Eu sou estranho quanto a esse tema. Tenho um lado muito crédulo, e outro muito cético.
Eu particularmente nunca tive uma experiência paranormal. Aconteceram coisas estranhas, claro, mas numa vida inteira você vai ter alguns fenomenos sem explicação.
O que aconteceu: com 8 anos mais ou menos, eu estava acordado, e todos dormindo. Estava num apartamento que morava enquanto minha casa reformava. E vi uma luz zigue zagueando, como se fosse o reflexo de um cd passando pra um lado e para o outro. Mas a janela estava fechada. Estranho que sou medroso, medo de flme de terror, e criança era bem pior heuehue. Mas sequer acordei meus pais, pelo que me lembre. Nem fiquei lá com muito medo.
Depois foi uma época que passei a ter paralisia do sono. Era cômico que eu me sentia como no filme kill bill. Eu mandava meu dedinho se mexer. Dava nervoso não mexer nada, mas eu comandava mentalmente meu dedinho, para ele se mexer. E era difícil, mas se mexia, e depois o resto do corpo.
Até aí nada, né, mas acontece que uma das vezes (não sei se foi a primeira, ou uma das primeiras), eu estava de bruços e senti como se minha irmã tivesse vindo me abraçar. Mas claro, ninguém. COntei pro meu pai, que embora não seja religioso (ele é agnostico), ele cresceu num ambiente de espiritismo afro-brasileiro, e disse ser espírito. Mas eu falei pra ele que já havia lido sobre paralisia do sono, aí ele entendeu a coisa, e nem insistiu achando ser espírito (e obviamente não é do tipo dele isso. Se fosse minha mãe até hoje acreditaria nisso). Eu já tinha lido muito em relatos de fórum sobre paralisia do sono, aí nem fiquei muito bolado. Só rolava aquele receio quando eu ia cochilar à tarde, que era quando isso ocorria. Mas mais por medo da experiência de se estar paralisado.
Então, como veem, nada excepcional.
Eu sou cético porque quase sempre tem alguns furos nessas experiências. E muitas vezes quando ocorre com uma pessoa, ocorrem várias vezes, como o Goris disse. Então acho que algumas pessoas têm uma predisposição mental a ter essas experiências. Mas, no caso da mãe dele, realmente isso eu não tenho explicação. E só de imaginar a cena achei realmente bizarro.
Eu tenho TOC. E o toc às vezes envolve o que se chama de "pensamento mágico". É tipo achar que o seu pensamento tem uma influência no mundo. E no meu caso envolve um ponto meio "religioso". Religioso entre aspas, porque é mais superstição da doença. Eu "aposto" que certas coisas irão acontecer ou não acontecer, e aí essas coisas acontecem, e seriam coisas a meu ver bem improváveis. Porém, pesquisando na internet, vi que várias pessoas com toc tem isso, e que coincidências realmente ocorrem com todo mundo, só que quem tem TOC tem o viés de confirmação, que é ignorar todas as vezes que não se ocorre. Então racionalizei, ou eu tenho uma paranormalidade, e todo mundo que tem essas experiências tem, ou é do TOC. Só que todo mundo que tem essas experiências tem TOC. Não pode ser uma coincidência. Então é do TOC. CLaro que às vezes eu fico que nem o Russell Crowe naquele filme sobre o John Nash, em que ele sempre que conhece alguém tem que perguntar a outra pessoa se aquela nova que ele conheceu existe ou não. No caso do TOC, eu tenho que raciocinar sobre a experiência, porque a princípio ela é real para mim.
Até por isso sou cético. Tenho que ser cético, senão me entregaria à insanidade.
Um livro interessante que li alguns trechos é esse:
Warfield é um dos fundadores do movimento fundamentalista protestante. Era uma época em que a igreja presbiteriana dos EUA rachou na disputa entre liberais (no sentido religioso, não no sentido político), que acreditavam na crítica bíblica, e os fundamentalistas, que acreditavam na inerrância da bíblia e nos autores tradicionais dela. Esse racha começou na igreja presbiteriana, mas passou para toda denominação cristã americana. Mas o Warfield não era alguém ignorante como acusam as pessoas os fundamentalistas. Ele era baseado na filosofia do realismo escocês, era lido em William James, o grande psicólogo e filósofo da época, fundador da psicologia não freudiana, praticamente, e era entendido na teoria da evolução. Embora não acreditasse nela, ele não a achava também totalmente incompatível com o cristianismo, e teve momentos em que acreditou nela.
Bem, ele era um cético de fenômenos paranormais, e também de milagres, porque acreditava que após o último apóstolo morrer (historicamente, João), os milagres cessaram. São os cessacionistas. Essa escola de pensamento teve origem na contrarreforma. Porque enquanto os católicos recorriam a relatos de milagres, ao invés de fazer o mesmo, alguns protestantes passaram a dizer que milagres não existiam mais.
E é interessante como ele no livro descontroi relatos de milagres na igreja primitiva, por exemplo. Ele mostra que Santo Agostinho relatou o mesmo evento que Santo Ambrósio, que foi relatado dois séculos antes por Luciano, de que alguém ficava em coma, ia à presença de um juiz, que dizia que era a pessoa errada, e que quem deveria morrer era um ferreiro de mesmo nome, a pessoa saía do coma, e descobria-se que o ferreiro morria. Luciano relatou isso de forma satírica, dizendo ter ouvido de um filósofo peripatético, mas Agostinho e Ambrósio relatam como se ocorrera com pessoas conhecidas dele. Mas o absurdo da história, e a coincidência de ser um ferreiro, isso tudo indica que foram invenções, não por maldade, mas pela própria atmosfera supersticiosa da época.
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Por isso sou cético. Já pesquisei milagres modernos, e vi que há vários furos nos mais famosos.
Também já pesquisei eventos paranormais, e sempre tem alguma espécie de furo. Por exemplo, Amytville. (o filme de 2005 é horrível, mas dizem que dá medo o filme dos anos 70). Há bastante furo na história. Os relatos do cara que morava lá variam conforme o tempo, bem como é contraditório com o relato dos dois filhos que falam da história. E ainda há um advogado falando que inventou a história junto com o casal, baseado em experiências que o casal teve, mas bem menos espetaculares.
Aí tem eles dizendo que viam pegadas na neve, sendo que não nevou no mês que eles estiveram na casa! Eles dizerem que ligaram várias vezes para a polícia, sendo que não há qualquer registro. O fato de lucrar com a história, e de que os moradores posteriores não relataram nenhuma experiência dessas.
Até hoje os dois filhos relatam ter havido mesmo experiências paranormais. Mas, com tanta invenção em volta, é de se acreditar? Não é mais fácil pensar que coisas sem explicação ocorreram, mas que a própria criação supersticiosa das crianças fez elas acreditarem que aquilo era muito maior?