Fala Cafeta.
Cara, o grande problema que eu enxergo nesse meio, é justamente essa questão de "superioridade ideológica" que o movimento libertário tenta impor sobre o resto da galera.
Kogos odeia o NOVO por exemplo, a não ser que eu tenha entendido errado. NOVO é ANCAP? Longe... Muito longe. Mas é um passo adiante á liberdade, pode ser um passo pequeno, mas é um passo.
Ficar fazendo friendly fire só vai deixar as coisas mais polarizadas do que já estão.
O Brasil é quase uma prisão, a situação está no fundo do poço bixo... QUALQUER coisa que a gente faça, mesmo que pequena para se dirigir a mais liberdade para o cidadão é válido.
O que o MBL está tentando fazer é justamente isso, tirar nosso brasil do POÇO, e depois a gente discute sobre se queremos MAIS ou MENOS liberdade. Eles são democratas, acreditam no estado e no sistema, e podemos culpa-los? Claro que não, eles nasceram nesse/desse meio político.
Reitero mais uma vez, Kogos falou que NOVO e MBL são socialistas. Como que vc quer conversar com um intelectual desse? Parece o Olavo.... Ficar tentando empurrar goela abaixo uma visão ANCAP em um estado que é praticamente dominado por políticas comunistas é inútil. A sociedade brasileira não está preparada para isso ainda, as coisas tem que mudar gradativamente.
Grudento,
você está com uma visão superficial de como de fato é o movimento libertário e a filosofia libertária. É muito mais
difuso e divergente do que aparenta pra você.
O Libertarianismo defende a
responsabilidade individual, o princípio da não-agressão e o direito a vida, liberdade e propriedade. E dentro dessa filosofia, você terá pessoas com ideias e
morais bastantes
distintas, desde que respeitando o norte
ético da
defesa da vida, liberdade e propriedade privada.
Libertarianismo se divide entre
minarquistas (defensores de um estado micro) e
anarcocapitalistas (defensores de ausência do estado e justiça privada).
Porém você tem também outras subdivisões quanto a moral ou a forma de agir.
No Libertarianismo você vai ter classificações como:
Puristas: rejeitam qualquer meio político.
Brutalistas: são mais "diretos" na forma de propagar as ideias libertárias. Sem se preocupar muito com a forma.
Humanistas e
Gradualistas: admitem o uso da política como forma de se alcançar maior liberdade. São mais gentis na forma de tratar as questões libertárias.
Minarquistas aceitam o
PNA (princípio da não-agressão), mas entendem que o estado é necessário para a garantia da propriedade privada. E nada mais do que isso. Vão se diferir dos liberais devido a terem os princípios de liberdade muito mais
enraizados. Pensam no estado apenas como uma ferramenta, um meio para se atingir um fim (liberdade), e não como próprio fim. Porém eles nunca abrem mão dos seus princípios. Colocam a ética acima do pragmatismo (mais uma diferença para os liberais).
Digamos que os minarquistas, são aqueles
liberais mais radicais: como
Mises, Bástiat, Locke, Jefferson e Ron Paul.
E ainda tem subdivisões com relação aos costumes morais, entre libertários
conservadores (Ron Paul, Hans Hermann-Hoppe) e libertários
progressistas (Jeffrey Tucker, Rothbard).
Os libertários conservadores por exemplo,
serão contra o aborto, os progressistas serão a
favor. Os conservadores, a favor da
pena de morte, os progressistas,
contra. E por aí vai.
Tem também posições de como se pode
implantar uma sociedade livre. Os
gradualistas, já mencionados, defendem a participação na política. Os
fatalistas, acreditam que o estado irá
fatalmente diminuir, até se tornar obsoleto.
E por fim, temos os
utilitaristas, que defendem que a
tecnologias e o mercado irá gradualmente substituindo as funções do estado. Eles não defendem o PNA como
princípio máximo, mas sim buscam o
livre-mercado como arranjo que forneça maior prosperidade e bem estar a todos.
O maior exponente dessa vertente, é o
David Friedman (filho do economista MIlton Friedman).
Anarcocapitalismo utilitarista.
Os únicos princípios que permanecem comum a todos os libertários, é a defesa da vida, liberdade e propriedade privada. Essas não podem ser
relativizados.
Dentro do
partido NOVO, tem vários
libertários. Sei bem porque conheço vários filiados ao partido. Então essa ideia de que os libertários rejeitam o partido Novo ou a política é falsa. Paulo Kogos não é o único representante do movimento libertário brasileiro.
E veja, libertários em geral são contra a política, por entender que ela acaba
subvertendo o movimento. Nós sabemos como o poder
pode corrompe as pessoas, então somos bastante
céticos com relação ao uso da política para se diminuir o estado.
Isso não significa que
não devemos usar a política, eu mesmo apoio
iniciativas que vejo como uma possibilidade de se atingir menos estado e mais
liberdade. Principalmente pela situação em que o país encontra que você citou.
Eu apoiei abertamente o
Bolsonaro, e continuo apoiando. E
votei em todos os candidatos do NOVO. Apoiei movimentos como o
MBL também. Elogio quando tem de elogiar, critico quando tenho de criticar (como agora).
O próprio Paulo Kogos, mesmo em todo o seu
purismo,
endossou Bolsonaro. Quem assiste as lives dele sabe disso. Aquele
Kogos das lives é mais um personagem. (apesar de sempre defender seus pontos de uma forma honesta intelectualmente)
E isso é bastante comum no meio. Rothbard por exemplo, foi filiado e ajudou fundar o
partido Libertário e endossou Bush pai em 1988.
Hans Hermann Hoppe endossou abertamente a eleição do
Trump.
E sem contar aquele que seja talvez o libertário mais conhecido hoje. Um
político minarquista defensor da Escola Austríaca. Sem dúvida nenhuma respeitado no meio tanto, por minarquistas quanto por anarcocapitalistas. Estou falando de
Ron Paul.
Então, não generalize. No meio libertário você vai ter caras mais puristas como o
Kogos, mas também terá outros mais palatáveis para o grande público e iniciantes, como o
Raphael Hide.
Eu concordo com você que alguns libertários
erram em ter uma abordagem muito
agressiva e ofensiva. O que só
afasta as pessoas. Porém, veja que muitas vezes somos
ridicularizados, infantilizados, menosprezados. Estamos bastante acostumados a não sermos levados a sério, só porque não queremos negociar a nossa liberdade.
Dado que a maioria das pessoas nem tenta entender o
mínimo daquilo que os libertários defendem, antes de tecer
críticas muitas vezes
infundadas e baseadas em espantalhos. Alguns libertários acabam ficando putos com isso, e criam essa resistência que pode acabar afastando pessoas que poderiam concordar com muitas de nossas
causas.
Eu estou plenamente de acordo com você, quando diz que qualquer iniciativa em prol da liberdade é válida. Acho sim, que
conservadores, liberais e libertários tem de se unir, principalmente contra a esquerda (os maiores inimigos da liberdade e da civilização) a medida que os objetivos
estejam em comum.
Só que a política não é o
único meio de se fazer isso. Esse é o engano que vários cometem. A disseminação e propagação de
ideias e de
tecnologia que
descentralizem o poder do estado e nos dê mais liberdade.
Por exemplo, se não existisse o
Olavo de Carvalho, talvez você não teria uma disseminação das ideias conservadoras no Brasil. Senão existisse o
Daniel Fraga, você não teria pessoas se convertendo ao libertarianismo. Senão existisse
Roberto Campos, idem com o liberalismo.
Senão existisse o
Uber, o AirBnB, o Bitcoin, só para citar alguns exemplos, você não teria as pessoas entendendo a importância do livre-mercado, e como ele é
benéfico a todos.
Nenhuma dessas iniciativas partiram
do estado ou de partidos políticos.
Quanto ao ocorrido do tópico. Eu
não acho que MBL é socialista, eu usei a palavra
social-democrata, com algumas ideias
liberais.
A tal "treta", aconteceu devido a arrogância deles. Veja o vídeo em que o Arthur começa a atacar e
debochar dos libertários, após ser perguntado se "imposto é roubo" (e foi uma pergunta feita numa boa).
Ele poderia ter saído de uma forma
elegante da resposta, assim como ele já fez no passado diversas vezes. O próprio Danilo Gentilli que estava com ele disse que defende uma atuação do estado, mas saiu de forma elegante, até contrariando o Arthur e dizendo que no Brasil tem um monte de imposto que é roubo sim.
Bastava dizer que não
concorda com os libertários nisso, mas está junto na defesa
por mais liberdade. Simples. Não teria angariado a
fúria de ninguém.
Aí pra completar a cereja de m**** no bolo. Aparece esse
Renan, falando essas besteiras
coletivistas e autoritárias, que deixariam qualquer
social-democrata moderado morrendo de vergonha. Se você troca o Renan pelo
Boulos ali, falando as mesmas coisas. Você
não veria diferença alguma.
Isso não é nenhum pouco benéfico. É isso que você tem de entender. Essa linha de argumentação dele, só
reafirma as
ideias estatizantes, autoritárias e que a
esquerda defende.
Não ajuda em nada.
Eu respeito o
MBL pela
importância que teve no
impechmant. Respeito o Arthur pela
coragem em confrontar
esquerdistas. Só que nessa ele
errou, e se tomar esse caminho
arrogante e pró sistema (no discorrer da treta com os libertários, ele chegou a se vangloriar que o salário dele é alto), vai perder o apoio de
muita gente.
Eu vejo como importante as
diversas iniciativas e abordagens. É importante ter caras que falam mais
rasgado como o
Kogos ou o Olavo sim, isso
baliza a liberdade e os ideais que
queremos alcançar. Assim como é importante ter um
Raphael Hide, que fala de forma mais
palatável para o povão.
Eles sendo
radicais e puristas, podem
abrir os olhos de muitas pessoas para vários
absurdos que existem na
política, no estado e nas coisas como elas são. Mesmo que isso não signifique que elas concordem com tudo que esses caras dizem. Entende?
Eu muito mais preferível e racional que as ideias certas influenciem a política, e não o inverso, como é a tendência de acontecer.
Milton Friedman foi certeiro ao dizer que:
“Não acredito que a solução para o nosso problema seja simplesmente eleger as pessoas certas. O importante é estabelecer um contexto político de opinião que torne politicamente rentável até para as pessoas erradas fazer a coisa certa. A menos que seja politicamente rentável para as pessoas erradas fazer a coisa certa, as pessoas certas tampouco farão o que é certo, ou, se tentarem, em breve estarão fora do governo.”
E é por isso que sempre devemos estar
vigilantes. É por isso que a bandeira de
Bandeira de Gadsden, com uma serpente com os dizeres
"Don't Tread on Me" (não pise em mim)
, é o símbolo libertário. A bandeira dos
revolucionários americanos em sua luta pela liberdade.
A serpente está lá, quietinha na dela, mas não pise na serpente que ela irá
reagir.
Como disse
Thomas Jefferson disse: "O preço da liberdade, é a eterna vigilância".