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O que é o anarco-capitalismo? Introdução rápida a esse conceito, entenda como os ancaps do fórum pensam! Um vídeo rápido para entender a base.

Ares1521

Bam-bam-bam
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@Guy_Debord - Então, você pediu para eu te desenhar como as pessoas resolveriam o problema de mobilidade urbana, eu coloquei FOTOS de como pessoas já resolvem o problema de mobilidade urbana, transito e coloquei um vídeo explicando como iriam (e já fazem) para asfaltar estradas e ruas em um sistema descentralizado, com exemplos reais de como a coisa já acontece!

Estou com saudade de você, vários dias sem postar no tópico. Você poderia no mínimo me explicar (e desenhar) como que um sistema socialista centralizado iria resolver o mesmo problema sem roubar dos pobres?
 

Baneman

Discípulo de São Jorge
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Só uma constatação, ele pediu pra você desenhar.

Fotos não são desenhos.
@Guy_Debord - Então, você pediu para eu te desenhar como as pessoas resolveriam o problema de mobilidade urbana, eu coloquei FOTOS de como pessoas já resolvem o problema de mobilidade urbana, transito e coloquei um vídeo explicando como iriam (e já fazem) para asfaltar estradas e ruas em um sistema descentralizado, com exemplos reais de como a coisa já acontece!

Estou com saudade de você, vários dias sem postar no tópico. Você poderia no mínimo me explicar (e desenhar) como que um sistema socialista centralizado iria resolver o mesmo problema sem roubar dos pobres?

Enviado de meu SM-G9600 usando o Tapatalk
 

Guy_Debord

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@Guy_Debord - Então, você pediu para eu te desenhar como as pessoas resolveriam o problema de mobilidade urbana, eu coloquei FOTOS de como pessoas já resolvem o problema de mobilidade urbana, transito e coloquei um vídeo explicando como iriam (e já fazem) para asfaltar estradas e ruas em um sistema descentralizado, com exemplos reais de como a coisa já acontece!

Estou com saudade de você, vários dias sem postar no tópico. Você poderia no mínimo me explicar (e desenhar) como que um sistema socialista centralizado iria resolver o mesmo problema sem roubar dos pobres?

Nossa realmente, tinha esquecido desse esgoto de tópico! Obrigado por lembrar! Vamos a parte divertida agora:

Vou fazer melhor que desenhar, vou mostrar um vídeo explicando e FOTOS de lugares reais projetados pela iniciativa privada.

Primeiro assista a:


SInto muito mas não, não vou perder 20 minutos do meu domingo vendo vídeo de ancap alucinado. Não quero nem correr o risco de dar dinheiro pra esse cidadão através de views no youtube também, vai que ele pensa que o conteúdo dele presta, ultima coisa que eu quero é enganar o pobre coitado, pra isso já existe toda a ideologia dele.

Se o argumento dele for realmente importante, então bote em prática seu poder de síntese e passe pra forma escrita.

Algumas complementações ao vídeo, com fotos reais e não só desenhos como você pediu pois já é assim que o mundo funciona:

- Em áreas residenciais, quem criou o residencial para vender os lotes vai fazer a rua e quem comprar os lotes vai ter que aceitar contratos de como será feita a manutenção. Isso já acontece em vários lugares, tem até uma imagem já postada nesse tópico de como fazem nos EUA:
Summerlake-aerial-new-homes.jpg

O que alias, acontece também no Brasil, não é um político que desenha as ruas em uma nova região, é a empresa que está fazendo o loteamento, mas aqui como tem um monte de normas para o "loteamento ser aprovado pela caixa e blablabla", geralmente fazem tudo quadradinho e não são criativos como a foto acima.

Ué, eu achei que ruas fossem todas virar propriedade privada igual o Cafetão estava falando. Ele estava errado então? Pra variar, Cafetão falando besteira né :klolwtf

Não vi nada de criativo ai pra te falar a verdade, parece qualquer outro subúrbio nos EUA, extremamente repetitivo e entediante. Urbanização no capitalismo é um câncer absoluto, o total oposto de criatividade. É feito pra ser funcional, pra otimizar o espaço usado de forma a criar bons lotes para venda e pra facilitar a transição de mercadorias, no caso dos subúrbios, força de trabalho.

- Se você viu o vídeo, viu que caminhos entre regiões povoadas são definidos inicialmente pelo uso e posteriormente asfaltados por empresas contratadas por políticos, a única coisa que vai mudar é que quem vai contratar essas empresas vão ser associações de moradores querendo usar uma estrada asfaltada. Quer um exemplo? Te dou um no Brasil, meu tio tem um ranchinho na beira do rio Grande, se juntou a uns 100 outros rancheiros da região e pagaram para asfaltar a estradinha que ia até os ranchos!
Visualizar anexo 83554
Estrada asfaltada pela população ribeirinha local! Neste lado do rio o acesso é livre pois uma das pessoas que ajudou a pagar a obra tem venda de peixe e bar e foi condição para ajudar deixar o transito livre para ele vender mais. Do outro lado do rio também tem outra rua privada, no caso lá não tem nenhuma venda, ai os moradores asfaltaram a rua e botaram uma cancela.

Então, vc e o Cafetão tem que chegar num acordo ai, leia o que ele falou. Quem está certo? Eu prefiro acreditar na versão ancap do cafetão na qual cada rua vai ter um dono, e existe competição entre ruas, pq é muito mais engraçada e divertida.

Veja bem camarada ancap, eu não tenho absolutamente nenhum problema com esse cenário que vc colocou, e a única diferença que ele teria no comunismo é que ninguém ia ter que pagar pra ter a rua, pq não existe forma-mercadoria. A existência da forma mercadoria faz com que comunidades em alguns lugares não consigam asfaltar suas ruas. Forma-mercadoria é excludente, e isso ia continuar sendo assim no ancapistão.

- "E no centro da cidade onde todos passam" - Se é um lugar com muito transito no meio de uma cidade, certamente tem muito comércio, os comerciantes que se virem para asfaltar. Quer um exemplo no Brasil? E um exemplo ainda com o estado atrapalhando:
Essa é a rua 9 de Julho em Ribeirão Preto. Sabe porque está essa b*sta? A uns 10 anos o banco Santander que tem agência nessa rua se ofereceu para recapear gratuitamente pois os "boys" que trabalham para o banco estavam caindo muito de moto em dia de chuva. A prefeitura PROIBIU pois o "visual de paralelepípedos da rua 9 de Julho é um patrimônio da cidade de Ribeirão Preto". Morre motoqueiro todo ano lá ainda por causa dos paralelepípedos pois proibiram a iniciativa privada de resolver o problema.

Vc só está apresentando aqui uma contradição do próprio capitalismo, que no caso o apagamento da história material. E ai, o que vale mais, a vontade da agência que, ao se colocar em uma rua histórica agora quer apagar sua história, ou a história da rua vale mais do que as vontades da agência? E se os moradores da rua ou outros comerciantes gostam do fato dela ser de paralelepípedo? E se o fato dela ser uma rua histórica é exatamente um dos fatores que a valoriza?

O Estado está fazendo o papel de setor defensivo do capitalismo, não tem nada de errado ai e está 100% coerente com o que capitalismo é na vida real. Incoerência é querer fazer capitalismo sem esse setor defensivo. Como eu falei, além da questão urbana, vc tem a própria questão da defesa da propriedade privada dos meios de produção, o que impediria que, numa fábrica com vai, 7000 funcionários, esses se juntassem pra expropriar a propriedade do dono, pendurar ele e a família em crucifixos na entrada da fábrica e coletivizar a porra toda? Cada burguês vai ter que ter seu exército pessoal? Não seria bem mais fácil vc pagar um imposto para que o Estado te garanta o direito a propriedade privada? Vc paga um imposto e o Estado planeja a cidade pra vc, aplica leis de forma homogênea dentro de um dado território, defende tua propriedade dos trabalhadores E de forças estrangeiras e etc.

Não é a mim, um comunista, que vc tem que convencer que o Estado é malvadão, vc tem que convencer os próprios capitalistas que essa sua ideia não é absolutamente lunática cara. No final das contas, ancapismo é ideologia de patrão, que vai beneficiar o dono da propriedade privada, e não o trabalhador assalariado. Eu sequer sou teu publico alvo, ancapismo, em tese, beneficia capitalistas. EM TESE, pq se fosse de fato bom, não teriam tantos capitalistas dividindo lençóis com o Estado cara.

Você poderia no mínimo me explicar (e desenhar) como que um sistema socialista centralizado iria resolver o mesmo problema sem roubar dos pobres?

Putz essa é fácil pra c***lho. Roubar o que dos pobres sendo que não existe forma-mercadoria? Que pobres? Socialismo é literalmente as pessoas se organizando voluntariamente e fazendo as coisas, só que sem forma-mercadoria. Tecnicamente não existe "Estado", pelo menos não esse Estado que existe agora, nesses moldes. Vc pode chamar de Estado se quiser, mas é uma organização 100% diferente da atual, não é o "Estado-Nação", mas o conjunto de conselho dos trabalhadores organizados em prol de um bem comum.
 

Cafetão Chinês

Mil pontos, LOL!
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Vídeo feito por um conhecido. Bastante didático:


O setor público: desestatizando a segurança, as ruas e as estradas
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=174
174.png

N. do T.: com a crescente violência e o evidente despreparo da polícia para lidar não só com bandidos, mas também com o cidadão comum, passa a ser do interesse de todos analisar um projeto de desestatização dos serviços de segurança, o que envolve a privatização de ruas e estradas. Murray Rothbard (em um texto de 1973, que na verdade é um capítulo do seu livro For a New Liberty - The Libertarian Manifesto), detalha a seguir como funcionaria uma sociedade que tivesse esses serviços fornecidos pelo mercado; e explica por que, nesse ambiente, abusos de autoridade policial não seriam plausíveis — muito menos rotineiros, como são hoje. De quebra, o problema do congestionamento, consequência da oferta "a custo zero" de um bem — as ruas públicas —, seria resolvido.

Protegendo as ruas
Abolir o setor público significa, é claro, que todos os pedaços de terra, todas as superfícies terrestres, inclusive ruas e estradas, se tornariam propriedade privada, sendo geridas privadamente por indivíduos, corporações, cooperativas ou por quaisquer outros agrupamentos voluntários de indivíduos e capital. O fato de que todas as ruas e áreas terrestres seriam propriedade privada iria por si só resolver muitos dos aparentemente insolúveis problemas da operação privada relativa a algumas áreas. O que precisamos fazer é reorientar nosso pensamento para considerarmos um mundo no qual todas as áreas de terra são geridas privadamente.
Peguemos, por exemplo, o serviço de proteção policial. Como ele funcionaria e como ele seria fornecido em uma economia totalmente privada? Parte da resposta se torna evidente se considerarmos um mundo de terras totalmente privadas, onde as ruas têm donos. Considere a área de Times Square, na cidade de Nova York. Trata-se de uma área notoriamente dominada pela criminalidade, onde a proteção policial oferecida pelas autoridades é mínima. Cada cidadão nova-iorquino de fato sabe que ele praticamente vive e anda pelas ruas — e não apenas na região de Times Square — em um estado de completa "anarquia", dependendo unicamente da serenidade e da boa vontade de seus concidadãos. A proteção policial em Nova York é mínima, fato esse que foi dramaticamente revelado quando, em uma recente greve policial que durou uma semana, a taxa de criminalidade, pasmem!, em nada se alterou. Não houve qualquer aumento acima do normal, que é quando a polícia está supostamente alerta e na ativa. De qualquer modo, suponha que a região de Times Square, incluindo as ruas, fosse gerida privadamente pela, digamos, "Associação dos Comerciantes de Times Square". Os comerciantes saberiam perfeitamente bem que se a criminalidade na sua região fosse desenfreada, se os furtos e os assaltos a mão armada fossem constantes, seus clientes iriam inevitavelmente desaparecer e iriam passar a freqüentar as áreas vizinhas, suas concorrentes. Assim, seria do interesse econômico dessa associação comercial ofertar uma proteção policial eficiente e abundante, de forma que os clientes se sentissem atraídos — ao invés de repelidos — por essa região. A iniciativa privada, afinal, está sempre tentando atrair e manter seus clientes. Assim sendo, qual seria a vantagem de ser servido por lojas de visual atraente, iluminação agradável e serviço cortês se os clientes podem ser assaltados ao andarem pela região?
Além do mais, a associação comercial seria induzida — por causa do seu desejo de lucrar e de evitar prejuízos — a fornecer não apenas uma proteção policial suficiente, mas também uma proteção cortês e aprazível. Uma polícia estatal não só não tem qualquer incentivo para ser eficiente ou para se preocupar com os desejos dos seus "clientes", como também está constantemente tentada a exercer seu poder de força de maneira brutal e coerciva. A "brutalidade policial" é uma característica bem conhecida do sistema policial estatal, e a única oposição prática a ela são algumas queixas remotas de alguns cidadãos molestados. Agora, se a polícia privada da associação comercial acaso caísse na tentação de brutalizar os clientes dos comerciantes, esses clientes rapidamente desapareceriam e iriam para outro lugar. Assim, a associação dos comerciantes teria de garantir que a sua polícia fosse cortês e eficiente.
Esse tipo de proteção policial eficiente e de alta qualidade iria prevalecer por todo o território, em todas as ruas e áreas privadas. Fábricas iriam proteger suas ruas e áreas adjacentes; os comerciantes, as suas ruas; e as empresas donas de estradas forneceriam uma proteção policial segura e eficiente em suas estradas pedagiadas e em qualquer outro tipo de estrada gerida privadamente. Roubos de carga e assaltos a caminhoneiros ou a viajantes comuns seriam nulos. O mesmo princípio é válido para bairros residenciais. Para esses bairros, podemos prever dois tipos possíveis de gerenciamento privado das ruas.
No primeiro tipo, todos os moradores de um determinado quarteirão podem se tornar os proprietários conjuntos daquele quarteirão, formando por exemplo a "Companhia do Quarteirão A". Essa companhia iria então fornecer a necessária proteção policial, os custos da qual seriam pagos tanto pelos moradores e proprietários de imóveis, como pelo aluguel dos inquilinos, caso a(s) rua(s) inclua(m) apartamentos alugados. Desnecessário dizer, mais uma vez, que os donos dos imóveis terão obviamente um interesse direto em garantir que seu quarteirão seja seguro, enquanto que aqueles que querem alugar seus imóveis tentarão atrair inquilinos oferecendo ruas seguras, além dos serviços mais habituais, como água, ar condicionado/calefação, zeladores, porteiros, etc. Perguntar por que os locadores deveriam fornecer ruas seguras em uma sociedade libertária e completamente privada seria tão tolo quanto perguntar hoje por que eles deveriam prover água e rede elétrica para seus inquilinos. A força da concorrência e da demanda do consumidor os obrigaria a fornecer tais serviços. Ademais, não importa se estamos considerando os moradores ou os imóveis para alugar, em ambos os casos o valor capital da terra e dos imóveis será função da segurança das ruas, bem como de todas as outras conhecidas características do imóvel e da vizinhança. Ruas seguras e bem patrulhadas irão aumentar o valor da terra e dos imóveis da mesma maneira que apartamentos bem cuidados são valorizados; ruas tomadas pela criminalidade irão depreciar o valor da terra e dos imóveis da mesma forma que apartamentos dilapidados são desvalorizados. Dado que os proprietários dos imóveis sempre vão preferir um valor maior para a sua propriedade, há um incentivo inerente para que forneçam ruas seguras, bem pavimentadas e eficientes.
No segundo tipo de gerenciamento privado das ruas em áreas residenciais, empresas privadas seriam donas apenas das ruas, e não das casas e dos prédios adjacentes. Essas empresas iriam então cobrar dos moradores e dos proprietários dos imóveis os serviços de manutenção, de melhoramento e de policiamento de suas ruas. Novamente, ruas seguras, bem iluminadas e bem pavimentadas irão estimular proprietários e inquilinos a se mudar para essas ruas; ruas inseguras, mal iluminadas e mal pavimentadas irão afugentar proprietários e usuários. A satisfação dos usuários e o incremento da demanda pelo uso das ruas — tanto por parte dos moradores como pelo trânsito de automóveis — irão aumentar os lucros e o valor das ações das empresas privadas que gerenciam as ruas; a insatisfação dos usuários e a diminuição do uso das ruas, bem como serviços decadentes da empresa, irão afugentar os usuários e diminuir os lucros e o valor das ações dessas empresas. Portanto, as empresas proprietárias das ruas farão o seu melhor para fornecer serviços eficientes, inclusive proteção policial, de modo a conquistar clientes e agradá-los; elas serão levadas a fazer isso pelo seu desejo de obter lucros e aumentar o valor do seu capital. É infinitamente melhor ter de depender da busca de interesses econômicos por parte de donos de imóveis e de empresas administradoras de ruas a ter de depender exclusivamente do "altruísmo" duvidoso de burocratas e funcionários do governo.
Nesse ponto da discussão, é possível que alguém esteja tentado a perguntar: se as ruas são geridas por empresas privadas, e admitindo que elas geralmente iriam se esforçar para agradar seus clientes com a máxima eficiência, o que aconteceria se algum proprietário de rua maluco ou tirânico repentinamente decidisse bloquear o acesso de um proprietário vizinho à sua rua? Como é que este iria entrar ou sair? Poderia ele ficar permanentemente bloqueado, ou mesmo ser extorquido para que lhe fosse permitida sua entrada ou saída? A resposta para essa questão é a mesma dada a um problema similar sobre propriedade de terras: suponha que todos os proprietários de imóveis ao redor da propriedade de uma pessoa repentinamente não mais a deixassem sair ou entrar. E aí? A resposta é que cada pessoa, ao comprar imóveis ou serviços de rua em uma sociedade libertária, iria se certificar de que a compra ou o contrato de arrendamento lhe garantisse acesso pleno por qualquer que seja o período de anos especificado. Com esse tipo de "servidão"[1] garantido a priori por contrato, nenhum tipo de bloqueio repentino seria permitido, já que ele seria uma invasão do direito de propriedade do dono do imóvel.
Não há obviamente nada de novo ou de assustador nos princípios dessa sociedade libertária até então imaginada. Já estamos familiarizados com os efeitos energizantes da concorrência entre serviços de transporte e entre determinadas localizações. Por exemplo, quando as ferrovias privadas estavam sendo construídas nos EUA durante o século XIX, a concorrência entre as empresas ferroviárias forneceu uma incrível força energizante para o desenvolvimento de suas respectivas áreas. Cada empresa fez o máximo possível para estimular a imigração e o desenvolvimento econômico nas adjacências de seus trilhos. A intenção, é claro, era aumentar seus lucros, o valor de suas terras e o valor do seu capital; e cada uma delas se apressou para fazer isso, pois caso contrário as pessoas e os mercados deixariam sua área e se mudariam para os portos, cidades e áreas servidas pelas ferrovias concorrentes. O mesmo princípio seria válido se todas as ruas e estradas também fossem privadas.
sss.jpg
Da mesma forma, já estamos familiarizados com os serviços de proteção policial fornecidos por comerciantes e organizações particulares. Dentro de suas propriedades, as lojas têm vigias e sentinelas; os bancos têm guardas; as fábricas têm vigilantes; os shopping centers têm seguranças privados, etc. Uma sociedade libertária iria simplesmente expandir esse saudável e funcional sistema, levando-o também para as ruas. Não é por acaso que ocorrem muito mais assaltos e roubos violentos nas ruas fora das lojas do que assaltos às próprias lojas; isso é porque as lojas são munidas de precavidos guardas particulares, enquanto que nas ruas todos nós precisamos confiar na "anarquia" da proteção policial estatal. E de fato, em várias cidades do mundo têm crescido nos últimos anos, como resposta ao galopante problema da criminalidade, a contratação de vigias privados para patrulhar alguns quarteirões em troca de contribuições voluntárias dos proprietários de imóveis e moradores daquela região. A criminalidade nessas áreas sempre é substancialmente reduzida quando se adota esse método. O problema é que esses esforços às vezes se tornam vacilantes e ineficientes porque as ruas não são propriedade de seus residentes, e assim não há um mecanismo efetivo para se ajuntar o capital necessário que permita garantir uma proteção eficiente em base permanente. Além disso, os vigias que patrulham as ruas não podem estar legalmente armados porque eles não estão na propriedade de seus contratantes, e eles não podem, da maneira como podem donos de loja ou de outras propriedades, abordar qualquer pessoa que esteja agindo de maneira suspeita, porém não criminosa. Eles não podem, em resumo, fazer as coisas, financeira ou administrativamente, que proprietários podem fazer com suas respectivas propriedades.
E mais: um sistema em que a polícia é paga por proprietários e residentes de um quarteirão ou de um bairro iria não só pôr um fim na brutalidade policial contra os cidadãos, mas, principalmente, iria também acabar com o espetáculo atual em que a polícia é considerada em muitas comunidades como um grupo de colonizadores "imperiais" estrangeiros, que estão lá não para servir, mas para oprimir a comunidade. Por exemplo, atualmente temos uma situação comum e que é geral para todas as grandes cidades: áreas pobres e/ou habitadas por maioria negra são patrulhadas por uma polícia contratada por um governo central, governo esse que é tido como estranho para essas comunidades negras e pobres. Já com uma polícia fornecida, controlada e paga pelos próprios proprietários de imóveis e residentes de uma comunidade, a história seria completamente diferente; essa polícia estaria fornecendo — e todos sentiriam que ela estaria fornecendo — serviços aos seus clientes, ao invés de oprimindo-os em prol de uma autoridade estranha.
Um contraste dramático entre os méritos de uma proteção privada vs. pública foi fornecido por algo que aconteceu no Harlem, o bairro negro de Nova York. Na rua West 135th, entre a Sétima e a Oitava Avenida, está localizada a 82ª delegacia do Departamento de Polícia de Nova York. Todavia, a nobre presença dessa delegacia não evitou a erupção de uma onda de roubos noturnos a várias lojas da região. Finalmente, durante o inverno de 1966, quinze comerciantes da região se uniram e contrataram um vigia para patrulhar o quarteirão durante toda a noite; o vigia foi contratado junto a uma empresa privada de segurança que estava lá para fornecer a proteção policial que não estava sendo entregue pelos impostos sobre propriedade pagos pelos comerciantes. Desnecessário dizer que os roubos acabaram.
Mas a mais bem sucedida e mais bem organizada polícia privada em toda a história foi provavelmente a polícia ferroviária dos EUA, que era mantida por várias empresas ferroviárias com a missão de evitar injúrias aos passageiros e impedir o roubo de cargas. Essa moderna polícia ferroviária foi fundada no fim da Primeira Guerra Mundial pela Seção de Proteção da Associação Ferroviária Americana. Funcionou tão bem que, já em 1929, os pedidos de pagamento de indenização por roubo de carga haviam caído 93%. As prisões feitas pela polícia ferroviária — que, na época do maior estudo já feito sobre suas atividades, no início da década de 1930, totalizavam 10.000 homens presos — resultaram em uma porcentagem de condenações muito mais alta — variando de 83% a 97% — do que aquela atingida pelos departamentos de polícia convencionais. A polícia ferroviária era armada, podia prender normalmente e foi retratada por um criminologista nada simpático a ela[2] como sendo uma polícia que tinha uma ampla reputação de bom caráter e bom preparo.
Determinando as regras das ruas
Uma das indubitáveis conseqüências de todas as áreas terrestres de um país serem privadamente geridas por indivíduos e empresas é que haveria uma maior riqueza e diversidade de vizinhanças. A natureza da proteção policial e as regras aplicadas pela polícia privada dependeriam das vontades dos proprietários de imóveis ou dos donos das ruas, isto é, os donos de uma determinada área. Assim, os moradores mais receosos em uma área exclusivamente residencial iriam insistir que quaisquer pessoas ou carros que entrassem em sua área tenham previamente marcado hora com um morador, ou então que apenas fossem permitidos entrar através de interfones no portão de entrada. Ou seja, as mesmas regras que hoje são frequentemente aplicadas em prédios e condomínios fechados poderiam ser aplicadas para as ruas privadas dos bairros residenciais. Em outras áreas, as mais espalhafatosas, qualquer um poderia entrar a vontade; e ainda haveria vários outros graus de vigilância entre esses extremos. Muito provavelmente as áreas comerciais, ansiosas em não rejeitar e/ou repelir clientes, estariam abertas para todos. A busca pelo lucro é que determinaria a escolha do método mais eficiente. Isso forneceria uma grande disponibilidade de opções para os indivíduos, que de acordo com seus desejos e princípios poderiam escolher a área que lhes fosse mais aprazível.
Pode-se reclamar que tudo isso daria liberdade para "discriminar". Poderia haver discriminação contra o uso de imóveis ou das ruas por determinados tipos de indivíduos? Sim, não há dúvidas quanto a isso. Mas fundamental ao credo libertário é o direito de cada homem poder escolher quem pode entrar na sua propriedade ou fazer uso dela, considerando-se é claro que a outra pessoa queira fazê-lo.
"Discriminação", no sentido de escolher favoravelmente ou desfavoravelmente de acordo com qualquer que seja o critério que a pessoa utilize, é parte integral da liberdade de escolha — logo, de uma sociedade livre. Mas, é claro, no livre mercado qualquer discriminação é custosa, e acabará sendo paga pelo dono da propriedade em questão.
Por exemplo, suponha um indivíduo que, em uma sociedade livre, seja o proprietário de uma casa ou de um bloco de casas, e esteja em busca de inquilinos. Ele poderia simplesmente cobrar o preço de livre mercado do aluguel e deixar por isso mesmo. Mas aí surgem alguns riscos; ele pode escolher discriminar casais com filhos pequenos, não alugando o imóvel para eles por achar que há riscos substanciais de deterioração de sua propriedade. Por outro lado, ele pode muito bem escolher cobrar um aluguel mais caro para compensar o risco maior, de forma que o preço de livre mercado do aluguel para famílias desse tipo tenderá a ser mais caro do que seria de outra forma. Aliás, em um livre mercado, essa situação vai ocorrer na maioria dos casos. Mas e se houver uma "discriminação" pessoal, ao invés de uma estritamente econômica, da parte do locador? Suponha, por exemplo, que o locador seja um grande admirador de um determinado grupo étnico — por exemplo, suecos loiros e muito altos — e decida alugar seus apartamentos apenas para famílias de tal grupo. Em uma sociedade livre, ele estaria completamente em seu direito se assim procedesse. Mas ele claramente iria sofrer um grande prejuízo, pois teria de dispensar inquilino atrás de inquilino, em uma busca sem fim por suecos loiros e altos. Conquanto esse possa ser considerado um exemplo radical, o efeito é exatamente o mesmo — ainda que em grau variado — para qualquer tipo de discriminação no livre mercado. Se, por exemplo, o locador não gostar de ruivos e, por isso, determinar que não vai alugar seus apartamentos para esse tipo, certamente também irá sofrer prejuízos, ainda que não tão severos quanto no primeiro exemplo.
Em qualquer caso, sempre que alguém praticar "discriminação" no livre mercado, ele vai sofrer as conseqüências — seja na forma de prejuízos, seja na forma da perda de serviços recebidos como consumidor. Se um consumidor decide boicotar os bens vendidos por pessoas das quais ele não gosta - seja esse desgosto justificado ou não —, ele consequentemente irá ficar sem esses bens ou serviços que, de outra forma, teria comprado.
Portanto, em uma sociedade livre, são os donos das propriedades quem determinam as regras de uso de seus domínios, bem como as regras de admissão. Quanto mais rigorosas forem essas regras, menos pessoas irão demandar os serviços dessas propriedades, e assim o proprietário terá de fazer um equilíbrio entre rigor de admissão e perda de receita.
O preceito de que a propriedade é administrada por seus proprietários também fornece a refutação para um sempre utilizado argumento em favor da intervenção governamental na economia. O argumento afirma que "afinal, é o governo quem determina as regras do trânsito — luz verde e vermelha, direção do lado direito da pista, limites de velocidade, etc. Certamente todo mundo tem de admitir que o trânsito degeneraria em caos se não fossem tais regras. Portanto, por que o governo não deveria também intervir em todo o resto da economia?" A falácia aqui não é que o trânsito deva ser regulado; é claro que algumas regras são necessárias. Mas o ponto crucial é que tais regras sempre serão estabelecidas por quem quer que seja o dono e que, portanto, gerencie as ruas e estradas. O governo vem criando regras para o trânsito simplesmente porque é ele quem sempre foi o proprietário e, consequentemente, o gerente das ruas e estradas; em uma sociedade libertária baseada na propriedade privada seriam os proprietários quem iriam definir as regras para o uso de suas ruas.
Entretanto, será que em uma sociedade puramente livre as regras de trânsito não tenderiam a ser "caóticas"? E se alguns proprietários designassem a luz vermelha como "pare", enquanto outros escolhessem a verde, ou até mesmo uma azul, etc.? Não teríamos algumas ruas com a mão de direção no lado direito enquanto em outras ela seria no lado esquerdo? Tais perguntas são absurdas, é claro. Obviamente, seria do interesse de todos os proprietários de ruas e estradas terem regras uniformes para essas questões, de modo que o tráfego possa fluir e se integrar suavemente, sem dificuldades. Qualquer proprietário de rua excêntrico ou dissidente que insistisse em uma mão de direção à esquerda, ou no verde para "pare" ao invés de "vá", iria rapidamente se ver cercado de acidentes, além de perder todos os clientes e usuários.
É interessante observar que as ferrovias privadas nos EUA do século XIX enfrentaram problemas similares e os resolveram harmoniosamente e sem dificuldades. Cada ferrovia permitia os vagões de suas concorrentes em seus trilhos; elas se interconectavam entre si para benefício mútuo; as bitolas das diferentes ferrovias foram reajustadas para se tornarem uniforme; e classificações uniformes de cargas regionais foram implementadas para 6.000 itens. E tem mais: foram as empresas ferroviárias, e não o governo, que tomaram a iniciativa de consolidar a mixórdia caótica e ingovernável de fusos horários que existiam até então. Para ter exatidão na programação e na tabela de horários, as empresas tiveram de se unir; e em 1883 elas concordaram em alterar os cinqüenta e quatro fusos horários dos EUA para apenas os quatro que prevalecem até hoje. Um jornal financeiro de Nova York, o Commercial and Financial Chronicle, exclamou que "as leis do comércio e o instinto de auto-preservação efetuaram reformas e melhorias que todos os corpos legislativos juntos não conseguiram realizar!"
Precificando ruas e estradas
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Se, em comparação, examinarmos as performances das ruas e estradas estatais, torna-se difícil imaginar que um gerenciamento privado poderia acumular um histórico mais ineficiente e irracional. Além da péssima qualidade, sobre a qual já virou clichê falarmos, hoje já é amplamente reconhecido, por exemplo, que os governos federal e estadual, incitados pelo lobby das fabricantes de automóveis, das petrolíferas, das fabricantes de pneu, e de empreiteiras e sindicatos, incorreram em uma vasta expansão de estradas. Em termos econômicos, estradas fornecem gordos subsídios aos seus usuários; em termos práticos, elas tiveram um papel central na morte das ferrovias como um empreendimento viável. Assim, enquanto caminhões podem operar em estradas construídas e mantidas pelo contribuinte, as empresas ferroviárias tiveram de construir e manter suas próprias estradas de ferro. Ademais, as estradas e ruas subsidiadas levaram a uma demasiada expansão de subúrbios acessíveis apenas por automóveis, que por sua vez levaram a uma demolição coerciva de várias casas e negócios, tanto para a construção de mais estradas, como para a construção dos subúrbios, e trouxeram um pesado fardo para o centro das cidades. O custo para o contribuinte e para a economia têm sido enormes.
Particularmente subsidiado tem sido aquele usuário urbano de automóvel que se locomove diariamente entre sua casa e o trabalho; e é precisamente nas cidades que os congestionamentos vêm aumentando como conseqüência desse subsídio dado aos usuários de automóveis, o que sempre leva a um excesso de oferta desse tipo de tráfego. O professor William Vickrey, da Universidade Columbia, estimou que as vias expressas urbanas foram construídas a um custo que varia entre 6 e 27 cents por veículo-milha, enquanto que os usuários dessas vias pagam em impostos, tanto o imposto sobre a gasolina como o imposto sobre o veículo automotor, apenas 1 cent por veículo-milha. Portanto, é o contribuinte regular, e não o motorista, quem paga pela manutenção das ruas. Ademais, o imposto sobre a gasolina é pago por milha rodada, não importa qual rua ou estrada esteja sendo usada, e não importa a hora do dia. Logo, quando estradas são financiadas pelos fundos arrecadados com o imposto sobre a gasolina, os usuários das estradas rurais de baixo custo estão sendo taxados com o intuito de subsidiar os usuários das vias expressas urbanas, cujos custos são muito maiores. Estradas rurais normalmente custam apenas 2 cents por veículo-milha para serem construídas e mantidas.
Além disso, o imposto sobre a gasolina dificilmente pode ser considerado um sistema racional de precificação para o uso das estradas, e nenhuma empresa privada jamais iria precificar dessa forma o uso de suas estradas. Empresas privadas precificam seus bens de forma a "equilibrar o mercado", de maneira que a oferta iguale a demanda e não haja nem escassez e nem excedentes. O fato de os impostos sobre a gasolina serem pagos por milha, independentemente da estrada, significa que as altamente demandadas ruas urbanas e estradas estão enfrentando uma situação tipicamente criada pelo governo: o preço cobrado pelo seu uso está muito abaixo do preço de livre mercado. Esse subsídio dado aos motoristas urbanos resulta em enormes e exacerbados congestionamentos nas ruas e estradas, especialmente nas horas do rush, enquanto que ao mesmo tempo deixa toda uma malha de estradas rurais praticamente inutilizada. Um sistema racional de precificação iria, ao mesmo tempo, maximizar os lucros para os proprietários das ruas e propiciar ruas sempre livres de congestionamento. No atual sistema, o governo mantém o preço para os usuários de ruas congestionadas em níveis extremamente baixos, e muito abaixo do preço de livre mercado; o resultado é uma escassez crônica de espaço trafegável, o que resulta em congestionamento.
Mas como seria um sistema racional de precificação instituído pelos proprietários privados das ruas? Em primeiro lugar, as ruas iriam cobrar pedágios, mas com variação de preços de acordo com a demanda. Por exemplo, os pedágios seriam bem mais caros durante a hora do rush e durante quaisquer outras horas de pico, e mais baratos durante as horas mais calmas. Em um livre mercado, a maior demanda durante as horas de pico levaria a preços de pedágio maiores, até que o congestionamento fosse eliminado e o fluxo do tráfego se tornasse estável. Mas as pessoas têm de trabalhar!, o leitor vai reagir. É claro, mas elas não têm de ir em seus próprios carros. Alguns irão compartilhar seus carros com outras pessoas (transporte solidário), enquanto outros irão pegar ônibus expressos (que seriam abundantemente ofertados em um livre mercado) ou trens; já outros irão se esforçar para alterar seus horários de trabalho, de modo a poderem ir e voltar em horas escalonadas. Dessa forma, o uso das ruas durante as horas de pico estaria restringido àqueles mais dispostos a pagar o preço de equilíbrio de mercado por seu uso.[3] Finalmente, os maiores lucros obtidos pelas empresas operadoras de túneis e pontes, por exemplo, estimulariam outras empresas privadas a construir mais dessas estruturas. A construção de ruas e estradas seria governada não pelos clamores de grupos de interesse e de usuários que querem mais subsídios, mas pelos eficientes cálculos de demanda e custo efetuados pelo mercado.
Não obstante tudo isso, a idéia de ruas urbanas privadas ainda espanta as pessoas. Afinal, como elas seriam precificadas? Onde exatamente ficariam os pedágios? Haveria pedágios em cada quarteirão? É óbvio que não, dado que tal sistema seria claramente anti-econômico, além de proibitivamente custoso tanto para o proprietário como para o motorista. Em primeiro lugar, os proprietários das ruas vão precificar o estacionamento em suas ruas muito mais racionalmente do que o modelo atual. Eles vão cobrar muito mais caro para se estacionar nas ruas congestionadas do centro, em resposta à enorme demanda. E contrariamente à prática atual, eles vão cobrar proporcionalmente mais caro, ao invés de mais barato, de quem estacionar durante todo o dia. Ou seja, os donos das ruas tentarão induzir uma rápida rotatividade nas áreas congestionadas. OK, tudo certo quanto a estacionar; novamente, esse é um quesito de fácil compreensão. Mas, e quanto a dirigir em ruas congestionadas? Como isso poderia ser precificado? Existem várias maneiras possíveis. Com a tecnologia moderna e seu constante aperfeiçoamento, desafios desse tipo são risíveis. Uma técnica arcaica sugere que câmeras de TV ou máquinas fotográficas sejam instaladas nas esquinas das ruas de modo a captar as placas dos veículos, com as faturas sendo enviadas aos motoristas ao final de cada mês. Outra, mais moderna, sugere que cada carro seja equipado com um receptor eletrônico que emitiria um sinal exclusivo por carro, sinal esse que seria captado por um aparelho instalado na referida esquina. Outra, ainda mais moderna, garante que sensores óticos, de alguma forma que só os engenheiros sabem, fariam todo o serviço.
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O que importa aqui é que o problema da precificação racional das ruas seria de fácil resolução para a iniciativa privada e para a tecnologia moderna. A técnica que será utilizada para tal é problema para engenheiros. O que sabemos como economistas é que o livre mercado, a busca por lucros sob um o regime de propriedade privada e a moderna tecnologia são capazes de viabilizar essa exigência. Empreendedores em um livre mercado já se mostraram capazes de solucionar rapidamente problemas muito mais difíceis; tudo o que é necessário é dar a eles o espaço para agirem.
Conclusão
Se todos os sistemas de transporte se tornassem livres, se as estradas, as companhias aéreas, as ferrovias e as hidrovias fossem liberadas de suas labirínticas redes de subsídios, controles e regulamentações, e se elas se tornassem um sistema puramente privado, como os consumidores iriam alocar seu dinheiro para transporte? Será que voltaríamos às viagens ferroviárias, por exemplo? As melhores estimativas de custo e demanda para transportes predizem que as ferrovias se tornariam o principal meio de transporte de carga de longa distância, os aviões seriam os preferíveis para transporte de passageiros de longo alcance, os caminhões para cargas de pequena distância e os ônibus para as comutações púbicas diárias. Embora as ferrovias ressuscitassem para uso em transporte de cargas de longa distância, elas não seriam restabelecidas como transporte de passageiros.
Portanto, não é difícil imaginar um setor aéreo e uma rede de ferrovias particulares, não subsidiados e desregulamentados; mas poderia haver um sistema de estradas privadas? Tal sistema seria viável? Uma resposta é que estradas privadas funcionaram admiravelmente bem no passado. Na Inglaterra antes do século XVIII, por exemplo, as estradas — invariavelmente geridas pelos governos locais — eram mal construídas e pessimamente mantidas. Essas estradas públicas jamais teriam suportado a poderosa Revolução Industrial que a Inglaterra vivenciou no século XVIII, a "revolução" que prenunciou a era moderna. A vital tarefa de aperfeiçoar as praticamente intransitáveis estradas inglesas ficou a cargo de companhias privadas que, começando em 1706, organizaram e estabeleceram a grande rede de estradas que fez da Inglaterra a inveja do mundo. Os proprietários dessas companhias privadas eram em geral mercadores, donos de terras e industrialistas da área que estava sendo servida pela estrada, e eles recuperaram seus custos cobrando pedágios em pontos selecionados. Frequentemente, a coleta de pedágios era arrendada por um ano ou mais para indivíduos selecionados através de licitações concorrenciais. Foram essas estradas privadas que desenvolveram um mercado interno na Inglaterra e que reduziram enormemente os custos de transporte do carvão e de outros materiais volumosos. E já que era mutuamente benéfico para elas, as companhias de pedágio se interligaram entre si para poder formar uma rede de estradas interconectadas por todo o país — tudo isso resultado da iniciativa privada em ação.
Como na Inglaterra, o mesmo ocorreu nos EUA algum tempo depois. Defrontando-se novamente com estradas praticamente intransitáveis construídas por unidades governamentais locais, companhias privadas construíram e financiaram uma grande rede de estradas pedagiadas por todos os estados do nordeste americano, aproximadamente entre 1800 e 1830. Mais uma vez, a iniciativa privada provou-se superior na construção e manutenção de estradas, em oposição às retrógradas operações do governo. As estradas foram construídas e operadas por corporações privadas, que cobravam pedágios dos usuários. Essas empresas foram amplamente financiadas por mercadores e pelos donos das propriedades adjacentes às estradas, e elas voluntariamente se interligaram, formando uma rede interconectada de estradas. E essas foram as primeiras estradas realmente boas dos EUA.
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Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.
 

Cafetão Chinês

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O fundamento lógico para a privatização total
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Tenho três objetivos. Primeiro, quero esclarecer a natureza e a função da propriedade privada. Segundo, quero esclarecer a distinção entre "bens comuns" e propriedade e "bens públicos" e propriedade, e explicar o erro estrutural inerente à teoria dos bens públicos e da propriedade. Terceiro, quero explicar o argumento lógico e os princípios da privatização.
1. Preliminares teóricas
Começarei com algumas considerações teóricas e abstratas, porém fundamentais, sobre as causas dos conflitos e sobre o propósito das normas sociais.
Caso não houvesse conflitos interpessoais, não haveria a necessidade de normas. O propósito das normas é ajudar a evitar conflitos que normalmente seriam inevitáveis. Uma norma que gera conflito — em vez de ajudar a evitá-lo — é por definição contrária ao próprio propósito das normas; ou seja, trata-se de uma norma anômala ou uma deturpação.
Frequentemente se considera que os conflitos resultam do simples fato de diferentes pessoas terem diferentes interesses ou ideias. Mas isso é falso — ou, no mínimo, extremamente incompleto. O simples fato de indivíduos terem ideias e interesses diversos não significa que conflitos necessariamente surgirão. Eu quero que chova e meu vizinho quer que o sol brilhe. Nossos interesses são contrários. No entanto, como nem eu nem meu vizinho controla o sol ou as nuvens, nossos interesses divergentes não geram consequências práticas em termos de conflitos. Não há nada que possamos fazer quanto ao tempo.
Da mesma forma, eu posso acreditar que A gera B, e você pode acreditar que B é causado por C. Ou eu creio em Deus e faço orações, e você não. Se essa for toda a diferença que existe entre nós, nenhum conflito irá ocorrer. Interesses e crenças divergentes podem levar ao conflito somente quando são colocados em prática; somente quando nossos interesses e ideias são implementados em objetos fisicamente controlados — isto é, em bens econômicos ou em meios de ação.
Ainda assim, mesmo que nossos interesses e ideias sejam implementados em bens econômicos, nenhum conflito irá surgir enquanto nossos interesses e ideias estiverem relacionados exclusivamente a bens distintos (fisicamente separados). O conflito surge apenas quando interesses e crenças divergentes são implementados e investidos no mesmo e único bem. Em Cocanha, onde há uma superabundância de bens, nenhum conflito pode surgir (exceto conflitos relacionados à utilização de nossos corpos físicos que agregam nossos próprios interesses e ideias). Há uma abundância e um excesso de bens o suficiente para satisfazer os desejos de todos.
Para que interesses e ideias divergentes resultem em conflito, os bens devem ser escassos. Somente a escassez possibilita que interesses e ideias divergentes sejam aplicados e investidos no mesmo estoque de bens. Conflitos, portanto, são desavenças físicas relacionadas ao controle de um mesmo estoque de bens. As pessoas entram em desavenças porque querem utilizar os mesmos bens de maneiras distintas e incompatíveis.
Entretanto, mesmo sob condições de escassez, quando os conflitos são possíveis, eles não são necessariamente inevitáveis. Todos os conflitos relacionados ao uso de qualquer bem poderão ser evitados somente se cada bem for propriedade privada — isto é, somente quando o bem em questão for controlado exclusivamente por algum indivíduo ou grupo de indivíduos em específico, e sempre for deixado claro qual bem é propriedade de quem, e qual não é. Nessa situação, os interesses e as ideias de diferentes indivíduos podem ser totalmente divergentes; nenhum conflito surgirá enquanto os interesses e ideias destes indivíduos estiverem relacionados sempre e exclusivamente às suas próprias e distintas propriedades.
Para se evitar todos os tipos de conflitos, portanto, é necessário apenas haver uma norma relacionada à privatização de coisas (bens) escassas. Mais especificamente, se o intuito é evitar que haja conflitos desde o início da existência da humanidade, a norma necessária deve considerar a privatização original de bens (a primeira transformação original de "coisas" fornecidas pela natureza em "bens econômicos" e propriedade privada). Além disto, a privatização original de bens não pode ocorrer por meio de mera declaração verbal — isto é, pela simples elocução de palavras —, pois isso funcionaria (não levaria a conflitos permanentes e insolúveis) apenas se já existisse uma harmonia pré-estabelecida de interesses e ideias entre todas as pessoas. É claro que tal condição é contrária à nossa suposição inicial de que há ideias e interesses divergentes. Mais ainda: se tal harmonia de fato existisse, absolutamente nenhuma norma seria necessária!
Portanto, para evitar que haja aqueles conflitos que seriam inevitáveis em outros contextos, a privatização original de bens deve ocorrer por meio de ações: por meio de atos de apropriação original daquilo que anteriormente eram "coisas". Somente por meio de ações, que ocorrem no tempo e no espaço, pode um elo objetivo ser estabelecido entre um indivíduo e um bem específico. (Um elo objetivo é um elo averiguável intersubjetivamente). E apenas o primeiro apropriador de algo até então sem dono pode adquirir esse algo sem haver conflito. Pois, por definição, sendo o primeiroapropriador, ele não pode entrar em conflito com outros indivíduos ao se apropriar do bem em questão, pois todas as outras pessoas apareceram somente depois de sua apropriação.
Todas as propriedades, portanto, devem ser retornadas, direta ou indiretamente, — ao longo de uma cadeia mutuamente benéfica (portanto, livre de conflitos) de transferências de títulos de propriedade — para seus apropriadores originais.
Com efeito, essa solução é irrefutavelmente — isto é, não hipoteticamente — verdadeira. Na ausência de uma harmonia pré-estabelecida entre todos os interesses individuais, somente a propriedade privada pode ajudar a evitar conflitos que de outra forma — sob condições de escassez — seriam inevitáveis. E somente o princípio da aquisição de propriedade por meio da apropriação original, ou por meio de transferências mutuamente benéficas de um proprietário anterior para um posterior, possibilita que os conflitos sejam evitados por completo — desde o início da humanidade até o final. Nenhuma outra solução existe. Qualquer outra regra seria contrária à natureza do homem como um agente racional.
Para concluir: mesmo sob condições de escassez geral é possível que pessoas com interesses e ideias divergentes possam coexistir pacificamente (sem conflito): basta que elas reconheçam a instituição da propriedade privada (ou seja, exclusiva) e sua fundamentação suprema, os atos de apropriação original.
2. Propriedade privada, bens comuns e propriedade pública
Avancemos agora da teoria para a prática, com aplicações. Suponhamos um pequeno vilarejo, com casas, jardins e campos, todos privados. Em princípio, todos os conflitos relacionados ao uso desses bens podem ser evitados, pois está claro nesse arranjo quem é o dono de cada casa, jardim e campo, bem como quem possui controle exclusivo sobre estes bens e quem não possui.
Porém, há uma rua "pública" que passa em frente às casas privadas, e uma trilha "pública" que passa através dos bosques que circundam o vilarejo e levam até um lago. Qual é a situação dessa rua e dessa trilha? Elas não são propriedade privada. Com efeito, assumimos que nenhum indivíduo alega ser o proprietário dessa rua ou dessa trilha. Sendo assim, a rua e a trilha fazem parte do ambiente natural em que todos agem. Todos utilizam a rua, mas ninguém é o proprietário dela; ninguém exerce controle exclusivo sobre sua utilização.
É concebível imaginar que essa situação — ruas públicas sem dono — possa continuar eternamente sem levar a qualquer tipo de conflito. Entretanto, isso não seria muito realista, pois seria necessário supor uma economia estacionária. Se houver crescimento econômico, e principalmente um crescimento populacional, conflitos relacionados à utilização da rua pública tendem a surgir e se intensificar. Embora inicialmente os "conflitos de rua" possam ser pouco frequentes e fáceis de serem evitados, de modo a não causar preocupações, com o tempo eles serão onipresentes e intoleráveis.
A rua agora está constantemente congestionada e em permanente mau estado de conservação. Uma solução é necessária. A rua deve deixar de ser considerada como pertencente à esfera do ambiente — "coisas" externas ou propriedade comum — e deve passar a ser considerada como um "bem econômico". Isto, a crescente "economização" de coisas até então consideradas e tratadas como "bens gratuitos", é a maneira como uma civilização progride.
Duas soluções para o problema de como gerenciar conflitos crescentemente relacionados ao uso de uma "propriedade comum" já foram propostas e tentadas. A primeira — e correta — solução é privatizar a rua. A segunda — e incorreta — solução é transformar a rua naquilo que hoje é chamado de "propriedade pública" (o que é muito diferente de sua classificação anterior, "bem comum" e sem dono). Por que a segunda solução é incorreta ou problemática é algo que pode ser melhor entendido se fizermos uma comparação com sua alternativa, a privatização.
Como é possível que ruas até então sem dono sejam privatizadas sem gerar conflitos? A resposta sucinta é que isso pode ser feito desde que a apropriação da rua não viole os direitos previamente estabelecidos dos outros proprietários de utilizar essa rua "gratuitamente" (em termos jurídicos, mitigação ou servidão). Todos os indivíduos devem continuar tendo a liberdade de andar pela rua para ir de uma casa à outra, andar pelo bosque e ir até o lago, assim como antes. Todos devem continuar com seu direito de passagem. Desta forma, ninguém pode alegar ter ficado em pior situação com a privatização da rua.
Em termos práticos, o apropriador — com o intuito de materializar e validar a sua declaração de que a rua até então de todos agora é privada, e que ele (e ninguém mais) é o proprietário dela —, seja ele quem for, deve realizar algumas manutenções e trabalhos de reparo ao longo de toda a rua. Ato contínuo, sendo agora o proprietário, ele — e ninguém mais — pode desenvolver e aperfeiçoar a rua da maneira como achar melhor. Ele determina as regras e regulamentações relacionadas ao uso da sua rua de modo a evitar todos os tipos de conflito. Ele pode, por exemplo, construir uma barraca de cachorro-quente na rua, e proibir que outros façam o mesmo; ou ele pode cobrar taxas para fazer a coleta do lixo. Em relação a forasteiros, o proprietário da rua pode determinar regras de entrada para estranhos não convidados. Último, mas não menos importante, sendo o proprietário da rua, ele pode vendê-la para qualquer outra pessoa (com todos os direitos de passagem previamente estabelecidos permanecendo intactos).
Em tudo isso, haver uma privatização é mais importante do que especular qual forma específica ela irá assumir. Dentro do espectro das formas possíveis de privatização, em uma extremidade podemos imaginar um proprietário único. Um rico morador desse vilarejo, por exemplo, tomou para si a responsabilidade de preservar e restaurar a rua, tornando-se assim seu proprietário. Na outra extremidade do espectro, podemos imaginar que o reparo ou a manutenção original da rua foi o resultado de um genuíno esforço comunitário. Nesse caso, não há apenas um proprietário da rua; todos os membros da comunidade serão (inicialmente) seus co-proprietários.
Na ausência de uma harmonia pré-estabelecida de todos os interesses e ideias, esse arranjo de co-propriedade requer um mecanismo de tomada de decisão em relação a como será o desenvolvimento futuro da rua. Suponhamos que, assim como ocorre em uma empresa de capital aberto, a maioria dos proprietários da rua é quem determina o que fazer e o que não fazer com ela. Aparentemente, esse tipo de arranjo — decisão majoritária — tende a gerar conflito, mas não é o que ocorre nesse caso. Qualquer proprietário que estiver insatisfeito com as decisões tomadas pela maioria dos proprietários, e que crer que o ônus colocado sobre ele pela maioria supera os benefícios que ele pode extrair de sua propriedade (parcial) da rua, sempre poderá a qualquer momento sair do arranjo. Ele pode vender sua quota (participação acionária) de propriedade da rua para outra pessoa, abrindo assim a possibilidade para que haja uma concentração de títulos de propriedade em apenas uma mão, porém mantendo seu direito de passagem original.
Contrastando com esse arranjo, um tipo bastante diferente de propriedade de rua é criado quando a opção de saída não existe — ou seja, quando um indivíduo não tem a permissão de vender sua quota de propriedade da rua ou quando ele é destituído de seu antigo direito de passagem.
Tal situação, entretanto, é justamente a que define e caracteriza o segundo tipo de propriedade, a propriedade "pública". A rua pública — no moderno sentido da palavra "pública" — não é um bem sem dono, como era antes. Existe de fato um proprietário da rua — seja ele um indivíduo, um rei ou um governo democraticamente eleito — que possui poder de decisão exclusivo para criar regras de tráfego e para determinar o desenvolvimento futuro da rua.
Mas o governo da rua não permite que seus eleitores — ou seja, os indivíduos —, os quais supostamente são os co-proprietários da rua, com direitos de propriedade iguais, vendam sua quota de propriedade (tornando-os assim proprietários compulsórios de algo do qual eles podem preferir se desfazer). O governo não permite que os residentes do vilarejo tenham acesso irrestrito à rua que até então era gratuita; ao contrário, ele condiciona o uso dela ao pagamento de alguma taxa ou contribuição (transformando assim os residentes do vilarejo em proprietários compulsórios da rua caso queiram continuar utilizando-a como antes).
Os resultados desse arranjo são previsíveis. Ao negar a opção de "saída", o proprietário da rua "pública" adquiriu um domínio, um controle total sobre a população do vilarejo. Consequentemente, as taxas e outras condições impostas sobre os residentes do vilarejo para que estes possam continuar utilizando a rua outrora "gratuita" tenderão a se tornar cada vez mais opressivas.
Os conflitos não serão evitados; muito pelo contrário, eles serão institucionalizados. Dado que não existe a opção de sair desse arranjo — isto é, dado que os usuários das ruas públicas devem agora pagar por aquilo que antes utilizavam gratuitamente, e dado que nenhum residente pode vender e se livrar de sua suposta quota de propriedade da rua, tendo de permanecer continuamente vinculado às decisões tomadas pelo governo da rua —, os conflitos relacionados à utilização, manutenção e desenvolvimento da rua tornar-se-ão permanentes e generalizados.
Pior ainda, com o advento das ruas "públicas", conflitos são introduzidos também em áreas onde até então ele não existia. Os proprietários das casas, jardins e campos ao longo da rua terão agora de pagar contribuições para o dono da rua para que possam continuar fazendo o que vinham fazendo até então. Ou seja, se eles agora têm de pagar impostos para o dono da rua, então, por uma questão de lógica, o dono da rua com isso adquiriu o controle de suas propriedades. Um proprietário agora deixou de ter o controle exclusivo sobre o uso de sua própria casa.
Mais especificamente, o dono da rua pode interferir nas decisões que o proprietário de uma casa toma a respeito de sua própria casa. Ele pode dizer ao proprietário da casa o que este pode ou não fazer com sua casa caso ele queira sair dela ou entrar nela. Isto é, o dono da rua pública está em uma posição em que ele pode limitar, e em última instância até mesmo eliminar — isto é, expropriar — toda a propriedade privada e todos os direitos de propriedade, fazendo assim com que os conflitos sejam inevitáveis e generalizados.
3. A lógica da privatização
Já deve estar claro por que a instituição da propriedade pública é anômala e disfuncional. As instituições e as normas que lhes sustentam devem supostamente ajudar a evitar conflitos. Porém, a instituição da propriedade "pública" — de ruas "públicas" — cria e intensifica conflitos. Portanto, com o propósito de evitar conflitos — ou seja, com o propósito de estimular a pacífica cooperação humana —, todas as propriedades públicas devem ser abolidas. Todas as propriedades públicas devem se tornar propriedade privada.
Mas como privatizar no "mundo real", o qual se expandiu para muito além do simples modelo de vilarejo considerado até agora? Nesse "mundo real" temos não apenas ruas públicas, mas também parques, rios, lagos, terras, praias, edifícios, escolas, universidades, hospitais, casernas, aeroportos, portos, livrarias, museus, monumentos e muito mais.
Adicionalmente, acima dos governos municipais, há uma hierarquia de governos centrais — sejam eles províncias "superiores" ou, em última instância, governos nacionais "supremos" — que são os proprietários de tais bens. Ademais, como esperado, paralelamente à extensão e à expansão do território pertencente ao estado, o qual tornou-se o proprietário dos bens públicos, e dentro do qual os donos de propriedade tornaram-se meros reféns, sem a opção de saída, a variedade de escolhas que sobrou para as pessoas fazerem a respeito de como utilizarem sua propriedade privada tem sido crescentemente limitada e até mesmo reduzida. Restou um âmbito pequeno e cada vez menor dentro do qual os indivíduos proprietários ainda podem tomar decisões livremente — isto é, livres de uma possível intrusão ou da interferência de alguma autoridade pública.
Nem mesmo dentro das quatro paredes da própria casa o indivíduo pode mais ser livre e exercitar o exclusivo controle sobre sua própria propriedade. Hoje, em nome do bem público e na autointitulada condição de dono de todos os "bens públicos", os governos podem invadir sua casa, confiscar parte ou a totalidade de seus pertences, e até mesmo seqüestrar seus filhos.
Obviamente, no "mundo real", a questão de como privatizar é mais difícil do que no simples modelo do vilarejo. Porém, o modelo do vilarejo, em conjunto com uma teoria social elementar, pode nos ajudar a reconhecer qual o princípio (se não todos os detalhes complicados) que existe e que deve ser aplicado nessa tarefa. A privatização de bens "públicos" deve ocorrer de uma maneira que não infrinja os direitos pré-estabelecidos dos donos de propriedade privada (da mesma maneira que o primeiro apropriador de uma rua comum até então sem dono não infringiu os direitos de terceiros caso tenha reconhecido e respeitado o irrestrito direito de passagem de cada residente).
Como as ruas "públicas" foram a base da qual surgiram todos os outros "bens públicos", o processo de privatização deve começar com as ruas. Foi com a transformação das até então ruas comuns em ruas "públicas", que a expansão da esfera dos bens públicos e dos poderes do estado começou; e é nelas, portanto, que deve começar a solução.
A privatização das ruas "públicas" gera um resultado duplo. De um lado, nenhum residente será, dali em diante, forçado a pagar qualquer imposto para a manutenção ou criação de qualquer outra rua, local, provincial ou federal. O financiamento futuro de todas as ruas será responsabilidade exclusivamente de seus novos proprietários (quem quer que eles sejam). Por outro lado, no que diz respeito aos direitos de passagem de um residente, a privatização não deve deixar ninguém em situação pior do que estava originalmente (ao passo em que também não pode deixar ninguém em situação melhor).
Originalmente, todos os residentes do vilarejo podiam andar livremente pela rua local que passava por sua propriedade, e podiam se locomover de maneira igualmente livre desde sua casa, contanto que as coisas ao seu redor fossem sem dono. Entretanto, se, durante suas excursões, um indivíduo se deparasse com algo que visivelmente fosse propriedade de alguém — seja uma casa, um campo ou uma rua —, sua entrada estaria condicionada à permissão ou ao convite do proprietário. Da mesma forma, se um estrangeiro não residente chegasse a uma rua local, sua entrada nesta rua estaria sujeita à permissão do seu proprietário (doméstico). O estrangeiro teria de ser convidado por algum residente para sua propriedade. Ou seja, as pessoas podiam se deslocar, mas ninguém possuía um totalmente irrestrito direito de passagem. Ninguém era livre para se deslocar para qualquer lugar sem jamais pedir a permissão de alguém ou sem ser convidado. A privatização de ruas não pode alterar esse fato e remover tais restrições, naturais e originais, à "liberdade de ir e vir".
Aplicando-se ao mundo das ruas locais, provinciais e federais, isso significa que, como resultado da privatização de ruas, cada residente deve ter a permissão de se deslocar livremente em cada rua ou estrada local, provincial ou federal, como antes. Entretanto, a entrada nas ruas de diferentes estados ou províncias, e especialmente de diferentes localidades, não é igualmente livre, mas dependente da permissão ou convite dos proprietários de tais ruas. As ruas locais sempre — praxeologicamente — precedem quaisquer ruas interlocais (ruas que fazem a ligação de um local a outro), o que significa que a entrada em diferentes localidades nunca foi livre, mas sim, sempre e em qualquer lugar, dependente da permissão ou do convite dos residentes locais. Esse fato original é restabelecido e reforçado com as ruas privatizadas.
Atualmente, nas ruas "públicas", onde todo mundo essencialmente tem a permissão de ir para todo e qualquer lugar, sem absolutamente qualquer tipo de restrição "discriminatória" de acesso, o conflito na forma de "integração forçada" — isto é, de ter de aceitar estranhos não convidados em seu meio e em sua propriedade — tornou-se onipresente.
Em distinto contraste, estando cada rua — particularmente cada rua local — privatizada, as vizinhanças e comunidades readquirem seus direitos originais de exclusão, o qual é um elemento definidor da propriedade privada (assim como o é o direito de inclusão, isto é, o direito de convidar alguém para a sua propriedade). Ao passo que os proprietários das ruas da vizinhança e da comunidade não estão infringindo o direito de passagem ou o direito de convidar de qualquer residente, eles podem estabelecer os requisitos de entrada para estrangeiros não convidados às suas ruas, impedido assim o fenômeno da integração forçada.
Entretanto, quem são os proprietários das ruas? Quem pode reivindicar e validar sua reivindicação de que ele é o dono das ruas locais, provinciais ou federais? Afinal, essas ruas não são o resultado de algum tipo de esforço comunitário, tampouco são o resultado do trabalho de alguma pessoa ou de algum grupo de pessoas claramente identificável.
É verdade, em termos literais, que foram operários que construíram as ruas. Porém, isso não faz deles os donos das ruas porque eles foram pagos para fazer seu trabalho. E sem financiamento, não haveria rua. Entretanto, os fundos pagos a esses operários são o resultado do pagamento de impostos feito por vários cidadãos. Consequentemente, as ruas devem ser consideradas como propriedade desses pagadores de impostos. Os antigos pagadores de impostos, de acordo com a quantidade de impostos local, estadual e federal que pagaram, deverão ser recompensados com títulos de propriedade sobre as ruas locais, estaduais e federais, títulos esses totalmente comercializáveis. Eles podem manter esses títulos como um investimento, ou podem se desfazer deles, vendendo-os, ao mesmo tempo em que seguem mantendo seu irrestrito direito de passagem.
A mesma lógica deve ser aplicada à privatização de todos os outros bens públicos, como escolas, hospitais etc. Como resultado, todos os impostos que são atualmente pagos para a manutenção e operação de tais bens devem ser abolidos. O financiamento e o desenvolvimento de escolas, hospitais etc. será, doravante, responsabilidade exclusiva de seus novos proprietários privados. Da mesma forma, os novos proprietários desses bens outrora "públicos" serão aqueles residentes que realmente os financiaram. Eles, de acordo com a quantidade de impostos que pagaram, deverão ser recompensados com títulos de propriedade, plenamente comercializáveis, sobre as escolas, hospitais etc.
Diferentemente do que ocorre com as ruas, entretanto, os novos proprietários de escolas e hospitais não terão nenhuma obrigação de fornecer direitos de passagem (ou qualquer tipo de servidão) no uso futuro de sua propriedade. Escolas e hospitais, diferentemente das ruas, não eram bens comunsantes de se transformarem em bens "públicos". Escolas e hospitais simplesmente não existiam anteriormente como bens — isto é, até elas terem sido de fato produzidas; logo, ninguém (exceto os produtores) pode ter adquirido previamente algum direito de passagem relacionado ao seu uso.
Consequentemente, os novos proprietários privados de escolas, hospitais etc. terão plena liberdade para determinar os requisitos de entrada em suas propriedades e determinar se querem que essas propriedades continuem operando como escolas e hospitais ou se preferem utilizá-las para outros propósitos.
Adendo
Privatização: princípio e aplicações
A única solução efetiva para o problema do conflito — isto é, a única regra ou norma que pode assegurar que não haja conflitos desde o início da humanidade em diante, e que produza "paz eterna" — é a instituição da propriedade privada, baseada supremamente em atos de apropriação original de recursos previamente sem donos ou "comuns". Em contraste, a instituição da propriedade pública já começa com conflito, isto é, com um ato de expropriação original de alguma propriedade até então privada (ao invés da apropriação de bens previamente sem dono); e a propriedade pública não acaba com conflitos ou expropriações, mas, sim, os institucionaliza e os torna permanentes.
Donde surge o imperativo da privatização — e por conseguinte o princípio da restituição, isto é, a noção de que a propriedade pública seja retornada como propriedade privada para aqueles de quem ela foi forçadamente confiscada. Ou seja, bens públicos devem se tornar a propriedade privada daquelas que financiaram esses bens e que podem estabelecer uma reivindicação objetiva — averiguável intersubjetivamente — com esse objetivo.
Aplicar esse princípio para o mundo atual é normalmente complicado e requer um considerável esforço jurídico. Irei aqui apenas considerar três casos realistas de privatização com o intuito de abordar algumas questões e decisões centrais.
O primeiro caso, cujo exemplo prático que mais se aproxima dele é o da antiga União Soviética, é o de uma sociedade em que absolutamente toda propriedade é propriedade pública, administrada pelo estado. Cada indivíduo é empregado do estado e trabalha em burocracias, empresas, fábricas e lojas estatais; e todas as pessoas se locomovem e moram em terrenos públicos e em imóveis estatais. Não há propriedade privada, exceto para bens de consumo imediato, e para objetos pessoais como roupas íntimas, escova de dente etc. Ademais, todos os arquivos com o passado das pessoas sumiram ou foram destruídos, de modo que ninguém, com base nesses arquivos, pode comprovar alguma reivindicação sobre qualquer parte identificável de alguma propriedade pública.
Nesse caso, o princípio de que cada reivindicação sobre propriedade pública deve ser baseada em "dados" objetivos e intersubjetivamente averiguáveis faria com que os títulos de propriedade (comercializáveis) fossem distribuídos de acordo com a ocupação atual ou passada dos indivíduos: os escritórios vão para os burocratas que os ocupam; as fábricas, para os operários; os campos, para os agricultores; e os imóveis, para seus residentes. Trabalhadores aposentados recebem títulos de propriedade sobre seus antigos locais de trabalho de acordo com a duração de seus empregos. Como ocupantes presentes ou passados da propriedade em questão, apenas eles possuem um elo objetivo a essa propriedade. Foram eles que mantiveram a propriedade como ela é, ao passo que os outros estavam trabalhando em outros empregos públicos.
Todo o resto, isto é, toda a propriedade pública que não esteja presentemente ocupada e que não seja mantida por ninguém (por exemplo, qualquer espaço aberto) se torna propriedade "comum" e passa a ficar aberta para todos os membros da sociedade para ser privatizada por meio da apropriação original.
Essa solução, entretanto, ainda deixa de fora uma questão importante. Todos os documentos legais presumivelmente foram perdidos. Porém, as pessoas não perderam suas memórias. Elas ainda se lembram dos crimes passados. Elas foram vítimas e testemunhas de atos de homicídio, agressão, tortura e aprisionamento. O que fazer com aqueles que cometeram esses crimes, que os ordenaram ou praticaram, ou que cooperaram com sua execução?
Deveriam os torturadores da polícia secreta e a toda a nomenklatura comunista, por exemplo, ser incluída nesse esquema de privatização e se tornar proprietários privados das delegacias de polícia e dos palácios governamentais onde eles planejaram e ministraram seus crimes? A justiça requer, ao contrário, que cada delinquente criminal seja levado a julgamento pelas suas supostas vítimas e, caso seja sentenciado e condenado, não apenas seja excluído do processo de obtenção de absolutamente qualquer propriedade pública, mas também sofra a mais dura das punições.
O segundo caso difere desse primeiro apenas em um aspecto: o passado legal não foi apagado. Documentos e arquivos ainda existem para comprovar as expropriações passadas e, baseando-se em tais documentos, pessoas específicas podem reivindicar objetivamente pedaços específicos de propriedade pública. Essencialmente, essa foi a situação dos antigos estados vassalos da União Soviética, como Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, polônia etc., onde a tomada de poder comunista havia ocorrido somente uns 40 anos antes — ou seja, apenas uma geração antes (a não há mais de 70 anos, como ocorreu na União Soviética).
Nesse caso, os proprietários originais que foram expropriados, ou os seus herdeiros legais, devem ser imediatamente reconhecidos como os genuínos proprietários da propriedade pública em questão. Porém, o que fazer quanto aos aprimoramentos de capital que ocorreram? Mais especificamente, o que fazer quanto às novas estruturas (casas e fábricas) — as quais deveriam se tornar, como discutido acima, propriedade de seus ocupantes presentes e passados — que foram construídas em um terreno devolvido ao proprietário original desse terreno? Quantos títulos de propriedade o dono do terreno deverá receber e quantos títulos deverão receber os donos da estrutura construída? Estrutura e terreno não podem ser fisicamente separados. Em termos de teoria econômica, eles são fatores de produção complementares e absolutamente específicos, cuja contribuição relativa ao valor conjunto de toda a área não pode ser separado. Nesse caso, a única alternativa possível para ambos os lados da contenda é negociar.
O terceiro caso é aquele que ocorre nas atuais economias mistas — isto é, nas sociais-democracias. Nestas sociedades, um setor público existe lado a lado com um setor nominalmente privado. Existem bens públicos e funcionários públicos trabalhando junto às propriedades nominalmente privadas e aos proprietários e empregados de empresas privadas. Tipicamente, os funcionários públicos que administram propriedade pública não produzem bens ou serviços que sejam vendidos no mercado. (Para o caso atípico de empresas estatais que produzem valor, veja abaixo).
Sua receita de vendas e sua renda de mercado são zero. Seus salários e todos os outros custos presentes na operação de bens públicos são, na realidade, pagos por terceiros. Esses terceiros são os proprietários e os empregados das empresas privadas. Empresas privadas e seus empregados, contrariamente aos seus equivalentes do setor público, produzem bens e serviços que são vendidos no mercado e, com isso, geram renda. Dessa renda, as empresas privadas não apenas pagam os salários de seus próprios empregados e custeiam a manutenção de sua própria propriedade, como também pagam — por meio de impostos sobre a renda e sobre a propriedade — os salários (líquidos) de todos os funcionários públicos, bem como os custos de operação de todas as propriedades públicas.
Nesse caso, o princípio de que a propriedade pública deve ser devolvida como propriedade privada para aqueles que realmente a financiaram significa que os títulos de propriedade devem ser transferidos exclusivamente para produtores, donos e empregados privados de acordo com o volume de impostos sobre a renda e sobre a propriedade que eles pagaram no passado. Todos os funcionários públicos devem ser excluídos desse processo. Todas as instalações, escritórios e palácios governamentais, por exemplo, teriam de ser liberados por seus atuais ocupantes. Os salários do setor público só podiam ser pagos por meio dos impostos que confiscavam a renda dos proprietários das empresas privadas e de seus empregados. Mais ainda: o setor público só existe por causa desse confisco. Logo, ao passo que os funcionários públicos podem manter a propriedade privada que adquiriram, eles não têm direito algum de reivindicar a propriedade pública que utilizaram e administraram.
(Tal arranjo seria diferente apenas para o caso atípico de uma empresa pública, como uma estatal fabricante de carros, que produzisse bens e serviços vendidos no mercado, e que com isso ganhasse uma renda de mercado. Nesse caso, os funcionários públicos poderiam fazer um reivindicação legítima de propriedade, dependendo das circunstâncias. Eles poderiam reivindicar a propriedade completa da fábrica somente caso não exista um proprietário anterior do terreno que tenha sido expropriado e também caso a fábrica jamais tenha recebido subsídios oriundos de impostos. Caso exista um proprietário anterior que tenha sido expropriado, então os empregados dessa fábrica estatal podem no máximo reivindicar propriedade parcial sobre ela, e devem, para isso, barganhar com o proprietário sua fatia relativa nos títulos de propriedade. Caso a fábrica tenha recebido subsídios oriundos de impostos, os trabalhadores da fábrica terão de dividir adicionalmente sua fatia nos títulos de propriedade — de acordo com a quantidade de subsídios recebidos — com os empregados do setor privado, os quais pagaram os impostos de onde vieram os subsídios.)
Simultaneamente, com a privatização de todas as propriedades públicas, todas as propriedades nominalmente privadas deverão ser tratadas como propriedade privada genuína. Isto é, todas as propriedades nominalmente privadas deverão ser liberadas de todos os impostos sobre propriedade ou sobre a renda, bem como de todas as legislações que restringem seu uso (ao passo que todos os acordos previamente concluídos acerca do uso de propriedade entre agentes privados permanecem em vigor).
Sem impostos, portanto, não há gastos governamentais, e sem gastos governamentais todos os funcionários públicos ficarão sem salários e, consequentemente, terão de procurar empregos produtivos com os quais ganhar dinheiro. Do mesmo modo, todos aqueles que recebem auxílios e subsídios do governo, bem como aqueles empresários que recebem ordens de compra do governo, verão sua renda ser reduzida ou desaparecer por completo, tendo assim de procurar alternativas de vida.
Essa solução ainda não resolve uma questão importante. Uma vez que todos os pagadores de impostos (em termos líquidos) já receberam seu número apropriado de títulos sobre as propriedades públicas, como eles irão de fato se apossar dessas propriedades e exercer seus direitos como proprietários privados dessas propriedades? Mesmo que exista um inventário de todas as propriedades públicas, a maioria das pessoas não possui a mínima ideia de tudo aquilo de que elas agora são (parcialmente) donas. A maioria tem uma ideia razoável das propriedades públicas locais, mas a respeito das propriedades públicas situadas em outros locais distantes elas não sabem praticamente nada, exceto talvez sobre alguns poucos "monumentos nacionais".
É praticamente impossível fazer uma avaliação realista do preço "correto" de todas as propriedades públicas e, logo, do preço "correto" de uma ação individual dessas propriedades. Consequentemente, os preços exigidos e pagos por tais ações seriam totalmente indeterminados e amplamente flutuantes e divergentes, ao menos inicialmente. Avaliá-los seria extremamente difícil e bastante demorado até que algum investidor ou grupo de investidores comprasse a maioria de todas as ações a fim de começar a operar ou a vender partes de sua propriedade para ganhar algum retorno sobre seu investimento.
Essa dificuldade, entretanto, pode ser superada ao invocarmos novamente a ideia da apropriação original. Os títulos nas mãos nos pagadores líquidos de impostos não são apenas tickets comercializáveis; ainda mais importante, eles autorizam seus proprietários a retomar a posse de propriedades previamente públicas e que agora estão desocupadas. A propriedade pública está aberta à apropriação original, e os tickets representam títulos sobre propriedades públicas desocupadas e momentaneamente sem dono. Qualquer pessoa, portanto, pode pegar seus títulos sobre pedaços específicos de propriedade pública e registrar-se como seu proprietário.
Dado que o primeiro indivíduo a se registrar dono de um pedaço específico de propriedade seria seu proprietário original, é certo que todos os pedaços de propriedade pública passariam quase que imediatamente a ter proprietários definidos. Mais especificamente, a maioria das propriedades públicas tornar-se-ia, ao menos inicialmente, propriedade privada dos residentes locais, isto é, de pessoas que morassem próximas a um dado pedaço de propriedade pública e que estivessem mais bem informadas sobre seu potencial valor de produtividade.
Ademais, dado que o valor da ação de cada propriedade decresce à medida que mais portadores de tickets se registram como donos de uma fatia dessa mesma propriedade pública, qualquer registro em excesso ou em quantidade insuficiente para determinadas propriedades seria evitado ou rapidamente corrigido. Consequentemente, cada pedaço de propriedade seria rapidamente avaliado realisticamente de acordo com o valor da sua produtividade.
 


Cafetão Chinês

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A República Anarquista de Cospaia

Escrito por Diversos Autores

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A próxima vez que um de seus amigos falar “diga um lugar onde o Anarcocapitalismo foi tentado” você pode responder orgulhosamente “A República de Cospaia”. Por aproximadamente quatrocentos anos, essa pequena república prosperou na Itália central sem governo, sem líderes, sem exército, sem burocracia e sem impostos!
O sucesso de Cospaia é uma história improvável de como consideravelmente pouco é necessário para a prosperidade. Apesar de ser chamada de “República”, é apenas no sentido de que um grupo de idosos sem poder de fazer cumprir suas decisões ocasionalmente se reunia na igreja. Esse território cercado por terra tinha área de apenas 330 hectares (815 acres), por volta do tamanho de uma grande fazenda. A população variou ao longo dos séculos mas costumava ser por volta de 300 pessoas, com menos de 100 domicílios. No inicio a população era analfabeta, com exceção do padre da paróquia. A república nunca foi invadida ou colocada sob controle estrangeiro, exceto por um curto período durante as Guerras Napoleônicas (um conflito que eles sobreviveram). Apesar de ser cercada por terra, com uma população predominantemente analfabeta, fora das grandes rotas comerciais, Cospaia prosperou e se tornou motivo de inveja de seus vizinhos, pois por aproximadamente 400 anos eles evitaram a mão opressora do estado.
A história de Cospaia começa em 1440. Durante esse período a Península Itálica era composta de vários pequenos reinos. Um desses reinos era conhecido como Estados Papais e era liderado pelo Papa em Roma. Seu vizinho ao norte era a República de Florença, liderada pela Família Medici. Em 1431 Eugênio IV foi eleito Papa e tomou um empréstimo de 25000 florins de ouro de Cosimo di Giovanni de’ Medici, grande banqueiro à época e intermediário financeiro da República de Florença. Essa não era uma época de bancos centrais e moedas fiduciárias, e mesmo os governo tinham que dar garantias se eles quisessem um empréstimo. Então, o Papa colocou a cidade de Borgo Sansepolcro e vizinhanças no Alto Vale do Tibério como garantia do empréstimo. Imagine o presidente Obama colocando a Califórnia como garantia aos chineses pra pagar pelo Obama Care.
Após 10 anos os Estados Papais pagaram o empréstimo e fiscais tanto de Florença quanto dos Estados Papais concordaram que uma das novas fronteiras entre os estado seria um rio no alto Tibério. Mas os fiscais cometeram um erro. Havia mais de um rio na região. Um alto tributário se dividia em dois bem onde a vila de Cospaia estava localizada.
Ainda que os habitantes de Cospaia fossem analfabetos, eles imediatamente perceberam que tiveram muita sorte. Visto que eles se encontravam fora da jurisdição dos Estados Papais e da República de Florença. O povo de Cospaia rapidamente se declarou uma república independente. Os lideres dos Estados Papais e da República de Florença viram o valor de ter um “estado neutro” entre seus territórios e nenhum deles tentou incorporar Cospaia aos seus estados. E aí começa 385 anos de extasiante anarquia.
No início a economia de Cospaia era baseada no escambo. Apesar da falta de uma moeda ou educação a população de Cospaia se saia melhor do que as vilas vizinhas sob a lei de um estado. Por ser uma República Anarquista, eles não tinham que pagar impostos, não havia leis arbitrárias impostas por líderes para favorecer os bem conectados. Os homens de Cospaia não eram recrutados para lutar em guerras de Roma ou Florença, e como eles não tinham líderes para representa-los, eles não tinham ninguém para formar involventes alianças que podiam falhar e colocá-los em guerra. Os habitantes de Cospaia eram livres pra firmar trocas e criar suas famílias da forma que lhes era conveniente. O fato de não terem líderes permitiu que pudessem buscar a forma mais lucrativa de dispor de seu tempo e energia.
Em 1574 o povo de Cospaia descobriu um uso extremamente lucrativo do seu tempo e talento. Foi introduzida uma cultura do novo mundo que influencia a região até os dias de hoje. Essa cultura é o tabaco. Tabaco tem sido extremamente popular ao longo da história, em todo lugar que tem sido introduzido, e a Itália Renascentista não foi exceção. Cospaia logo se tornou famosa pelo seu tabaco de alta qualidade. Adicionadas à demanda por essa cultura estavam as restrições impostas pelos estados da Península Itálica ao cultivo e uso do tabaco. Muita gente acha que a proibição do uso do tabaco é uma invenção do século XX, entretanto a polícia moralista estava viva e bem também no século XVII. Em 1624 o Papa Urbano VIII aprovou um decreto papal tornando o uso do tabaco em qualquer lugar sacro punível de excomunhão. A proibição durou até 1724 quando foi abolida pelo Papa Benedito VIII. Certamente que as regulações contra o tabaco apenas ajudaram a economia de Cospaia, a diminuição na oferta e a ausência de quaisquer regulações e tarifas tornaram Cospaia um centro do comércio de tabaco. Logo galpões foram construídos para aproveitar tal comércio lucrativo. Muitos dos galpões eram gerenciados por judeus de Genoa, Livorno, Civitavecchia, Napoles e Ancona. Judeus na Itália eram uma minoria perseguida e observada de perto pelos estados da redondeza. Em vários períodos eles foram proibidos de ter propriedades e restritos de fazer comércio com cristãos. Assim, a economia laissez-faire de Cospaia permitiu que essa minoria perseguida sobrevivesse e prosperasse apesar da agressão dos estados vizinhos.
Ao longo de sua história Cospaia não teve líderes, não teve judiciário e não teve leis escritas além da frase “Perpetua at Firma Libertas”, que foi inscrita no alto de sua igreja em 1610. Em tradução livre, “Eterna e Firme Liberdade”.
Conflitos eram resolvidos pelos chefes das famílias ou pelo padre local. Os árbitros eram escolhidos pela sua integridade e não por suas conexões políticas. Não há indicação de que Cospaia era um lugar violento. Se fosse, seus habitantes teriam ido para os Estados Papais ou República de Florença. Ao invés disso, o total oposto aconteceu. Pessoas se amontoavam em Cospaia por que o lugar proporcionava oportunidades não disponíveis nos estados vizinhos.
Cospaia é descrita como “sem lei” e habitada por “contrabandistas” e certamente essas acusações são verdadeiras. Cospaia não tinha lei exceto Perpetua et Firma Libertas. Uma vez que praticamente tudo que entrava os Estados Papais ou a República de Florença era taxado, tudo que deixava Cospaia era “contrabandeado”. Por volta do século XVIII Cospaia tinha ido de uma pequena vila inofensiva a um grande centro de mercadorias não taxadas. Cospaia não apenas era a capital italiana do tabaco, mas como tecidos, mantimentos e outras mercadorias circulavam por Cospaia sem impostos. Os líderes dos estados vizinhos estavam naturalmente muito zangados como fato de alguém ganhar dinheiro e eles não ficarem com uma parte. Eles começaram a chamar Cospaia de “toca de contrabandistas fora da lei”. Há relatos de que Papa e o Grão Duque da Toscana se corresponderam a respeito de como resolver o problema do “contrabando”. Durante a maior parte da história de Cospaia eles evitaram a ira dos seus vizinhos maiores por que eles eram um pequeno grupo e os líderes dos estados ao redor tendiam a ter problemas maiores do que uma perda mínima de receita que eles sofriam devido ao livre mercado de Cospaia.
Em 1826 o estado finalmente ficou cansado do completo sucesso de Cospaia e o Papa e o Grão Duque da Toscana levaram a pequena República à inanição e forçaram os 14 chefes de família restantes assinar “o ato de subjugação” acabando com 385 anos de liberdade e anarquia. Como compensação, cada região for permitida plantar meio milhão de pés de tabaco (seu cultivo era proibido em outros lugares) e aos residentes foi dada uma moeda de prata com a imagem do Papa. A moeda veio a ser chamada de “papetto” combinando as palavras italianas para Papa e pequeno, indicando o quão pouco eles tinham recebido em troca de sua liberdade. Ainda hoje as pessoas de Cospaia mantêm um festival anual onde celebram as liberdades que um dia gozaram. Se você estiver na Itália, dê uma olhada no Banquete de Cospaia.
É tentador nos perguntarmos o que teria acontecido caso Cospaia tivesse se mantido livre até hoje. Poderiam eles ter sobrevivido na era moderna como San Marino e Lichtenstein? Por mais que essas perguntas sejam tentadoras, eu acho que Cospaia ainda tem uma lição muito importante para nos ensinar. Apesar de tudo, eles eram uma República Anarquista que sobreviveu e prosperou por 385 anos. Isso são 385 anos sem impostos, guerras, lideres e regulações. Eu desafio qualquer um a falar um país com um melhor histórico.




Leis e justiça numa sociedade libertária
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=605

Nota do IMB: o artigo a seguir faz parte do concurso de artigos promovidos pelo Instituto Mises Brasil (leia mais aqui). As opiniões contidas nele não necessariamente representam as visões do Instituto e são de inteira responsabilidade de seu autor.


Muito freqüentemente vemos pessoas que aceitam os princípios liberais/libertários, reconhecendo neles uma elevada superioridade ética e econômica, não conseguirem conceber como leis e o serviço de justiça poderiam existir sem violar tais princípios. Estamos tão acostumados a leis impostas por um monopólio coercivo, que torna-se realmente difícil imaginar como elas poderiam existir, e principalmente, serem respeitadas, numa sociedade livre de coerção institucional.
Esse texto tem como propósito demonstrar que leis e justiça não só podem existir, como já existiram sem que alguma coerção precisasse ser iniciada para impô-las. Começarei citando exemplos históricos de sociedades que tinham leis e justiça não coercivas, explicando resumidamente como funcionavam, e em seguida detalharei como esse sistema não só poderia ser aplicado nas sociedades modernas, como também seria mais eficiente na elaboração de leis do que o monopólio estatal que temos hoje.

Irlanda e Islândia medievais

Tanto Islândia quanto Irlanda passaram séculos sob um sistema de Common Law onde as leis e julgamentos não eram impostos coercitivamente, mas ainda assim, eram majoritariamente respeitados. Descreverei rapidamente cada um dos casos. Para maiores informações, favor seguir os links no final do texto.
A Islândia começou a ser ocupada no final do século IX. Algumas décadas mais tarde, já no começo do século X, seus habitantes criaram o Althing, algo que pode ser comparado a um parlamento, composto por um número limitado de indivíduos chamados chieftans. Esse "parlamento" não tinha orçamento ou empregados.
Normalmente se reuniam apenas duas semanas por ano. Seus membros não só escreviam as leis, como também atuavam como advogados e representantes de seus clientes. É isso mesmo, os chieftans tinham clientes, não eleitores. Um cliente insatisfeito poderia mudar de chieftan, assim como hoje podemos trocar de advogado. Um chieftan sem clientes perderia não só sua remuneração, mas também sua influência. Outro detalhe interessante é que o posto de chieftan em si poderia ser vendido a qualquer momento. Embora tal posição naturalmente atraísse os mais ricos membros da sociedade, o poder de um chieftan era controlado pelo risco de perder todos os seus clientes para um outro chieftan.
No caso de disputa entre indivíduos, o acusador intimava o réu a um julgamento, para o qual cada uma das partes deveria escolher 18 juízes. Nesse primeiro momento, ao menos 30 juízes deveriam votar em uníssono. Se mais do que 6 juízes votassem em desacordo à maioria, o caso iria para um julgamento mais complexo, no qual os chieftans representantes de cada parte escolhiam os juízes.
Importante observar que ambas as partes concordavam formalmente em acatar o resultado final do julgamento. Havia portanto um contrato, que legitimaria, do ponto de vista da ética libertária, um eventual uso de força para garantir o cumprimento da decisão.
E o que aconteceria se o acusado não aceitasse ir a julgamento? No lugar de se utilizar de coerção para obrigar o acusado a responder judicialmente, o acusador tinha como opção requisitar aos chieftansque elegessem um corpo de juízes que poderia decidir por rotular o acusado como "fora-da-lei". A consequência imediata de ser tachado de fora-da-lei era a perda completa da proteção legal. Se o indivíduo não quer colaborar com o sistema legal, esse mesmo sistema não é obrigado a protegê-lo de nenhuma agressão que ele venha a sofrer. Além disso, esse indivíduo teria sérias dificuldades em manter relações sociais - a ninguém agrada a idéia de interagir com pessoas que não aceitam responder judicialmente por seus atos. O poder persuasivo dessa ameaça de ostracismo era enorme, prova disso é o fato da Islândia ter passado quase três séculos sob esse regime.
O exemplo irlandês é ainda mais interessante, até porque durou muito mais. Por praticamente um milênio a sociedade irlandesa viveu livre de um sistema monopolizado de leis e justiça.
A Irlanda medieval era organizada em túatha (plural de túath), organizações de origem principalmente religiosa que tinham alguns aspectos semelhantes aos de um clube: um indivíduo poderia sair de uma túath e partir para outra com relativa facilidade. As próprias túatha podiam se fundir ou se fragmentar em diferentes túatha. Essas túatha eram regidas por reis. Esses "reis", entretanto, não tinham o poder de taxar seus súditos à vontade, tampouco podiam elaborar leis. Eles serviam como líderes espirituais e militares, em caso de guerra. A elaboração das leis se dava principalmente pelas decisões de juristas profissionais, chamados brehons. As leis eram baseadas principalmente em tradições e costumes, assim como na religião.
Disputas judiciais eram resolvidas de maneira semelhante às da Islândia. Acusador e acusado entravam em acordo sobre quem seria o juiz de sua disputa. Se o acusado não aceitasse ser julgado ou não aceitasse as proposições de juízes do acusador, ele corria o risco de ser rotulado como um fora-da-lei. O sistema de ostracismo irlandês era um complexo esquema baseado em contratos chamados sureties, os quais não pretendo detalhar. Apenas confirmo que eram contratos voluntários que traziam reputação ao indivíduo quando respeitados, e poderiam levar ao ostracismo e expulsão da túath em caso de desrespeito.
Esse sistema irlandês durou até a invasão inglesa. Em outras palavras, durou até que foi violentamente substituído por um Estado estrangeiro.
O que provavelmente permitiu ao sistema irlandês durar muito mais do que o islandês foi a sua maior flexibilidade. Qualquer indivíduo poderia ser um brehon, e o número de túatha também era variável. No sistema islandês, o número de chieftans era limitado, o que garantia um certo oligopólio a esses chieftans.
Ambos os sistemas tinham importantes detalhes em comum. Primeiramente, não existiam crimes sem vítimas. Todo julgamento era resultado de uma disputa entre indivíduos. Não existiam prisões, toda punição se baseava em ressarcimento e indenização. As leis eram derivadas das tradições e costumes. E, sem dúvida, o elemento mais importante: o que garantia o respeito às leis não era uma ameaça de uso da força (coerção), e sim a ameaça de ser completamente ignorado pela sociedade e, principalmente, por todo o corpo jurídico que protegia os indivíduos de agressões de terceiros. Perceba que isso não é uma iniciação de coerção. Rotular e deixar de proteger alguém não viola de forma alguma a ética libertária.
Nota importante: nenhum desses dois países poderia ser considerado uma verdadeira sociedade libertária, ou sequer algo próximo. Embora o modelo de leis e justiça adotado por essas sociedades não fosse baseado num monopólio coercivo, não podemos esquecer que estamos falando de sociedades medievais. Atrocidades como escravidão e servidão eram comuns à época. Muitos indivíduos sequer tinham acesso aos sistemas jurídicos descritos acima. Resumindo, havia muitas injustiças nessas sociedades, assim como em qualquer sociedade medieval, mas ainda assim elas servem como exemplos históricos de que leis não dependem de coerção para serem aplicáveis.

Como isso poderia funcionar atualmente?

Uma sociedade capitalista depende fortemente de contratos. Numa sociedade libertária, onde leis não seriam impostas e a propriedade privada fosse respeitada, contratos seriam ainda mais frequentes e importantes. Esses contratos teriam um papel fundamental na organização da sociedade. Contratos de trabalho, de casamento, de prestação de serviços dos mais variados, e mesmo entre moradores e seus condomínios - entidades que seriam muito presentes em tal sociedade, já que constituem uma forma eficiente de se prover serviços de rede, tais como redes de transporte, água, esgoto, eletricidade etc. -, todos esses variados contratos por si sós já seriam uma forma de lei voluntária.
Para que um contrato formal tenha credibilidade, i.e., para que seja mais do que apenas um pedaço de papel ou bits num computador, é necessário que ao menos uma instituição jurídica reconheça esse contrato. Essa instituição - ou essas instituições - pode se responsabilizar pela resolução de eventuais disputas entre signatários de seus contratos, aplicando suas próprias leis. De um ponto de vista ético, tais instituições também poderiam se utilizar de coerção para fazer valer o contrato. Quem inicia a atitude criminosa é aquele que desrespeita um contrato estabelecido, e não aquele que garante tal respeito utilizando o mínimo de força necessário para tal.
Poderíamos ter instituições de justiça com o único propósito de estabelecer leis a seus signatários, sem necessariamente arbitrar acordos entre eles. Indivíduos ou instituições poderiam exigir daqueles desejosos de interagir com eles o respeito a uma série de normas e leis. Para tal, eles teriam que se submeter voluntariamente a alguma instituição aceita como uma defensora dessas leis em particular. Isso certamente variaria muito, indo desde exigências do cumprimento de leis altamente restritivas (religiosos radicais, por exemplo) até exigências mais cotidianas, como por exemplo um empregador que exige de seus empregados a submissão a certas leis mínimas as quais ele considera essenciais para o exercício do serviço que ele contrata. Na ausência de um monopólio legislativo, as pessoas exigiriam garantias para praticamente tudo o que viessem a fazer, muito mais do que fazem hoje.
Mas, e os crimes que não estivessem regidos por absolutamente nenhum contrato? Como seriam tratados, já que não podemos iniciar coerção contra ninguém?
Antes de qualquer coisa, é necessário ressaltar que tais eventos seriam muito raros. Não apenas porque a prática criminosa seria muito menos incentivada pelo contexto de livre mercado de tal sociedade, mas também porque seria muito difícil encontrar indivíduos adultos que nunca se submeteram voluntariamente a nenhuma legislação. Lembre-se, contratos seriam demandados o tempo todo, e pessoas não submissas a nenhum corpo jurídico não teriam muita credibilidade para assinar qualquer contrato de importância, como acontecia na Irlanda com as sureties. Um indivíduo não submisso a nenhum corpo de leis teria dificuldades para ter um emprego, para morar em qualquer condomínio, para ter uma conta bancária, para prestar qualquer serviço mais elaborado, enfim, teria que ser praticamente alguém auto-suficiente, isolado da sociedade. Se isso já era indesejável em tempos medievais, época em que a sociedade era bem menos intraligada, hoje seria uma tarefa extremamente ingrata.
Mas, pelo bem da argumentação, vamos imaginar o que aconteceria no advento de um crime cometido por alguém não submisso a nenhum conjunto legal. A vítima desse suposto criminoso poderia intimá-lo a julgamento. Na situação ideal, vítima e acusado entram em acordo sobre quem será o árbitro da disputa, e pronto, temos novamente um contrato em jogo. Mas, e se não houver acordo? Nesse caso, como acontecia nos exemplos medievais, o acusador teria a oportunidade de demandar a rotulação do criminoso como "fora-da-lei".
Os detalhes de como tal sistema de ostracismo funcionaria - como, por exemplo, quantas proposições diferentes de juízes o acusado poderia recusar até ser tachado como fora-da-lei, entre outros critérios mais específicos - não podem e não precisam ser previstos. Poderiam até existir múltiplos sistemas de ostracismo, com critérios diferentes. Alguém rotulado por um sistema muito estrito, do tipo que considera muito facilmente alguém como fora-da-lei, teria menos dificuldades para continuar vivendo em sociedade do que alguém rotulado por um sistema mais permissivo, que dá várias chances a um criminoso.
O que é importante notar é que, não só esse fora-da-lei teria dificuldades para se relacionar com outras pessoas, como perderia a proteção de todos os órgãos de justiça, uma vez que é do interesse dessas instituições que as pessoas aceitem ser julgadas. O indivíduo fora-da-lei estaria relegado à própria sorte, podendo ser vítima de justiceiros violentos sem contar com o apoio de nenhuma instituição de proteção. Novamente, se o poder persuasivo de tal ostracismo era forte em sociedades medievais, imagine hoje, com a altíssima divisão de trabalho e interdependência que temos, sem contar com todas as tecnologias que permitem facilmente identificar a presença ou não de rótulos associados a indivíduos (pense no sistema de proteção ao crédito). O ônus de ser tachado como fora-da-lei seria na esmagadora maioria dos casos pior do que qualquer condenação que ele pudesse vir a sofrer.

Por que defender tal sistema?

Caso a ausência de coerção institucional não seja por si só um apelo suficiente para convencer o leitor, há nesse esquema uma outra vantagem enorme em relação a um monopólio legislativo.
As leis em tal sistema não mais seriam a manifestação dos devaneios de um conjunto de burocratas munidos de poder autoritário. Elas seriam o fruto da evolução natural, via processo de mercado, das tradições, costumes e regras de conduta já existentes na sociedade. Leis não seriam mais inventadas, e sim "descobertas". Instituições que tentassem inventar leis sem apelo à sociedade não iriam muito longe.
Nesse contexto, existirá sempre uma altíssima diversidade de leis, para servir aos mais variados gostos - como todo tipo de serviço num sistema genuinamente capitalista. Mas haverá sempre um conjunto mínimo de leis defendido por toda instituição jurídica. Seriam as leis mais fundamentais do comportamento humano, princípios éticos básicos como "é errado matar, roubar, estuprar".
Uma instituição que não condenasse atrocidades como essas dificilmente se manteria no mercado. Esse corpo mínimo de leis avançaria da maneira mais rápida possível para o que se entende por Direito Natural, já que, como tudo num livre mercado, ele evoluiria segundo o juízo de valor subjetivo da sociedade como um todo, e não segundo interesses eleitoreiros de uma casta de governantes. A legislação evoluiria de maneira semelhante à própria evolução natural ou a outros sistemas de ordem espontânea.
Ao mesmo tempo, esse sistema traria soluções completamente voluntárias às várias questões debatidas calorosamente em grupos de discussão libertários, como, por exemplo, deve ou não deve existir a propriedade intelectual? Calúnia e mentira de maneira mais genérica devem ser criminalizadas? Manifestações da liberdade de expressão que influenciem diretamente crimes violentos são algo a ser condenado? Qual é exatamente a punição ideal para cada crime? Deve existir pena de morte? Existe uma obrigação positiva dos pais para com seus filhos? E para com um feto - abortá-lo ou "tratá-lo mal", seria um crime? O que exatamente é uma agressão? Seria a circuncisão um ato de agressão à criança? O princípio lockeano de apropriação original seria o ideal a se aplicar a absolutamente todos os casos? Como alguém se apropriaria de uma reserva ecológica, cujo objetivo é justamente preservar parte da natureza intocada, seguindo estritamente esse critério? Normalmente concordamos que externalidades negativas são uma violação do direito à propriedade, mas será que todas elas merecem ressarcimento? É praticamente consenso, por exemplo, que coisas como poluição ou barulho são externalidades negativas dignas de uma eventual resposta coerciva, mas e atitudes como construir um prédio que bloqueia a luz solar que antes atingia uma residência vizinha? Isso deve ser condenado? E se a residência produzisse energia elétrica a partir dessa luz solar, o veredicto muda? Há toda uma série de questões para as quais não podemos pensar que temos a resposta perfeita na ponta da língua, até porque envolvem necessariamente arbitrariedades. Maioridade, por exemplo. Qual a idade ideal? Hoje essas arbitrariedades são todas decididas por burocratas sem nenhum critério de performance. No arranjo proposto, as instituições que agregarem mais valor à sociedade serão as maiores recompensadas, pois teriam mais clientes. Todas essas perguntas seriam respondidas pelo processo de competição entre instituições de justiça.
E finalmente, caso o leitor ainda considere que não deve defender tal coisa pelo fato de ser "utópica demais", extremamente distante da nossa realidade contemporânea, reproduzo aqui a argumentação de Stephan Kinsella para avisar ao leitor que ele provavelmente já defende algumas utopias - apenas não se deu conta disso. Não acredita? Tente então imaginar um mundo sem assassinatos. Ninguém jamais mata ninguém, ao menos não intencionalmente. Dada a natureza humana, podemos afirmar que tal coisa provavelmente nunca existirá. É até mais utópico do que um sistema de leis não coercivo, coisa que já existiu de uma certa forma no passado. Porém, ainda assim, você provavelmente não defende a prática do assassinato, tampouco prega um "nível mínimo de assassinatos" para que a sociedade continue funcionando. Sendo esse o caso, você já defende uma utopia ainda mais improvável do que a proposta desse texto. Um mundo sem assassinatos é ainda mais radical do que um mundo sem instituições coercivas de porte suficiente para monopolizar as leis de uma região.


A possibilidade de uma justiça privada
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=93
N. do T.: no texto a seguir, a palavra anarquia é utilizada em seu sentido literal (ausência de estado), e não em seu sentido pejorativo (ausência de ordem).


Infelizmente já tornou-se um hábito extremamente arraigado crer que questões como segurança e, principalmente, justiça, só podem ser administradas pelo estado. A grave falha desse pensamento é não perceber que uma instituição que detém o monopólio da violência (o estado) não pode ajudar a alcançar um consenso em relação a questões de normas jurídicas. Além do quê, a realidade é exatamente oposta: como a história já mostrou, sociedades controladas pelo estado estão sempre suscetíveis a guerras civis. No presente texto, vou explicar como as leis — e as próprias regras jurídicas — podem ser produzidas eficiente e eqüitativamente sob um arranjo privado. No próximo artigo, vou discutir a questão das agências de segurança privada.

JUÍZES PRIVADOS
Esteja a sociedade sob a anarquia ou sob o domínio do aparato estatal, os indivíduos sempre terão contendas a resolver. Apesar de muitas altercações serem resolvidas autonomamente entre os próprios lados envolvidos, algumas desavenças são sérias demais para ser resolvidas de tal maneira. Nesses casos, os contestadores (sob a anarquia) podem recorrer a um juiz, que é simplesmente uma pessoa que concorda em apresentar uma opinião sobre essa rixa entre as duas partes. Embora muitos teóricos anarquistas, em suas exposições, vinculem juízes privados a órgãos de execução de leis, devemos ter em mente que ambos são conceitualmente distintos. Em sua essência, uma decisão judicial privada é simplesmente isso - a opinião de alguém sobre quem está certo e o quanto - ou o quê - é devido ao ganhador dessa contenda.
Uma grande diferença entre um juiz privado e um do estado é que aquele só vai acolher um caso quando ambas as partes recorrerem à "jurisdição" desse juiz. (Em contraste, em um caso julgado por um tribunal do estado, um lado (ou ambos) pode ter fortes objeções ao juiz e/ou ao júri que irá decidir a questão). Os céticos em relação a um sistema privado podem considerar ridícula essa proposta - "Imaginem se um estuprador ou um assaltante de bancos concordaria em argumentar seu caso frente a uma terceira pessoa!", eles dizem.
No entanto, essa dispensa superficial ignora o fato de que muitas contendas na sociedade comercial moderna não se dão entre um "óbvio" inocente e um "óbvio" malfeitor. Ao contrário, normalmente ambos os lados de uma rixa genuinamente acreditam que eles são o lado certo, e estariam felizes em apresentar seus casos perante uma imparcial terceira pessoa.
Uma outra consideração é que, sem o monopólio governamental sobre os tribunais e sem a conseqüente seleção de juizes baseada em critérios políticos ou em apelos demagógicos, surgiria uma safra de juízes profissionais que teriam todos os incentivos para ser bastante criteriosos. As pessoas, ao lerem os veredictos anteriores desses juízes em casos em que eles atuaram, iriam reconhecer suas qualidades e diriam "Nossa, esse foi um julgamento excelente! Da primeira vez que ouvi o testemunho, pensei que o querelante estava certo; mas depois que o Juiz Beltrão (ou qualquer outro nome) explicou o caso com suas analogias, percebi que o réu obviamente não poderia ser o culpado".
Em uma anarquia, as pessoas iriam demandar serviços judiciais pelos mesmos motivos que as pessoas desejam a lei em si: elas iriam querer satisfazer seus desejos por uma justiça abstrata, mas também iriam querer fomentar relações comerciais previsíveis, bem como desfrutar de uma boa reputação entre seus vizinhos.
Vamos considerar um exemplo concreto. Suponha que um cidadão chamado João seja o dono de uma loja qualquer e que ele, por algum motivo, quebre o braço de um cliente chamado Olavo. Olavo, então, corre para contar para todos os seus amigos (e para quem mais queira ouvir) que ele estava totalmente na dele quando João o atacou. Sendo assim, na visão convencional (e, até certo ponto, na visão de alguns defensores do anarco-capitalismo), a menos que Olavo pertença a alguma agência de segurança, ele não tem como conseguir qualquer indenização.
Mas isso simplesmente não é verdade. Seria ruim para os negócios de João (o dono da loja) se Olavo saísse por aí dizendo para todos que foi brutalmente atacado e João não fizesse nada para refutar essas acusações. Se as pessoas acreditarem na história de Olavo, elas simplesmente irão comprar em outros estabelecimentos que não o de João. Mesmo além desses aspectos pecuniários, se João for um ser humano normal, ele se sentirá desconfortável em todos os eventos sociais se as pessoas estiverem cochichando entre si sobre o acontecimento.
Consequentemente, João irá publicamente convidar Olavo a apresentar suas acusações para qualquer juiz bem conceituado que seja especialista nesses casos. Assim, se Olavo aceitar e recomendar que o caso seja levado a um juiz seu irmão, João irá objetar dizendo que tal julgamento seria tendencioso. Mas se Olavo sugerir vários outros juizes possíveis, que não tenham qualquer ligação com os litigantes e que sejam especialistas em furtos comerciais e em uso de força excessiva, e ainda assimJoão recusar, então a comunidade irá dar mais crédito às alegações de Olavo de que sofreu brutalidade. O ponto principal é que dentro de um sistema jurídico privado haveria dezenas de juizes a serem escolhidos; não haveria questionamentos quando dois honestos litigantes escolhessem um desses juízes, e qualquer recusa em fazê-lo seria interpretada como um sinal de desonestidade.

REGRAS COMPROBATÓRIAS, PRECEDENTES, ETC.
Assim, uma vez que os dois lados (João e Olavo, no nosso exemplo) concordaram com a escolha de um juiz, esse juiz presumivelmente iria ouvir testemunhos, admitir evidências físicas, etc. de acordo com regras e procedimentos designados para melhor promover o aspecto de probidade e objetividade de um julgamento. Afinal, é de grande interesse para um juiz privado ser reconhecido por sempre fazer julgamentos imparciais - essa reputação seria seu maior ativo. No nosso caso fictício, provavelmente seria permitido que Olavo apresentasse registros médicos da data do ataque, enquanto João iria apresentar as fitas do circuito interno de sua loja se ele tivesse alguma imagem de Olavo embolsando alguma mercadoria e depois resistindo a entregá-la quando confrontado.
Ao tomar sua decisão final, o juiz provavelmente se basearia em precedentes. Ele provavelmente diria "Em outros casos como este, os juízes consideraram o dono da loja culpado pelo uso de força excessiva sempre que..." e por aí vai. Deve-se constatar que essa confiança em precedentes não se deve necessariamente a uma concepção abstrata do que seria a lei ideal, mas também é o resultado dos incentivos defrontados pelo juiz. Ele quer que futuros consumidores (afinal, a provisão de justiça é um serviço como qualquer outro) tragam mais casos para ele, e eles estariam mais inclinados a isso se percebessem que seus julgamentos anteriores se basearam em princípios judiciais imparciais e foram consistentes com pareceres "sensatos" feitos por outros juizes.
Para perceber melhor esse ponto, imagine um cenário ridículo. Suponha que, após ouvir evidências de ambos os lados, o juiz pondere por um momento e então anuncie que "Declaro-me em favor do querelante, o Sr. Olavo. Devido ao injustificado uso de força por parte do proprietário, declaro por meio deste que a justiça somente será feita quando o Sr. João der três chupões no querelante". Após tal julgamento, esse juiz provavelmente iria perder todo o seu mercado.

APELAÇÃO
Ao invés do resultado acima, que não iria beneficiar nenhum dos lados, suponha que o juiz tenha decidido que João deve pagar para Olavo 50.000 onças de ouro. João certamente iria contestar dizendo que tal punição era absurda, e se recusaria a obedecer. Ele então iria apelar da decisão e exigiria que Olavo levasse o caso a um outro juiz, que iria então "derrubar" a decisão anterior.
Os incentivos nesse caso seriam similares à situação que levou ao primeiro julgamento. Dependendo de quão absurda fosse a primeira decisão judicial, a comunidade entenderia a recusa de João em acatar o resultado (mesmo que ele tivesse concordado de antemão que o faria). Mas a partir do momento em que um juiz tenha apresentado um veredicto bem "razoável", mesmo que esse veredicto seja contra João, ele eventualmente teria que ceder para poder acabar com essa pendenga e poder voltar ao trabalho. Se João se recusasse a sequer ir a julgamento, ou se continuasse apelando indefinidamente, principalmente após várias decisões que foram totalmente consistentes com as normas legais predominantes, ele seria visto com muita desconfiança.

REFINAMENTOS
Os exemplos acima servem para ilustrar os princípios fundamentais de um sistema de tribunais privados: indivíduos têm desavenças e querem uma terceira pessoa que seja especialista no assunto para apresentar sua opinião. Ao longo do tempo, é claro, o livre mercado iria desenvolver refinamentos institucionais para esse serviço básico.
E o que é mais obvio, as pessoas poderiam combinar antecipadamente qual juiz (ou arbitrador) seria usado caso venha a ocorrer alguma desavença. (Por exemplo, isso poderia ser especificado em cada contrato, seja na contratação de um empregado ou no aluguel de um apartamento). Os códigos de lei a serem aplicados, o número de apelações permitidas, etc. poderiam todos ser especificados de antemão, fazendo com que houvesse grande desconfiança caso um dos lados violasse essas cláusulas após ter ouvido a decisão do juiz.
Outro refinamento que provavelmente ocorreria é o envolvimento de avalistas, ou agências que iriam afiançar indivíduos no evento de eles serem intimados a pagar grandes multas. Da mesma maneira que companhias de seguro atualmente pagam por danos catastróficos cometidos por seus clientes, as agências fiadoras também pagariam as multas caso algum de seus clientes fosse condenado por, digamos, assalto a banco. Nas sociedades modernas, bancos, grandes empresas, corretores de imóveis, etc. provavelmente iriam todos insistir em lidar apenas com indivíduos que fossem representados por agências bem conceituadas que se responsabilizassem por eles.

OBJEÇÕES
Uma grande objeção a esse sistema é que não haveria um arranjo uniforme de leis que fosse aplicável a todos. E daí? Se judeus ortodoxos quiserem que um rabino aplique a lei mosaica em suas contendas, ao passo que libertários ateus queiram que Stephan Kinsella aplique a Ética da Liberdade em suas rixas, por que não se deveria permitir que eles fizessem isso? Sim, "leis ruins" podem ser produzidas sob a anarquia, mas as pessoas não estariam sujeitas a elas, ou ao menos nem sequer tanto quanto elas são forçadas a se sujeitar às más legislações governamentais. (Da mesma maneira, livros ruins serão publicados em sistema anárquico, mas ninguém seria forçado a comprá-los. A mesma coisa ocorreria com as legislações). De qualquer forma, sob o atual sistema governamental não há um arranjo uniforme de leis que seja aplicável a todos, portanto essa objeção já é tola em si.
Outra objeção comum é que os ricos poderiam comprar as decisões judiciais em um sistema de tribunais privados. Novamente, isso negligencia a desenfreada corrupção que ocorre nos tribunais governamentais. Pelo menos no mercado aberto, futuros contestantes podem evitar juízes acusados de aceitar propina no passado. Contrariamente, nos tribunais estatais o único recurso contra um juiz corrupto é ter a esperança de que os eleitores (no caso americano) irão se lembrar — e se importar — e não irão reelegê-los, ou que os políticos nomeiem algum outro (única opção no Brasil).
Uma outra típica preocupação é que esse sistema proposto apenas funcionaria para pessoas "racionais", mas não para criminosos violentos. Em um artigo como esse, só posso dizer que toda e qualquer ação em um sociedade livre estaria sujeita ao processo judicial que foi descrito. Incluí especificamente o uso da força no exemplo citado (ao invés de, por exemplo, trabalhar com um caso em que houve recusa em se pagar um contrato de dívida) para poder ilustrar os princípios envolvidos. Se João tivesse contratado uma firma de segurança privada e os funcionários dessa firma tivessem quebrado o braço de Olavo, a essência da situação seria a mesma. (É claro, seria bom para João que ele contratasse apenas firmas de segurança que tivessem a reputação de ser prudentes quando estivessem lidando com larápios). Essa preocupação está relacionada ao papel (se é que há) das prisões em uma sociedade livre, e aqui não há o espaço necessário para lidar como esse fascinante assunto (mas eu o faço em meu livro, que pode ser lido na íntegra (e em português) aqui).
Finalmente, há a alegação de que estou de alguma forma defendendo um positivismo jurídico, isto é, que estou alegando que "qualquer" lei que passe no teste de lucros e prejuízos é uma boa lei. Nada poderia estar mais longe da verdade; minhas crenças éticas se baseiam em minha fé cristã, e creio ardorosamente no direito natural. Mas nesse artigo, não estou descrevendo o conteúdo dos códigos legais que surgiriam em uma sociedade de livre mercado, mas sim as forças que influenciam a evolução desses códigos.[1] E para os seguidores de Ayn Rand que estão tentados a dizer que há um arranjo objetivo de leis que qualquer pensador inteligente pode descobrir através do raciocínio, respondo meramente que: mesmo que isso fosse verdade, nenhum governo na história já atingiu o que vocês desejam.[2] Será que não é hora de considerar uma abordagem diferente?

CONCLUSÃ
murphycapa.jpg
O

Antes de terminar, deixe-me apontar dois exemplos de "justiça privada" em ação. Primeiro, há o rápido florescimento da indústria de arbitramento. Da mesma maneira que milhões de pessoas optam por garrafas de água produzidas pelo mercado, apesar da alternativa "gratuita" fornecida pelo governo, milhões de pessoas também resolvem suas contendas através de arbitramento privado.
Para um outro exemplo óbvio, considere os árbitros supremos e os juízes em esportes profissionais. Apesar dos clichês, esses "juízes" têm que geralmente ser imparciais, porque os donos dos times sabem que os clientes (afinal, fornecer entretenimento é um serviço como qualquer outro) iriam parar de assistir aos jogos se eles fossem manipulados. Não obstante alguns fanáticos por esporte possam ainda lamentar amargamente que uma péssima arbitragem tenha sido fatal para o seu time há muitos anos, é exatamente essa a questão - para a maioria dos times, você tem que voltar décadas para lembrar de tal tragédia! E se alguém alegar que seu time de futebol foi um fracasso no último campeonato por causa de maus juízes, todos saberão que o cara está dando desculpas e sendo insincero. Principalmente quando não se trata do seu time do coração, os fãs do esporte confiam na integridade do seu "sistema judicial".
Argumentar a favor de um sistema judiciário privado é simplesmente argumentar contra um monopólio estatal. Em todos os outros setores, a abordagem coerciva e monopolista sempre falhou, e não há nada de especial no direito que seja capaz de mudar essa conclusão.
 

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Nenhum socialista jamais ofereceu uma explicação lógica sobre como o socialismo/comunismo funcionaria, assim que o capitalismo desaparecesse. Existem vários livros sobre o funcionamento em detalhes de uma sociedade capitalista, mas existe, um mísero livrinho demonstrando o funcionamento de uma sociedade socialista.

Marx mesmo rotulava os socialistas que tentaram descrever o funcionamento (Saint-Simon e Fourier) de "utópicos", de tanta idiotice que eles falaram ("os frangos voariam diretamente para as bocas das pessoas, já assados e quentinhos pela natureza").

Sem o cálculo econômico através dos sistemas de preços para revelar quais atividades acrescentam valor para a sociedade (que dão lucro) e quais retiram valor (que dão prejuízos), é uma ilusão acreditar que a eficiência vai simplesmente surgir do nada.

Indica um livro sobre o funcionamento da sociedade socialista para a gente @Guy_Debord . :kjoinha


Naquele pais onde o comunismo deu certo tem excelentes livros que explicam como o socialismo funciona.

É só descobrir qual país é esse.


É muito fácil, só está demorando um pouquinho para responderem aqui no forum.
 

Cafetão Chinês

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Nossa realmente, tinha esquecido desse esgoto de tópico! Obrigado por lembrar! Vamos a parte divertida agora:



SInto muito mas não, não vou perder 20 minutos do meu domingo vendo vídeo de ancap alucinado. Não quero nem correr o risco de dar dinheiro pra esse cidadão através de views no youtube também, vai que ele pensa que o conteúdo dele presta, ultima coisa que eu quero é enganar o pobre coitado, pra isso já existe toda a ideologia dele.

Se o argumento dele for realmente importante, então bote em prática seu poder de síntese e passe pra forma escrita.



Ué, eu achei que ruas fossem todas virar propriedade privada igual o Cafetão estava falando. Ele estava errado então? Pra variar, Cafetão falando besteira né :klolwtf

Não vi nada de criativo ai pra te falar a verdade, parece qualquer outro subúrbio nos EUA, extremamente repetitivo e entediante. Urbanização no capitalismo é um câncer absoluto, o total oposto de criatividade. É feito pra ser funcional, pra otimizar o espaço usado de forma a criar bons lotes para venda e pra facilitar a transição de mercadorias, no caso dos subúrbios, força de trabalho.



Então, vc e o Cafetão tem que chegar num acordo ai, leia o que ele falou. Quem está certo? Eu prefiro acreditar na versão ancap do cafetão na qual cada rua vai ter um dono, e existe competição entre ruas, pq é muito mais engraçada e divertida.

Veja bem camarada ancap, eu não tenho absolutamente nenhum problema com esse cenário que vc colocou, e a única diferença que ele teria no comunismo é que ninguém ia ter que pagar pra ter a rua, pq não existe forma-mercadoria. A existência da forma mercadoria faz com que comunidades em alguns lugares não consigam asfaltar suas ruas. Forma-mercadoria é excludente, e isso ia continuar sendo assim no ancapistão.



Vc só está apresentando aqui uma contradição do próprio capitalismo, que no caso o apagamento da história material. E ai, o que vale mais, a vontade da agência que, ao se colocar em uma rua histórica agora quer apagar sua história, ou a história da rua vale mais do que as vontades da agência? E se os moradores da rua ou outros comerciantes gostam do fato dela ser de paralelepípedo? E se o fato dela ser uma rua histórica é exatamente um dos fatores que a valoriza?

O Estado está fazendo o papel de setor defensivo do capitalismo, não tem nada de errado ai e está 100% coerente com o que capitalismo é na vida real. Incoerência é querer fazer capitalismo sem esse setor defensivo. Como eu falei, além da questão urbana, vc tem a própria questão da defesa da propriedade privada dos meios de produção, o que impediria que, numa fábrica com vai, 7000 funcionários, esses se juntassem pra expropriar a propriedade do dono, pendurar ele e a família em crucifixos na entrada da fábrica e coletivizar a porra toda? Cada burguês vai ter que ter seu exército pessoal? Não seria bem mais fácil vc pagar um imposto para que o Estado te garanta o direito a propriedade privada? Vc paga um imposto e o Estado planeja a cidade pra vc, aplica leis de forma homogênea dentro de um dado território, defende tua propriedade dos trabalhadores E de forças estrangeiras e etc.

Não é a mim, um comunista, que vc tem que convencer que o Estado é malvadão, vc tem que convencer os próprios capitalistas que essa sua ideia não é absolutamente lunática cara. No final das contas, ancapismo é ideologia de patrão, que vai beneficiar o dono da propriedade privada, e não o trabalhador assalariado. Eu sequer sou teu publico alvo, ancapismo, em tese, beneficia capitalistas. EM TESE, pq se fosse de fato bom, não teriam tantos capitalistas dividindo lençóis com o Estado cara.



Putz essa é fácil pra c***lho. Roubar o que dos pobres sendo que não existe forma-mercadoria? Que pobres? Socialismo é literalmente as pessoas se organizando voluntariamente e fazendo as coisas, só que sem forma-mercadoria. Tecnicamente não existe "Estado", pelo menos não esse Estado que existe agora, nesses moldes. Vc pode chamar de Estado se quiser, mas é uma organização 100% diferente da atual, não é o "Estado-Nação", mas o conjunto de conselho dos trabalhadores organizados em prol de um bem comum.
O video ele recomendou para você porque você claramente nunca leu nada na vida.

No vídeo, falam da área dos Cassinos em Las Vegas, que foi toda construída pela iniciativa privada. Toda a administração, segurança, ruas, avenidas, saneamento, iluminação são feitas de forma privada.
 

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O video ele recomendou para você porque você claramente nunca leu nada na vida.

No vídeo, falam da área dos Cassinos em Las Vegas, que foi toda construída pela iniciativa privada. Toda a administração, segurança, ruas, avenidas, saneamento, iluminação são feitas de forma privada.


Uma cidade que vive de explorar as pessoas atraves do capitalismo e jogos de azar ??

Não obrigado, vamos para Cuba que é muito melhor, o Estado cubano maravilha consegue tudo isso só precisa viver sem liberdade e em condições subhumanas, mas quem liga para isso ?

Além disso as casas velhas sujas e estragadas, e os carros velhos caindo aos pedaços dão um ar retrô unico, faz os cubanos se sentirem em Fallout.

Uma verdadeira maravilha.

O importante é levar a sério toda a idiotice que o Marx escreveu. Living the dream ( in cuba ).


Viva Marx !! Viva o socialismo !!! Viva fidel !!!!!
Viva Viva viva !!!!!
 

Guy_Debord

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Uma cidade que vive de explorar as pessoas atraves do capitalismo e jogos de azar ??

Não obrigado, vamos para Cuba que é muito melhor, o Estado cubano maravilha consegue tudo isso só precisa viver sem liberdade e em condições subhumanas, mas quem liga para isso ?

Além disso as casas velhas sujas e estragadas, e os carros velhos caindo aos pedaços dão um ar retrô unico, faz os cubanos se sentirem em Fallout.

Uma verdadeira maravilha.

O importante é levar a sério toda a idiotice que o Marx escreveu. Living the dream ( in cuba ).


Viva Marx !! Viva o socialismo !!! Viva fidel !!!!!
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Não, o importante mesmo é fazer 129831987 posts iguais "ownando a esquerda" o tempo todo. Viva analfabetismo funcional! Viva Viva viva!!!! Viva capacidade de discutir de uma criança de 5 anos! Viva!!!

Depois ainda tem a cara de pau de dizer que é a esquerda que tenta vencer pela repetição e cansaço! Viva a hipocrisia também!! Viva Viva!!!!


:khuebr

Acho que esse teu post foi o post mais mongolão que já li nesse fórum até hoje, parabâins. Vai ler um livro cara, vc precisa urgentemente se educar. Ou não, continue assim na realidade. Adoro ver direitista chafurdando na mediocridade, a melhor parte é que seus amiguinhos de fórum incentivam esse teu comportamento, pra vc ver como "ownar a esquerda" é importante.

Nenhum socialista jamais ofereceu uma explicação lógica sobre como o socialismo/comunismo funcionaria, assim que o capitalismo desaparecesse. Existem vários livros sobre o funcionamento em detalhes de uma sociedade capitalista, mas existe, um mísero livrinho demonstrando o funcionamento de uma sociedade socialista.

Marx mesmo rotulava os socialistas que tentaram descrever o funcionamento (Saint-Simon e Fourier) de "utópicos", de tanta idiotice que eles falaram ("os frangos voariam diretamente para as bocas das pessoas, já assados e quentinhos pela natureza").

Sem o cálculo econômico através dos sistemas de preços para revelar quais atividades acrescentam valor para a sociedade (que dão lucro) e quais retiram valor (que dão prejuízos), é uma ilusão acreditar que a eficiência vai simplesmente surgir do nada.

Indica um livro sobre o funcionamento da sociedade socialista para a gente @Guy_Debord . :kjoinha

Essa do calculo econômico é a maior meme que eu já ouvi na vida :klolwtf

Só ancap e direitista pra levar essa m**** a sério mesmo.

Indico um livro muito bom pra vc entender socialismo, O Capital. Se vc entender o que é capitalismo, fica fácil entender o que é sua superação. Eu acho extremamente irônico o fato de que os defensores do capitalismo são os que menos o entende. Parece até um requisito básico pra defender isso, não saber o que está defendendo.
 

Cafetão Chinês

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Não, o importante mesmo é fazer 129831987 posts iguais "ownando a esquerda" o tempo todo. Viva analfabetismo funcional! Viva Viva viva!!!! Viva capacidade de discutir de uma criança de 5 anos! Viva!!!

Depois ainda tem a cara de pau de dizer que é a esquerda que tenta vencer pela repetição e cansaço! Viva a hipocrisia também!! Viva Viva!!!!


:khuebr

Acho que esse teu post foi o post mais mongolão que já li nesse fórum até hoje, parabâins. Vai ler um livro cara, vc precisa urgentemente se educar. Ou não, continue assim na realidade. Adoro ver direitista chafurdando na mediocridade, a melhor parte é que seus amiguinhos de fórum incentivam esse teu comportamento, pra vc ver como "ownar a esquerda" é importante.



Essa do calculo econômico é a maior meme que eu já ouvi na vida :klolwtf

Só ancap e direitista pra levar essa m**** a sério mesmo.

Indico um livro muito bom pra vc entender socialismo, O Capital. Se vc entender o que é capitalismo, fica fácil entender o que é sua superação. Eu acho extremamente irônico o fato de que os defensores do capitalismo são os que menos o entende. Parece até um requisito básico pra defender isso, não saber o que está defendendo.
Eu não quero livro com uma visão ideológica do socialismo. Eu quero um livro detalhando o FUNCIONAMENTO de uma sociedade socialista. Assim como os vários livros que existem a respeito do capitalismo. Onde é que está esse livro?

Pelo visto você apenas comprovou o que eu disse: Ou não entendeu (por ter dificuldade com a leitura), ou nunca abriu um livro sequer mesmo.

Indica unzinho aí vermelhinho. Não és o fodão?
 
Ultima Edição:

Guy_Debord

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Eu não quero livro com uma visão ideológica do socialismo. Eu quero um livro detalhando o FUNCIONAMENTO de uma sociedade socialista. Assim como os vários livros que existem a respeito só capitalismo. Onde é que está esse livro?

Pelo visto você apenas comprovou o meu post. Ou não entendeu )por ter dificuldade com a leitura), ou nunca abriu um livro sequer mesmo.

Mas ai vc teria que entender que socialismo não é um "blueprint" de sociedade por uma série de razões. Só que primeiro vc teria que entender o que é socialismo. Mas primeiro vc teria que entender o que é capitalismo mesmo.

Ou seja, tal como outros ancaps por ai, vc está realmente longe de entender as coisas e não sou eu quem vai te explicar, até pq vc é arrogante e desonesto de mais pra aprender alguma coisa, vc acha que já sabe de tudo sem sequer ter lido marx, mano. :klolzPra vc ver a incoerência da coisa, se eu começasse a te explicar, vc diria que já sabe e que eu estou errado e que todo mundo está errado menos vc e o mises.org, ou seja, eu não sei nem pq vc está me perguntando isso ai sendo que a resposta sequer te interessa. Na verdade eu até sei, vc quer "ownar a esquerda", como sempre.

Já falei 128731897 vezes, não estou aqui pra "converter" ninguém pro socialismo, estou aqui principalmente pra rir das ideias delirantes da direita brasileira e ó, vcs não me decepcionam :klol

Detalhe, veja que interessante, vc precisa desvirtuar o tópico sobre ancapismo, puxando o assunto pro funcionamento do socialismo, pra poder defender sua ideologia ridícula pq ela não tem resposta pra porra nenhuma. Patético, é realmente de dar dó.

83931

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Cafetão Chinês

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Mas ai vc teria que entender que socialismo não é um "blueprint" de sociedade por uma série de razões. Só que primeiro vc teria que entender o que é socialismo. Mas primeiro vc teria que entender o que é capitalismo mesmo.

Ou seja, tal como outros ancaps por ai, vc está realmente longe de entender as coisas e não sou eu quem vai te explicar, até pq vc é arrogante e desonesto de mais pra aprender alguma coisa, vc acha que já sabe de tudo sem sequer ter lido marx, mano. :klolzPra vc ver a incoerência da coisa, se eu começasse a te explicar, vc diria que já sabe e que eu estou errado e que todo mundo está errado menos vc e o mises.org, ou seja, eu não sei nem pq vc está me perguntando isso ai sendo que a resposta sequer te interessa. Na verdade eu até sei, vc quer "ownar a esquerda", como sempre.

Já falei 128731897 vezes, não estou aqui pra "converter" ninguém pro socialismo, estou aqui principalmente pra rir das ideias delirantes da direita brasileira e ó, vcs não me decepcionam :klol

Detalhe, veja que interessante, vc precisa desvirtuar o tópico sobre ancapismo, puxando o assunto pro funcionamento do socialismo, pra poder defender sua ideologia ridícula pq ela não tem resposta pra porra nenhuma. Patético, é realmente de dar dó.
Resumo do seu post.
83943

Olha o tamanho desse texto que não diz absolutamente nada. É um malabarista profissional mesmo. :kjoinha

Caro vermelhinho, 200 e poucos anos da sua religião socialista marxista, e você não acha estranho que NUNCA, jamais foi sequer escrito um livrinho sobre o funcionamento detalhado de uma sociedade socialista? Um rabisco que não fosse "os frangos vão voar quentinhos para a boca das pessoas". :klol

É justamente por eu ter lido Marx que eu sei em quais pontos posso ridicularizá-lo. Já percebeu como você nunca faz citações ao próprio Marx? Seus textos desconexos são sempre na base da semântica freestyle. Nem a própria fonte da sua ideologia você conhece. O que é patético.
Se conhecesse, inclusive saberia que Marx jamais detalhou o funcionamento de uma sociedade socialista/comunista.

O único desvirtuamento que houve aqui, foi você fazendo o habitual papel de bobo da corte para a esquerda delirante do fórum. Que nem lê seus posts e não tem ideia do que você escreveu e já sai curtindo (como o tal do Gaheris).

O assunto estava na quantidade de obras formais sobre funcionamento de sociedades capitalistas. Não só as anarco-capitalistas, mas também minarquistas, conservadoras, e liberal-clássicas. Porém não tem nenhum mísero rabisco em guardanapo sujo a respeito do funcionamento do socialismo.

Foram dados a você artigos, vídeos, argumentos, e provas práticas que existem hoje de construções privadas e extremamente funcionais. O restante é só você se contorcendo e fazendo o malabarismo.

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Não, o importante mesmo é fazer 129831987 posts iguais "ownando a esquerda" o tempo todo. Viva analfabetismo funcional! Viva Viva viva!!!! Viva capacidade de discutir de uma criança de 5 anos! Viva!!!

Depois ainda tem a cara de pau de dizer que é a esquerda que tenta vencer pela repetição e cansaço! Viva a hipocrisia também!! Viva Viva!!!!


:khuebr

Acho que esse teu post foi o post mais mongolão que já li nesse fórum até hoje, parabâins. Vai ler um livro cara, vc precisa urgentemente se educar. Ou não, continue assim na realidade. Adoro ver direitista chafurdando na mediocridade, a melhor parte é que seus amiguinhos de fórum incentivam esse teu comportamento, pra vc ver como "ownar a esquerda" é importante.



Essa do calculo econômico é a maior meme que eu já ouvi na vida :klolwtf

Só ancap e direitista pra levar essa m**** a sério mesmo.

Indico um livro muito bom pra vc entender socialismo, O Capital. Se vc entender o que é capitalismo, fica fácil entender o que é sua superação. Eu acho extremamente irônico o fato de que os defensores do capitalismo são os que menos o entende. Parece até um requisito básico pra defender isso, não saber o que está defendendo.







Vc está enganado, nao sou defensor do capitalismo não. Assim como marx era um "critico do capitalismo", eu sou um "critico do marxismo".
 

Usopp

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Como a propriedade privada pode ser uma norma universal e absoluta no anarcocapitalismo se ela é sujeita a uma contingência que por definição não pode ser universal (livre mercado)?

Simplificando: Se direito à vida, liberdade e propriedade são direitos "naturais", é ético protegê-los de forma uniforme e universal. Não é ético que eles sejam deixados à mercê de algo contingencial e não uniforme como o mercado. Objeção "Ai..mas quem garante que o estado vai fazer isso? mimi". Ninguém garante. Como ninguém pode garantir coisa alguma no "ancapistão". Estamos falando de um debate ético-conceitual (mesma esfera de argumentação da ética libertária) e nesse sentido a instituição que conceitualmente garante a uniformidade jurídica e proteção desses direitos é deontológica . Tudo o que passa disso é mero consequencialismo.
 

Cafetão Chinês

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Como a propriedade privada pode ser uma norma universal e absoluta no anarcocapitalismo se ela é sujeita a uma contingência que por definição não pode ser universal (livre mercado)?

Simplificando: Se direito à vida, liberdade e propriedade são direitos "naturais", é ético protegê-los de forma uniforme e universal. Não é ético que eles sejam deixados à mercê de algo contingencial e não uniforme como o mercado. Objeção "Ai..mas quem garante que o estado vai fazer isso? mimi". Ninguém garante. Como ninguém pode garantir coisa alguma no "ancapistão". Estamos falando de um debate ético-conceitual (mesma esfera de argumentação da ética libertária) e nesse sentido a instituição que conceitualmente garante a uniformidade jurídica e proteção desses direitos é deontológica . Tudo o que passa disso é mero consequencialismo.
Vejo saltos lógicos e espantalhos na sua argumentação.

No Anarcocapitalismo da linha rothbardiana, a norma é universal. Existe a ética de propriedade e os direitos naturais. E qualquer um que a viole é objetivamente um criminoso. Não há nenhuma contingência aqui. Não há escolha em não segui-lá. A base de toda sociedade é essa. Quem não segue é criminoso e fim. Um tribunal privado não pode escolher seguir leis anti-éticas. Se o fizer, será criminoso e qualquer um está justificado em puni-lo. Pouco importa se uma lei é "eficiente" (de um viés utilitarista) ou não, o que importa é se ela é justa ou não.

Creio que você esteja se referindo ao Anarcocapitalismo Utilitarista de David Friedman. Onde não há uma Ética objetiva a ser seguida. Esse sim é consequencialista pela eficiência do mercado.

E você precisa saber qual linha vai seguir e parar de sofismo. Se você diz que nada tem a ver com a garantia, e depois usa como argumento dizendo que "o estado garante", você está duplipensando de forma orweliana.

Esse negócio de garantia não tem nada a ver mesmo. Não sei porque você enveredou por esse caminho. Nenhum Libertário jamais falou em garantia de direitos. "Garantia de direitos" as custas de recurso espoliado de terceiros é coisa de SOCIALISTA. E também é impossível objetivar como é que se dará essa "garantia" (garantir o que? Até que ponto? Quem define?).
Por isso que se fala em direitos negativos (que precedem o estado ou qualquer instituição).
Aliás, não sei como essa sua linha de argumento não justifica qualquer estado garantindo tudo para a população. Até mesmo o stalinismo.

O que dizemos, é que é CRIME ferir os direitos naturais de um indivíduo. Em qualquer lugar e tempo. Antes da existência do estado era crime, após a existência do estado continua sendo crime. Isso é ser objetivo e coerente. E não ficar inventando desculpa para justificar o crime.
 
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Beren_

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Como a propriedade privada pode ser uma norma universal e absoluta no anarcocapitalismo se ela é sujeita a uma contingência que por definição não pode ser universal (livre mercado)?

Simplificando: Se direito à vida, liberdade e propriedade são direitos "naturais", é ético protegê-los de forma uniforme e universal. Não é ético que eles sejam deixados à mercê de algo contingencial e não uniforme como o mercado. Objeção "Ai..mas quem garante que o estado vai fazer isso? mimi". Ninguém garante. Como ninguém pode garantir coisa alguma no "ancapistão". Estamos falando de um debate ético-conceitual (mesma esfera de argumentação da ética libertária) e nesse sentido a instituição que conceitualmente garante a uniformidade jurídica e proteção desses direitos é deontológica . Tudo o que passa disso é mero consequencialismo.

"Livre mercado" é apenas um nome dado a um conceito, um conceito que "aponta" para algo, um rótulo dado a (esse algo) interação voluntaria entre pessoas, sem interferência de terceiros (externalidades, outras pessoas).
Colocando em um exemplo simples:
Se eu e voce, digamos, somos amigos pessoais, eu tenho um video game e quero vender por 500 reais. Voce tem os 500 e quer o VG.
Eu acho que vale te vender e voce acha que vale a pena comprar por esse valor (na verdade voce acha que vale mais, então 500 te satisfazem), então ambos nos engajamos numa troca voluntária. Seus 500 reais, pelo meu video game. Dessa forma, nós "praticamos livre mercado".

O VG, assim como seus 500 reais, por sua vez são propriedades nossas, extensões de nossos seres, desde que tenham sido conquistados honestamente com nosso trabalho. Sendo o trabalho nada mais que o produto de nosso corpo que é nossa propriedade. Ou seja, seguindo uma sequencia logica.

Corpo > trabalho > dinheiro > video game.

O "livre mercado" é apenas a aplicação do mesmo a todas as pessoas.
Pois eu, voce e todos os outros, temos os mesmos exatos direitos a liberdade de fazer ou não o negocio, o mesmo direito de propriedade sobre algo. Em perfeita equiparação. Nenhum de nós possui um direito superior ao outro, ou alegação de direito sobre o outro. E isso se aplica a TODAS AS PESSOAS em TODOS OS TEMPOS.
Ou seja, é transcendental.
Portanto, para dizer que o livre mercado eh contingencial, voce precisa dizer que existem pessoas, que não tem como direito natural, negociar seu trabalho (vender o fruto do trabalho, de seu corpo). O que seria, negar o direito de algumas pessoas trabalharem para se sustentar e melhorar suas vidas..

O que eh acidental (não essência), é o mercado regulado, pois ele NECESSARIAMENTE invoca um direito de um terceiro interferir nesta sua relação. De forma a permitir uma alegação de poder sobre sua propriedade. O que em si seria uma alegação de propriedade sobre o individuo.
Por exemplo, usando o exemplo do VG.

Toda situação é a mesma. Porem o governo (um terceiro, um agente externo a transação voluntária) diz que, para vender o VG,eu devo pagar um imposto de 20% sobre o valor da operação.
Portanto, o governo alega ser pelo menos 20% dono do fruto de meu trabalho.
Isso não se sustenta logicamente. Seria o mesmo que dizer que ele detêm direito sobre 20% de mim. De tudo que produzo.
Ainda, e aí mora o problema, eu NÃO POSSO fazer a mesma alegação sobre o governo(agente externo) e seus membros, portanto, aqui sim não temos o mesmo principio aplicado a todos de forma igual a todo tempo. Aqui entra a coercitividade, eu não posso me negar a pagar, portanto morre o voluntarismo.
Falhando no teste de ser ou não transcendental.
 

Baralho

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Não faltou referências, exemplos, videocasts, literatura, posts, sobre o livre-mercado.

E o que o lado da contra-argumentação responde: ''vocês não sabem o que é capitalismo, socialismo, mimimismo... vão estudar!"

Como vêm faltando, e faz tempo, red pills de REALIDADE, pragmatismo, pra os críticos do livre mercado.

Descer do salto e aceitar a realidade, com menos arroubos academicistas, menos tergiversações e mais consideração com a livre-agência, a praxeologia, a ética das trocas voluntárias e a moral imanente da auto responsabilização. Enfrentar, com humildade, o mundo real.

Mas no fim, refletindo bem, tal alienação como contra-ponto no debate, nem deveria surpreender, na verdade.
 

abcdario

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Falem me mais sobre as dinâmicas de avanço tecnológico e social em uma sociedade Anarco - Capitalista, e como quantificar realmente de fato a diferença no desempenho econômico de uma sociedade fundada nestas bases para uma outra de natureza Keynesiana ou de economia liberal realmente de fato, nem vou apelar para uma sociedade Marxista porque esta já sabemos que não deu certo.
 

LudwigVonMises

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Falem me mais sobre as dinâmicas de avanço tecnológico e social em uma sociedade Anarco - Capitalista, e como quantificar realmente de fato a diferença no desempenho econômico de uma sociedade fundada nestas bases para uma outra de natureza Keynesiana ou de economia liberal realmente de fato, nem vou apelar para uma sociedade Marxista porque esta já sabemos que não deu certo.

Em alguns séculos de existência de estados modernos, a despeito de todos os problemas, bem como as discussões sobre a moralidade da existência do mesmo, propiciaram uma melhoria gigantesca no padrão de vida das pessoas.

Vacinas obrigatórias e redes de saneamento básico, por exemplo, reduziram de forma brutal a mortalidade infantil.

Não imagino uma sociedade anarcocapitalista apresentando tais resultados.

Uma sociedade anarcocapitalista seria bem diferente do mundo que conhecemos hoje. Provavelmente seria reduzida a feudos isolados com estradas tão perigosas que inviabilizariam o comércio entre eles.
 

Geo

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Onde não há Estado, há somente milícias e bárbaros.

Depois da criação dos Estados modernos, o padrão de vida da humanidade cresceu exponencialmente.

Sem Estado, não há sistema de água e esgoto, nem vacinações em massa.

A democracia é a pior forma de governo que existe, exceto todas as outras.
Close topic.
 

Cafetão Chinês

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Em alguns séculos de existência de estados modernos, a despeito de todos os problemas, bem como as discussões sobre a moralidade da existência do mesmo, propiciaram uma melhoria gigantesca no padrão de vida das pessoas.

Vacinas obrigatórias e redes de saneamento básico, por exemplo, reduziram de forma brutal a mortalidade infantil.

Não imagino uma sociedade anarcocapitalista apresentando tais resultados.

Uma sociedade anarcocapitalista seria bem diferente do mundo que conhecemos hoje. Provavelmente seria reduzida a feudos isolados com estradas tão perigosas que inviabilizariam o comércio entre eles.
Você insiste nessa coisa de rede de saneamento? Mesmo com todos os exemplos dados a você, inclusive funcionais que existem nos EUA?
Sério, consiga argumentos melhores. Inclusive lendo Mises, que não defendia estado praticando serviços por sua própria ineficiência.

O estado é ineficiente pra fazer isso. O dinheiro é escoado e jogado no lixo. E olha que as redes quando são feitas pelo estado nem são construídas por funcionários públicos (que são ineficientes por natureza). O estado contrata uma empresa privada, e essa vai lá e constrói a rede. Estado apenas atravessa o serviço e torna este mais caro.

Nos EUA minarquista do séc. 19 não tinha nada disso de vacina obrigatória, e muito menos sistema de saúde universal. E ainda assim foi a época de maior prosperidade e crescimento populacional da história do pais.

Uma sociedade anarcocapitalista certamente seria muito mais eficiente pela própria natureza do mercado.
Até parece que um ignorante em economia e socialista como você entende de alguma coisa.
Dependesse de você, o Lula seria o presidente e o país estaria rumando a Venezuelização.
 
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LudwigVonMises

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Você insiste nessa coisa de rede de saneamento? Mesmo com todos os exemplos dados a você, inclusive funcionais que existem nos EUA?
Sério, consiga argumentos melhores. Inclusive lendo Mises, que não defendia estado praticando serviços por sua própria ineficiência.

O estado é ineficiente pra fazer isso. O dinheiro é escoado e jogado no lixo. E olha que as redes quando são feitas pelo estado nem são construídas por funcionários públicos (que são ineficientes por natureza). O estado contrata uma empresa privada, e essa vai lá e constrói a rede. Estado apenas atravessa o serviço e torna este mais caro.

Nos EUA minarquista do séc. 19 não tinha nada disso de vacina obrigatória, e muito menos sistema de saúde universal. E ainda assim foi a época de maior prosperidade e crescimento populacional da história do pais.

Uma sociedade anarcocapitalista certamente seria muito mais eficiente pela própria natureza do mercado.

Até parece que um ignorante em economia e socialista como você entende de alguma coisa.
Dependesse de você, o Lula seria o presidente e o país estaria rumando a Venezuelização.

Não estou falando de eficiência. Lógico que o mercado é mais eficiente do que o estado.

Estou falando de vacinação em massa obrigatória, através de coerção estatal mesmo.

E sobre saneamento, sem coerção estatal obrigando a construção nas ruas, tratamento e despejo no mar, não seria possível.

A questão do amigo anteriormente foi sobre comparar resultados entre sociedades anarcocapitalistas e sociedades com um estado moderno, seja este estado mais liberal ou mais intervencionista. Como ele próprio disse, o socialismo está descartado, pelo nível extremo de interferência estatal.

O fato é que estados modernos proporcionaram grandes avanços na qualidade de vida da população, ainda que a existência do mesmo seja imoral.

Entre menor mortalidade infantil, a partir da coerção estatal, e a liberdade da usar drogas e vender seus órgãos do anarcocapitalismo, eu escolho a primeira opção.

Anarcocapitalismo só existe na teoria, é wishful thinking. Anarcocapitalistas e socialistas são semelhantes no sentido de acreditarem que seus ideais construíriam um mundo igual ao dos folhetos das Testemunhas de Jeová.

A melhor opção é um estado garantindo a lei e a ordem, bem a livre migração dentro de um país, sendo constantemente reformado e gerido exclusivamente por direitistas.
 

Kaciq

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O cara vive num país com dezenas de milhares de assassinatos por ano, incontáveis furtos e roubos, cheio de malandros, pivetes, vagabundos, flanelinhas, traficantes e bandidos em geral, onde a polícia trava uma guerra assimétrica contra o crime organizado há décadas, com cidades sendo tomadas pelo crack, e depois vai querer apoiar anarquia. Meu amigo, não precisa gastar seu tempo, espere mais uns 15 anos que nós com certeza chegaremos lá.
 

Cafetão Chinês

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Não estou falando de eficiência. Lógico que o mercado é mais eficiente do que o estado.

Estou falando de vacinação em massa obrigatória, através de coerção estatal mesmo.

E sobre saneamento, sem coerção estatal obrigando a construção nas ruas, tratamento e despejo no mar, não seria possível.

A questão do amigo anteriormente foi sobre comparar resultados entre sociedades anarcocapitalistas e sociedades com um estado moderno, seja este estado mais liberal ou mais intervencionista. Como ele próprio disse, o socialismo está descartado, pelo nível extremo de interferência estatal.

O fato é que estados modernos proporcionaram grandes avanços na qualidade de vida da população, ainda que a existência do mesmo seja imoral.

Entre menor mortalidade infantil, a partir da coerção estatal, e a liberdade da usar drogas e vender seus órgãos do anarcocapitalismo, eu escolho a primeira opção.

Anarcocapitalismo só existe na teoria, é wishful thinking. Anarcocapitalistas e socialistas são semelhantes no sentido de acreditarem que seus ideais construíriam um mundo igual ao dos folhetos das Testemunhas de Jeová.

A melhor opção é um estado garantindo a lei e a ordem, bem a livre migração dentro de um país, sendo constantemente reformado e gerido exclusivamente por direitistas.
Certo, se você concorda que o mercado é mais eficiente, temos um bom ponto de partida.

Vacinação em massa obrigatória, onde é que existe isso hoje? Se você não quiser vacinar, estado não vai te prender por isso. Não sei porque você acredita que isso seja algo eficiente. Independente da óbvia imoralidade do ato.
Não vejo como o estado possa ser eficiente nisso, visto que ainda temos pestes e doenças se espalhando.
Seria possível resolver isso através de boicotes e impeditivos de se adentrar na propriedade. Hoje o estado impede a segregação. Se um aeroporto quiser impedir pessoas que não se vacinaram de adentrar sua propriedade, será processado por preconceito.

Agora diz aí quais são os países com menor mortalidade infantil? São justamente os países com menor estado e naqueles em que o livre-mercado próspera. Não é o estado que diminui a mortalidade infantil e você sabe disso. Você não é ignorante como os socialistas que normalmente aparecem por aqui cara. Eu já vi bons textos seus em defesa do mercado.

Infraestrutura, pesquisa sobre a infraestrutura do período minarquista dos EUA. Foi quase que totalmente feito pela iniciativa privada. Não precisa de coerção nenhuma para saneamento. Aliás, se você defende o mercado você entende que monopólios coercitivos não tem nenhum incentivo a serem eficientes.

O que melhora a qualidade de vida das pessoas é o capitalismo e o livre-mercado. Não é o estado e você sabe disso.

E no Anarcocapitalismo a lei e a ordem partem da Ética Libertária. Não tem dessa de poder fazer o que quiser, isso é espantalho. Leia qualquer obra do Rothbard ou Hoppe e você entenderá essa parte. Não existe a liberdade em cometer crimes. Qualquer um que o fizer será punido.

Sobre drogas, você discorda da posição de Mises sobre drogas? Acho estranho você usar avatar de um sujeito, e defender ideias anti-liberdade que ele era radicalmente contra.
Ainda assim, no Anarcocapitalismo a ideia é que as pessoas não sejam obrigadas a conviverem com quem não quiserem. Um condomínio conservador pode muito bem proibir o uso de drogas em seu domínio.

As pessoas acreditam e defendem um estado na maior parte das vezes de forma quase religiosa. Mesmo a maioria dos estados do mundo serem aberrações que destroem a vida, liberdade e propriedade privada das pessoas.

Comparar anarcocapitalistas com comunistas é uma put* desonestidade intelectual. Anarcocapitalismo parte de conceitos éticos e econômicos justificáveis racionalmente, como a praxeologia, o cálculo econômico e autopropriedade.
Comunismo já é refutado a priori.

Anarcocapitalismo nunca foi tentado e é uma teoria recente. Os países que mais se aproximaram de um livre-mercado pleno são países prósperos.
Comunismo já foi tentado diversas vezes e foi um fracasso.

Além disso, estatistas estão mais próximos do socialismo do que anarcocapitalistas. Pois defendem socialização de recursos, mesmo que mínima.
 
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O cara vive num país com dezenas de milhares de assassinatos por ano, incontáveis furtos e roubos, cheio de malandros, pivetes, vagabundos, flanelinhas, traficantes e bandidos em geral, onde a polícia trava uma guerra assimétrica contra o crime organizado há décadas, com cidades sendo tomadas pelo crack, e depois vai querer apoiar anarquia. Meu amigo, não precisa gastar seu tempo, espere mais uns 15 anos que nós com certeza chegaremos lá.
E estamos nessa situação graças a que mesmo? Exatamente graças ao estado.
É o estado que toma 40% da renda da população, desarmou a população e paga mal os policiais.

Sério, usar o Brasil como exemplo é piada. Assim fica até fácil defender anarquia. O Brasil é uma distopia decorrente exatamente do estatismo.
 

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E estamos nessa situação graças a que mesmo? Exatamente graças ao estado.
É o estado que toma 40% da renda da população, desarmou a população e paga mal os policiais.

Sério, usar o Brasil como exemplo é piada. Assim fica até fácil defender anarquia. O Brasil é uma distopia decorrente exatamente do estatismo.
Mas é exatamente disso que estou falando, estamos rumando à anarquia, daqui a pouco o estado vai ficar insustentável e o modelo de sociedade que você defende irá virar realidade.
 

Cafetão Chinês

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Mas é exatamente disso que estou falando, estamos rumando à anarquia, daqui a pouco o estado vai ficar insustentável e o modelo de sociedade que você defende irá virar realidade.
Eu não defendo que a sociedade entre em colapso para atingir a anarquia. Não sou revolucionário e inconsequente. Defendo o Anarcocapitalismo pela via gradualista.

É possível reverter as coisas e melhorar o pais, mas é necessário que se diminua a intrusão estatal que existe por aqui.
 
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LudwigVonMises

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Certo, se você concorda que o mercado é mais eficiente, temos um bom ponto de partida.

Vacinação em massa obrigatória, onde é que existe isso hoje? Se você não quiser vacinar, estado não vai te prender por isso. Não sei porque você acredita que isso seja algo eficiente. Independente da óbvia imoralidade do ato.
Não vejo como o estado possa ser eficiente nisso, visto que ainda temos pestes e doenças se espalhando.
Seria possível resolver isso através de boicotes e impeditivos de se adentrar na propriedade. Hoje o estado impede a segregação. Se um aeroporto quiser impedir pessoas que não se vacinaram de adentrar sua propriedade, será processado por preconceito.

Agora diz aí quais são os países com menor mortalidade infantil? São justamente os países com menor estado e naqueles em que o livre-mercado próspera. Não é o estado que diminui a mortalidade infantil e você sabe disso. Você não é ignorante como os socialistas que normalmente aparecem por aqui cara. Eu já vi bons textos seus em defesa do mercado.

Infraestrutura, pesquisa sobre a infraestrutura do período minarquista dos EUA. Foi quase que totalmente feito pela iniciativa privada. Não precisa de coerção nenhuma para saneamento. Aliás, se você defende o mercado você entende que monopólios coercitivos não tem nenhum incentivo a serem eficientes.

O que melhora a qualidade de vida das pessoas é o capitalismo e o livre-mercado. Não é o estado e você sabe disso.

E no Anarcocapitalismo a lei e a ordem partem da Ética Libertária. Não tem dessa de poder fazer o que quiser, isso é espantalho. Leia qualquer obra do Rothbard ou Hoppe e você entenderá essa parte. Não existe a liberdade em cometer crimes. Qualquer um que o fizer será punido.

Sobre drogas, você discorda da posição de Mises sobre drogas? Acho estranho você usar avatar de um sujeito, e defender ideias anti-liberdade que ele era radicalmente contra.
Ainda assim, no Anarcocapitalismo a ideia é que as pessoas não sejam obrigadas a conviverem com quem não quiserem. Um condomínio conservador pode muito bem proibir o uso de drogas em seu domínio.

As pessoas acreditam e defendem um estado na maior parte das vezes de forma quase religiosa. Mesmo a maioria dos estados do mundo serem aberrações que destroem a vida, liberdade e propriedade privada das pessoas.

Comparar anarcocapitalistas com comunistas é uma put* desonestidade intelectual. Anarcocapitalismo parte de conceitos éticos e econômicos justificáveis racionalmente, como a praxeologia, o cálculo econômico e autopropriedade.
Comunismo já é refutado a priori.

Anarcocapitalismo nunca foi tentado e é uma teoria recente. Os países que mais se aproximaram de um livre-mercado pleno são países prósperos.
Comunismo já foi tentado diversas vezes e foi um fracasso.

Além disso, estatistas estão mais próximos do socialismo do que anarcocapitalistas. Pois defendem socialização de recursos, mesmo que mínima.

Não comparei anarcocapitalistas com comunistas quanto à moral e os métodos, e sim quanto à inviabilidade. Não viaje.

Já que você admitiu ser um gradualista, você não é muito diferente de mim.

Vou postar aqui a diferença entre a regularização estatal e as soluções propostas por pessoas comuns, como qualquer um de nós, ou seja, o livre mercado, ou o tal capitalismo malvadão.

Eu roubei o texto e as fotos do Facebook.

Tomadas de energia no mundo inteiro são reguladas por força de lei. Empresas são obrigadas a produzir seus equipamentos com o plug de determinado tipo. O resultado é a primeira foto abaixo.

Libertários como eu defendem que não deve haver lei alguma para impor qualquer tomada e o primeiro pensamento de quem ouve isso é “mas precisa ser padronizado! Já pensou se cada equipamento que eu comprar tiver uma tomada diferente!?”

E por que diabos seria assim? O mercado é o maior interessado em padrões. Eles surgiriam naturalmente. O único do estado em criar um padrão é exercer sua autoridade e poder alterá-lo quando bem entender gerando prejuízo pra todos e lucros para alguns. Além do excelente (para o estado) efeito colateral de encarecer produtos importados.

Além da lógica em si, a prova de que padrões surgiriam está na segunda foto. Não há nenhuma lei no mundo que imponha o uso de USB como conector, no entanto você pode viajar o mundo inteiro com seu cabo USB e saber que ele vai servir bem.

Si4q6L6.jpg


SUM0CuU.jpg


Na primeira foto, padrões estatais de tomadas pelo mundo. Na segunda, solução capitalista pura e simples.

Ainda bem que não existe um bondoso sindicato dos padrões de tomadas para nos proteger do capitalismo malvadão!!!
 

abcdario

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Pelo que já conversei com o Cafetão, em um mundo Anarco - Capitalista grandes multinacionais bilionárias não existiriam na mesma quantidade, e muitas tecnologias não estariam presentes, com tudo sendo ditado pela demanda não teríamos grandes gaps tecnológicos?.
 
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