Sinceramente não acredito na superação do sistema atual, e tenho medo desta galerinha que quer requentar ideais de esquerda atuais se utilizando da nova tecnologia que está surgindo, estou mais na linha de que sim, o sistema irá se atualizar, teremos uma especialização excessiva da mão de obra, os países pobres não terão mais a oportunidade de enriquecerem com mão de obra barata e abundante assim como a China o fez, este modelo se esgotou com a tecnologia moderna, muitas patentes estão sendo abertas atualmente pelo que ando acompanhando, acho que teremos um capitalismo baseado na economia do compartilhamento, no consumo mais consciente, e teremos inúmeros solavancos com a transição das energias não renováveis para as renováveis, e claro que cairemos em diversas sinucas de bico pois não adianta nada trocar o petróleo pelo lítio, entre outras coisas, estamos também na era das corporações trilhionárias, vide a Amazon e a Microsoft, os dados serão a nossa maior commoditie, a ideia de privacidade será cada vez mais estreita e inexistente, e passaremos pelos maiores desafios para a existência da humanidade, que os jogos comecem.
Esta tecnologia moderna e cara por ser extremamente custosa e exigir um know how que poucos possuem, irá promover uma concentração ainda mais absurda de poder nas mãos de alguns grupos privados e até do estado, por um lado esta mesma tecnologia nos permitirá atacar o estado e enfraquece lo de diversas formas, é uma faca de dois gumes, é realmente difícil prever para onde tudo isto nos levará.
Novamente, muita coisa importante foi citada. Você fez bem em chamar a minha atenção para a possível "superação do capitalismo". O que eu esqueci de esclarecer foi que isto não tem nada a ver com o século passado. Quando eu falo em possível "superação", não estou me referindo a socialismo nem a comunismo - será uma outra coisa. A esquerda precisa deixar o século XX para trás. Ela não pode continuar agindo como se todas aquelas catástrofes não houvessem ocorrido.
Sim, você citou vários sintomas e sinais. Coisas como uma economia compartilhada, com combustíveis renováveis, de consumismo mais consciente, etc. Ainda assim, é difícil, como você mesmo também admitiu, fazer grandes previsões. Não devemos subestimar a imensa capacidade histórica do capitalismo de se reinventar. A questão é saber para que direção será esta reinvenção. Pessoalmente, eu sou mais pessimista.
Vejo uma privatização do público avassaladora (e não uma publicização do privado, como muitos pensam ser o problema hoje). Marx previu que, uma vez a sociedade capitalista evoluindo para um estágio onde o saber seja predominante, sua lógica interna iria sucumbir, mas ele subestimou a capacidade do capitalismo de novamente (re)privatizar este "comum" (como as propriedades intelectuais).
A Microsoft certamente não construiu a sua fortuna explorando, dia e noite, a força de trabalho da sua classe trabalhadora (ela o fez privatizando a própria internet em si, a qual pagamos um "aluguel" para usufruir dos benefícios do ciberespaço; assim como também pagamos um aluguel para o Netflix, já não possuindo mais nada efetivamente).
Se algo não acontecer, a tendência é de estados-nações se isolando em suas próprias ilhas identitárias, e deixando as revoluções atuais à sua própria sorte. Potencial resultado? Uma nova sociedade de classes ainda mais severa e brutal do que qualquer outra na história. Apenas pense nas consequências de uma biogenética que produz "fetos perfeitos" para as classes mais abastadas? Eu vejo coisas bastante preocupantes no horizonte. Vejo níveis de controle social até então inéditos (como no neuralink).
Nem mesmo a explosão dos condomínios horizontais me parece inocente. Na minha opinião, eles materializam uma perigosa utopia social cada vez mais isolacionista. Em um bom condomínio horizontal, o que nós temos é um retorno aos "bons e velhos tempos", onde crianças podem novamente "brincar na rua" (ainda que seja numa privatização do "público", vez que uma rua condominial não é exatamente igual a "uma rua à moda antiga").
O mesmo vale para os verticais, que cada vez mais simulam praças em suas áreas de lazer, substituindo a rua, a praça, o espaço público em geral. Eu vejo diversas tendências perigosas no horizonte com as novas revoluções, e que poderão apenas se agravar com a atual lógica do "cada estado-nação no seu próprio galho, e dane-se o resto (do mundo)". Vejo mais potencial para uma distopia nas próximas décadas do que uma utopia, se nada acontecer e apenas tivermos a consolidação das tendências atuais.