x-eteano
Bam-bam-bam
- Mensagens
- 4.761
- Reações
- 5.616
- Pontos
- 319
Vendo essa comoção da morte do Boechat é sempre bom lembrar o caso da demissão dele da Globo:
https://veja.abril.com.br/blog/rein...jornalista-respeitado-da-globo-e-da-tv-globo/
Curioso que a matéria original da Veja sumiu...
Tendo chilique encima de uma estagiária:
Edit. pra geraçáo sensível.
As gravações reproduzem diálogos de Tanure com o presidente mundial da TIW, o canadense Bruno Ducharme, definindo estratégias de atuação contra o Banco Opportunity, de Daniel Dantas. Foram flagradas também conversas do principal assessor de Tanure, Paulo Marinho, uma peça ativa nas negociações em favor dos canadenses. Marinho, que até o ano passado trabalhava para Daniel Dantas, é um personagem bastante conhecido na sociedade carioca. Está sempre próximo de cabeças coroadas do mundo dos negócios e de mulheres bonitas, como a atriz Maitê Proença, com quem foi casado. As gravações envolvem também um dos mais influentes e respeitados jornalistas do país, o colunista Ricardo Boechat, do jornal O Globo.
Na fita, ele aparece participando de uma operação para ajudar Tanure. Em um dos diálogos, ocorrido em 15 de abril, Boechat conta a Marinho os termos da reportagem que está escrevendo para revelar manobras do Opportunity e que seria publicada no dia seguinte em O Globo. Pela conversa, fica evidente que a direção do jornal não foi informada sobre o grau de ligação do jornalista com Nelson Tanure e sobre o fato de que a reportagem foi minuciosamente discutida com Paulo Marinho (veja a reprodução de trechos). Não há nenhuma menção a favor, pagamento e outras práticas irregulares de compensação. Boechat e Marinho são, aliás, compadres e amigos de longa data. Curiosamente, a reportagem acabou sendo usada, dez dias depois, como peça de processo na ação judicial dos fundos de pensão – aliados da TIW – contra o Opportunity. Advogados utilizam com frequência reportagens para embasar ações que impetram. No caso de Boechat, a combinação anterior pelo telefone com Marinho – e, muito especialmente, os termos usados na conversa – é que torna a história constrangedora. “Minhas fontes não são o cardeal Eugênio Sales nem o presidente do Supremo Tribunal Federal. Já negociei matérias com Daniel Dantas também. Não levo vantagem financeira com isso”, diz Boechat. “O que quero é a notícia.” Em outro diálogo, não reproduzido nesta reportagem, o jornalista instrui Tanure sobre como agir e o que falar numa conversa com João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, para passar a imagem de um empresário sem ambições políticas nem projeto de poder – características que a Globo não veria com simpatia no concorrente dono do Jornal do Brasil. Uma análise feita na semana passada, a pedido de VEJA, pelo perito Ricardo Molina concluiu que “todas as evidências indicam que, acima de qualquer dúvida razoável, a voz analisada é do jornalista Ricardo Boechat”. Molina afirma também que “não existe nenhum indício de manipulação que possa representar tentativa de montagem”.
Leiam este diálogo de Boechat com Paulo Marinho, assessor de Nelson Tanure:
Síntese: Nesta conversa que teve com Paulo Marinho, braço direito de Tanure, Boechat relata os detalhes de uma reportagem que escreveu e seria publicada no jornal O Globo no dia 16 de abril contando as manobras planejadas por Daniel Dantas para uma assembléia. O jornalista leu a reportagem inteira para o assessor de Tanure, que aprovou. “Tá ótima”, comentou Paulo Marinho. “A matéria diz tudo que a gente queria falar.” Dez dias depois, a reportagem de Boechat integraria os documentos de uma ação judicial (reproduzidos acima) movida pelos fundos de pensão contra o Opportunity. Tanure e os fundos estão do mesmo lado da trincheira.
Secretária – Pronto.
Boechat – Oi, o Paulo, por favor.
Secretária – Quem deseja?
Boechat – Ricardo Boechat.
Secretária – Um momento…
Boechat – Obrigado.
Paulo Marinho – Oi.
Boechat – Oi.
Paulo – Diga lá…
Boechat – Seguinte: primeiro acho que a matéria talvez saia assinada…
Paulo – Hum, por você?
Boechat – É…
Paulo – Tá…
Boechat – E aí temos que ver o seguinte… Eu estive pensando… Esta é uma possibilidade que eu preferi não perguntar. Vou te dizer o seguinte: eu também meio que descobri que não adianta muito tentar dissimular esta relação, não.
Paulo – Entendi.
Boechat – Eles já identificaram esta relação, certo?
Paulo – Certo.
Boechat – …que acabou sendo meio escancarada com este convite pra eu ir pro JB.
Paulo – Perfeito.
Boechat – E, por mais que eu tenha dado como uma iniciativa do Mario Sérgio (Conti, diretor de redação do JB)… Ninguém… ficou aquela… o João Roberto, o Merval, o Luiz Eduardo (integrantes da cúpula do jornal O Globo)… Todo mundo sabe que o Nelson (Tanure) tem uma relação de amizade pessoal.
Paulo – Certo.
Boechat – Eu pensei em dizer ‘não assina, não’. Mas preferi ficar calado.
Paulo – Acho que você dizer pra não assinar eu acho um erro. Tu não pode dar esta montaria pra esses caras…
Boechat – Sabe o que mais? O último detalhe é o seguinte: aquela última nota nossa do dia 3, quando a gente… quando teve a reunião do conselho, que eu dei a história da demissão, lembra? Da demissão do Arthur(Carvalho, cunhado, braço direito de Daniel Dantas no Opportunity e o representante do banco nos conselhos de administração das telefônicas)…
Paulo – Lembro.
Boechat – Eles… quando deu, eu assinei. Eu dei na Agência Globo sem assinar.
Paulo – Eu sei, você disse que eles identificaram em dois minutos que era sua a nota…
Boechat – Eles botaram no ar um desmentido com meu nome. Então é ridículo eu ficar dissimulando…
Paulo – Claro.
Boechat – Se fosse uma coisa clandestina.
Paulo – Também acho, você tem razão.
Boechat – Conheço o cara e… ele é uma fonte e tá me dando uma notícia…
Paulo – Exatamente. Aliás, é um erro dissimular isso. Agora também é o seguinte, quer dizer…
Boechat – …(inaudível) escancarar.
Paulo – Mas também se os caras não colocarem com seu nome, você não vai reclamar por causa disso.
Boechat – Não, de jeito nenhum. Enfim, outra coisa, diferentemente do seu material é preciso falar com o Nelson: “Nelson, a adjetivação não é uma característica da notícia. Não tem como adjetivar”.
Paulo – Perfeito.
Boechat – Então, o texto que eu mandei pro Duda, o cara que tá fechando a edição pra amanhã…
Paulo – Rãrã…
Boechat – Me disse que tá dando bem. Então, suponho que ele vá dar a matéria na íntegra, pá-pá-pá. Não sei que título ele vai dar. Seguinte: o texto que eu mandei, eu disse assim pro Mineiro (Luiz Antonio Mineiro, editor de Brasil de O Globo): ‘Mineiro, aí vai a matéria. Eu não consegui falar com o pessoal da Economia, mas tentarei mais tarde. Estou no telefone tal. Se for preciso peça à telefonista… Acho que este assunto vai dar um bom caldo. A intenção de demitir os conselheiros dos fundos consta da ata da assembléia convocada pelo Opportunity no dia 17 no Monitor Mercantil (jornal carioca de economia). E a estréia do ex-governador (Antônio) Britto (que acabara de ser contratado pelo Opportunity) no fascinante mundo do lobby financeiro, quem diria?, ainda não foi revelada por ninguém’. Aí vai o texto…’. Um abraço, Boechat’ e tal. Aí, começei da seguinte maneira. É um texto curto e tal. Dizendo assim: (O jornalista lê na íntegra a reportagem que foi publicada em O Globo no dia seguinte.)
Paulo – Tá ótima a matéria, diz tudo o que a gente queria falar.
Boechat – Agora, não dá pra dizer que a atitude é ilegal, entendeu? Mas é isso aí.
Paulo – A matéria tá muito bem-feita, meu querido. Tá na conta. Não precisa botar mais p… nenhuma, não. O resto é como você falou: é adjetivação que você não pode colocar. (…)
Boechat – Os caras disseram que vão dar bem a matéria, vamos ver. (…)
Paulo – Amanhã, eu te ligo pra te dar notícia da matéria.
Boechat – Pra saber se deu certo
https://veja.abril.com.br/blog/rein...jornalista-respeitado-da-globo-e-da-tv-globo/
Curioso que a matéria original da Veja sumiu...
Tendo chilique encima de uma estagiária:
Edit. pra geraçáo sensível.
Ultima Edição: