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Maior fabricante de carros elétricos do mundo em nada se parece com a Tesla
BYD liderou a acelerada transição para veículos com zero emissões e agora enfrenta concorrência de gigantes da indústria
carros.uol.com.br
Os carros e outros veículos da BYD -- ônibus elétricos, empilhadeiras, utilitários, varredores de rua e caminhões de lixo -- funcionam exclusivamente com baterias fabricadas pela própria empresa. Suas amplas instalações chinesas podem produzir quase 30 gigawatt/hora de energia anualmente, mais que o suficiente para rodar todos os iPhones já fabricados.
No ano passado, a BYD inaugurou uma das maiores fábricas de baterias do mundo, uma instalação de 3 milhões de metros quadrados na província de Qinghai. Em fevereiro, inaugurou outra de tamanho similar. Esse império tornou bilionário de seu fundador e presidente, um ex-químico do governo chamado Wang Chuanfu. Também tem rendido muito dinheiro ao investidor Warren Buffett, cuja empresa Berkshire Hathaway Inc. comprou uma participação de 10% na BYD há uma década.
Mesmo para uma nação de superlativos, a China tem adotado veículos elétricos em um ritmo impressionante. A China responde por mais da metade das compras mundiais de carros elétricos. Mais veículos do tipo foram vendidos em Xangai no ano passado que na Alemanha, na França ou no Reino Unido.
A cidade de Hangzhou, pequena para os padrões chineses, teve vendas mais altas que todas do Japão. Praticamente todos os 20.000 táxis de Shenzhen são BYDs elétricos, em comparação com menos de 20 de qualquer marca em Nova York. Mais de 500.000 ônibus elétricos percorrem as estradas chinesas, em comparação com menos de 1.000 nos EUA.
Conforme crescia, a BYD foi processada por roubo de propriedade intelectual pela Sanyo e pela Sony. Enquanto a Tesla começava a se tornar famosa, a BYD estava eletrificando veículos menos glamourosos e construindo um negócio fornecendo painéis solares e outras infraestruturas. A empresa começou a produzir ônibus elétricos em massa em 2009, e no ano seguinte ganhou um pedido de 1.000 veículos da província de Hunan. Contratos do mesmo tamanho se seguiram, juntamente com acordos menores em cidades como Amsterdã, Frankfurt e Los Angeles -- apesar de contratempos como a devolução de ônibus elétricos pela cidade de Albuquerque (EUA) por conta de problemas mecânicos e acusações de pagamento de baixos salários aos funcionários da BYD. A empresa alegou que seus veículos funcionavam corretamente e que estava pagando mais do que o salário mínimo.
Em retrospectiva, a lógica de se concentrar em veículos grandes e pesados é óbvia. Preocupações típicas de compradores de automóveis, como aceleração e velocidade máxima, são um problema menor para um veículo projetado para parar a cada quarteirão. Tampouco a ansiedade relativa a autonomia é um fator nas rotas fixas. Colocar os passageiros em ônibus elétricos, seguindo a mesma linha de raciocínio, também ajuda a criar consciência de marca e aceitação para os veículos elétricos em geral. Isso sem contar outros produtos correlatos da companhia, como painéis solares, instalações de armazenamento de energia, carregadores rápidos e até empilhadeiras elétricas.
A filosofia totalizadora da BYD se torna evidente quando você se aproxima da sede da empresa, nos subúrbios a leste de Shenzhen. A última etapa da viagem segue pela BYD Road, um corredor de seis pistas dividido por filas de luzes abastecidas a energia solar. Cerca de 40 mil pessoas trabalham no campus, viajando para as fábricas e blocos de escritórios em ônibus feitos pela própria BYD. As estradas são impecáveis, percorridas em intervalos regulares pelas máquinas de varrição, também feitas pela empresa. Em frente ao prédio central, em forma de hexágono, a BYD construiu uma pista de testes e uma estação para o SkyRail, um sistema de monotrilho projetado para operar acima das ruas congestionadas da cidade.
Nenhum outro país grande está preparado para agir tão rapidamente, muito menos os EUA, onde a administração Trump propôs a eliminação de subsídios para compra de veículos elétricos e tentou cancelar as melhorias planejadas nos padrões de consumo de combustível. Embora isso possa atrasar a transição elétrica nos EUA, Wang diz que a BYD e outras empresas chinesas terão uma posição de liderança quando chegarem. "Se não existe esse mercado nos EUA, quem iria lá e investiria?", pergunta ele. "A China manterá a tecnologia avançada". Até agora, as evidências sugerem que o presidente Xi Jinping e outros formuladores de políticas compartilham a visão de Wang e estão preparados para apoiá-la. "O governo chinês", diz Wang, é "onipotente".