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[MEU NOME É ENÉAS!] Entrevista de 1998 com Enéas

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Romper com o FMI (Fundo Monetário Internacional), frear a globalização e anular as privatizações são algumas das principais propostas do cardiologista Enéas Carneiro, 59, em sua terceira tentativa de chegar à Presidência da República pelo Prona (Partido de Reedificação da Ordem Nacional).
Em entrevista em que cita idéias de Lyndon Larouche, líder de extrema direita nos EUA, Enéas critica PSDB e PT, segundo ele "duas faces da mesma moeda", por supostamente se submeterem à atual ordem mundial. Diz ainda que a distinção entre direita e esquerda perdeu o sentido. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - A sua campanha em 98 vai ser basicamente o senhor falando na televisão? Na sua primeira campanha, seu tempo era de apenas 15 segundos, não era suficiente nem para dizer "bom dia"...
Enéas Carneiro
- Não, não, dizer "bom dia" leva dois segundos. Por favor.
Folha - O senhor já cronometrou?
Enéas
- Claro. Eu não sou oligofrênico. Durante 15 segundos, 14 eu usava: dava para dizer 56 palavras. "Meu nome é Enéas", a expressão toda, leva dois segundos. Então, eu dizia muita coisa. Só que a maioria, inclusive dos jornalistas, grande parte deles com hipóxia (baixa oxigenação) cerebral, só ouvia "meu nome é Enéas". Aí espalhou-se que só dizia meu nome, o que é uma absoluta inverdade.
Folha - O que o senhor critica no processo brasileiro?
Enéas
- Não é uma coisa, é um leque. A abertura indiscriminada da economia aos produtos industrializados lá fora: isso destrói o parque industrial brasileiro. Na mesma ordem de idéias, a abertura indiscriminada ao ingresso de produtos agrícolas, o que é um dos maiores fatores para a destruição do pequeno e do médio agricultor. Terceiro, a valorização artificial do real, mantida no sentido de conseguir que a inflação esteja sempre em níveis baixos. As taxas de juros mantidas em um nível que chega a ser, de quando em quando, o maior do planeta. Uma carga tributária gigantesca, que leva a maior parte daqueles que produzem a trabalhar com níveis de sonegação que são conhecidos...
Folha - Devo deduzir então que o senhor faria...
Enéas
- Exatamente o oposto de tudo o que está aí.
Folha - Por exemplo?
Enéas
- Eu digo isso com clareza: só há uma saída, ruptura com o sistema financeiro internacional. Quando digo sistema financeiro internacional, estou falando de um conjunto de órgãos. Isso engloba Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio etc. Eu não acredito que haja outro caminho. E, para colorir o que estou dizendo para o senhor, há uma entrevista interessante aqui (na revista "Executive Intelligence Review"), do senhor Lyndon Larouche, falando da necessidade de caminharmos para um novo acordo de Bretton Woods. Então, o que o senhor professor Lyndon Larouche está propondo é um novo modelo mundial, um modelo em que não circulem por dia US$ 3 trilhões em um mercado financeiro absolutamente artificial.
Folha - O senhor reveria as privatizações?
Enéas
- Sem dúvida. Por exemplo, há um trabalho extraordinariamente sério do senador Amir Lando, (feito) na época das privatizações, muito antes de a Vale do Rio Doce ter sido doada... Eles dizem vendida, mas foi doada. Esse trabalho mostrou que houve, sem dúvida, questões que, no mínimo, podem ser tratadas como inconstitucionalidades, por ocasião da venda das estatais. Quando o senhor pergunta, eu digo que, em chegando (à Presidência), volta tudo (todas as ex-estatais). Tudo, tudo, tudo, tudo. Sem exceção. Como pagaria? Com os mesmos papéis com os quais elas foram entregues. Eles vieram e voltam. Terei do meu lado a lei, sem dúvida.
Folha - Por que o senhor exclui PSDB e PT do seu campo de alianças e diz que representam posição diametralmente oposta à sua?
Enéas
- Porque são as duas estruturas políticas mais atreladas a tudo aquilo de que me queixei. Vamos tomar um documento chamado Diálogo Interamericano. Foi fundado em 82. É fundador o presidente Fernando Henrique. Do Diálogo Interamericano emergem muitas considerações postas em prática a posteriori. Mais à frente, por exemplo, o Consenso de Washington tem delineadas as vigas mestras do que se chama hoje globalização. O PT tem o seu líder maior, o senhor Luiz Inácio (Lula da Silva), indo em 92 assinar o Diálogo Interamericano. Então, do ponto de vista das questões maiores, PSDB e PT estão juntos. São duas faces da mesma moeda.
Folha - O senhor daria um freio à globalização no Brasil?
Enéas
- O processo como está aí, do jeito que está, sim.
Folha - Como o senhor se define politicamente?
Enéas
- Eu sou um nacionalista, um homem preocupado com a minha nação. A nação está caminhando para um abismo. O senhor Larouche diz que está se aproximando um período, para a humanidade, parecido com o da peste negra, com a Idade das Trevas. Não há mais, a meu ver, condições de falar em esquerda e direita, no mundo atual. Miscigenaram-se os conceitos.
Folha - Quando o senhor começou a tomar essas precauções em relação à imprensa?
Enéas
- Depois de distorções, após 94. A revista "Veja", após a eleição, escreveu: "Cacareco Criou Asas". Pelo amor de Deus, vamos ter respeito. Então um professor de medicina, respeitado... Há poucos dias, eu me irritei quando o dono do seu jornal escreveu "O Nome de Enéas" e fez considerações. O senhor deve ter visto, em um programa ao vivo, de televisão, eu disse que ele deveria estudar. Ele escreveu "adequa", que o meu discurso não se "adequa" à população. O verbo é defectivo, ele já se retratou, disse que errou, é normal. Não é nada demais. Aquilo eu disse apenas porque (ele) precisa ter respeito. Esse senhor precisa aprender a respeitar.
Folha - Se não der desta vez, o senhor deve ser candidato na próxima eleição?
Enéas
- Não sei. Se não chegarmos, tenho muita tristeza pelo meu país, muita tristeza pelo que se avizinha.

Lhttps://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc20049818.htm
 
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