O argumento deles desfavorável ao índice de 80% de casos falsos é puramente baseado no fato de não existirem estatísticas oficiais sobre isso, é assunto que corre na boca pequena e de vez em quando cai em alguma notícia da imprensa. Não sei não existe pesquisa ou se não existe vontade de divulgação, justamente para a vítima (real) não se sentir retraída de registrar o crime. Afirmar que essa índice é falso seria como afirmar que não existem suicídios no Brasil, porque não há divulgação na imprensa (no jornalismo há a instrução de não divulgarem suicídios para não estimular novos casos)
O que chama atenção também é que eles menosprezam os casos de alienação parental, colocando-os de fora do índice. Alienação parental é, em parte - principalmente nos casos mais graves - oriundo de falsas acusações de assédio sexual ou estupro. Não se pode excluir estes casos dos índices, já que são justamente uma das maiores fontes de falsas acusações.
Não há "entretanto" aqui, são sim casos de falsa denúncia. Somente por este curto parágrafo já se revela a intenção do grupo de
fact checking de tentar desconstruir o argumento na fonte, sendo que existe sim correspondência real com a realidade. Até porque a maioria dos casos (registrados) de estupro ocorrem contra crianças e adolescente- a lei não diferencia a idade da vítima, não há tipo penal específico para crianças ou idosos, não podemos excluir que segundo a lei casos de abuso sexual menores de 14 anos, independente da vontade do menor, é sempre estupro.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-36401054
Ou seja, o
fact checking está, de um lado, desautorizando o uso de índices de estupros falsos que ocorrem contra menores por alienação parental, ao mesmo tempo que exalta o número total de casos. Não deveriam excluir?
Outro ponto que me chamou muito atenção foi quanto a resolução de crimes:
Um número baixíssimo vai a julgamento, normalmente por falta de acusado. É interessante que mesmo com número tão baixos, algumas narrativas são formadas, como a de que a maioria dos abusadores são parentes. Não podemos não esquecer, é o total de casos registrados, incluindo falsos, contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos.
https://revistaforum.com.br/blogs/b...ados-por-familiares-ou-conhecidos-da-familia/
Ou seja, quando se afirma que a maioria dos estupros ocorrem por familiares, estamos na verdade trabalhando com números ínfimos da maioria dos casos de estupro, apenas 6% do total de registros no caso do Rio de Janeiro, a maioria sequer é encontrado para o Estado mover acusação contra o réu. Outrossim, é maioria dentro do universo de crimes resolvidos, assim como a polícia praticamente só consegue resolver casos de homicídio contra mulheres quando o acusado é marido ou companheiro, são casos de fácil resolução. Isso cria uma tensão, terror social, eu conheço alguns pais que tem medo de dar banho nos filhos, delegam a tarefa para as mães, ou até mesmo evitam contato físico na rua ou mesmo tirar fotos tocando nos filhos e postar nas redes sociais.
No final eles citam índices do EUA...e? Qual a relação?
EUA é um país diverso do nosso, só colocaram os números para expressar que em um país desenvolvido os casos de registros falsos são mais confiáveis, relacionando esses números com os nossos (não há segurança dos dados oficiais no Brasil para fazer essa afirmação final usando dados locais), construindo para o leitor a ideia de que os nossos índices de registros falsos são ínfimos em relação ao total. Por que fazem isso? O próprio grupo discorreu no começo, não há dados oficiais. O
fact checking deles, ao cabo, não checa nada, porque não dados para serem checados. EUA está cheio de casos que levam décadas para serem resolvidos, homens que são presos e perdem a vida por mentira, evidências mal interpretadas e memórias falsas. Há um caso famoso que virou série de jovens acusados falsamente de estupro e foram engolidos pelo sistema judicial americano em um processo kafkaniano.
Todas estas estatísticas não demonstram nada além de que narrativas são atribuídas a elas, formando a visão geral da sociedade quanto ao tema, distorcendo os fatos.