis ter filho quando era mais novo, mas penso que justamente essa característica reflexiva insistia em colocar impedimentos. Hoje, por ironia ou sarcasmo do universo, é esse mesmo traço reflexivo que enumera uma séries de motivos para que eu vá em frente e tenha filhos. É algo meio maluco hehehehe.....
Meu pensamento e meu "espírito" são extremamente jovens, sou paciente, bem humorado, otimista.....é incrível como me dou bem com crianças. É ainda mais perturbador quando escuto as pessoas dizendo: "você seria um excelente pai", e coisas do tipo. Creio que seja por conta da minha personalidade "solar" e brincalhona.
Sou genealogista amador. Amo pesquisar sobre meus antepassados. Tanto por parte da família paterna quanto materna tive a felicidade de encontrar registros anteriores ao ano de 1800. Ou seja, são dados de mil setecentos e bolinha, pleno século 18.
Tempos atrás lembro de ter manuseado as cartolinas em que desenhei os organogramas da nossa árvore genealógica. As desenrolei em uma mesa bem espaçosa e fiquei ali observando, refletindo, divagando......
Tantos nomes e sobrenomes diferentes......tantos dialetos que seriam incompreensíveis hoje em dia........8, 9, sei lá, 10 gerações estavam ali diante de mim. Ou melhor dizendo, estavam em mim. Ora, no fim das contas é isso......nossos antepassados estão contidos em nós, no presente, e estaremos atrelados aos nossos descendentes, no futuro.
É essa possibilidade de "quebra" desse vínculo, uma possível ruptura desse elo (no caso de não ter filhos), que me deixa inquieto. É quase uma dor o que sinto quando penso nisso. E sinceramente não tem nada a ver com deixar herança, bens materiais e coisas do tipo. É algo mais puro, mais filosófico....
Eu penso: cazzo, imagine tudo o que essa turma passou, por onde andou, as tristezas e alegrias, as frustrações e as realizações alcançadas......tudo....tudo....tudo, de certa forma, converge e desemboca em mim, o representante biológico de todos eles em um determinado tempo e em um determinado local.
Essa é a herança mais valiosa, uma vaga para participar integralmente dessa aventura incerta que é a vida. E é isso que me motiva a ter filhos atualmente. A possibilidade de os brindar com esse enigma chamado vida. Porque, po@@a, por mais que o mundo esteja de cabeça pra baixo, a vida ainda é, no meu entendimento, o objeto mais maravilhoso. E é só por meio dela que tudo se realiza....