Eudaimon
Bam-bam-bam
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Não sei se um dia você já passou por isso. Confesso, eu já. E uma colega de trabalho minha, também.
Aconteceu semana passada. Essa colega chegou dando aquele “ oi, gente”, bem com cara de segunda-feira. Sentou-se, ligou o PC. Logo levantou, foi ao banheiro, à cozinha, e voltou com um copo de café.
Eu nunca tinha reparado nesse itinerário dela, que talvez seja de rotina, e provavelmente continuaria sem reparar, não fosse um pequeno detalhe: logo que ela entrou, foi possível ver a mancha em seu pescoço. Uma impressão marrom, com tons arroxeados. Uns 3 cm de comprimento, por 4 cm de largura. Ao alcance dos olhos de todos, parecendo querer se exibir, um autodeclarado, despudorado e vistoso CHUPÃO.
Quero deixar bem claro que sou um sujeito cujas faculdades mentais ainda estão razoavelmente sadias. Não tenho nenhum tipo de toque e tal-pelo menos nada muito importante. Mas vocês hão de convir comigo que há determinadas coisas que algum diabinho,desses bem tinhosos, inventa de colocar na nossa frente, só para depois se deleitar, observando a nossa completa incapacidade em concentrarmo-nos no que quer mais que seja.
Você pode estar num date com o Brad Pitt, ou com a Scarlet Johansson. Se, quando eles sorrirem, isso revelar um feijão, ou um pedaço de alface perdido… pronto. Não será possível prestar atenção em nada além.
O chupão é como o pedaço de feijão no dente, com a diferença que, ao contrário deste, não sairá, ainda que alertemos a pessoa para passar a língua ou o dedo. Além do que, ele não aparece só quando se sorri. Está sempre lá,enquanto der seu ar da graça.
Aliás, parece até que, quanto mais séria a situação, mais aquela nódoa se torna indisfarçavel. Sim, quanto maior a discrição da pessoa, quanto maior a sobriedade do momento,tanto mais cresce aos olhos alheios a marca tão reveladora.
E, como essa minha colega é um pouco séria, vocês podem imaginar a situação em que estive. Ela falava algo como “ Victor, houve a movimentação tal no processo tal… “ e o chupão parecia abanar para mim, dizendo “ Oie! Olha eu aqui! Posso contar como eu nasci?”.
Terrível. E, para piorar, o danado ainda inventava mudar de cor,a cada dia que a revia. Parecia esses youtubers teens, querendo chamar a atenção com seus cabelos.
Cheguei a pensar em me indignar com aquilo. Pretendia censurar minha colega, com os olhos mesmo, fazendo com que neles ela pudesse ler algo como“ Que vacilo, hein? Que vacilo!”. Mas antes foi o próprio chupão que me censurou, com um “ Ah, é mesmo,senhor pudico? E no fim de semana passado? O que foi que aconteceu, hein? Estamos de olho!”. De fato, a diferença daquela situação para a minha era muito menos de fundo moral, do que de sorte: alguns centímetros a mais, para baixo ou para cima.
Restou convencer-me de que se tratava apenas de um irrelevante desvio. Algo como um pequeno bug, na “Matrix das conveniências”. O que me levou a provocar a imaginação, num curioso exercício: antecipar as mais improváveis transgressões, nos mais improváveis transgressores. Será que não haveria uma lingerie bem ousada, sob a menos provocativa das saias? Ou uma boxer bem moderna, sob o terno mais austero? Ou até a boxer sob a saia, ou a lingerie sob o terno? Nunca se sabe.
Aconteceu semana passada. Essa colega chegou dando aquele “ oi, gente”, bem com cara de segunda-feira. Sentou-se, ligou o PC. Logo levantou, foi ao banheiro, à cozinha, e voltou com um copo de café.
Eu nunca tinha reparado nesse itinerário dela, que talvez seja de rotina, e provavelmente continuaria sem reparar, não fosse um pequeno detalhe: logo que ela entrou, foi possível ver a mancha em seu pescoço. Uma impressão marrom, com tons arroxeados. Uns 3 cm de comprimento, por 4 cm de largura. Ao alcance dos olhos de todos, parecendo querer se exibir, um autodeclarado, despudorado e vistoso CHUPÃO.
Quero deixar bem claro que sou um sujeito cujas faculdades mentais ainda estão razoavelmente sadias. Não tenho nenhum tipo de toque e tal-pelo menos nada muito importante. Mas vocês hão de convir comigo que há determinadas coisas que algum diabinho,desses bem tinhosos, inventa de colocar na nossa frente, só para depois se deleitar, observando a nossa completa incapacidade em concentrarmo-nos no que quer mais que seja.
Você pode estar num date com o Brad Pitt, ou com a Scarlet Johansson. Se, quando eles sorrirem, isso revelar um feijão, ou um pedaço de alface perdido… pronto. Não será possível prestar atenção em nada além.
O chupão é como o pedaço de feijão no dente, com a diferença que, ao contrário deste, não sairá, ainda que alertemos a pessoa para passar a língua ou o dedo. Além do que, ele não aparece só quando se sorri. Está sempre lá,enquanto der seu ar da graça.
Aliás, parece até que, quanto mais séria a situação, mais aquela nódoa se torna indisfarçavel. Sim, quanto maior a discrição da pessoa, quanto maior a sobriedade do momento,tanto mais cresce aos olhos alheios a marca tão reveladora.
E, como essa minha colega é um pouco séria, vocês podem imaginar a situação em que estive. Ela falava algo como “ Victor, houve a movimentação tal no processo tal… “ e o chupão parecia abanar para mim, dizendo “ Oie! Olha eu aqui! Posso contar como eu nasci?”.
Terrível. E, para piorar, o danado ainda inventava mudar de cor,a cada dia que a revia. Parecia esses youtubers teens, querendo chamar a atenção com seus cabelos.
Cheguei a pensar em me indignar com aquilo. Pretendia censurar minha colega, com os olhos mesmo, fazendo com que neles ela pudesse ler algo como“ Que vacilo, hein? Que vacilo!”. Mas antes foi o próprio chupão que me censurou, com um “ Ah, é mesmo,senhor pudico? E no fim de semana passado? O que foi que aconteceu, hein? Estamos de olho!”. De fato, a diferença daquela situação para a minha era muito menos de fundo moral, do que de sorte: alguns centímetros a mais, para baixo ou para cima.
Restou convencer-me de que se tratava apenas de um irrelevante desvio. Algo como um pequeno bug, na “Matrix das conveniências”. O que me levou a provocar a imaginação, num curioso exercício: antecipar as mais improváveis transgressões, nos mais improváveis transgressores. Será que não haveria uma lingerie bem ousada, sob a menos provocativa das saias? Ou uma boxer bem moderna, sob o terno mais austero? Ou até a boxer sob a saia, ou a lingerie sob o terno? Nunca se sabe.