RoLukeSky
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Creio que você fez um relato sincero.Bem, vamos lá. Eu demorei 3 dias pra ler esse tópico inteiro. Percebi que ao menos a maioria aqui é composta por pessoas com bom grau de instrução, o que é importante frente a um discurso produtivo a que se propõe o tema. Tbm acho que estou ao nível da média aqui nesse ponto. Sei que não é "meu lugar de fala", termo exageradamente utilizado por alguns grupos militantes na atualidade, porém acho que seria interessante a nível de curiosidade (para alguns sim, para outros não) um ponto de vista feminino (honesto) em relação ao MGTOW. É óbvio que é totalmente legítimo o direito de qualquer pessoa não querer assumir compromissos sociais que julgam como um risco alto de prejuízo para suas vidas: casamento, filhos, amizades, determinados tipos de trabalhos, etc. E não vou ser clichê (como disse, estou disposta a ser honesta aqui) de dizer "ainn, não é a maioria que é assim..." quando homens reclamam que os compromissos estão ficando inviáveis em vários níveis (sentimentais, de compaheirismo, judicialmente, de fidelidade, de caráter, etc). Mas pelo que entendi o que mais pega mesmo pro lado de vcs é em relação ao nível judicial, que sobrecarrega a vida masculina na atualidade de obrigações impostas pelo Estado ao assumirem um compromisso matrimonial. Até aí, tudo muito compreensível e claro. Mas tbm notei algumas inconsistências nos discursos lidos, das quais as principais eu elucidarei meu ponto de vista abaixo e gostaria, por favor, que se possível alguém se dispusesse a dialogar sobre, para quem sabe eu compreender melhor o lado de vcs e flexibilizar minhas concepções, se for o caso de uma contraposição racional e lógica.
Pelo que percebi, muitos aqui acreditam que o modelo atual de família (homem e mulher trabalhando fora) a) gera um caos tanto no acesso ao mercado de trabalho (diminuindo o salário das pessoas em geral devido a maior oferta de trabalhadores dentro do mercado), quanto na estrutura familiar, b) uma vez que uma mulher independente financeiramente tende a divorciar-se mais facilmente, e a dedicar-se menos à família. E reclamam que ainda por cima c) espoliam o ex marido num processo de divórcio.
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Ora, a primeira e a segunda parte são justificativas racionalmente válidas, embora há de se levar em consideração que as liberdades individuais de escolha de vida (trabalhar fora ou não, por exemplo) não devem ser alvo de repressão, pois foi justamente a repressão de liberdades individuais que levaram ao surgimento de movimentos como o feminismo e como o MGTOW. Não adianta impor nada à vida das pessoas, pq elas sempre vão sentir-se injustiçadas, tolhidas de sua liberdade de escolha (seja pelo Estado, seja pela sociedade) e se revoltarão surgindo movimentos de repúdio como os que citei.
Quanto a segunda parte, daí é que entra a maior contradição que vi até aqui, pois se para alguns o modelo mais correto de família é homem provedor, líder e chefe de família+mulher submissa e do lar é racionalmente justificado o espólio dos bens 50/50 com o fim do casamento, EM DETERMINADOS CASOS, uma vez que em muitas das vezes (nos casais conservadores) da mesma forma que o homem dedicou-se a provisão do lar através de seu trabalho, a mulher abdicou-se de estudar, de colocar-se no mercado e construir uma carreira profissional a pedido do marido para cuidar da família e educar os filhos. E o contrato de casamento foi assinado por ambos sem coação, sabendo-se da consequência de uma separação.
É claro que há muita coisa errada com a nossa justiça em relação à divisão de bens, que deve ser discutida e modificada, que cada caso é um caso e que não tem como uma lei genérica tratar de todos os casos por igual.
Só que ainda dentro dessa reflexão (de relacionamentos e separação) tem bastante na minha "bolha social" (sou classe média, então conheço pessoas desde a classe D à classe A) homens que proibiram as esposas de estudarem e trabalharem, e depois que elas chegam por volta dos 40 anos (ou até mesmo antes) eles começam a trair seus compromissos e seus votos de fidelidade e a arrumarem amantes bem mais jovens e mais atraentes (principalmente os escravocetas que não podem ver um rabo de saia), daí 1 (ou vira putaria, pq elas tbm começam a trair para "descontarem as frustrações dos chifres") ou 2 (elas pedem o divórcio, pq eles mesmos não costumam pedir para não terem que dividir os bens, caso os tenha, ou apenas por comodidade, para ficar perto dos filhos e pra evitar o stress de uma separação). É obvio que esse é um ponto de vista por olhos femininos, o que percebo ao meu redor, mas não nego que hoje em dia grande parte das mulheres são egoístas, levianas, infiéis e interesseiras. Raras são as que não se encaixam nesses termos. E mesmo as que se dizem feministas e falam sobre sororidade não pensam duas vezes antes de se envolver com homens casados, até mesmo com maridos/namorados de "amigas", ao contrário do que vi aqui. Sororidade uma ova! Mas em relação às mulheres que ainda vivem à moda antiga, que são fiéis, companehiras e têm carater, eu pergunto: é justo uma mulher dessas ser usada enquanto é jovem e atraente e descartada quando perde a juventude depois de ter sido obrigada a abrir mão de uma carreira profissional pelo marido e sair de um casamento abalada psicologicamente, traída e ainda tudo o que foi construído durante o casamento ficar para o homem? Tudo o que foi construído enquanto casal teve o apoio estrutural de uma mulher em relação à família e ao lar. (Eu, particularmente, prefiro mil vezes trabalhar fora, estudar, concorrer no mercado de trabalho que cuidar de casa e ter mais que 1 filho/a). Mulher não é objeto, descartável. Sejamos razoáveis. Homem não é objeto descartável, ou caixa eletrônico ambulante. Penso que em caso de traição comprovada, por parte da mulher que não contribuiu financeiramente em casa, a mesma não deveria ter direito a bem nenhum do ex marido. Mas quando a traição parte do homem, e a mulher decide separar, ele deve ter a obrigação sim de dar pensão para a mesma, pois acabou com as chances dela de acesso a um bom meio de sustento no mercado de trabalho, proibindo-a de estudar e de construir uma carreira profissional (afinal como começar uma faculdade depois dos 40 e depois dos 44 correr atrás de boa colocação profissional, sendo que o mercado não está mais interessado em pessoas sem experiência e com essa idade?).
Resumindo, não tenho motivos nenhum para criticar quem quer ser MGTOW, afinal cada um sabe o que é melhor pra si, e resguardar-se é importante mesmo. Os riscos são muitos. Eu mesma já pensei em praticar o "MGTOW" na versão feminina, caso fique solteira um dia, pq tá difícil de achar pessoas em geral que tenham boas intenções, pelo que percebo à minha volta.
Sobre mim:
Sou veterinária, funcionária pública concursada na minha área, casada há 10 anos. Meu marido queria casar comigo quando eu tinha 18 anos, mas eu estava na faculdade e dependia da minha família; não queria depender financeiramente dele e/ou largar a faculdade, pq já vi muitas mulheres ao meu redor se dando mal indo por esse caminho, então recusei e só "casamos" depois que eu formei e passei em concurso público. Optamos por não casarmos no papel, por causa que não seria interessante pra nenhum dos dois devido ao valor do plano de saúde em comum que ficaria exorbitante.
Sobre divisão de bens e despesas:
Desde que fomos morar juntos sempre dividimos 50%/50% (faço questão) todas as despesas em comum e terceirizamos os serviços domésticos (tbm faço questão, pq jornada dupla ninguém merece). A nossa diferença de renda é bem ínfima, ganhamos praticamente igual. Ele tbm tem curso superior e é funcionário público. Os bens dele são dele e os meus são meus. Usamos os bens juntos, não humilhamos um ao outro por conta de dinheiro. Em toda nossa história juntos (19 anos ao total, entre namoro/ "casamento") Nunca brigamos por causa de dinheiro.
Sobre fidelidade:
Sou fiel (ele eu não posso afirmar com certeza, pq dizem que o(a) cormo(a) é o último(a) a saber, embora eu creio que sim) [aqui vai um "segredo" feminino - toda mulher casada e monogâmica sabe que sexo com novos parceiros é mais excitante no primeiro encontro do que sexo constante dentro da mesma relação monogâmica pelos mesmos motivos que os honens tbm sabem disso: que a mesma comida todo dia não tem mais a mesma emoção da primeira vez com o passar do tempo...mas é aí que entra o caráter de cada um, a lealdade e a honestidade de não abrir brecha para esse tipo de situação tornar-se algo possível e respeitar a si mesma e ao parceiro, o que hoje em dia tá raro tanto nas mulheres quanto nos homens].
Sobre guarda de filhos e pensão:
Uma vez, dentre esse tempo, ficamos uns 4 meses separados e eu fiz questão da guarda da nossa filha (na época com 11 anos) ser compartilhada, para não ter que ficar calculando pensão, pra os dois (pai e filha) não sentirem mais ainda a separação, pois eram muito grudados, e tbm pra não me sobrecarregar cuidando dela sozinha.
Sobre independência financeira feminina:
É assim que vejo como possível um relacionamento sadio. Pq se um dia não tiver mais como ficarmos juntos (da minha parte ou da dele) não vai rolar stress nem pra ele nem pra mim. Cada um vai seguir a sua vida. E é por isso que eu acho super válida a idéia da mulher economicamente autossuficiente, independente. Pq se ela for independente será bem menos provável que ela fique igual cachorro desesperado com fome, fazendo o inferno na vida dos outros e se humilhando, correndo atrás de comida (do dinheiro alheio).
Desculpem o textão
Talvez eu possa discordar de você na parte da pensão, e desses "acordos" que suas conhecidas fizeram para ficar em casa cuidando das coisas e se privando de uma carreira.
Veja, foi escolha da molier se submeter a isso.
O cara por outro lado foi o provedor.
Ponto.
Ocorreu a separação, independente se houve traição de uma parte ou da outra.
Acabou.
Penso que é cada um pro seu lado.
Não tem o menor sentido um ser humano adulto subsistir o outro também adulto.
Isso não entra na minha cabeça em nenhuma situação prática.
Minha opinião claro.
Posso estar errado....