Abdullah Al-Papai
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Hilário,
você certamente não começou a entender nem o básico. Colocou o chapéu de alumínio e escreveu o suficiente para relinchar sua baboseira demente e ideológica. E eu não sei se mistura conceitos por desonestidade pura, ou por burrice extrema. Tanto que teima em dizer que globalismo e globalização, são a "mesma coisa". E continua tratando como um conceito único.
Não meu caro, é você que está numa tentativa frustrada de usar a velha narrativa retardada e anti-capitalista, de que é o capitalismo o responsável pelos males do mundo. Você não engana a ninguém com esse discursinho tolo, ideológico, e anti-capitalista. Só faltou emendar alguma demência sobre o "Imperialismo americano".
Seu discursinho coraria de vergonha um idiotizado do DCE, culpando o "neoliberalismo". Patético.
Não é atoa o nível de curtidas que você tem recebido. Só o tipo de esquerda mais robótica que existe por aqui.
As definições de Globalismo e Globalização não são minhas. Qualquer um que tenha estudado economia básica, filosofia e política sabem a respeito. E eu demonstrei a diferença apriorística dos dois conceitos. Se você é limitado o suficiente ou quer se fazer de bobo e fingir que não entendeu, é problema intelectual seu.
Globalismo é algo que já existia antes da Globalização. A Globalização só foi possível com o avanço tecnológico das estruturas do mercado. Confundir os dois conceitos é de uma imbecilidade atroz.
As duas palavras que, embora parecidas, são conceitos completamente diferentes, vêm sendo usadas como se fossem iguais por você, prestando-se a confusões dialéticas. As diferenças entre as duas são abissais, irreconciliáveis. Não dá para usá-las como sinônimos nunca. Globalismo é um conceito político, enquanto Globalização é conceito econômico.
A globalização econômica é a abertura comercial dos países para exportar e importar bens, ou seja, ela retira o poder e decisão dos burocratas. Um exemplo interessante é o de uma simples camisa fabricada na Malásia, utilizando máquinas feitas na Alemanha, algodão proveniente da Índia, forros de colarinho do Brasil, tecido de Portugal, e vendida no varejo no Canadá e outros países.
Globalização econômica significa livre comércio e se trata de um arranjo que não necessita da intervenção de governos e burocratas, aliás, funciona muito melhor sem eles. Globalismo é outra coisa: é um arranjo que só existe e funciona por causa de políticos e burocratas, é uma política internacionalista pela qual organismos mundiais e seus burocratas querem controlar o mundo e interferir na vida das populações por meio de decisões e resoluções autoritárias, em assuntos como imigração, racismo, descriminalização de drogas, educação, ideologia de gênero, aborto, maioridade penal e por aí vai.
O globalismo, ao tentar fazer imposições iguais para todos os países sem considerar as diferenças entre os povos, enfraquece o Estado-nação e a soberania interna, e significa a centralização do poder político em escala mundial. Para julgar e adotar posição individual a respeito de qualquer coisa, especialmente sobre temas complexos, a pessoa deve conhecer o significado das palavras, estudar o conteúdo e os efeitos dos instrumentos que delas derivam, para aí, sim, conforme sua crença, assumir a defesa desta ou daquela proposição. Sem isso, o debate fica empobrecido. Infelizmente, é o seu caso.
Exemplos de globalização: a Internet, o comércio Internacional.
Exemplos de globalismo: União Européia, ONU, Acordo de Paris.
Repetindo: a divisão do trabalho internacional não depende de instituições políticas. Bem, talvez na sua cabeça já tomada pela ideologia pura, seja de fato tão difícil dissociar dois conceitos diametralmente distintos (dizem que a deficiência cognitiva é comum a coletivistas, não conseguem racionalizar conceitos complexos).
O exemplo da Suíça, mostra a demência com a qual você trata o assunto. Ora, nem toda troca cultural é ruim. É ótimo que existam McDonald's na Suíça e no restante do mundo, dado que é exatamente isso que os indivíduos querem e buscam livremente. O que está em pauta é quando isso é feito usando se a força estatal e em bases políticas. Indo de desencontro aquilo que o cidadão comum almeja. Como acontece na União Européia e suas articulações políticas progressistas por mera ideologia e controle. Usando toda sua estrutura política e forçando a Islamização do continente. Ou quando acontece quando os comunistas criminosos do PT tentam impor ideologia de gênero em escolas públicas, querendo perverter crianças. É recorrente o artificio onde comunistas travestidos de professores universitários/pesquisadores utilizam dados falsificados e distorções para criar "estudos universitários"(criando a falsa sensação de seriedade) que corroboram com suas teses marxistas doentias.
"Alguém em sã consciência vai levar seu capital para um país que não respeita os valores liberais vigentes? É evidente que não."
Ah não? A Odebrecht fez o que afinal levando o "seu capital" para Cuba, Bolívia e Angola? (c***lho, nessa aqui eu perdi duro ) Em que porra de mundo você vive tirando essas conclusões tão fora da realidade?
O corporativismo é exatamente o oposto do capitalismo pleno e de livre-mercado. Não passa de uma associação simbiótica entre estados agigantados e "empresas" (organizações criminosas) que só conseguem viver parasitando impostos. Isso está muito próximo ao arranjo Fascista e Socialista real. Não tem absolutamente nada de Capitalismo, e muito menos de Liberalismo nessa equação.
Até a URSS praticou Globalismo. Em suas disputas por satélites ideológicos e controle. A sua fraca tentativa de associar o Globalismo ao Liberalismo econômico, mostra o quanto o seu discurso é idiotizado e sem noção.
E não venha com espantalhos de baixo nível, vá praticar desonestidade intelectual para cima de gente do seu nível limitado. Eu não disse nada a respeito de conspiração Russa e Chinesa contra cultura "judaico cristã". Eu estou falando de algo que é realidade: políticos, instituições e grupos corporativistas, em sua maioria progressistas, que se aliam para buscar controle. E como fazem isso? Aumentando o tamanho do estado e da sua influência. Renovando a fé da massa de idiotizados no estado socialista. Dado que você nega a existência de Gramsci e Frankfurtianos.
O que é exatamente contrário a aquilo que o Liberalismo sempre defendeu. O que vai exatamente de encontro ao que a social-democracia, o keynesianismo e ideologias coletivistas defendem.
Aliás, Rússia e China hoje estão muito mais preocupados em manter o seu curral e sua influência política. A maior ameaça hoje vem da União Socialista Européia e da ONU.
O modelo que dominou o mundo no último século foi o Keynesianismo e a Social-Democracia. Do qual agigantou enormemente os estados e sua influência.
Liberalismo ficou restrito a poucos países, que respeitam suas tradições e liberdade: Suíça, Cingapura, Hong Kong, Nova Zelândia.
São esses os países em que o capitalismo é mais plenamente exercido. A Suíça nem mesmo entrou no bloco da União Socialista Européia.
É percebível o seu tipo de comportamento cínico e comum a toda esquerda progressista, quando mostramos o óbvio.
Aliás, em que ano você vive? O Liberalismo basicamente morreu como ideologia política no mundo ainda na década de 20. Fora isso, só tivemos um ou outro situação em que foi praticado, como nos anos Reagan e Tatcher. E o que eles fizeram? Usaram tudo o que estava a sua disposição para combater a hegemonia políticas dos comunistas e dos social-democratas da União Européia.
Veja que a esquerda sempre faz uma oposição histérica a toda e qualquer ínfima medida ou iniciativa que seja por ela tida como "antiprogressista" ou, pior ainda, "reacionária" e contrária ao seu "projeto de poder".
Seja no quesito dos "direitos" dos homossexuais ("direitos", no linguajar esquerdista, nada mais são do que deveres impingidos aos pagadores de impostos), nos privilégios raciais e sindicais, no feminismo, no desarmamento, no aborto financiado pelo estado, e até mesmo em tímidas propostas de reformas assistencialistas, a esquerda progressista sempre reage com um furor frenético contra qualquer pessoa, seja político, comentarista político ou apenas alguém da mídia alternativa, que se atreva a fazer algo que leve a um pequeno recuo destes sagrados esquemas socialistas.
(E EU QUE BOTEI O TINFOIL HAT, HEIN )
Esquerdistas e Progressistas por exemplo haviam chegado ao paroxismo do medo e da raiva por causa da contra-revolução de Franco e da iminente derrocada do governo espanhol esquerdista durante a Guerra Civil Espanhola.
Veja a mini-histeria que a esquerda demonstrou a respeito da contra-revolução ocorrida contra o regime esquerdista da Salvador Allende no Chile, uma contra-revolução que colocou o General Augusto Pinochet no poder.
A esquerda, até hoje, ainda não perdoou a direita chilena e a CIA por este golpe. Allende ainda é considerado um mártir querido pela esquerda, e sua filha Isabel, um ícone.
A Resposta para este comportamento é a seguinte: a esquerda é, em sua essência, "progressista", o que significa que ela acredita, à moda marxista, que a história consiste em uma 'inevitável marcha ascendente' rumo à luz, rumo à utopia socialista.
A esquerda progressista acredita no mito do progresso inevitável, ela acredita que a história está ao seu lado, sempre conspirando a seu favor. Sendo ela formada por social-democratas (mencheviques), primos dos comunistas (bolcheviques), com quem vivem entre tapas e beijos, a esquerda progressista possui um objetivo similar ao dos comunistas, mas não idêntico: um estado socialista igualitário, gerido totalmente por burocratas, intelectuais, tecnocratas, "terapeutas" e pela Nova Classe iluminada, geralmente em colaboração com, e sempre sendo apoiada por, credenciados membros de todos os tipos de grupos vitimológicos, aquela gente que se diz perseguida e que vive lutando por "direitos iguais", sendo que o "iguais" significa na verdade "superiores". Estes grupos são formados por negros, mulheres, gays, lésbicas, trans, índios etc.
A esquerda progressista acredita que a história está marchando inexoravelmente rumo a este objetivo. Uma parte vital deste objetivo é a destruição da família tradicional, "burguesa" e composta de pai e mãe, que deve ser substituída por um sistema em que as crianças são criadas e educadas pelo estado e por sua Nova Classe de orientadores, tutores, terapeutas e demais "cuidadores" infantis.
A utópica marcha da história, objetivo dos social-democratas, também é similar à dos comunistas, mas não exatamente a mesma. Para os comunistas, o objetivo era a estatização dos meios de produção, a erradicação da classe capitalista, e a tomada de poder pelo proletariado. Já os social-democratas entenderam ser muito melhor um arranjo em que o estado socialista mantém os capitalistas e uma truncada economia de mercado sob total controle, regulando, restringindo, controlando e submetendo todos os empreendedores às ordens do estado.
O objetivo social-democrata não é necessariamente a "guerra de classes", mas sim um tipo de "harmonia de classes", na qual os capitalistas e o mercado são forçados a trabalhar arduamente para o bem da "sociedade" e do parasítico aparato estatal.
Os comunistas queriam uma ditadura do partido único, com todos os dissidentes sendo enviados para os gulags. Já os social-democratas preferem uma ditadura "branda", aquilo que Herbert Marcuse e a Escola de Frankfurt, em outro contexto, rotularam de "tolerância repressiva", com um sistema bipartidário em que ambos os partidos concordam em relação a todas as questões fundamentais, discordando apenas polidamente acerca de detalhes triviais "a carga tributária deve ser de 37% ou de 36,5%?".
Alguma liberdade de expressão, de imprensa e de ideias é tolerada pelos social-democratas, mas desde que ela se mantenha dentro de um espectro de opiniões pré-aprovadas. Os social-democratas repelem a brutalidade dos gulags, eles preferem fazer com que os dissidentes padeçam da "suave" e "terapêutica" ditadura do politicamente correto, na qual eles forçosamente têm de aprender as maravilhosas virtudes de ser educado na "dignidade de estilos de vida alternativos", sempre submetidos a um intenso "treinamento de sensibilidade".
Em outras palavras, Admirável Mundo Novo em vez de 1984. A "marcha ascendente da democracia" em vez da "ditadura do proletariado".
Também típica é a distinção, nas duas utopias, acerca de como lidar com a religião. Os comunistas, como fanáticos ateístas, tinham o objetivo de abolir por completo a religião. Já os social-democratas preferem uma abordagem mais suave: subverter o cristianismo de modo a fazer com que a religião se torne aliada da social-democracia.
É exatamente nessa posição em que você se encontra.
Basta ver o que acontece hoje: a Igreja completamente tomada pelos progressistas, a ponto de ter um papa claramente progressista. A Igreja praticou Liberalismo também?
Daí a sagaz cooptação da esquerda cristã pelos social-democratas: enfatizando o modernismo entre os católicos e o evangelicalismo entre os protestantes, este último objetivando criar um Reino de Deus na Terra na forma de uma coerciva e igualitária "comunidade de amor".
Trata-se de uma estratégia muito mais astuta: cooptar religiosos em vez de assassinar padres e freiras e confiscar igrejas, esta última feita pelo regime republicano espanhol e por seus partidários trotskistas e anarquistas de esquerda, algo que não gerou absolutamente nenhum grito de protesto por parte de seus devotos defensores progressistas e social-democratas ao redor do mundo.
Esta distinção nos objetivos, totalitarismo brando vs. radical, também é refletida na diferença entre as estratégias e os meios utilizados. Os comunistas, ao menos em sua clássica fase leninista, ansiavam por uma revolução violenta e apocalíptica que destruiria o estado capitalista e levaria à ditadura do proletariado. Já os mencheviques, social-democratas e progressistas, fieis ao seu ideal "democrático", sempre se sentiram um tanto desconfortáveis com a ideia de revolução, preferindo muito mais a "evolução" gradual produzida pelas eleições democráticas e aumento gradual do aparato estatal.
Para os mencheviques, o estado deve ser totalmente aparelhado por intelectuais partidários e simpatizantes, de modo a garantir a continuidade da longa marcha gramsciana da conquista das instituições culturais e sociais do país. Daí a desconsideração pelos gulags e pela revolução armada. Por isso o desaparecimento de seus primos (e concorrentes) bolcheviques não ter sido lamentado pelos social-democratas. Muito pelo contrário: os social-democratas agora detêm o monopólio da marcha "progressista" da história rumo à Utopia.
E notável perceber a histeria da esquerda progressista: ela se torna histérica sempre que percebe a ameaça de uma pequena reversão na Inevitável Marcha da História.
Ela se torna histérica quando visualiza alguns empecilhos e, principalmente, retrocessos nesta sua inexorável marcha ao poder total, retrocessos estes que sempre são rotulados, obviamente, de "reações".
Na visão de mundo tanto de comunistas quanto de social-democratas, a mais alta, desde que "progressista", moralidade é se mostrar não apenas um defensor, mas também, e principalmente, um entusiasmado fomentador da 'inevitável próxima fase da história'. É ser a "parteira" (na famosa expressão de Marx) desta fase.
Da mesma forma, a mais profunda, se não a única, imoralidade é ser "reacionário" (ou como gostam de chamar aqui: "Olavete"), ser alguém dedicado a se opor a este inevitável progresso, ou, pior ainda, alguém dedicado a fazer retroceder a maré, a restaurar costumes enraizados, a "atrasar o relógio".
Este é o pior pecado de todos, e ele gera todo este frenesi justamente porque qualquer retrocesso bem-sucedido colocaria em dúvida aquele que é o mais profundo e o mais inquestionavelmente aceito mito "religioso" da esquerda progressista: a ideia de que o progresso histórico rumo à sua Utopia é inevitável.
Trata-se, no mais profundo sentido, de uma guerra não apenas cultural e econômica, mas religiosa. "Religiosa" porque social-democracia/progressismo de esquerda é uma visão de mundo passional, uma "religião" no mais profundo sentido, pois guiada unicamente pela fé: trata-se da ideia de que o inevitável objetivo da história é um mundo perfeito, um mundo socialista igualitário, um Reino de Deus na Terra, seja este deus "panteizado" (sob Hegel e os adeptos do Romantismo) ou ateizado (sob Marx).
A esquerda progressista não se importa muito com, na verdade, ela até gosta de, pequenos revezamentos de poder: uma década de governos abertamente progressistas, nos quais a agenda esquerdista é avançada, seguida de alguns anos de governo "oposicionista" ou "conservador", no qual há apenas uma consolidação ou simplesmente uma redução na velocidade do avanço. O que ela realmente teme é a perspectiva do conservadorismo se tornar reacionário, no sentido de realmente fazer retroceder alguns ganhos "progressistas". É isso que a apavora.
Daí a histeria em relação a Franco e a Pinochet; daí o linchamento de Joe McCarthy, que realmente ameaçou ser bem-sucedido em fazer recuar não apenas os comunistas, mas até mesmo os progressistas e social-democratas. Ameace retroceder "direitos" obtidos por grupos de feministas, de gays, de negros, de desarmamentistas, de funcionários públicos, de sindicalistas ou de qualquer outro do ramo vitimológico, e você verá o que é uma fúria progressista.
Igualmente, o objetivo não é apenas o de fazer retroceder o estado leviatã, sua cultura niilista e estas pessoas que querem se apossar do estado e impor sua agenda sobre nós.
O objetivo tem de ser a eliminação completa e irreversível deste monstruoso sonho de um Perfeito Mundo Socializado gerido por "pessoas de bem".
Mano do céu, que parede de texto desconexa da porra.
Eu REALMENTE não tenho tempo para responder tudo isso aí, tem muitas falácias, algumas mentiras e outras meias verdades (que são piores que as mentiras). Não estou falando sobre o que é liberalismo, fascismo, socialismo e social-democracia. Eu falei um negócio muito simples: o que você chama de globalismo é apenas uma decorrência da ordem liberal, que não apenas está viva como é a ideologia dominante do mundo. Estado laico, relações contratuais entre indivíduos, livre mercado (ou majoritariamente livre). Isso é evidentemente liberal. O resto não vou discutir porque você começou a puxar assuntos tangentes e tirar conclusões precipitadas sobre o que eu acho ou deixo de achar. Você tem um problema sério de se ater ao foco de uma discussão e é prolixo ao extremo. Tem que dar um jeito nisso.
Vou só negritar algumas partes do seu texto e mostrar como você consegue se enrolar e se contradizer nele próprio. Destaque para "imperialismo é demência" seguido de "globalismo é um esquema político internacional para subjugar os interesses dos países"
Eu diria que não é uma síntese porque não parte de uma operação dialética, mas sim cibernética, é um acoplamento de partes, mais ligado aos seus usos e funcionamentos em uma dinâmica geral do que presos a significantes e uma linha rumo ao autoaperfeiçoamento de uma ideia.
Essa última parte (presos a significantes e uma ideia perfeita), por exemplo, diz respeito a conhecimentos na lógica "arborescente", Konami Code (por oposições; dualismos; princípio da identidade), ou seja, o que fala de forma e conteúdo, e diz respeito ao aperfeiçoamento que segue uma IDEALIDADE, e têm sua utilidade também, para não cairmos no indiferenciado, na perda de todos os referenciais, mas como dito no texto anterior, são paradas estratégicas, com vistas a sempre atender ao Fora e o interessante mesmo é captar as linhas que são continuamente traçadas, ou seja, conteúdo e expressão, uso e funcionamento (daí a ideia de máquina), sempre se re-traçando as linhas e captando o próprio movimento, a contínua diferenciação, o devir.
No fim, segue bem ao funcionamento do papel do filósofo como colocado por Giordano Bruno, que falava do Mito de Acteão. Para Bruno, o filósofo, assim como o caçador, devia ir buscando no real as linhas, como espécies de fios invisíveis, que ligam as coisas umas às outras, os seus encadeamentos, o que compõe e decompõe com o quê na total imanência, assim como o caçador vai sorrateira e pacientemente traçando e buscando na mata os rastros e vestígios invisíveis de sua presa.
Acteão, um lendário caçador treinado pela criatura mítica, o Centauro Quíron, em uma de suas caçadas, por um descuido, acabou adentrando no espaço à beira de um lago aonde a deusa Diana se banhava nua junto de suas ninfas. Ela revoltada com a invasão, pegou um pouco da água do lago e soprou sobre Acteão, o transformando em um cervo, no que imediatamente o caçador acabou por ser atacado e estraçalhado por seus cães.
Esse é o grande problema de uma filosofia da imanência, é que ao se abrir ao acontecimento (postura estoica), à diferenciação, ao devir, captar constantemente o movimento de todas as coisas e se afirmar junto ao próprio movimento de mudança/diferenciação da natureza, você pode perder todo e qualquer referencial e cair em um niilismo absoluto ("se tudo é passagem, mudança, transformação, então tudo é em vão e nada vale a pena..."), e é inclusive o que Deleuze e Guattari alertam em diversas passagens em Mil Platôs.
Ou seja, como no mito de Acteão referenciado por Giordano Bruno, o caçador se perdeu e se transformou na caça, a própria identidade foi absolutamente dissolvida na imanência e se perdeu aonde não há mais distinção nenhuma entre o 'eu' e o 'mundo', presa e predador. É literalmente a morte; a depressão que precede o suicídio; a perda nas drogas, etc. Todo o esforço da ética [criação de um modo de vida potente, afirmativo] é um abri-se à experiência, mas que tem seus riscos, que no fundo é algo constitutivo da própria vida, mas que deve ter a sua 'arte', não é um oba-oba tolo, sem uma prudência nos 'encontros', etc.
Sobre essa abertura ao Fora mencionada, o traçamento de linhas e a diferença do marxismo de direita (que é um sinônimo de aceleracionismo, que por sua vez tem origem na filosofia de Deleuze e Guattari) de posições ligadas a um "libertarianismo de direita":
1º) A diferença na teoria de que o marxismo de direita se afasta da ética kantiana iluminista, aonde se apoia o libertarianismo, e segue fundando um Iluminismo Sombrio ("Onde o iluminismo progressista vê ideais políticos, o iluminismo sombrio vê apetites"), confundindo-se um pouco com o percurso da fenomenologia, a qual afirmava que você não pode separar "ser" e "pensamento". Sartre (expoente do existencialismo, que surgiu na metade do século 20), por exemplo, tomou isso do Heidegger, que ainda tinha uma concepção de pensamento antropomorfizada.
O que o Deleuze e muitos outros fazem é radicalizar o Kant em vias do Spinoza, indo muito além do que o Heidegger fez com o Kant. Se o Kant compartimentou e dividiu arbitrariamente as razões teóricas das práticas, os objetos (que são como se constituem nas expressões das nossas ideias, como aparecem a nós - teoria) separados da moral (que é uma razão prática, que só aparece a nós como uma atividade de exercício, que seres humanos criam racionalmente, ou seja, a razão prática pode ser "pura"), o que o Heidegger e o Deleuze vão fazer é que há uma indistinção aí: os objetos "aparecem" a nós e já tem um fim prático.
O que o Deleuze vai além é que o Heidegger ainda tá preso a um filosofia do sujeito, ao humanismo (o Kant totalmente). A experiência para constituir ideias é ainda a experiência do homem. O Deleuze invoca um espinosismo como uma experiência pré-subjetiva, pré-pessoal, pré-consciente e impessoal. No lugar dessa antiga experiência humana você tem uma estrutura dinâmica que é movida basicamente por desejo e em uma contraposição de forças, que constitui o sujeito e o objeto. O sujeito/subjetividade é um efeito.
Além do desdobramento imediato dessa ideia é a retirada da ilusão antropocêntrica das nossas ações (entre elas o livre-arbítrio), quando se pensa no terreno da divisão que instituem da micropolítica e da macropolítica, o molecular e o molar. Não que um [micropolítica] é o outro [macropolítica] miniaturizado, mas existe um regime de funcionamento distinto. O molar e a macropolítica são esses objetos constituídos, como se apresentam a nós. Estado, trabalhador, partido, etc. A micropolítica é no nível do desejo, dessas forças pré-conscientes, impessoais, pré-subjetivas, etc. Algo como o Nietzsche identificava nos estoicos, são "acontecimentos", "marcas". E por que elas teriam uma vantagem em relação à macropolítica, ao molar? Nesse plano as categorias que utilizamos e pensamos limitam a nossa imaginação e a nossa ação, circunscrevem elas a uma moldura, a um terreno do possível, castrando o impossível, uma "revolução" por exemplo, ou como foi maio de 68 e junho de 2013.
Por isso que eles falam em fluxo esquizofrênico do desejo, que quando liberamos o nosso desejo, essas associações nesse fluxo livre, criamos novas ideias, novas cadeias semióticas, novas ligações simbólicas, etc. Ou seja, desejo = produção. E como dito anteriormente, não há divisão entre razão teórica e prática, não há essa compartimentação. E o nosso desejo esquizofrênico (não confundir com a entidade/paciente esquizofrênico) é justamente esse excesso produtivo que faz florescer o novo. Outro motivo, principalmente tático-histórico importante (porque na teoria já está evidente para mim) é que o capitalismo tardio/atual opera ainda mais fortemente nessa nossa dimensão, a desejante, ao invés de fundada na ameaça de coerção física (apesar que toda sociedade tinha formas de sujeição social que necessariamente tinham que controlar essa dimensão desejante, das ideias, prazeres, significados, sacralidades, etc.)
Esse é o pressuposto que Deleuze e Guattari partem (no Anti-Édipo), que para eles "a sociedade não é, primeiramente, um meio de troca onde o essencial seria circular e fazer circular, mas um socius de inscrição onde o essencial é marcar e ser marcado. Só há circulação quando a inscrição a exige ou permite."
Ou seja, enquanto uma miserável ideia antropológica que viria do libertarianismo colocaria a precedência de um natural mercado e a 'propensão transcendental' à troca, enquanto o que importa de verdade é a ideia de fluxo, mas que desde o princípio já está associado a uma maquinação da sociedade (sobre esse fluxo; o fluxo e seu corte/parada), que o inscreve, que codifica, que decide o que é sagrado, que pune o profano, etc. O que é trocado é um momento posterior, mas que necessariamente é decidido por essa maquinação (daí a ideia de 'máquina social' - "A máquina social, ao contrário, tem os homens como peças [ainda que os consideremos com suas máquinas) e os integra, interioriza-os num modelo institucional que abrange todos os níveis da ação, da transmissão e da motricidade.]").
(Lembrando que a máquina social não é sinônimo de 'Estado' no anacronismo ingênuo libertário 'de direita', já que as sociedades primitivas tinham seus modos de marcação que eram ligados aos costumes, e mesmo os nômades tinham formas de codificação de fluxos, uma série de rituais.)
E esse fluxo é de tudo ('Fluxo de mulheres e de crianças, fluxo de rebanhos e sementes, fluxo de m****, de esperma e de menstruações, nada deve escapar'), seria a PRÓPRIA NATUREZA EM MOVIMENTO, em diferenciação/transformação constante, daí a ideia de fluxo (ideias, costumes, semântica, invenções, etc.). E no fim os postulados do libertarianismo se tornam risíveis porque ele toma todas essas ingenuidades refutadas (apenas interessantes na construção de modelos preditivos, mas que não têm garantia nenhuma de funcionamento contínuo ad infinitum) - o sujeito que se acha livre para tomar ações morais e um otimizador racional.
Nick Land, em seu Xenosistemas ('sistemas do Fora'), diz sobre a ideia da máquina social capitalista formulada por Deleuze e Guattari:
"O Marxismo é a versão filosófica de um sotaque parisiense, um tipo retórico, e, no caso de D&G, ele se torna algo semelhante a um sarcasmo superior, zombando de cada princípio significativo da fé. A bibliografia de Capitalismo e Esquizofrenia (do qual Anti-Édipo é o primeiro volume) é um compêndio de teoria contra-Marxista, desde revisões drásticas (Braudel), passando por críticas explícitas (Wittfogel), até rejeições desdenhosas (Nietzsche). O modelo de capitalismo de D&G não é dialético, mas cibernético, definido por um acoplamento positivo de comercialização (“decodificação”) e industrialização (“Desterritorialização”), tendendo intrinsecamente a um extremo (ou “limite absoluto”). O capitalismo é a instalação histórica singular de uma máquina social embasada em escalação cibernética (feedback positivo), se reproduzindo apenas incidentalmente, como um acidente na contínua revolução socio-industrial. Nada exercido contra o capitalismo pode se comparar ao antagonismo intrínseco que ele dirige à sua própria atualidade, conforme ele acelera para fora de si, arremessando-se ao fim já operacional ‘dentro’ dele. (Claro, isto é loucura.)"
Fonte: https://xenosistemas.wordpress.com/2016/09/23/re-aceleracionismo/
Sobre seu desdobramento em marxismo de direita contra o libertarianismo (e especificamente o austro-libertarianismo):
"Marx tem um grande pensamento: os meios de produção se impõem socialmente como um imperativo efetivo. Para qualquer esquerdista, isto é, claro, patológico. Como já vimos, a biologia e a economia (de forma mais geral) estão dispostas a concordar. A digressão por si só é uma perversão da ordem natural e social. Defensores do mercado – os austríacos mais proeminentemente – tomaram o lado da economia contra Marx, negando que a autonomização do capital seja um fenômeno a ser reconhecido. Quando Marx descreve a burguesia como órgãos robóticos do capital auto-direcionador, a velha resposta liberal tem sido defender a humanidade e a agência da classe economicamente executiva, como expressa na figura do empreendedor.
O Marxismo de Direita, alinhado com a autonomização do capital (e completamente despojado da absurda TVT), tem sido uma posição não ocupada. A assinatura de seus proponentes seria uma defesa da acumulação de capital enquanto um fim-em-si-mesmo, contra-subordinando a natureza e a sociedade como um meio. Quando a otimização de inteligência é auto-montada dentro da história, ela se manifesta enquanto digressão que escapa, ou acumulação de capital real (que é mistificada por sua representação financeira). Crudificada ao limite – mas não além – ela é robótica geral (produção indireta escalada). Talvez não devêssemos esperar que ela seja claramente anunciada, porque – estrategicamente – ela tem toda a razão para se camuflar.
O Marxismo de Direita faz previsões. Há uma de particular relevância para esta discussão: teorias de deficiência de consumo para o sub-desempenho econômico serão cada vez mais enfatizadas conforme a dinâmica ultra-capitalista se introduz historicamente. Em sua fase inequivocamente robótica – quando a inteligênese do capital social explodir (como manufatura auto-excitatória de cérebros-máquina) – a legitimação teleológica da produção indireta pelo consumo humano prospectivo rapidamente se deteriora em um absurdo. O conceito econômico (ainda dominante) de ‘sobre-investimento’ é exposto como uma alegação ideológica sobre a escalação da inteligência, feita em nome de uma humanidade original e tomando uma forma cada vez mais desesperada e provavelmente militarizada.
Na medida em que a questão econômica continua sendo: qual é a base de consumo que justifica este nível de investimento?, a história se torna cada vez mais ininteligível. É assim que a economia se desintegra. As especificidades exigem elaboração posterior."
Fonte: https://xenosistemas.wordpress.com/2016/08/16/direto-no-dinheiro-2/
2º) As implicações e diferenças políticas seriam os desdobramentos do Iluminismo Sombrio, de que o libertarianismo [pelo menos nas suas ingênuas versões adolescentes] sempre se coloca contra o Estado, quando o ideal seria formalizá-lo e a contínua abertura para a saída dele (daí o ciclo de todas as ideias aqui expostas se fecham, do rizoma cibernético, que tem uma relação preferencial com o Fora [que está no texto da outra postagem] - 'o que não está dado' e é o novo na fronteira do [des]conhecido -, e o traçamento de linhas de fuga).
Nesse tipo de ideia de formalização, liberdade política não é o fundamental, e tanto faz a forma política (já que a ideia é transformar a soberania em um processo de fluxo por excelência, o capital, a única forma que importa é essa, forma em movimento), quando uma multidão (multitudo), no esforço de cada uma singularidade que a compõem ser sui juris, acaba por forçar a configuração de um direito comum tal a partir de afetos antes em conflito inerente - independência e dependência sendo a mais básica gradação (ser sui juris, conforme dito) -, e assim concretiza o fim da república que é a liberdade, e quando o Estado é estável e efetivo, o direito natural se mantém porque toda ordem é artificial à potência da natureza e sua dinâmica de afetos em conciliação e conflito.
Daí a necessidade de manter o fluxo, as aberturas, procurar a(s) relação(ões) constitutiva(s) com o Fora (Xeno), de reembaralhar constantemente os agenciamentos de dependência e independência. Não é exatamente um anarquismo, mas tem um caráter anárquico por sua veia "desterritorializadora" (para entender esse termo, busque nos dois textos do Edmund Berger - I e II) e elas vêm inspiradas no Patchwork-Neocameralism do Moldbug (outro autor) e têm uma série de vantagens quando comparadas ao projeto político anarco-capitalista clássico e sua utopia do voluntarismo e da autonomia da vontade.
Basicamente envolvem fragmentação e que os Estados sejam abertos à controle acionário, transformando-se em corporações soberanas. Na visão dele, ao dissolver a política na economia-política, imanente, materialista, ao invés de princípios e valores abstratos, haveria um ganho de eficiência e governos melhores quando essa fórmula viesse acompanhada do livre direito de saída (free exit), criando competição de governos por população (patchwork). Dessa forma, a soberania local desses micro-estados corporativos seria restringida pela ordem econômica mais ampla, além de ser um modelo experimental para diversos tipos de "paraísos" (reaças e progressistas), cujo único princípio que os governos teriam é sobreviva ou morra. Em outras palavras, seja atrativo.
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Caraca! Valeu, cara. Obrigado pela explicação detalhada. Lerei mais sobre o tema, achei bastante interessante.