Como nao resolve cara
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O objetivo do VAR é reduzir erros, mas zera-los é quase impossível
Ele tem trazido resultados muito bons
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Dizer que o VAR nao ajuda em nada é delirio da sua cabeça
Melhor coisa, muito bem vindo e ele veio pra ficar, podem se acostumar
Descontada a parte do "isso é um delírio da sua cabeça", até que eu gostei do seu post, pois, apresentando dados objetivos, ele me obriga a refinar e a elaborar melhor a minha posição, que atacou muita coisa de uma só vez e em pouco texto para se explicar melhor na sua provocação (isto dito, este não será um texto tão longo assim).
Deixe-me apenas focar um pouco na analogia que eu fiz com a automação da indústria de aviação - que eu disse que "me lembra um pouco", e não que era totalmente idêntica, vale sempre a pena mencionar. É claro que a automação diminuiu os erros, mas ela também inaugurou as suas próprias consequências.
Quando você diz que o VAR, de acordo com a CBF, "diminuiu em 98% X", não é que ele diminuiu as vezes em que "1+1=3" - ele apenas aumentou o índice de marcações aceitáveis, onde é compreensível que tenha-se marcado X ao invés de Y.
O futebol sempre será interpretativo. Sempre. Ainda precisamos ver um lance e "sentir a sua verdade", aquilo que realmente foi relevante, que de fato aconteceu. A sua posição me lembra também um pouco a do PVC, o rapaz das estatísticas no jornalismo futebolístico. Para ele, "os números não mentem" (mas eles também mentem, sim).
Estatística, como é muito bem conhecida a sua piada, é como um biquíni: nos mostra tudo (com a exceção do essencial)". Um exemplo de como os números podem enganar? Então apenas pense naquele Palmeiras de Roger Machado, com "bom aproveitamento", mas que não convencia ninguém e com oscilações preocupantes (paradoxalmente, foi despedido após uma impecável campanha inicial na Libertadores).
Mas vamos voltar ao que de fato interessa: o VAR. Como eu ia dizendo, ele obviamente não elimina a interpretação. Não é incomum que minutos sejam pedidos, com o jogo parado, somente para que alguma decisão interpretativa seja tomada (e ela demora pra sair precisamente porque a interpretação do lance ainda é necessária, ainda que com todos os recursos de câmera tecnológicos).
É ridículo esperar minutos para comemorar ou não um gol. Como eu já havia dito no post passado, a marcação de impedimentos milimétricos também é ridícula ("ah, mas você viu? A pontinha da unha do dedão esquerdo dava condições! O VAR não mente!"). É ridículo. É o ideal-imaginário tentando se impor sobre o dinamismo físico do futebol.
Algo acontece em tempo real, e lá vamos nós deixar o entusiasmo em stand-by, sem saber ao certo se o lance será validado ou não. Eu continuo achando que a adição do VAR é questionável. Nós não só ganhamos muito com ele, como também perdemos uns bons bocados. Há uma série de paradoxos envolvidos. Um deles é que, com o sistema, a pressão sobre a prevenção do erro (ou ao menos o erro crasso) é ainda maior do que antes.
A ideia é que, com ele, "já não há mais desculpas para errar" (mas ainda há, sim, pois vários lances permanecem nebulosos o suficiente, não eliminando o fator humano de interpretação). Sendo assim, sim, há vários pontos positivos no VAR, mas há também vários negativos. Muito embora os seus benefícios, nós não devemos idealizar o sistema. Ele também traz os seus próprios problemas.