Desculpa, mas eu tenho outra visão da coisa. Pra começar, engenheiro e engenharia são pra resolverem problemas técnicos. Problemas de gestão são resolvidos por gestores, geralmente administradores, contadores e tributaristas. Já tive empresa de engenharia e sei do que falo.
Outro ponto que queria colocar é que você bate muito na tecla da meritocracia e que todo mundo consegue, basta querer. Agora entendi o porquê. Você é acadêmico, teórico, e por falta de material nacional de qualidade, sua fonte bibliográfica é toda de autores americanos e alemães, cuja a realidade nada tem haver com a nossa. Por conta disso, você não sabe como é o campo de batalha da vida real.
A vida real de 90% da população brasileira é assim: mora longe do trabalho, acorda as 4 da manhã pra estar no trabalho as 8 horas, depois de passar 2 horas num transporte público lotado e precário pra ganhar seus 1200 reais por mês. Daí sai as 18 horas, pega mais 2 horas de transporte lotado e chega em casa as 22 horas. Final do mês ele pega seus 1200 reais e escolhe se vai comprar comida ou comprar um botijão de gás porque não dá pra fazer os dois.
Aí eu pergunto novamente aqui, a mesma pergunta que fiz no tópico de investimento: como uma pessoa vai crescer nessa vida, seja intelectual ou financeiramente se ela não consegue o mínimo nem pra subexistir, onde não há oportunidade mínimas pra ela no curto prazo?
Sua visão de mundo não é errada, mas ela só funciona pros 10% acima da linha. E por conta disso minha pergunta permanece sem resposta. Você como acadêmico não possui a solução pro problema e tão pouco lhe interessa, pois é algo que não lhe traria dinheiro.
E se hipoteticamente você estivesse no fundo do abismo social mesmo possuindo seu atual conhecimento, nunca que você ascenderia para um banco de investimento, pois seria enxotado da calçada do banco a vassouradas, pura e simplesmente por conta de suas origens sociais não confiáveis (pré conceito velado).
Me desculpa se pareço rude, mas "Em busca da felicidade" Bill Gates e Steve Jobs são pontos fora da curva que só acontecem no USA. Aqui no Brasil não aconteceu, e nunca acontecerá.
Mas de onde você tirou que eu sou apenas professor/teórico? Que presunção burra. A maioria dos meus colegas que lecionam atuam no mínimo como consultores. Diversos são empreendedores, ou tem cargos executivos/analistas. Isso é característica da área de negócios.
Quando falei que era professor acadêmico foi só pra reforçar que mesmo fazendo parte da indústria do diploma eu vejo uma decadência da relevância das faculdades. Mas aulas pra mim sempre foi complemento de renda, atuo no mercado desde os 17. Hoje sou analista e planejador financeiro em instituição financeira, anteriormente assessor de investimentos.
Eu não entrei no mérito de engenheiro ser mais gestor que administrador. Eu sou administrador por formação. Eu disse ali o que é que as empresas vêem na formação de engenheiro, e é a capacidade de solução de problema. A solução de problema na faculdade se dá no papel, é verdade. Mas o exercício de solucionar problemas é uma habilidade que é desenvolvida ao longo dessa faculdade e pode ser aproveitada na prática/mercado. Não atoa a maioria das vagas que eu vejo pra cargo de gestão SEMPRE tem engenheiro como possível graduação, a outra constante sendo administração e se alternam contabilidade/economia. Se você discorda porque empreendeu e não foi o que aconteceu, legal, mas eu não tô tratando de inferência pessoal aqui. Isso é levantamento de vagas em rede social etc.
Sobre pesquisa, a pesquisa acadêmica após 1968 em sua boa parte é feita com dados empíricos. Então ao invés de vir um cara e falar "na minha empresa prefiro administrador do que engenheiro" o pesquisador vê qual é a realidade de 11.000 empresas por exemplo e chega a preferência em média das empresas em relação a engenheiro/administrador, por exemplo. A teoria prescritiva/normativa caiu em desuso na área de negócios e foi substituídas por trabalhos com evidencias da realidade. Pesquisa empírica não é teórica, os dados vem da realidade, vem de empresas. E existe material nacional de qualidade sim.
Sobre sua pergunta, a vontade de vencer precisa ser maior do que a vontade de permanecer na zona de conforto. Isso é pra uma minoria mesmo, não porque nasceu pobre, mas porque é do ser humano ser acomodado, e a maioria vai ser perdedora mesmo. Primeiro erro tá em achar que em 2019 cara precisa trabalhar longe de casa ou sair de casa as 4h e chegar as 23h. Quem faz o que todo mundo faz vai ter o retorno que todo mundo tem. Mas você nunca vai ver no meu discurso que a mudança depende de fatores que não estão sob o controle do indivíduo, porque isso é contraprodutivo. Se nasceu pobre, o país é um lixo etc., isso é irrelevante como incentivo porque não pode ser mudado. Os esforços tem de serem focados no que pode ser mudado, como parar de dar desculpa e começar a correr atrás, se adaptar as mudanças, trabalhar inteligentemente, dormir menos/largar a novela e ir estudar um inglês etc.
Se essa pergunta foi feita no tópico de investimentos ela provavelmente não foi muito debatida porque o intuito é discutir investimentos, e não as desculpas pessoais que cada um tem pra não investir/estudar. E sobre 90% da população viver com R$ 1.200, melhor pesquisar melhor aí antes de soltar dados porque a parcela que tem essa renda é bem menor que 90% no Brasil.
Dito isso, já que o seu argumento pra criticar o que falei depende exclusivamente do que eu fiz/faço, talvez você queira refazer seu argumento com as novas informações pessoais que forneci. Ou não, se a sua intenção for simplesmente me atacar.
Não parece rude, só preconceituoso e carregado de ad hominem mesmo. Abs.