Najila não tinha como enfrentar um homem rico e famoso
Se a modelo tivesse registrado queixa em Paris, provavelmente não estaria neste instante tendo de responder por fraude processual, calúnia e extorsão
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Quando ainda não conhecíamos detalhes da história, nem mesmo o rosto de Najila Trindade, já era possível ter uma certeza: aquela moça não tinha a menor chance de se dar bem. A hora que o boletim de ocorrência foi lavrado, ela estava assinando sua própria condenação, independentemente de suas acusações serem verdadeiras ou falsas.
Outra certeza é que se Najila tivesse registrado queixa em Paris, onde os fatos ocorreram, provavelmente não estaria neste instante tendo de responder por fraude processual, denúncia caluniosa e extorsão – mesmo que as provas contra Neymar se mostrassem frágeis ou inconclusivas, a justiça francesa não a transformaria em vilã.
Não é questão de ser vidente ou profeta: uma mulher brasileira, qualquer uma, não tem a menor condição de enfrentar um homem rico e poderoso, uma sociedade machista, uma polícia sem recursos de investigação e um judiciário que não desenvolveu instrumentos que garantam proteção e segurança para tratar de uma denúncia de abuso, seja vindo de uma modelo linda ou de uma vítima anônima e comum.
Insistindo que não se trata de um julgamento de mérito, o espetáculo que se montou, a hiperexposição sufocante dos envolvidos, durante exaustivas semanas, sem pausa, criou, como era fácil prever, um massacre irreversível. Já era desde sempre.
Nessa sociedade doente em que vivemos, é até possível que Najila consiga, lá na frente, tirar algum proveito dessa tragédia pessoal. Algum reality show, entrevistas pagas, fotos sensuais, quem sabe um livro contando suas peripécias de final infeliz? Aí, sim, tudo é possível. O que vai ser difícil é outra mulher, uma vítima de verdade, pagar para ver nesse jogo de cartas marcadas. Vai perder.