tb kkkk
é mais ou menos isso mesmo.
eu sei, mas não tenho lá muita confiança e gosto de ouvir opiniões de quem realmente conhece o mercado para decidir.
Isso, são assessores, a empresa é a SHS Investimentos.
Eu perguntei quais eram as taxas de corretagem e ele me explicou que são ".5% na movimentação" (palavras deles) e que ocorre 1x por mês na carteira.
Vc sabe se existe alguma empresa que tem obrigações fiduciárias como tem nos USA aqui no Brasil? alguma onde o assessor tem obrigação por lei de colocar os interesses do cliente em primeiro lugar?
quando fui visitar eles, a primeira carteira que tinham me falado teria uns 20% desses COE's, 30% de fundo imobiliário, 30% de ações e 20% em Renda Fixa.
Vou falar dos players:
Eu quase trabalhei como assessor (tenho bons amigos que são e me ajudam profissionalmente, principalmente com contatos com gestores de fundo). Mas no final esse nível de conflito de interesse pesou, além de ter muito intermediário entre o cliente e o assessor (XP, empresa de assessoria etc.) Com isso eu comecei a procurar outra forma de atuar na gestão de ativos de terceiros com nível de conflito de interesse baixo, que pode ser via serviço ou produto. Basicamente você tem:
Serviço: 1. assessoria, 2. consultoria ou 3. administração de carteira
Produto: 4. clube, 5. fundo
O que muda entre cada um é basicamente o nível de conflito de interesse e o quanto o cliente precisa se dedicar/cuidar dos investimentos.
1. Assessoria: maior nível de conflito já que a remuneração do assessor depende do produto que ele indica. nível médio de dedicação do cliente (o assessor só pode fazer recomendações baseado em conteúdo de terceiros, como análises de casas de research independentes ou da própria XP por exemplo. O assessor sozinho não pode fazer indicações). Ou seja, o cliente vai ter que dar uma pesquisada no que foi indicado, por causa do conflito de interesse, e o cliente pode autorizar ou não o assessor a realizar as operações em nome do cliente (o cliente manda um whatsapp pro assessor dando ok na recomendação, por exemplo, e o assessor vai lá e executa). A remuneração é bem complexa, pode ser em cima do patrimônio, pode ser em cima da corretagem, e as vezes o próprio ofertante do produto paga direto pra empresa de assessoria etc.
Requisitos do prestador de serviço: o assessor precisa passar na prova de AAI (agente autônomo de investimento) e ser sócio de uma empresa de assessoria de investimentos (que por sua vez trabalha pra XP). Assessores que tem mais tempo de experiência costumam pegar apenas clientes com capital maior (meus amigos por ex. não pegam cliente com menos de R$ 100.000, mas tem assessores novatos no escritório que pegam).
2. Consultoria: como o consultor é remunerado de forma normalmente fixa mensal, como se fosse um salário, ou por consulta (você marcou uma reunião e ela durou 2h, paga 2h pra ele e pronto) ele não tem incentivo pra que você ganhe dinheiro. Ou seja, ele pode dar recomendações que no final você perca dinheiro e mesmo assim ele vai receber o dele. Não existe necessariamente um conflito, mas existe uma falta de alinhamento de interesses direta. Nesse caso eu denomino como "conflito baixo". Essa modalidade vai exigir uma dedicação maior do cliente, já que o cliente precisa acessar a conta, executar as ordens etc., só vem as "dicas" mesmo.
Requisitos do prestador de serviço: qualquer um pode ser, embora seja bom ter CFP. Pode trabalhar de forma autônoma ou ser funcionário de um escritório.
3. Administração de carteira: você contrata um gestor de carteira e abre uma conta (no nome do cliente) em um banco/corretora que trabalhe com carteira administrada (o gestor não trabalha pro banco, o banco é só o meio). O gestor tem autorização sua pra realizar as ordens de compra e venda, então a dedicação do cliente é mínima, principalmente se ele confiar no gestor. Aqui basicamente o cliente só vai depositando o dinheiro na conta e o gestor cuida de tudo. Normalmente o gestor cobra parecido com fundo de investimento, 2% ao ano em cima do patrimônio mais uma performance (20% acima de um benchmark, por ex.) No caso a performance é um alinhador de interesses, já que o gestor vai ganhar mais dinheiro se ele conseguir superar o benchmark pra você.
Requisitos do prestador de serviço: certificação CGA (certificação de gestor ANBIMA, a mesma que o gestor de fundo precisa) e autorização da CVM pra atuar como gestor de carteira.
4. Clube: normalmente começa com 3 pessoas que tem vontade de atuar na área de gestão de capital de terceiros, mas não tem a experiência/segurança/capital necessário pra criar um fundo. Limitado a 50 cotistas, e o gestor só pode ser remunerado se ele for um gestor profissional contratado. Pra ser remunerado ele não pode ser cotista. Na minha experiência a maioria dos clubes são geridas por um cotista ou um comitê dos 3 (os 3 que montaram o clube), nesse caso esses caras não são remunerados e tem cotas do clube. Se o clube não tiver gestor profissional não há custo de administração para os cotistas, apenas um custo operacional pra manter o clube rodando (se não me engano 2% ao ano também). Aqui os cotistas são mais engajados porque eles tem o direito de participar da assembléia de cotistas, então eles de certa forma participam de forma mais ativa da gestão. Se podem vetar ou não, definir as decisões etc. vai depender do estatuto do clube. Pode ter conflito de interesse caso os gestores sejam assessores de investimento.
Requisitos: se os gestores forem cotistas, nenhum, se for um gestor profissional não cotista, CGA.
5. Fundo: é o irmão maior do clube. Normalmente com gestão grande e profissionalizada, não tem limite de cotistas, os gestores tendem a ter experiência e podem investir numa gama enorme de produtos (dependendo do tipo de fundo...já no clube é mais tradicional, ações e RF). A indústria hoje provavelmente cobra na média uns 2% no ano + performance, tendo fundo bem mais barato e bem mais caro. Dedicação do cliente é pequena porque o fundo toca tudo sozinho, tanto em questão de decisão quanto operacional, você só compra as cotas.
Requisitos: gestor precisa ter CGA.
Só um adendo: das certificações nacionais, a CGA é a mais difícil de se tirar (taxa de aprovação de 30%)
Considerações finais:
A XP vende o assessor de investimentos como um "empreendedor", mas pra mim dentre os 3 que citei ele é o que menos empreende. Tem algumas casas que o assessor tem uma parcela do salário fixa, tem que cumprir horário, tem que ficar no escritório e no final tá recebendo ordens de cima, as vezes até acumula funções administrativas. O assessor pra mim é um funcionário que (normalmente) recebe remuneração variável, por isso a XP vende o cara como "empreendedor".
Se quiser ficar totalmente livre de conflito de interesses, você precisa tocar seu próprio investimento. Só tem que lembrar que se você vem aqui no fórum ou qualquer lugar pegar dica você já pode estar sujeito a conflito de interesses. Dito isso, algumas pessoas simplesmente não tem o interesse, vontade, tempo ou disposição para estudar investimentos, e os produtos/serviços existem pra essas pessoas. Pra quem tem saco pra estudar seus investimentos, claro, não tem porque terceirizar. Então quando falam aqui "ninguém vai investir seu dinheiro tão bem quanto você", é verdade, mas e se eu não quiser investir? Não tem problema, terceiriza. Só faça a escolha ciente do nível de conflito de interesses e baseado no quanto você quer se dedicar praquilo.
Eu sempre gostei da área de gestão de ativos. Depois de concluir que eu não me encaixaria como assessor eu vi que a administração de carteira era o mais adequado pra mim atuar: não tem intermediários entre você e o cliente, o conflito é baixíssimo porque o gestor também ganha quando o cliente ganha. O gestor também é meio consultor, já que ele fica a disposição do cliente pra conversar sobre investimentos, diferente do fundo que é um cara que tá nas estrelas e se você não for muito grande você nem consegue falar com ele. Outro ponto é que na gestão de carteira você consegue montar uma carteira personalizada pra cada cliente, enquanto no fundo é uma carteira só pra todo mundo e pronto. E por aí vai. Eu já estava como gestor (somos em 3) num clube de investimento antes de começar a trabalhar com gestão de carteira, continuo lá, mas hoje estou estruturando o meu próprio clube também. Mas enfim, tirei meu CGA, peguei autorização da CVM pra atuar como gestor e hoje administro o patrimônio de familiares e amigos próximos, e a partir desse ano eu vou começar a administrar pra qualquer um que tiver interesse também (valor mínimo de R$ 100.000). Estou expandindo.
Mas porque a gente não vê ninguém falando de gestão de carteira? Acredito que os grandes responsáveis pela massificação recente dos investimentos seja a XP, e os gestores de carteira concorrem diretamente com a XP (o gestor de carteira concorre com os escritórios de assessoria de investimento da XP). Como os grandes canais de Youtube todos tem parceria com a XP, direta ou indiretamente (por exemplo Thiago Nigro trabalha pra Rico, que é da XP), não é interessante pra eles divulgarem alguém que concorre com eles. Mas tem gente grande e conhecida fazendo isso também, o cara que montou o curso Mestre dos Capitalismos pro Nando por exemplo é gestor de carteira, o Ramiro do Clube do Valor. Tem a Renata Barreto também que é dona de gestora, que participa do programa Mulheres na Pan etc. O Ramiro por exemplo administra quase R$ 200 milhões pra clientes.
Aproveito pra comentar que nunca tentei, nunca captei e nem pretendo captar cliente aqui no fórum, e se eu fizesse isso pararia de postar porque não daria pra vocês terem certeza se as coisas que eu falo tem conflito de interesse ou não. Participo aqui exclusivamente pra discutir e ajudar quem tá começando e tá disposto a ouvir as sugestões de quem já tá há anos nesse caminho, de graça. Já meus clientes pagam por isso.
Abs.
Obs: as impressões que eu coloquei sobre cada produto/serviço são exclusivamente minha opinião e qualquer eventual erro foi honesto e proveniente da minha ignorância.
Vc sabe se existe alguma empresa que tem obrigações fiduciárias como tem nos USA aqui no Brasil? alguma onde o assessor tem obrigação por lei de colocar os interesses do cliente em primeiro lugar?
Não existe enforcement disso. Vai ter que procurar até achar.