Se esta Copa América está com um público ridículo, pior do que o Brasileirão, imagine a Copa América do ano que vem, na Argentina e Colômbia, países que não gozam do poder financeiro do Brasil, não têm tanto apelo turístico, não têm estrutura e estádios modernos para atrair entusiastas estrangeiros... Para piorar, o torneio será já no ano que vem, tirando totalmente o entusiasmo do torcedor.
O Berizzo falou o que todos querem falar: é desprestigiador para o próprio torneio, para o espírito dos torcedores e jogadores, jogar contra seleções nada a ver, sem o menor vínculo tradicional e identitário com o continente. Como ele também falou na coletiva, creio que a melhor medida para dar um prestígio ao torneio de seleções da América não é outro senão juntar a Copa Ouro e a Copa América, como foi a Centenário em 2016, com 16 seleções, divididas em quatro grupos de quatro.
Poderia nomear o torneio de Copa América, propriamente, se a CONCACAF aceitasse, ou, no pior das hipóteses, resgatar o nome de Copa Pan-americana, o torneio da década de 50 em que o Brasil foi bicampeão, em 52 e 56.
A gula dos dirigentes da Conmebol e das federações coligadas está ajudando a minar o prestígio que resta às suas seleções, enquanto a UEFA sendo exemplo a ser seguido, e, agora, mais ainda, com a Liga das Nações.
Os investidores americanos quiseram até fazer a segunda edição da Centenário ou, no caso, Pan-americano, no ano que vem, mas a Conmebol recusou.
E, sejamos sinceros, o torneio organizado por americanos tem uma grande chance de dar certo. Eles são mestres em marketing. Lá, o público adora competição esportiva, tem dinheiro para pagar os ingressos, as comunidades latina, eslava, italiana, inglesa são enormes. Os estádios, então, nem se fala. De resto, os americanos sempre oferecem um bom público nos torneios caseiros.
Eu não duvido que, a depender do grau de repercussão negativa deste torneio, a Conmebol volte atrás da decisão de fazer a Copa América no ano que vem com Qatar e Japão, de novo, e tente renegociar o torneio conjunto com a Concacaf.