Clientes não conseguem sacar rendimentos de criptomoedas da corretora Genbit
Clientes da
corretora de criptomoedas Genbit estão acionando a empresa na Justiça após terem o saque de seus rendimentos bloqueados. A empresa oferecia
pacotes de investimentos de R$ 700 a R$ 26.500, com a promessa de ganhos mensais de até 15%.
Alguns conseguiram fazer até três saques, mas, em março, as retiradas começaram a ser travadas.
Segundo o advogado André Bueno, que representa mais de 70 clientes contra a empresa, há relatos de investidores com mais de R$ 400 mil retidos e que, pela quantidade de processos e da promessa de rendimentos, a empresa não teria condições de liquidar a dívida.
A Genbit afirma que os saques não foram congelados, mas escalonados por conta de oscilações no mercado de criptoativos e serão normalizados em até 90 dias.
Em um comunicado enviado aos clientes, a corretora afirma que cumpriu os contratos sem atraso por um ano e oito meses, mas um “descompasso na realização bancária dos valores de saques” e um clima de pessimismo e ataques à credibilidade da empresa diminuiu o volume de vendas, prejudicando as finanças.
A
Folha teve acesso a um grupo de WhatsApp com mais de uma centena de prejudicados, que trocam informações e se organizam para processar a empresa. Há relatos de investidores que venderam a casa e os que tomaram empréstimo em bancos em busca do alto rendimento prometido. Também há pessoas que trouxeram familiares para o negócio.
A cada novo entrante no programa, a corretora oferecia um bônus ao investidor que fez o convite, que, segundo a empresa, poderia ser utilizado unicamente na troca por produtos e serviços disponíveis no marketplace da empresa ou por TreepTokens.
A Treeptoken é uma moeda virtual recém-criada, negociada unicamente pela Genbit, ainda sem liquidez. A empresa propôs aos clientes a conversão dos valores retidos nessa criptomoeda
A promessa é de que, a partir de março de 2020, as Treeptokens poderão ser convertidas em reais ou utilizadas em compras no marketplace do grupo.
Segundo a empresa, a Treeptoken foi criada e é administrada pela empresa estoniana EuroExchange OÜ e também poderá ser usada para compras em estabelecimentos que possuam a máquina de cartão do próprio grupo que, ainda de acordo com a empresa, serão disponibilizadas no mercado brasileiro em 60 dias.
Para Diego Martins, diretor da ACCrypto, associação que defende os direitos de clientes de corretoras de criptomoedas, a conversão da dívidas em tokens “vende esperança a prazo”.
“O cliente fica entre acionar a empresa na Justiça ou esperar com o seu investimento retido até que a moeda de fato adquira liquidez. Ele ainda acaba virando um criminoso, por que acaba atraindo mais gente para um negócio que sabe não ter o retorno prometido, na esperança de reaver o seu dinheiro no futuro", explica.
A Genbit é gerenciada pelo grupo Gensa Serviços Digitais. Em março, a Gensa e seu sócio Gabriel Tomaz Barbosa foram proibidos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de realizar oferta de investimentos, após a constatação de negociação ilegal de pacotes de investimentos com participação coletiva pela empresa Zero10 Club, que a CVM entende ser a mesma que a Genbit.
Para Fabrício Tota, diretor de mercado de balcão do Mercado Bitcoin, a promessa de retornos muito discrepantes em relação ao mercado, devem ser analisados com atenção.
“Dinheiro fácil não existe. Uma proposta incrível com alto rendimento fixo e sem risco é motivo de desconfiança. Se [a corretora] pedir [indicação de] novos entrantes, desconfie”, diz
Tota aponta ainda que a falta de regulação para o setor no Brasil também contribui para golpes. As criptomoedas não são ativos regulados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o que deixa o investidor sem referências de quais moedas virtuais e quais corretoras são confiáveis.
A autarquia disponibiliza, no entanto, em seu site uma lista de pessoas e empresas temporariamente impedidos de negociar ativo devido a ofertas e atividades irregulares.
Segundo o diretor-executivo da ABCripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia), Safiri Felix, para evitar cair em golpes envolvendo criptomoedas, investidores devem procurar informações a respeito da empresa, se há um histórico em sites como o Reclame Aqui e se há referências na imprensa.
Ele também aponta sinais de riscos na oferta. “Oferecer rentabilidade garantida e esquemas de pagamento por indicação de novos usuários são sinais de alerta”, afirma Felix.
As criptomoedas se tornaram um investimento muito atrativo devido a sua rápida expressiva valorização. A bitcoin, moeda virtual mais conhecida, se valorizou mais de 9.050.675% nos últimos nove anos. Neste ano, a bitcoin acumula alta de 96,7%, segundo cotação da Bloomberg. Em maio, mês de maior valorização da criptomoeda em 2019, o salto foi de 62,3%.
======================
'Vendi minha casa para aplicar na GenBit e perdi tudo', revela investidor que agora não consegue receber Bitcoin bloqueado pela empresa
A Folha de S. Paulo, um dos principais jornais do país,
destacou em 16 de dezembro, o desespero em que se encontram clientes da GenBit, empresa de Campinas, no interior de São Paulo, que prometia altos rendimento por meio de supostas aplicações com
Bitcoin e
criptomoedas e não vem honrando seus saques há mais de 3 meses.
Há, segundo a reportagem, relato de clientes que pegaram empréstimo no banco e até de pessoas que venderam a casa para aplicar no suposto golpe que prometia retornos de até 400%.
A GenBit, segundo a Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (
CVM), estaria ligada a Zero10, que também prometia investimentos em
Bitcoin por meio do mercado
Forex que é proibido no
Brasil. Ambas, GenBit e Zero10, tiveram um condenação emitida pela CVM para que suspendesse seus serviços, contudo, embora a Zero10 tenha acatado a determinação, a GenBit continuou operando.
Sem autorização ou dispensa da CVM, a GenBit estaria atuando irregularmente no Brasil e é acusada pelos clientes de operar em um sistema de pirâmide financeira e, desta forma, se confirmada as acusações, a empresa estaria cometendo crime contra a Economia Popular.
Como mostra a Folha e como vem noticiando o Cointelegraph, sem receber, clientes da empresa tem acionado a justiça em busca de seus valores bloqueado e segundo o advogado André Bueno, que representa mais de 70 clientes contra a empresa, há relatos de investidores com mais de R$ 400 mil retidos e que, pela quantidade de processos e da promessa de rendimentos, a empresa não teria condições de liquidar a dívida.
Agora a proposta da empresa é pagar todo os investidores em um token próprio, chamado TreepTokens, que a partir de março de 2020, poderá ser convertidas em reais ou utilizadas em compras no marketplace do grupo. Hoje, basicamente, ele não serve para nada e não pode ser negociado em nenhuma corretora.
Segundo a reportagem, para Diego Martins, diretor da ACCrypto, associação que defende os direitos de clientes de corretoras de criptomoedas, a conversão da dívidas em tokens “vende esperança a prazo”.
“O cliente fica entre acionar a empresa na Justiça ou esperar com o seu investimento retido até que a moeda de fato adquira liquidez. Ele ainda acaba virando um criminoso, por que acaba atraindo mais gente para um negócio que sabe não ter o retorno prometido, na esperança de reaver o seu dinheiro no futuro", explica Martins a Folha.
Já para Fabrício Tota, diretor de mercado de balcão do Mercado Bitcoin, a promessa de retornos muito discrepantes em relação ao mercado, devem ser analisados com atenção.
“Dinheiro fácil não existe. Uma proposta incrível com alto rendimento fixo e sem risco é motivo de desconfiança. Se [a corretora] pedir [indicação de] novos entrantes, desconfie”, diz
No entanto a GenBit, nega que os saques estejam atrasados e alega que a demora no cumprimento das solicitações é que os saques estão agora 'escalonados' mas que tudo será normalizado em até 90 dias. Em um comunicado enviado aos clientes, a corretora afirma que cumpriu os contratos sem atraso por um ano e oito meses, mas um “descompasso na realização bancária dos valores de saques” e um clima de pessimismo e ataques à credibilidade da empresa diminuiu o volume de vendas, prejudicando as finanças"
Como vem
noticiando o Cointelegraph, a GenBit nega que seja uma pirâmide financeira e, embora sem o consentimento dos clientes, todos os investimentos na plataforma foram transformados em ativos digitais, sugerindo que o token TreepTokens terá liquidez para pagar todas as supostas vítimas.