O que faz ele ser um gênio é o hype
Buddy Rich já era muito mais foda, mas também é overrated. Elvin Jones é da mesma época, bem melhor e ninguém se lembra dele (já que ele não era um "showman" que nem o Buddy)
Este é um equívoco comum. Com certa frequência (e de forma absolutamente errônea), os jazzístas meio que têm que escolher entre uma falsa dualidade: de um lado a "arte propriamente dita" (na percussão, geralmente representada por Joe Morello, Max Roach, Elvin Jones, Gene Krupa ou Louie Bellson), e do outro o "mero entretenimento" ou a "mera exibição técnica" (geralmente oposicionalmente representados por Buddy Rich).
Maior bobagem não poderia ser pronunciada. Buddy podia tocar "tudo" (situado dentro do jazz), com um swing maravilhoso, sem falar que era excelente com os brushes, e podia tocar de modo tão suave e cheio de feeling quanto qualquer um (sem contar que o seu brilhante fraseado era todo espontâneo). Outro fator que escusamente se mete num julgamento mais "objetivo" é o lado pessoal.
É normal pessoas preferirem Louie Bellson à Buddy Rich (em vídeos do primeiro, é claro) com argumentos igualmente patéticos cujo verdadeiro fundo de verdade é uma vingança de personalidade (ao passo que Buddy é punido pela sua personalidade abrasiva, intolerante e violenta, Bellson é exaltado por ser praticamente o seu oposto - o problema é que a "personalidade" de Louie não o fazia tocar melhor, isto é só mais um ad hominem camuflado de julgamento justo e objetivo). Buddy não era "apenas técnico", mas sim incrivelmente musical na sua abordagem técnica.
Há muitos bateristas técnicos no mundo, mas nem todos sabem o que fazer com a sua técnica para torná-la aparente e um valor em si mesmo (mas para Buddy isto não era um problema). Um baterista com um swing excelente e um fraseado de deixar-nos boquiabertos, criando verdadeiras "estórias" em seus solos de bateria, de maneira alguma pode ser reduzido a um mero showman, uma "atração de circo" musical. Buddy foi um legítimo gênio de seu instrumento. Nada mais, nada menos.