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Experiências Sobrenaturais

Geo

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Me fale mais das técnicas destes mestres iogues e do porque não crer na versão cristã.
Eles conseguem, através da meditação, controlar funções que são normalmente automatizadas, por exemplo a temperatura do corpo. Um mestre iogue pode reduzir seu metabolismo a ponto de entrar em um estado que pode ser interpretado como uma "meia-morte". Com a vitalidade do corpo reduzida, o perispírito expande. Dependendo do grau, pode até sair do corpo.

Em condições normais, o perispírito é um campo que termina a 6mm acima da pele em um homem saudável e jovem em estado de vigília.
 

Geo

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https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/237765/04-eqm-um-outro-mundo.htm
Entrevista muito boa da CBN abordando a temática das experiências de quase morte, estes tempos inclusive criei um tópico abordando o tema e perguntando se alguém no fórum esteve próximo da morte e como foi, é uma área muito interessante.
Eu também gostaria de ouvir (aliás eu ouvi esse programa na CBN, excelente matéria). Embora não tenha sido uma EQM, a experiência de Giordano Bruno é uma das mais espetaculares que eu conheço. Em uma das noites em sua cela, ele saíra do corpo e fora conduzido por um ser de luz através da galáxia para visitar incontáveis planetas habitados. Ele contou essa experiência para dar testemunho da magnificência da criação de Deus e foi recebido com a morte.
 

Geo

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Bom, eu em minha vida sofri váris experiências de caráter não natural. Particularmente considero minha própria vida uma "anomalia" ao sistema natural, ahsuahsua, quase um Neo.
Tenho várias experiências mesmo. Mas pela boa manutenção do tópico, compartilharei apenas uma.

Quando era criança vi um ser vestindo branco , com uma medalha em uma das mãos. Num terreiro grande que jazia no quintal de minha casa ao qual hoje já não existe mais.

A cozinha da minha casa tinha uma janela que dava para avistar este quintal que fazia divisa de muros com mais 3 casas e óbvio, ficava encoberto pela frente da própria casa ao qual eu morava.Era um lugar relativamente grande o terreno em si. Acho que deveria possuir uns 10x15 metros sómente de terra.
Voltando a esperiência, eu, talves nos meus pairos 5 ou 6 anos, não me recordo bem. Vi este ser que possuia a medalha em uma das mãos, a enfiar dentro da terra. O que era mais suspeito, é que ele não "cavou a terra", ele simplesmente transpassou-a. Como se a terra virasse uma forma de nuvem etérea e sem consistência sólida apenas para a sua mão aonde repousava a medalha. Ele estava de pé e se agaixou para poder colocar o objeto dentro da terra.

Até aqui isto poderia significar apenas um relato de uma ingênua criança que foi almejada por uma espécie "peça" criada pelo interior de sua mente. Algo que ela viu e ouviu e ficou guardado em seu subconsciente, toma formas ao contemplar o horizonte das dependências residenciais, e por algum tipo de medo ou excesso de curiosidade. As imagens adicionais começam a transpassar sua mente numa espécie de "filme", dando contornos e ritmos lúdicos a sua realidade.

O problema começa a criar forma, quando eu contei este fato narrado ao meu pai. E ele se dispôs a cavar as dependências do quintal da minha casa. E inclusive achou a tal medalha.
Sendo tão jovem, antes dos 7 anos, tu tinhas a mediunidade infantil. E o fato do ser ter perpassado a terra não deveria surpreender. Tu sabes que a solidez é uma ilusão. A única coisa que nos impede de cair ao centro da Terra é a repulsão eletrostática entre nossos átomos e os da "sólida" terra. Não fosse isso, atravessaríamos sem dificuldades quilômetros de rocha e pararíamos no centro de atração gravitacional do planeta. Lembre que a única coisa sólida da realidade é o núcleo atômico que ocupa 1 / 100.000 do espaço do átomo. Então, se tu tens 1,70m de altura, o espaço que ocupas é apenas 0,017mm.

Um espírito poderia (especulação da minha parte) ter o poder de por a vibração aleatória dos átomos em fase (uníssono) de um medalhão (assim como a si mesmo), este, assim, atravessaria matéria "sólida" facilmente.
 

Geo

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Lembrei de algo que aconteceu a uns 4 meses atrás

não é a primeira vez que tenho a sensação de estar sendo observado ao dormir, eu e a minha família somos evangélicos, até aí tudo tranquilo, mas como relatado a alguns meses atrás aqui no fórum tem uma igreja pentecostal que a 10 anos vive nos incomodando com barulhos do som (inclusive em um dos cultos deles chamavam os vizinhos que reclamavam de Diabo, que iriam sofrer com a punição divina e tal).

Voltando ao assunto, em 2 noites seguidas ao dormir senti uma forte presença ao lado da minha cama, era como se literalmente alguém estivesse encostado na cabeceira me observando, senti um arrepio muito forte da cabeça aos pés e imediatamente levantei, liguei a luz e comecei a orar em voz alta, depois de uns 5 minutos me deitei e ainda a sensação não passava, continuei orando e consegui dormir em paz.

No dia seguinte contei para a minha mãe o que aconteceu e depois fui trabalhar, minha mãe ao chegar no meu quarto e ficar no mesmo lugar em que tinha falado da sensação ruim ela teve o mesmo arrepio forte que eu, então começou a orar e ler o Salmos 143 e então não tivemos mais essa sensação ruim.

Minha mãe disse que isso tem pode ter relação com inveja, olho grande, desejo de vingança ou até mesmo jogando "praga" na gente.
Mas a melhor reação é essa mesma: orar. A entidade presente verá em tua tela mental as imagens que se formam do ato de orar (ainda mais algo tão sublime quanto os Salmos). Vendo que não conseguirá o efeito desejado e que tu te mostraste forte, se afasta.
 

Goris

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Gosta de Podcasts, Geo?

Acabei caindo hoje neste podcast (estou ouvindo pra ver se gosto da equipe) e caí neste episódio, como era um tema que nunca tinha visto fui conferir e achei algumas conclusões da turma (Não se pôde provar que não existem fantasmas, não se pôde provar que existem fantasmas)

República do Medo - O Experimento Philip

Se não conhece a mídia podcast, é como um programa de rádio antigo, com um tema central e várias pessoas falando sobre ele. No caso, o experimento famoso nos anos 70 ou 80 sobre a existência de fantasmas e/ou se eles eram criação da mente das pessoas. Eu esperava ser um experimento para ver se fingindo haver um fantasma as pessoas achariam que ele existe, mas era bem outro...
 
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abcdario

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Sendo tão jovem, antes dos 7 anos, tu tinhas a mediunidade infantil. E o fato do ser ter perpassado a terra não deveria surpreender. Tu sabes que a solidez é uma ilusão. A única coisa que nos impede de cair ao centro da Terra é a repulsão eletrostática entre nossos átomos e os da "sólida" terra. Não fosse isso, atravessaríamos sem dificuldades quilômetros de rocha e pararíamos no centro de atração gravitacional do planeta. Lembre que a única coisa sólida da realidade é o núcleo atômico que ocupa 1 / 100.000 do espaço do átomo. Então, se tu tens 1,70m de altura, o espaço que ocupas é apenas 0,017mm.

Um espírito poderia (especulação da minha parte) ter o poder de por a vibração aleatória dos átomos em fase (uníssono) de um medalhão (assim como a si mesmo), este, assim, atravessaria matéria "sólida" facilmente.
Poderia me relatar estes seus episódios de mediunidade infantil? tu parece ter um grande conhecimento também assim como outro forista, participa de algum grupo?.
 

Geo

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Poderia me relatar estes seus episódios de mediunidade infantil? tu parece ter um grande conhecimento também assim como outro forista, participa de algum grupo?.
Eu me referia à experiência da colega. Mas, sim, meus episódios de mediunidade infantil nunca foram tão dramáticos. À noite, antes de dormir, eu ouvia gente conversando na sala e via formas sobre coisas como quadros e luminárias. Nada extraordinário.

Eu de vez em quando vou a uma palestra pública no centro espírita que há perto de onde moro. Quando o assunto é interessante (eles têm um site) eu vou. Mas minha maior fonte são os livros e os testemunhos (como os relatados aqui).
 

Geo

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Gosta de Podcasts, Geo?

Acabei caindo hoje neste podcast (estou ouvindo pra ver se gosto da equipe) e caí neste episódio, como era um tema que nunca tinha visto fui conferir e achei algumas conclusões da turma (Não se pôde provar que não existem fantasmas, não se pôde provar que existem fantasmas)

República do Medo - O Experimento Philip

Se não conhece a mídia podcast, é como um programa de rádio antigo, com um tema central e várias pessoas falando sobre ele. No caso, o experimento famoso nos anos 70 ou 80 sobre a existência de fantasmas e/ou se eles eram criação da mente das pessoas. Eu esperava ser um experimento para ver se fingindo haver um fantasma as pessoas achariam que ele existe, mas era bem outro...
Eis aí uma coisa que nunca usei. Mas enfim, eis um pretexto para começar. Não, não ouvi falar desse experimento. Entretanto, tenho minhas reservas quanto a experimentos que não seguem os procedimentos prescritos pelos pesquisadores ingleses (ex.: Sir William Crookes, sim é o físico) que investigaram o fenômeno seriamente no século XIX. Se tiveres um resumo, eu agradeço.
 

Goris

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Eis aí uma coisa que nunca usei. Mas enfim, eis um pretexto para começar. Não, não ouvi falar desse experimento. Entretanto, tenho minhas reservas quanto a experimentos que não seguem os procedimentos prescritos pelos pesquisadores ingleses (ex.: Sir William Crookes, sim é o físico) que investigaram o fenômeno seriamente no século XIX. Se tiveres um resumo, eu agradeço.
Basicamente, acreditando que fantasmas e espíritos do sobrenatural não existem, mas que o paranormal existe.

A teoria deles é que os relatos de assombrações (aqueles com movimentações de objetos e etc) eram, na verdade, fenômenos paranormais baseados no subconsciente das pessoas gerando telecinese.

Tipo, não é que existe um fantasma que vai assombrar as pessoas, mas elas terem medo do fantasma que cria um "ser" que age conforme, no subconsciente coletivo, como o fantasma.

Dito isso, criaram um personagem qualquer, tipo Conde Philip, com todo um background, como ele vivia, quando e por que ele morreu e porque assombrava tal lugar.

As pessoas que participaram da experiência sabiam que ele era inventado, mas ficaram se encontrando nos fins de semana e se convencendo que ele existia (é complicado, mas simples tbm) até que ele começou a assombrar o lugar, mesas mexiam, surgiam barulhos...

Nisso, outras duas universidades, acho que uma da Austrália e outra que não lembro qual, repetiram o mesmo experimento com resultados parecidos.

Tipo, o fenómeno parece ter sido reprodutível, mas tbm não foi conclusivo.

Vale a pena ouvir, baixe e ouça no celular. Achei bem curto e interessante de ouvir.
 

abcdario

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Basicamente, acreditando que fantasmas e espíritos do sobrenatural não existem, mas que o paranormal existe.

A teoria deles é que os relatos de assombrações (aqueles com movimentações de objetos e etc) eram, na verdade, fenômenos paranormais baseados no subconsciente das pessoas gerando telecinese.

Tipo, não é que existe um fantasma que vai assombrar as pessoas, mas elas terem medo do fantasma que cria um "ser" que age conforme, no subconsciente coletivo, como o fantasma.

Dito isso, criaram um personagem qualquer, tipo Conde Philip, com todo um background, como ele vivia, quando e por que ele morreu e porque assombrava tal lugar.

As pessoas que participaram da experiência sabiam que ele era inventado, mas ficaram se encontrando nos fins de semana e se convencendo que ele existia (é complicado, mas simples tbm) até que ele começou a assombrar o lugar, mesas mexiam, surgiam barulhos...

Nisso, outras duas universidades, acho que uma da Austrália e outra que não lembro qual, repetiram o mesmo experimento com resultados parecidos.

Tipo, o fenómeno parece ter sido reprodutível, mas tbm não foi conclusivo.

Vale a pena ouvir, baixe e ouça no celular. Achei bem curto e interessante de ouvir.
Algo relacionado a um inconsciente coletivo pelo jeito.
 

Goris

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Algo relacionado a um inconsciente coletivo pelo jeito.
Sim, a teoria deles era que fantasmas NÃO existiam. O que existiam era situações como que se o inconsciente coletivo de um dado lugar criava tais "seres". Até citam que os espíritas chamariam de espíritos zombeteiros, mas seria algo diferente, para-científico e não sobrenatural.

Vale a pena ouvir pra ver se vc chega as mesmas conclusoes.
 

abcdario

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Sim, a teoria deles era que fantasmas NÃO existiam. O que existiam era situações como que se o inconsciente coletivo de um dado lugar criava tais "seres". Até citam que os espíritas chamariam de espíritos zombeteiros, mas seria algo diferente, para-científico e não sobrenatural.

Vale a pena ouvir pra ver se vc chega as mesmas conclusoes.
Na sua família havia uma credulidade muito grande então para estes eventos ocorrerem??????, a aparição da mulher com uma criança nos braços para a minha avó também é curiosa, ela é extremamente devota de Maria, deve explicar o aparecimento da santa então.
 

Goris

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Na sua família havia uma credulidade muito grande então para estes eventos ocorrerem??????, a aparição da mulher com uma criança nos braços para a minha avó também é curiosa, ela é extremamente devota de Maria, deve explicar o aparecimento da santa então.
Era uma teoria que os caras tinham, como tal, não dá pra dizer com certeza se estavam certos ou não.

Já na minha casa, acho que não.

Até porque muita gente que viu coisas lá nem sabia que existia algo.
 

x-eteano

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Basicamente, acreditando que fantasmas e espíritos do sobrenatural não existem, mas que o paranormal existe.

A teoria deles é que os relatos de assombrações (aqueles com movimentações de objetos e etc) eram, na verdade, fenômenos paranormais baseados no subconsciente das pessoas gerando telecinese.

Tipo, não é que existe um fantasma que vai assombrar as pessoas, mas elas terem medo do fantasma que cria um "ser" que age conforme, no subconsciente coletivo, como o fantasma.

Dito isso, criaram um personagem qualquer, tipo Conde Philip, com todo um background, como ele vivia, quando e por que ele morreu e porque assombrava tal lugar.

As pessoas que participaram da experiência sabiam que ele era inventado, mas ficaram se encontrando nos fins de semana e se convencendo que ele existia (é complicado, mas simples tbm) até que ele começou a assombrar o lugar, mesas mexiam, surgiam barulhos...

Nisso, outras duas universidades, acho que uma da Austrália e outra que não lembro qual, repetiram o mesmo experimento com resultados parecidos.

Tipo, o fenómeno parece ter sido reprodutível, mas tbm não foi conclusivo.

Vale a pena ouvir, baixe e ouça no celular. Achei bem curto e interessante de ouvir.


Era a tese do Padre Quevedo se me lembro bem.
 

NÃOMEQUESTIONE

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O que seria esse tal inconsciente coletivo? É algo tipo a comunicação dos etzinhos do Toy Story?
 

Geo

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O que seria esse tal inconsciente coletivo? É algo tipo a comunicação dos etzinhos do Toy Story?
É uma hipótese, alternativa à da reencarnação, que explicaria, por exemplo, lembranças de vidas passadas. Segundo ela, de alguma forma, as nossas impressões seriam registradas no DNA ou outro mecanismo hereditário. Isso poderia explicar como uma pessoa hoje, por exemplo, poderia lembrar de acontecimentos de alguém que morreu há 300 anos. Contudo, essa hipótese falha quando não há ancestralidade entre a pessoa que alega ter as lembranças e a pessoa que teve as lembranças.
 

NÃOMEQUESTIONE

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É uma hipótese, alternativa à da reencarnação, que explicaria, por exemplo, lembranças de vidas passadas. Segundo ela, de alguma forma, as nossas impressões seriam registradas no DNA ou outro mecanismo hereditário. Isso poderia explicar como uma pessoa hoje, por exemplo, poderia lembrar de acontecimentos de alguém que morreu há 300 anos. Contudo, essa hipótese falha quando não há ancestralidade entre a pessoa que alega ter as lembranças e a pessoa que teve as lembranças.

Eu acredito no consciente coletivo, mas no inconsciente não muito, soa mais como uma lacuna genérica quando não se tem uma explicação conclusiva sobre o fenômeno.
 

Slashtron

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É uma hipótese, alternativa à da reencarnação, que explicaria, por exemplo, lembranças de vidas passadas. Segundo ela, de alguma forma, as nossas impressões seriam registradas no DNA ou outro mecanismo hereditário. Isso poderia explicar como uma pessoa hoje, por exemplo, poderia lembrar de acontecimentos de alguém que morreu há 300 anos. Contudo, essa hipótese falha quando não há ancestralidade entre a pessoa que alega ter as lembranças e a pessoa que teve as lembranças.

Ha uma grande possibilidade sendo algo único, pessoal.
Como exemplo tem gente que nunca estudou uma lingua estrangeira e aprende com muita facilidade. E a mais do que deveria.
Justamente por ter vivido em outro lugar do planeta.
Passar por alguem que nunca tinha visto e dizer: Ja não nos conhecemos?
Lugares... E assim vai.
 

Ivo Maropo

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O que as pessoas precisam aprender (e sem apelar aqui para qualquer espécie de "auto-ajuda espiritual") é que nós temos o poder. Eu, por exemplo, posso, num momento X, ouvir o mais profano e obscuro Black Metal e, já no próximo segundo, estar perfeitamente feliz e otimista. A "influência externa" é apenas uma sutil e quase imperceptível geração da "influência interna". "Não há nada por detrás dos fenômenos (a não ser aquilo que nós colocamos neles)", como nos diria Hegel. Não há nada o que temer. Somos apenas nós (ainda que imperceptivelmente).

Só precisamos amadurecer e assumir as rédeas de nossa própria liberdade. Nesta perspectiva, até mesmo a famosa "ansiedade" meio que "desaparece" como problema (mentira, ela é, ao menos diria eu, apenas "transubstanciada", exitosamente "reapropriada" pelo "espírito", que já não a considera mais como um empecilho externo ou corpo estranho ameaçador, mas sim como o seu próprio "agente da passiva"). E embora este seja um processo inicialmente doloroso, ele é também profundamente "libertador" quando "chegamos lá"; quando nos "emancipamos".
 
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O inconsciente coletivo é um ideia interessante, ele seria formado por arquétipos universais que compõem a cultura humana, achei que tinha sentido quando estudei isto com uma professora de Analítica.
 

Goris

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Acredite, o relato acima é enorme e é só parte de tudo que aconteceu.

Os fatos aconteceram entre os anos 80 e os anos 2001, quando vi que tinha que me mudar da casa, então tem muita coisa que passa, seja porque ia aumentar ainda mais o wall of text sem necessidade, seja porque tem umas coisas que não dá pra ter certeza, tem outros eventos da epoca da República que não dá pra dizer "Ah, é verdade" ou "Ah, é mentira", porque essa época por um lado teve gente de fora, que ia ser mais confiável, mas tbm tem horas que não dá pra saber se era verdade, impressão ou zoeira. Isso sem falar os casos que eu esqueci.

Agora mesmo me lembrei de um caso envolvendo o Reginaldo Capitinga.

Na época da República trabalhávamos das 7:30 às 17:30 e depois íamos pra mesma escola, até as 10. Chegávamos em casa às 10:30 mais ou menos. Um dia o Reginaldo decidiu matar aula depois do intervalo e foi pra casa, chegando lá mais ou menos as 9. Ele chegou, tirou o uniforme e foi pro banheiro. Como morávamos só homens, ele foi mijar de porta aberta e viu uma pessoa passando em frente à porta (no corredor que levava vcs sabem pra qual quarto), sabe de canto de olho, que vc vê que alguém passou mas não notou os detalhes? Ele apenas achou que era alguém da turma chegando e não sentiu medo nem nada.

Falou a palavra mágica "Fala, trouxa, chegou mais cedo?" e, quando não ouviu resposta, pensou - como sempre - que era o Bolinha indo pro quarto e depois de mijar, foi lá dar um oi pra ele.

O Reginaldo diz que na hora que chegou no quarto e não tinha ninguém, ele não ligou, não sentiu medo nem nada, era só impressão dele. Mas quando ele saiu do quarto e ia caminhando pelo corredor ele foi sentindo como se houvesse alguém atrás dele, longe, mas chegando perto, como se o corredor estivesse ficando escuro exatamente atrás dele enquanto na frente estava normal. E ele sentiu que se olhasse pra trás ia dar algo muito errado. Era como se seus instintos dissessem "Se olhar pra trás, ele te pega" (1) Ele saiu correndo da casa, sem pegar camisa, mochila, dinheiro, nada.

Chegamos todo mundo junto lá pras 10:30 e encontramos ele, num frio dos carambas, apenas de bermuda, sem camisa, do lado de fora. Ele ficou congelando mas não entrou na casa nem pra pegar a roupa dele.

Vale comentar que o lance do Capitinga aconteceu mais de um ano depois do lance do Bolinha e do Rafaelle e na época ele nem participava da República por isso acho que ele nem sabia dos lances da casa...

Bônus: Sabe que a cena do banheiro em O Sexto Sentido é uma das que mais me assustava? Justamente porque eu havia passado outras vezes por aquilo e porque o filme estreou um ano depois desse caso.

Como eu disse, tem muito mais história, mas algumas eu só vou lembrar mesmo de vez em quando.

1-Ele nunca disse isso nessas palavras, é dramatização minha. Mas ele disse que sentiu que não deveria olhar pra trás, tudo na cabeça dele falava pra não olhar.
1b- Ah, eu tbm passei por situações assim. Tanto de ver vultos enquanto mijava (por isso aprendi a ser educado e mijar com a porta fechada), quanto em dezenas de oportunidades sentia como se houvesse alguém olhando pra mim do quarto. Mesmo adulto, teve vezes que eu ficava realmente incomodado. Muitas vezes olhei para trás, porque me incomodava muito, mas felizmente nunca vi nada. Assim mesmo, a sensação era muito ruim.
Off-topic: TV
Só hoje vi os dois últimos episódios de A Residência Hill, incrível como, se minha casa fosse maior, poderia enfiar todos os meus relatos, dos meus familiares, amigos e cia como arquétipos da família.

Acho curioso se pensar que, se Póvoa diferentes tem ideias e visões de deuses diferentes, se vc é ateu pode claramente usar isso como um argumento forte, afinal se cada povo vê os deuses de forma diferente, sinal que eles não existem.

Tem lógica essa ideia.

Em cima desse mesmo conceito, no entanto, casas mal assombradas parecem ser um conceito milenar, multicultural e global.

Se usarmos a mesma métrica, se em quase toda cultura e quase toda história, temos relatos de casas mal assombradas, será que pode haver um teor de verdade nesses relatos?

Como eu mesmo vivi numa delas, claro que eu vou ser parcial e dizer que, sim, existem casas mal assombradas.

O seriado da Netflix foca numa casa mal assombrada, mas se tem o mérito de mostrar um enfoque diferente, psicológico até, de como os eventos de um lugar assim podem mexer com as pessoas, como ele gerou distúrbios e fraturou a família - algo raramente mostrado e uma ideia bem criativa - por outro lado glamourizou demais os fantasmas, com um final que me deixou decepcionado, mostrando algo que já sabíamos desde o começo, mas de forma que não ficou legal.

No geral, algumas sacadas da série me agradaram, até porque algumas delas eu já havia teorizado antes, mas nunca de forma tão bem sacada.

Eu havia dito antes, será que casas mal assombradas na verdade não teriam distúrbios no tempo? Mais de uma vez lendo relatos, dá pra você pensar "Em 1980 a Maria, com 10 anos entrou no quarto e tinha uma mulher velha, olhando pra ela. Ela gritou e saiu correndo pra chamar a mãe dela. E não tinha ninguém lá. Depois disso ela passou a dizer que a casa era mal assombrada e passou a ser vítima de piadas da família. Aí chega em 2019 e Maria, agora com 49, está no quarto, já tinha até esquecido o causo, quando sente fuem abrindo a porta, um vulto, que olha pra ela, solta um murmuro assustador e volta a fechar a porta.".

Pode ser que Maria vou a si mesma no futuro e passado?

Pode.

A série brinca muito com essa noção e achei bem legal.

Mas o uso dos fantasmas eu não curti tanto. Alguns deles parecem que não percebem claramente serem fantasmas, como o velho alto e magro que flutua, assustador, outros parecem ser pessoas como eu ou você, condenadas a eternamente repetirem os mesmos atos, quase como aquele filme "O Feitiço do Tempo" sem saber que estão mortos. E finalmente tem aqueles que parecem saber que são fantasmas e estão sob o comando do mal maior da sala vermelha.

Sei lá, não curti tanto essa variedade.

Finalmente, o final da serie, com a casa dando um final feliz pra todo mundo foi péssimo. Odiei. Basicamente a noção de que a casa é um estômago e digere a alma dos que moram la, dando seus maiores desejos para os enganar é ótima. Mas aí, a casa parece que realmente da todos os desejos da pessoa. Ela apodrece e retorce as pessoas que mata? Sim. Mas depois disso elas vão pro quarto vermelho e ficam de boas, não é o lugar horrendo do qual se tem que salvar alguém a qualquer custo.

No caso dos pais da menina morta, ainda pior, eles vão mesmo lá para serem devorados.

Faltou coragem de fazer um final mais instigante.

De qualquer forma é engraçado pensar que, na minha casa, tinha a sala como lugar que as pessoas viviam perguntando se tinha alguém enterrado nela e tinha o quarto de hóspedes que era onde as pessoas realmente sentiam algo de mal vindo de lá.
 
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abcdario

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O que as pessoas precisam aprender (e sem apelar aqui para qualquer espécie de "auto-ajuda espiritual") é que nós temos o poder. Eu, por exemplo, posso, num momento X, ouvir o mais profano e obscuro Black Metal e, já no próximo segundo, estar perfeitamente feliz e otimista. A "influência externa" é apenas uma sutil e quase imperceptível geração da "influência interna". "Não há nada por detrás dos fenômenos (a não ser aquilo que nós colocamos neles)", como nos diria Hegel. Não há nada o que temer. Somos apenas nós (ainda que imperceptivelmente).

Só precisamos amadurecer e assumir as rédeas de nossa própria liberdade. Nesta perspectiva, até mesmo a famosa "ansiedade" meio que "desaparece" como problema (mentira, ela é, ao menos diria eu, apenas "transubstanciada", exitosamente "reapropriada" pelo "espírito", que já não a considera mais como um empecilho externo ou corpo estranho ameaçador, mas sim como o seu próprio "agente da passiva"). E embora este seja um processo inicialmente doloroso, ele é também profundamente "libertador" quando "chegamos lá"; quando nos "emancipamos".
Você é um materialista no seu todo ou não???.
 

Ivo Maropo

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Você é um materialista no seu todo ou não???.
Sim. Eu tento fazer parte dos mais novos esforços filosóficos (não tanto meus, é claro, mas colhendo os frutos das grandes mentes deste assunto) neste sentido. Há toda uma nova tentativa de se reafirmar uma "versão atualizada" ("revista e expandida") de um materialismo científico-dialético hoje em dia. O problema, é claro, é responder a todas as perguntas satisfatoriamente sendo somente um materialista. Mas isto é algo que todas as posições do conhecimento naturalmente têm dificuldades de fazer. Uma "Teoria de Tudo", como se convencionou chamar na física.
 

Ivo Maropo

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O inconsciente coletivo é um ideia interessante, ele seria formado por arquétipos universais que compõem a cultura humana, achei que tinha sentido quando estudei isto com uma professora de Analítica.
E aparentemente, ela é. O problema é que ela está, em Jung, estritamente relacionada com uma concepção mais substancial de inconsciente que Freud (e também Lacan) explicitamente rejeita(m). A metáfora do iceberg é equivocada. O Inconsciente é puramente fenomenológico. Não há qualquer "Substância oculta" (ou "primordialmente reprimida") no Inconsciente. A sua existência é puramente fenomenal, e não "numenal", como nos diria Kant.
 

abcdario

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E aparentemente, ela é. O problema é que ela está, em Jung, estritamente relacionada com uma concepção mais substancial de inconsciente que Freud (e também Lacan) explicitamente rejeita(m). A metáfora do iceberg é equivocada. O Inconsciente é puramente fenomenológico. Não há qualquer "Substância oculta" (ou "primordialmente reprimida") no Inconsciente. A sua existência é puramente fenomenal, e não "numenal", como nos diria Kant.
Não há substância oculta ou reprimida????, nem os valores culturais que perpassam gerações e que fariam parte dos arquétipos?.
 

Ivo Maropo

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Não há substância oculta ou reprimida????, nem os valores culturais que perpassam gerações e que fariam parte dos arquétipos?.
Aqui, já adentramos em terreno um pouco mais técnico e abstrato. "Substância" no sentido de ser a "transcendental Verdade ou Essência em si por detrás dos fenômenos", não. Os "arquétipos" seriam apenas sintomas repetitivos aos mesmos impasses trans-históricos, a uma perturbação fundamental já mesmo na esfera metafísica em si (ou do Universal), e não como representações finitas de uma misteriosa "entidade em si".

Quando lemos Hegel e Lacan, toda esta confusão paradoxal começa a tomar certo corpo e estrutura visível. A existência de arquétipos não atestaria à existência de um X substancial, mas à sua mais completa inexistência. O mundo fenomenal só vem-a-ser aquilo que é por meio de uma rachadura prévia da própria Coisa em Si (isto é, novamente no próprio Universal em si). A "primordial Substância reprimida" só nos libera o seu espectro (ou a ilusão de que deve haver uma verdade oculta por detrás do véu fenomenal) com a sua própria perda.

Se eu pudesse fazer uma analogia um pouco apressada (e também arriscada), poderíamos pensar no que a física quântica chama de "colapso da função de onda", que é basicamente o ponto onde ondas se transformam em particulas (ou seja, onde entidades emergem "a partir do nada"). Um átomo, por outro exemplo, não é nada senão 99% "puro vazio". Não há fundação substancial na realidade, ou o que se convencionou chamar de ontoteologia, ou a ideia de que há sempre um Deus (ou poder oculto transcendente implícito) que nos garantiria a consistência interna de nossa realidade.

Infelizmente, acho que só gerei mais dúvidas do que provi respostas. Tudo só realmente começa a ganhar corpo quando "começamos do começo" e vamos lentamente avançando na complexa rede paradoxal de relações causais. Sem este paciente passo-a-passo, o avanço realmente é bastante modesto. Eu mesmo, por mais que tenha tentado dominar 3% desta área, ainda me considero totalmente ignorante. Sem onda mesmo.
 

abcdario

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Aqui, já adentramos em terreno um pouco mais técnico e abstrato. "Substância" no sentido de ser a "transcendental Verdade ou Essência em si por detrás dos fenômenos", não. Os "arquétipos" seriam apenas sintomas repetitivos aos mesmos impasses trans-históricos, a uma perturbação fundamental já mesmo na esfera metafísica em si (ou do Universal), e não como representações finitas de uma misteriosa "entidade em si".

Quando lemos Hegel e Lacan, toda esta confusão paradoxal começa a tomar certo corpo e estrutura visível. A existência de arquétipos não atestaria à existência de um X substancial, mas à sua mais completa inexistência. O mundo fenomenal só vem-a-ser aquilo que é por meio de uma rachadura prévia da própria Coisa em Si (isto é, novamente no próprio Universal em si). A "primordial Substância reprimida" só nos libera o seu espectro (ou a ilusão de que deve haver uma verdade oculta por detrás do véu fenomenal) com a sua própria perda.

Se eu pudesse fazer uma analogia um pouco apressada (e também arriscada), poderíamos pensar no que a física quântica chama de "colapso da função de onda", que é basicamente o ponto onde ondas se transformam em particulas (ou seja, onde entidades emergem "a partir do nada"). Um átomo, por outro exemplo, não é nada senão 99% "puro vazio". Não há fundação substancial na realidade, ou o que se convencionou chamar de ontoteologia, ou a ideia de que há sempre um Deus (ou poder oculto transcendente implícito) que nos garantiria a consistência interna de nossa realidade.

Infelizmente, acho que só gerei mais dúvidas do que provi respostas. Tudo só realmente começa a ganhar corpo quando "começamos do começo" e vamos lentamente avançando na complexa rede paradoxal de relações causais. Sem este paciente passo-a-passo, o avanço realmente é bastante modesto. Eu mesmo, por mais que tenha tentado dominar 3% desta área, ainda me considero totalmente ignorante. Sem onda mesmo.
Me perdi um pouquinho, mas vi que você conhece muito de Lacan e Hegel, e que vê o arquétipo apenas como uma fixação ou perturbação de esfera universal, quais filósofos materialistas você lê?????, o que Lacan quis dizer realmente quando afirmou que Deus estava inconsciente???.
 

Ivo Maropo

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Me perdi um pouquinho, mas vi que você conhece muito de Lacan e Hegel, e que vê o arquétipo apenas como uma fixação ou perturbação de esfera universal, quais filósofos materialistas você lê?????, o que Lacan quis dizer realmente quando afirmou que Deus estava inconsciente???.
Quem dera, meu caro. :) Sou apenas um curioso. Sequer entendi totalmente ainda o que Lacan entende por "sujeito", por exemplo (tenho algumas indicações, é claro, mas muito longe de ser o domínio de uma teoria). Mas, pulando logo para "Deus é inconsciente", esta é basicamente a forma do "ateísmo autêntico" em Lacan, em flagrante contraposição ao famoso "Deus está morto" de Nietzsche. Dizer que "Deus é inconsciente" paradoxalmente é muito mais radical do que "somente" declarar a Sua "morte" (pois é comum Deus sobreviver em diferentes formas transubstanciadas - como no humanismo e na sua inexorável crença no progresso humano, ainda que este se pense e se declare ateu).

A inconsciência Divina ainda afirma assim a Sua "onipotência" (no sentido da sua infinita potencialidade de geração paradoxal de "seres"), mas já não afirma mais a sua "onisciência" (o próprio Deus "não sabe", ele não é um Uno absoluto onde ser e ato, pensamento e conhecimento plenamente se encontram e absolutamente coincidem, um ente completo ou inteiro, mas sim diviso - ou "barrado", como nos diria Lacan). Deus seria o original "mais-Um" (plus-One). Um irredutível excesso, isto é, uma impossibilidade que possibilita. É a ideia de que há uma inapreensível dimensão no Ser (a sua própria fissura original) que nem mesmo o próprio Deus sabe ou controla, pois ele próprio já seria a expressão infinita de uma irredutível "trapaça" ontológica.

Portanto, o "verdadeiro" ateísmo não é aquele que explicitamente declara a Sua morte, mas sim aquele que reconhece a sua necessidade existencial - mas somente como falha necessária; como aquilo que infinitamente não-é, mas que, por isto mesmo, necessariamente também "abre espaço" para a emergência do Ser na sua eterna contingência (e esta "datidade" pura, este infinito e imponderável ofertar ontológico, é o que Freud famosamente chamou de "pulsão de morte", aquele infinito X pré-ontológico que é, ao mesmo tempo, igualmente impossível mas também sumamente inevitável). Novamente, é tudo bastante abstrato, paradoxal e contra-intuitivo mesmo.

Sobre pensadores "materialistas" de que gosto, há caras com Graham Harman (um dos grandes proponentes do chamado "triple O" ou "OOO", isto é, "object-oriented ontology"), Quentin Meillassoux (do chamado realismo especulativo), Alain Badiou e Slavoj Zizek (estes dois com diversos pontos de contato, mas também diversas disparidades entre si), entre tantos outros. Todos são, de uma forma ou de outra, "materialistas" tentando pensar um universo que tenta levar em consideração as mais recentes descobertas da ciência moderna na sua tradução filosófica.
 
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Quem dera, meu caro. :) Sou apenas um curioso. Sequer entendi totalmente ainda o que Lacan entende por "sujeito", por exemplo (tenho algumas indicações, é claro, mas muito longe de ser o domínio de uma teoria). Mas, pulando logo para "Deus é inconsciente", esta é basicamente a forma do "ateísmo autêntico" em Lacan, em flagrante contraposição ao famoso "Deus está morto" de Nietzsche. Dizer que "Deus é inconsciente" paradoxalmente é muito mais radical do que "somente" declarar a Sua "morte" (pois é comum Deus sobreviver em diferentes formas transubstanciadas - como no humanismo e na sua inexorável crença no progresso humano, ainda que este se pense e se declare ateu).

A inconsciência Divina ainda afirma assim a Sua "onipotência" (no sentido da sua infinita potencialidade de geração paradoxal de "seres"), mas já não afirma mais a sua "onisciência" (o próprio Deus "não sabe", ele não é um Uno absoluto onde ser e ato, pensamento e conhecimento plenamente se encontram e absolutamente coincidem, um ente completo ou inteiro, mas sim diviso - ou "barrado", como nos diria Lacan). Deus seria o original "mais-Um" (plus-One). Um irredutível excesso, isto é, uma impossibilidade que possibilita. É a ideia de que há uma inapreensível dimensão no Ser (a sua própria fissura original) que nem mesmo o próprio Deus sabe ou controla, pois ele próprio já seria a expressão infinita de uma irredutível "trapaça" ontológica.

Portanto, o "verdadeiro" ateísmo não é aquele que explicitamente declara a Sua morte, mas sim aquele que reconhece a sua necessidade existencial - mas somente como falha necessária; como aquilo que infinitamente não-é, mas que, por isto mesmo, necessariamente também "abre espaço" para a emergência do Ser na sua eterna contingência (e esta "datidade" pura, este infinito e imponderável ofertar ontológico, é o que Freud famosamente chamou de "pulsão de morte", aquele infinito X pré-ontológico que é, ao mesmo tempo, igualmente impossível mas também sumamente inevitável). Novamente, é tudo bastante abstrato, paradoxal e contra-intuitivo mesmo.

Sobre pensadores "materialistas" de que gosto, há caras com Graham Harman (um dos grandes proponentes do chamado "triple O" ou "OOO", isto é, "object-oriented ontology"), Quentin Meillassoux (do chamado realismo especulativo), Alain Badiou e Slavoj Zizek (estes dois com diversos pontos de contato, mas também diversas disparidades entre si), entre tantos outros. Todos são, de uma forma ou de outra, "materialistas" tentando pensar um universo que tenta levar em consideração as mais recentes descobertas da ciência moderna na sua tradução filosófica.
Não entendi muita coisa, o que seria está concepção de Deus barrado?? e esta associação com a pulsão de morte???.
 

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Não entendi muita coisa, o que seria está concepção de Deus barrado?? e esta associação com a pulsão de morte???.
Te peço aqui as devidas desculpas. Esta é apenas a minha inépcia de tentar escrever filosofia, mesmo. Eu sou um eterno frustrado nesta seara (falar sobre política ou fazer um breve comentário crítico sobre a sociedade, até que é algo fácil, mas "filosofar", aí já são outros quinhentos!).

A questão da "barra" em Lacan diz respeito apenas (ou fundamentalmente) a uma incompletude ou insuficiência fundamental das "coisas" (e isto vai da realização empírica do conceito destas coisas até o próprio conceito em si na sua abstração).

A maior "barra" em Lacan (isto é, o seu maior "impedimento") diz respeito a existência do próprio sujeito em si (se o sujeito "existe", se a autoconsciência existe, então algo precisou dar muito errado antes para que eu me voltasse para mim mesmo, me tornasse um ser autorreflexivo, determinasse a mim mesmo em minha reflexividade, me tornasse "propriamente humano").

Só existe sujeito porque algo falhou fundamentalmente antes e não pudemos ser inteiros, plenos e absolutos. Para Lacan, não há sujeito sem o "Outro", sem a suposição de que há um misterioso "Outro" que verdadeiramente faz, que sabe, que é. Só somos seres sociais e agimos socialmente porque sempre pressupomos a existência prévia de um "Outro".

Não há sociabilidade sem a encenação fantasiosa (ainda que somente inconsciente) para a esfera pública. Agimos sempre pressupondo um "olhar" (ou "gaze") sobre nós, e para o qual mantemos as aparências (pois que o "Outro", ou "Deus", "não pode saber" de certas coisas, ele precisa ser mantido sempre em sua abençoada ingenuidade - este misterioso e puramente hipotético "Outro", para o qual as aparências precisam ser sempre mantidas e encenadas, é chamado por Lacan de "grande Outro", ou ainda "ordem simbólica").

O problema, é claro, é que este "grande Outro" obviamente não existe, ele é "barrado", existe apenas funcionalmente, mas é inconsistente e obviamente não existe "substancialmente (por e) em si próprio", muito embora ainda exista enquanto eficiência social - pois só precisamos acreditar que uma ficção existe para que ela, em certo sentido, "de fato exista" (ao menos para nós).

Portanto, o sujeito existe porque ele é uma barra da sua própria substância, vez que algo precisou sair tremendamente errado na sua constituição para que exista esta coisa paradoxal chamada "sujeito", e uma barra também no "objeto" em si, pois que a entidade que nos legítima (neste caso a sociedade) é também fundada sob ficções inconsistentes e também paradoxais.

Portanto, a "barra", o impedimento ou a insuficiência do ser existe simultaneamente tanto em mim quanto no "Outro", mas ambos ainda podemos "coexistir" ou "funcionar" socialmente porque (ao menos não simultaneamente) não sabemos desta insuficiência (quando agimos socialmente, imediatamente somos pegos pelas ilusões, como se de fato existisse um misterioso "Outro" em algum lugar qualquer que garantisse a significação dos meus atos e me provesse com uma mínima consistência social).

Tomara que eu tenha esclarecido um pouco melhor os meus nebulosos posts anteriores (não sei se este ficou muito melhor também). Sobre a pulsão de morte, vou ficar te devendo. Como já deu para perceber aqui, sem rigor, não chegaremos a lugar algum em nosso entendimento sobre as coisas e sobre o funcionamento da própria realidade em si.
 
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