Cidadão, essa é a
justificativa mais tola que um funcionário público pode dizer. É um tipo de
imunização à crítica: toda e qualquer crítica aos salários, ineficiência e privilégios do funcionalismo público são imunizados sob o argumento de que
"quem critica é invejoso porque não passou em concurso".
Vem cá, cidadão: você acha, realmente, que "passar em concurso público" é um grande feito, digno de fazer com que
toda a sociedade civil arque com os
custos colossais da
burocracia gigantesca que existe no Brasil?
Quero ver é ralar na iniciativa privada gerando serviços e produtos que são
efetivamente demandados pelos consumidores, que efetivamente geram valor para sociedade. Isso sim é
digno de ser louvado.
Passar em concursinho público? Tá cheio de
Barnabé passando em concursinho público. O serviço público não é demandado pelos consumidores, meu caro; serviço público é imposto a força à sociedade. O "serviço público" é "público" só no nome: é um serviço que não serve ao público. Todos têm que pagar à força.
Se serviço público não fosse
compulsório, absolutamente ninguém pagaria por ele.
A qualidade no Brasil beira ao inacreditável. Quando funcionam são a exceção, e longe de ser a regra (como os já citados
bombeiros e policiais, que de fato fazem um excelente trabalho e recebem pouco).
A Venezuela levou sua lógica a sério.
Serviço público não tem como ter a mesma eficiência do mercado, não está inserido num mecanismo de lucros e prejuízos.
Na iniciativa privada, se um serviço não é demandando, ele vai a falência. Portanto, seguindo a sua lógica, bastaríamos
estatizar tudo e teríamos a mesma eficiência do mercado.
Você acredita que "merece" o salário que ganha. Ora, mas quem estipulou isso? Qual foi o
"público consumidor" que voluntariamente determinou que você
merece ganhar seu atual valor salarial?
Apenas no mercado, em que os serviços são voluntariamente adquiridos pelo consumidor, pode-se estipular que um determinado valor salarial é "justo" ou "merecido". Apenas aquele que tem seus serviços voluntariamente adquiridos pelo consumidor tem um valor salarial "justo e merecido".
E como você define o valor de um salário de um funcionário público? Visto que o estado não está sob um sistema de
lucros e prejuízos?
Não importa o quanto um funcionário público estudou para passar numa prova. Não existe algo como um "direito adquirido ao lucro". Lembre-se que vivemos num país pobre e de renda baixa,
com renda per capita inferior inclusive a de alguns países africanos. O salário do funcionário público é proveniente de dinheiro da população. Que ganham até 10x menos pelo mesmo cargo na iniciativa privada que um funcionário público.
Funcionário público federal ganha 93% mais que trabalhador do setor privado, segundo estudo salarial feito pelo Insper. Leia na Gazeta do Povo
www.gazetadopovo.com.br
E mesmo se os salários dos funcionários públicos forem iguais, o desastre ainda acontece.
Os funcionários públicos gostam de estabilidade, então tem que ser justamente o inverso do que você falou, os salários dos funcionários públicos tem que ser
menores que do mercado, porque eles tem a vagabundagem da estabilidade, faça chuva ou faça sol o dinheiro dele esta ali.
Ele não esta sob prejuízo, oscilações e externalidades, muito menos esta pondo algum patrimônio seu em jogo.
Por isso, se o salário deles for correspondente ao salário de mercado, ainda sim o problema existe, porque a estabilidade incentiva tanto quanto um bom salário.
Se o cara pode ganhar o mesmo tendo a maior estabilidade e
tranquilidade, porque vai se lascar e arriscar no mercado?
Isso é básico!
A mas e se a economia crescer? Tudo bem, se o salário médio no mercado subir, o funcionário público pode ganhar mais também. Agora ele também tem que ganhar menos se for necessário, faz sentido? Se nem com isso você concorda, você é um declarado canalha ainda por cima. Que só quer mamar.
O chamado “prêmio salarial” do funcionalismo brasileiro é o mais alto numa amostra de 53 países pesquisados pelo Banco Mundial
economia.estadao.com.br
Um estudo do
Banco Mundial comparou salários de profissionais com as mesmas atribuições, uma da iniciativa privada e outro funcionário público.
"Entre 53 países pesquisados, o Brasil é o que a apresenta a maior diferença entre o salário de um funcionário público federal e o de um trabalhador da iniciativa privada, ambos com a mesma idade, a mesma formação e a mesma experiência profissional."
Pegando um exemplo prático: suponha
dois irmãos gêmeos com a mesma formação e a mesma experiência profissional. Um escolheu uma carreira em uma grande empresa; o outro foi aprovado em um concurso para funcionário público federal. Esse último ganhará simplesmente 67% a mais.
E o texto ainda completa:
"Ainda segundo o Banco Mundial, o quadro do funcionalismo público brasileiro pode ser considerado "enxuto" em relação ao resto do mundo. Ao passo que, no Brasil, 5,6% da população empregada está no setor público, nos países da OCDE este percentual é de quase 10%."
A conclusão óbvia, portanto, é que o alto gasto com funcionalismo público no Brasil não decorre exatamente de um excessivo número de funcionários públicos, mas sim do elevado custo (altos salários) deles.
E porque você acha que os
salários no setor privado são baixos?! Tendo de arcar com uma carga tributária que chega a
40% da renda, como é que seria possível a iniciativa privada pagar salários altos?
O empreendedor trabalha
até o dia 2 de junho de cada ano apenas para pagar os
93 tributos (impostos, taxas e contribuições) que existem no Brasil. E pagar esses impostos
requer 2.600 horas apenas para preencher os formulários (mais do que o dobro do segundo colocado, a Bolívia). Quem não pagar é punido com cadeia e confisco de bens.
E tudo isso pra bancar o
setor público. Então como, por favor diga, seria possível pagar salários altos na iniciativa privada?
E o curioso é que quanto mais gente for para o setor público, mais o
setor privado será esmagado. Menores serão os salários e também a arrecadação do governo. Consequentemente
menores serão os salários dos funcionários públicos.
Se isso continuar, poderá chegar o dia em que irão
inviabilizar as empresas, que são quem mantém toda essa estrutura. Ironicamente, sem o setor produtivo, o número de funcionários públicos pagos cairá a
zero.