Depende, se você pegar a década de 60, 70 as coisas foram "Mais fáceis" para muitos... Pois hje...
1. Aumentou a produtividade dos trabalhadores (ou seja se trabalha muito mais) com a mesma média de salário, se trabalha mais para se ganhar "o mesmo"
2.Educação aumentou muito mais que os salários
3. Moradia aumentou muito mais que os salários
Bom post.
Primeiro de tudo, definir o espaço de tempo: analisar 1-2 gerações atrás (de 30-60 anos, ou seja, época dos meus pais e dos meus avós), é razoável. Comparar com 100-150 é simplesmente burrice.
Em termos
médicos / saúde, SEMPRE irá melhorar (saneamento, novos tratamentos/remédios, alimentos, conforto pra casa/bem-estar). Isso é irrefutável. Expectativa de vida só aumenta (e diretamente por causa disso). Um pobre hoje vive muito melhor (em termos sanitários) que a realeza de 120-150 anos atrás.
Em termos de
acessibilidade a tecnologia e notícias, também melhorou muito: só o boom do PC, seguido dos smarthphones + internet rápida mobile não me deixa mentir. Até zeladoras tem um celular velho com pré-pago e whatsapp. TV LCD/LED? Idem. Notícias hoje falam sobre muito do mundo, não apenas Brasil. Resumindo: tecnologia e informação hoje virou carne-de-vaca.
Já com relação a
posição social, hoje está muito "misturado" (palavras da minha mãe, de 70, confirmadas pela minha minha tia-avó, de 98). Antigamente, você era miserável-pobre, classe média ou rico (e isso ficava claro pela sua habitação, carro e quantidade de tvs em casa basicamente). Hoje não... Existem mais de 8 tipos de "classificações oficiais", e se popularizou erroneamente a "nova classe c" de 1 década atrás (que era na verdade "pobres com acesso a crediário a perder de vista"). Isso mascarou muito as coisas e ajudou a deixar o entendimento da situação ainda mais "nebuloso". Exemplo: eu tinha um vizinho gerente do B.B que tinha um carro de 200k, mas morava de aluguel, foi despejado e devia horrores... Um amigo do meu pai era empreiteiro, tinha empresa, maquinário, caminhonete, harley davidson e morava num pombal... Uma antiga empregada daqui de casa continua na mesma (mora num semi-barraco), mas se recusa a ser chamada de pobre porque comprou uma LCD em 12x pra filha... Um outro vizinho meu era "bon vivant", não trampava, andava mulambo, mas era porque vendeu as 3 fazendas do finado pai. Exemplo é o que não falta.
Quanto a
estudo, não tinha mistério: o acesso em 50-60-70 era muito menor - tinham apenas as universidades federais, algumas poucas estaduais e.... SÓ. Prova de etapa única, concorrência altíssima e ponto final. Mas quem conseguia entrar tinha acesso a
trabalhos que pagavam proporcionalmente bem mais. O restante eram os trabalhadores braçais e quase todos informais (empregadas, pedreiros, pintores etc). Como o setor de serviços oferecido era infinitamente menor, não tinha muito o que inventar ou mudar. Ir para outro país (estudar, morar ou mesmo viajar) era dificílimo, coisa pra pouquíssimos.
Já hoje mudou: em termos de estudo, houve um boom de faculdades privadas no final de 80 a meados de 2000, além de programas "inclusivos" de governos passados (FIES, PRÓUNI, SISU, ENEM o c***lho). Se propagou que "todos tem que ter diploma" (o que na prática não funciona) e ocorreu uma explosão de oferta de "formados". Isso fez os salários, principalmente aqui no Brasil, despencarem (e as pessoas começarem a vida adulta endividadas com estudos) - dá-lhe rotatividade altíssima (poucos ficam 5+ anos no mesmo emprego). Como o setor de serviços inventa moda toda a hora (petshops, salões, etc), tem muita gente indo pra ele, mas em subempregos, fora da área e (geralmente) na informalidade também - ou seja, o cara não quer ficar virando cimento no sol, mas sim ficar no ar condicionado atrás de um balcão (nem que pra isso ganhe tão pouco, ou até menos, que o serviçal). Mais um motivo pelo qual as mulheres terem que trabalhar também: homem sozinho não segura mais o rojão inteiro (e isso acaba gerando outra necessidade típica de hoje: creche - pois não tem mais avós pra cuidar). Resumindo: faculdade demais, creche de menos.
Em função disso tudo, acaba-se impactando fortemente na
constituição das famílias (10 filhos na época da minha bisavó, 4-5-6 na época da minha avó, 3 na época dos meus pais. Hoje, 1 já é muito - e 2 é para absurdamente corajosos). Casa também: imóvel hoje continua se pagando em 25-30 anos, mas os valores são muito maiores e a instabilidade é regra. Carro? É praticamente outro filho, além de ser algo superinflacionado aqui. E com o aumento da instrução e acesso a diversão diversificada (de jogo de videogame até passeios de final de semana e outros mimos), está se tornando natural constituir famílias mais tarde (ninguém mais quer "curtir a vida" ao se aposentar (como pensavam meus avós). Nego quer fazer isso agora, dia sim, dia não, pois não sabem se estarão vivos até lá). Um detalhe curioso: hoje, até pela independência da mulher, o número de divórcios explodiu. Nunca se viu tantos divorciados.
Um adendo:
segurança piorou demais. Hoje a banalização de mortes e chacinas é muito, mas muito pior, tanto no interior quanto na cidade grande. É basicamente faroeste (ex: explosão de caixas-eletrônicos, chacina porque pegou a rua errada e entrou na favela, e por aí vai...), pouco importa onde você está.
Por fim, a parte
moral. Bem, essa despencou mesmo, em especial na última década. Lá nos anos 60-70, com o movimento hippie, bem como nos 80 com aquela "tentativa de rebeldia" com o punk, além dos descerebrados anos 90 com toda doideira anárquica da tv. As pessoas consumiam, mas sabiam que era tosco/errado e ainda tinha-se bem definido o que era regressão. Já de 15 anos pra cá, isso - infelizmente - mudou ABSURDAMENTE. Vitimismo, brigas raciais, deturpação sexual, intervencionismo ideológico e pautas "sócio-inclusivas" acabaram com tudo que era "raiz": programas humorísticos, programação infantil, até mesmo o enredo de novelas... Nem a internet escapou: milhões de sites soltos viraram cerca de 5-6 grandes plataformas nas mãos de 4-5 dotcoms gigantes (e que censuram e patrulham diariamente). De resto, mulheres mandonas, minorias nervosas, crianças mimadas, homens frouxos/afeminados (muitos acoados) e velhos assistindo perplexos a tudo isso. Resumindo: está havendo sim uma inversão de valores + auto-censura vinda de cima (mídia, "movimentos sociais" e entretenimento) pra baixo (povo) em nossa socidade, independente do meio de comunicação. Isso é inegável - nem mesmo um cego diria o contrário. O resultado? Um relativismo moral e aceitação/culto ao escroto como nunca se viu antes.
Pura degeneração.
Então, fazendo um aparato bem geral, a pessoa que falou que hoje as coisas pioraram, não está tão errado.
Em termos de acesso a saúde (sempre) e informação (por enquanto), melhorou muito. Estudo massifico um pouco, o que é sempre bom, mas isso também afetou / banalizou outros setores. Já em termos de trabalho, obtenção de bens duráveis (casa-carro), relacionamentos de longa data, segurança no ir-e-vir e moralidade no dia-a-dia, isso piorou muito. Na ponta do lápis, é basicamente isso.
Cada tempo possui as suas dificuldades, só lembrar que a 80 anos atrás estávamos numa guerra mundial (não deve ser tranquilo viver numa situação dessa). O problema do mundo atual vem relacionado à pressão de ser "bem-sucedido" em diversas áreas (estudo, relacionamento, convivência, porte físico e outros), diferente de antes que o intuito principal era simplesmente sobreviver e tentar formar uma família.
Resumiu bem.
Tava discutindo justamente sobre isso hoje. A gente perde tempo demais na internet e celular com coisas triviais. Por exemplo, ler notícias. Eu fico o dia inteiro procurando alguma notícia pra ler e perco tempo com essa mania de querer informação inédita.
Tem que desintoxicar de "tecnologia" (sou da época em que se falava "Informática").
Eu tenho apenas 3 contatos no meu Whatsapp (por forçação deles: ficante, melhor amigo, pai) e nenhum grupo. Fazia parte de um grupo de estudos/trabalho da Microsoft recentemente, mas saí simplesmente porque as pessoas enchem a porra do saco, são inclusões, não sabem usar tecnologia. 99% é futilidade - e isso atrapalha MUITO durante o dia (além de gerar ansiedade totalmente desnecessária).
Email? Tenho só 1 conta e f**a-se. Sites? Se tiver 50 sites nos meus favoritos, é muito. Livro? Leia um de cada vez, sem pressa. Televisão? Não assisto a mais de 4 anos (pura lavagem cerebral, tanto aberta quanto fechada). E por aí. É preciso filtrar muito e gastar tempo somente com o que se deseja, com o que vale a pena. O próprio fórum eu irei parar de usar, assim que voltar pro trabalho (férias termina domingo agora). Aí, só no final do ano.
Se não fazemos isso, perde-se muito tempo no dia-a-dia e o tempo voa. Hoje em dia não existe excesso de informação: existe
excesso de informação inútil. Filtrar é essencial.