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[História] Janízaros, os guerreiros islâmicos de elite (só que não)

Goris

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Os janízaros

Jan%C3%ADzaro

Os janízaros (do turco Yeniçeri, ou "Nova Força") constituíram a elite do exército dos sultões otomanos. A força, criada pelo sultão Murade I, era constituída de crianças cristãs capturadas em batalha, levadas como escravas e convertidas ao Islã.

Seu código de conduta era rigoroso e obrigava:
  • Obediência absoluta aos oficiais
  • Abstinência de álcool
  • Proibição do uso de barba
  • Proibição de casamento
  • Não exercer nenhuma profissão em paralelo
  • Moradia em quartéis
Deviam ainda aceitar certas condições: [2]
  • Antiguidade como critério de promoção
  • Treinamento ou exercícios a qualquer momento
  • Castigo corporal por parte de oficiais
  • Pena capital como instrumento de misericórdia
Os jovens eram educados na lei islâmica e na língua turca, ao mesmo tempo que aprendiam a manejar armas e instruídos em artes militares. Os jovens cresciam tendo o próprio sultão como uma figura paterna, por quem estariam dispostos a defender até a morte mesmo contra seu próprio povo de origem. A justificativa para a adoção de um corpo de soldados convertidos em vez de turcos nativos era que os turcos deviam lealdade ao seu povo e às suas famílias, e poderiam tornar-se rebeldes em caso de uma ação do sultão contra outros turcos. Já os jovens cristãos só deviam lealdade ao sultão, e lutariam contra qualquer inimigo por ele.

Apesar de o Império Otomano ter adotado oficialmente o islamismo sunita, os janízaros eram adeptos de uma ordem dervixe chamada bektashi, em alusão ao seu criador, Hajji Bektash. Reunia elementos muçulmanos e cristãos, permitia o consumo de bebidas alcoólicas e a participação de mulheres sem véus. Quando em serviço, no entanto, eram rigorosamente disciplinados e proibidos de casar. Os janízaros ainda tinham o hábito de levar consigo símbolos ou citações cristãs para a batalha, com consentimento de seus superiores.



A entrega obrigatória de filhos de cristãos aos turcos para servirem como guardas do sultão era chamada de "imposto de sangue".

Assim, tornou-se uma prática comum nas campanhas empreendidas pelos otomanos na Europa capturar meninos nas cidades conquistadas e levá-los para os centros de treinamento turcos. Quando não estavam em guerra, os sultões exigiam de seus estados vassalos cristãos nos Bálcãs uma remessa de jovens para compor o corpo de janízaros.

Embora tenha sido criação de Murad I, somente cinquenta anos depois, esse costume tornou-se uma tributação regular, o devsirme: a cada cinco anos, os camponeses cristãos deviam informar o número de filhos. Então um em cada cinco meninos, em geral em torno de seis ou sete anos, era levado pelos oficiais do sultão e obrigado a tornar-se muçulmano. Em teoria era um imposto cobrado a todas as regiões cristãs do Império Otomano, mas recaiu mais pesadamente na Bósnia, Albânia e Bulgária.

À medida que cresciam em número, os janízaros eram separados em divisões distintas entre si por um símbolo trivial, como uma flor ou um peixe. Quando em acampamento, cada divisão reunia-se em torno de um caldeirão de cobre onde seu alimento era preparado, e curiosamente adotaram uma forte simbologia com base na comida. Chamavam seus coronéis de "fazedor de sopa chefe", oficiais-intendentes eram "cozinheiros chefes", e assim por diante. Os caldeirões eram levados para as batalhas, e se eles fossem perdidos, toda a unidade era dispensada e impedida de integrar a mesma companhia.

Os janízaros permaneceram por muito tempo como a elite do exército turco, entrando em batalha em momentos decisivos ou apenas como último recurso para garantir a segurança do sultão. Ao longo do século XIX perderam sua força, em parte porque o recrutamento de jovens cristãos tornava-se cada vez mais difícil frente à oposição de potências igualmente fortes militarmente, como Reino Unido e França, e também devido à progressiva retração territorial do Império Otomano na Europa. Desde então, até o final do império, em 1922, os poucos janízaros permaneceram como a simbólica guarda pessoal do sultão.

Certamente que os janízaros eram a elite dos soldados do Império Otomano. Eram inimigos temíveis, e isso, provavelmente, se devia ao fato de terem sido os primeiros a adotar as armas de fogo, antes mesmo da difusão destas. Além disso, os janízaros eram muito bem equipados com armaduras, e também eram bastante hábeis no manejo do arco recurvo e composto (um arco laminado construído de madeira, osso ou chifre, e tendões de animais). Entre eles, o maior costume era raspar a cabeça, deixando um rabo de cavalo e um tufo de cabelo no topo, eles também eram conhecidos pelos seu inconfundíveis bigodes. Usavam cáftans e zarcolas (um chapéu de feltro um tanto alto).

O último devsirme no sudeste da Europa foi cobrado em 1676.
 

Goris

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Os janízaros já são um nome conhecido há anos, desde bem antes de eu jogar Age of Empires, mas afora serem as tropas de elite otomanas, eu nunca tinha parado pra saber mais deles. Acabei caindo na página deles ao procurar saber sobre H1N1 e achei bem interessante, na verdade tão interessante que valia um tópico póprio.

Tipo, os janízaros eram crianças tomadas como tributo de seus pais (cristãos) e tornados uma tropa de elite islâmica. Só isso já tornaria sua história interessante, mas saber que eles criavam sua mística em torno de comida é ainda mais curioso.
 

Piroclasto

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Só não entendi muito bem até quando esse esquema de alistamento vigorou pois, pelo que entendi no texto, o grupo militar existiu até o século XX.
 

ned ludd

Bam-bam-bam
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como os conservadores vêem os mohhammeds invadindo o ocidente:
112054

como eles realmente são:
112055
 

Goris

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Ué mas escravo não era só o negro africano???
As palavras servo e escravo surgiram das localidades de onde os eslavos viviam.
Eslavos são mais brancos até que alemães.
Da pra fazer a matemática.

Por exemplo, o canato (assim com Kaiser e tzar vem de César, canatos vem de Khan, Gêngis e de descendentes do império mongol) da Criméia escravizou entre 1 e 2 milhões de eslavos entre 1500 e 1700.

Os vikings que colonizaram a Rússia iniciaram seu reino como entreposto para a venda de eslavos aos árabes, mas numa busca rápida não achei números, mas como durou séculos, pode ser numerosa.

No norte da África chegaram cerca de 1.25 milhão de escravos brancos.

Mas são os islamicos (principalmente otomanos) os maiores utilizadores de escravos brancos, nao apenas mas notadamente para fins sexuais.

Só Istambul comercializou 2.5 milhões entre 1450 e 1700, sem falar dos comprados dos norte-africanos. Tem tópico sobre o tema com os números reais em algum lugar.

Somando negros e brancos, a escravidão islâmica acho que foi ligeiramente maior que o dobro da escravidão atlântica. Somando as mortes no transporte, já li que cerca de 80 milhões de pessoas podem ter sido capturadas para a escravidão islâmica, mesmo que boa parte não tenha chegado viva lá.

Só não entendi muito bem até quando esse esquema de alistamento vigorou pois, pelo que entendi no texto, o grupo militar existiu até o século XX.
Pra você ter ideia, em 1908 ainda havia mercados abertos de escravas brancas no Império Otomano, mas outras nações islâmicas tiveram a escravidão oficial até 1960 (na África, até anos 2013).

Já os janizaros continuaram existindo até o fim do Imperio Otomano, em 1922. Como comentado, o fim da escravidão "oficial" otomana não significa que o império não pudesse pegar "voluntários" nas suas possessões europeias.

Império Otomano 1912:
Territorial_changes_of_the_Ottoman_Empire_1912.jpg

Da pra ver que ainda tinha muito servio, croata, eslavo e cia sob domínio turco e muitas crianças a serem educadas na capital. Isso que a Grécia tinha sido posse deles até quase metade do século anterior, dando crianças pra glória do império.
 


proximus-one

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Já sabia desses malucos desde quando joguei Assassin's Creed Revelations. E no jogo eram inimigos bem fortes.
 

NÃOMEQUESTIONE

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As palavras servo e escravo surgiram das localidades de onde os eslavos viviam.
Eslavos são mais brancos até que alemães.
Da pra fazer a matemática.

Por exemplo, o canato (assim com Kaiser e tzar vem de César, canatos vem de Khan, Gêngis e de descendentes do império mongol) da Criméia escravizou entre 1 e 2 milhões de eslavos entre 1500 e 1700.

Os vikings que colonizaram a Rússia iniciaram seu reino como entreposto para a venda de eslavos aos árabes, mas numa busca rápida não achei números, mas como durou séculos, pode ser numerosa.

No norte da África chegaram cerca de 1.25 milhão de escravos brancos.

Mas são os islamicos (principalmente otomanos) os maiores utilizadores de escravos brancos, nao apenas mas notadamente para fins sexuais.

Só Istambul comercializou 2.5 milhões entre 1450 e 1700, sem falar dos comprados dos norte-africanos. Tem tópico sobre o tema com os números reais em algum lugar.

Somando negros e brancos, a escravidão islâmica acho que foi ligeiramente maior que o dobro da escravidão atlântica. Somando as mortes no transporte, já li que cerca de 80 milhões de pessoas podem ter sido capturadas para a escravidão islâmica, mesmo que boa parte não tenha chegado viva lá.


Pra você ter ideia, em 1908 ainda havia mercados abertos de escravas brancas no Império Otomano, mas outras nações islâmicas tiveram a escravidão oficial até 1960 (na África, até anos 2013).

Já os janizaros continuaram existindo até o fim do Imperio Otomano, em 1922. Como comentado, o fim da escravidão "oficial" otomana não significa que o império não pudesse pegar "voluntários" nas suas possessões europeias.

Império Otomano 1912:
Territorial_changes_of_the_Ottoman_Empire_1912.jpg

Da pra ver que ainda tinha muito servio, croata, eslavo e cia sob domínio turco e muitas crianças a serem educadas na capital. Isso que a Grécia tinha sido posse deles até quase metade do século anterior, dando crianças pra glória do império.

Muito obrigado! Na verdade eu joguei um verde pra colher maduro :ksorriso

A escravidão islâmica foi muito mais duradoura, terrível e cruel que a escravidão atlântica, só que sabe como é que é, como a maioria dos escravos eram brancos (eslavos) ela não se presta muito ao proselitismo político de certos grupos que lutam por falácias abissais tais como a cobrança de dívida histórica :kpensa:kpensa:kpensa
 
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Goris

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Muito obrigado! Na verdade eu joguei um verde pra colher maduro :ksorriso

A escravidão islâmica foi muito mais duradoura, terrível e cruel que a escravidão atlântica, só que sabe como é que é, como a maioria dos escravos eram brancos (eslavos) ela não se presta muito ao proselitismo político de certos grupos que lutam por falácias abissais tais como a cobrança de dívida histórica :kpensa:kpensa:kpensa
Tem um tópico no Vale Tudo (10 mitos que você aprendeu errado na escola) em que sou detonado ao defender um dos mitos, de que os africanos não tinham escravos ou que os islâmicos eram menos piores (tipo, os negros capturados para irem ao islâ tinham taxas de morte de até 80% de "transporte" (imagina, caminhar acorrentado uns milhares de quilômetros da África ao Oriente Médio, as chances de você morrer nessa viagem eram bem altas), então, se você tinha 10 milhões de escravos na Arábia, talvez uns 50 milhões de negros tenham sido capturados, mas não contam como escravos porque não chegaram lá. Isso sem falar que, ao chegar na Arábia, os negros muitas vezes eram castrados para evitar se reproduzirem e tomarem o poder.

No tópico em questão, dizer que a escravidão islâmica era pior era o mesmo que dizer que a escravidão atlântica era muito boa e que os brancos fizeram um favor ao trazer os negros da Africa (yep, se continuar lendo vai ver gente interpretando isso).
 
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Duolks

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Bom tópico Goris, como eu comentei uma outra vez que vc estava saindo do fórum eu sou fã de Historia, então curto bastante suas postagens, mesmo quando eu tenho alguma noção do tema normalmente sempre tem algum ponto a mais para aprender.
 

Goris

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Bom tópico Goris, como eu comentei uma outra vez que vc estava saindo do fórum eu sou fã de Historia, então curto bastante suas postagens, mesmo quando eu tenho alguma noção do tema normalmente sempre tem algum ponto a mais para aprender.
Que bom! Fico feliz, de verdade, quando curtem estes tópicos de história.

É um tema bem legal (e, como você disse, a gente sempre aprende algo) e, claro que fico feliz quando outras pessoas tbm gostam.
 

Roveredo

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Ao mesmo tempo em que iniciaram como uma elite das tropas otomanas, acabaram, ao longo dos séculos, se tornando uma peça fundamental no declínio do Império. Viviam metidos em intrigas palacianas e se revoltavam quando algum sultão ou vizier pretendia modernizar as tropas turcas (adotando, digamos, um modelo mais adequado para os conflitos dos séculos XVII em diante, tal como fizeram as potências ocidentais).
 
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