No Japão, uma vez fui passar o natal no apartamento do meu amigo junto com a minha esposa, chegando lá tinha mais dois casais que eu não conhecia. Diferente do Brasil, os japoneses não comemoram o Natal, por lá eles comem um bolo de natal (Christmas Cake) e fica por isso mesmo.
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Já eram umas 23 hrs, saímos eu e este amigo para comprar mais comida e bebida na loja de conveniência mais próxima, não demoramos muito, coisa de meia hora apenas.
Voltando ao apartamento o caminho estava claro até um pouco antes do estacionamento de bicicletas, igual ao da foto.
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Reparamos que uma das bicicletas estava com o farol ligado, eu e este amigos começamos a rir dizendo que ia acabar a bateria, etc. Notamos que a luz era um pouco forte para uma lanterna de bicicleta, mas enfim, concordamos em chegar perto para desligá-la e assim salvar a bateria da mesma.
Quando chegamos a uns 3 passos de distância a luz apagou sozinha, ao chegar perto da bicicleta a lanterna estava quebrada, sem o vidro e sem a lâmpada, a bicicleta estava toda enferrujada e a lanterna não era do tipo que funcionava com baterias, ela funcionava com um dínamo. Para quem não conhece um dínamo é um motor elétrico que gera energia com a rotação e o contato do seu eixo com o pneu.
Nós olhamos um para a cara do outro com olhar de desconfiado e subimos em silêncio pois nenhum de nós dois bebe.
Era aproximadamente umas 3 da madrugada, eu e o resto dos “maridos” ficamos papeando na cozinha e a mulherada na sala, apesar do frio a janela da cozinha estava aberta pois a maioria estava fumando e todos nós estávamos de costas para ela.
Do nada todos nós sentimos um frio na espinha e logo em seguida uma voz de mulher bem suave e em tom bem calmo disse:
-しつれいいたします(Shitsurei Shimasu)
É algo que se diz quando você quer que alguém dê passagem para você passar. Sem olhar para trás nós demos passagem pois a gente pensou que fosse uma das mulheres passando por fora. E não é mentira,
TODOS VIRAM!
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Uma mulher como essa da foto passou do lado de todos nós, andando bem devagar, com uma roupa branca, com os cabelos encobrindo o rosto e com as mãos caídas como da foto e ela não tinha pés! Aliás não tinha pernas, ela parecia flutuar.
Nós não tivemos reação, ela foi andando, passou pela porta da cozinha que dava acesso à sala e segundos depois a mulherada toda começou a berrar, correr, foi o momento que aquilo desapareceu na frente de todo mundo!
No dia seguinte fomos falar com o síndico e explicar toda a situação, óbvio que ele riu da nossa cara até o momento que nós mostramos a tal bicicleta. Ele deu uma parada e nos disse que a tal bicicleta era de uma estudante que havia se suicidado no apartamento que nós estávamos, bem na sacada que nós ficamos de costas.
Sempre fui uma pessoa que nunca acreditou em fantasmas e coisas do tipo, assim como as pessoas que ali estavam, sem falar que, quem iria acreditar em um fantasma caricato desses? Por analogia seria a mesma coisa que alguém colocasse um lençol na cabeça e fizesse dois furos para os olhos.
Enfim, pedimos permissão ao síndico e aos vizinhos, fomos até um templo próximo e pedimos ao monge responsável para fazer um ritual no local.
No caso foi no parapeito da sacada do andar onde nós estávamos.
Coisa de dois meses depois que tudo isso aconteceu e nem ter dado bola pra essas coisas de repente do nada os meus ombros começaram a ficar doloridos e a doer, pareciam estar pesados. Comecei a ter pesadelos em um lugar escuro e frio mas eu não via ninguém. Um dia voltando para casa tinha alguns monges pedindo esmolas na rua e ao chegar perto deles eles me pegaram pelo braço e começaram a falar um monte de coisas que eu não estava entendendo.
Senti que tinha que ir e fui, chegamos em um tempo e o responsável lá sabe quando olha para você com cara de assustado e ainda assim eu não estava entendendo o que eles estavam me falando, a toda hora eles ficavam falando "yurei" e eu não sabia o que era. Então ele pegou um pedaço de papel e fez o desenho de um boneco me representando e outro ser sentado nos meus ombros!
E novamente, aquilo não fazia sentido nenhum pra mim.
Então ele escreveu no boneco que estava de pé "YOU", até então eu entendi, no boneco que estava sentado no meu ombro ele escreveu "YUREI" e novamente eu disse que não sabia o que era "Yurei".
Então ele começou a descrevê-la:
-Mulher... jovem
-Vestido branco
-Cabelo preto
-Cobrindo rosto
-Sem pernas
Dai ele apontou para o desenho e disse "YUREI"!
Na hora caiu a ficha!
Aquele fantasma que todo mundo viu estava sentada nos meus ombros e eu entrei em pânico pois eu não tinha falado NADA para ele sobre a história, como ele sabia? E por quê isso estava em cima de mim?
Reuniram os monges lá e fizeram uma missa ou sei lá como chamam aquilo, começaram a queimar incenso e não vi mais nada, acordei no dia seguinte onde me explicaram o que aconteceu. Ele falaram que este tipo de fantasma existe realmente no Japão, são chamados de
幽霊 (Yurei), eles são retratados em desenhos de séculos atrás. São de pessoas que seguem alguma forma de budismo e tiveram uma morte violenta ou se suicidaram, quando aparecem assim é porque estão precisando de ajuda e que quando fazem o que foi feito comigo é porque elas sentem que a pessoa pode ajudá-las e foi o que aconteceu.