Os consoles prosperam e atraem produtoras ligadas ao mundo dos PCs, que vivem momento de carestia
Na semana passada, o site Maximum PC reacendeu uma velha polêmica: estariam os videogames matando os jogos de computador?Os PCs continuam à frente em tecnologia --qualquer computador bem montado deixa esses consoles de última geração no chinelo.
Mas o cenário é desolador: lançamentos esparsos, jogos problemáticos e cada vez menos motivos para investir numa máquina possante. Enquanto os consoles prosperam, atraindo produtoras tradicionalmente ligadas ao mundo dos PCs, os computadores vivem um momento de carestia.
Parte disso, segundo o Maximum PC, é culpa dos próprios avanços de hardware. Se uma geração de consoles demora cerca de cinco anos para se renovar, os computadores galopam quase mês a mês. Com as produtoras voltadas aos consoles, ninguém quer investir rios de dinheiro para extrair o máximo dos PCs de uns poucos privilegiados.
Mas ainda existe um mercado grande, e a solução que as produtoras encontraram foi levar os jogos de videogame aos PCs, em adaptações sempre tardias e fatalmente mal-ajambradas.
Ou seja, o sujeito compra um prédio inteiro, mas seus jogos exigem apenas o quartinho nos fundos da garagem, que ninguém usa há três anos. E ainda é obrigado a lidar com um sistema antipirataria draconiano e hostil, bugs extremos e configurações esotéricas.
O que no console você faz com um botão ("Ligar"), o PC tem potencial de converter numa noite de pesquisas, suor e, basicamente, trabalho.
Claro que isso sempre foi parte da graça. Um verdadeiro jogador não tem medo de chaves de fenda, fóruns de internet e adolescentes sabichões e insolentes. Encara com galhardia a tarefa por vezes desumana de intermediar o diálogo entre a máquina e o software. E vê com bons olhos uma discussão sobre as melhores placas de vídeo. É, enfim, o síndico feliz de um computador em bom funcionamento.
Não que eu seja um xiita dos PCs, longe disso. Gosto dos consoles na mesma medida, mas sinto falta de colocar o velho desktop à prova e de jogos que levem em conta que um computador tem teclado e mouse e explorem isso, em vez de adaptar um controle de videogame. O computador permite uma série de gêneros que não existem nos consoles, justo por ser bem mais flexível. E ninguém passa a noite ajustando o fluxo de ar das ventoinhas para jogar Paciência.
Os jogos de PC não vão morrer. Enquanto houver ao menos uma pessoa nos servidores de World of Warcraft (hoje são 12 milhões), as produtoras continuarão apostando neles.
Quem segue fiel ganha público cativo, basta ver o sucesso de Starcraft 2 ou Civilization V, jogos voltados estritamente aos PCs. Mas nenhuma das fabricantes de consoles parece interessada em dar início a uma nova geração; se tudo que os computadores tiverem a oferecer forem os gráficos arrojados, mais e mais gente vai migrar do escritório para a sala.