Esse é o grande problema da direita brasileira, importar tudo que vem dos EUA.
Não existe livre mercado no mundo (uma coisa que deveria ser obvia) e quem repete isso só favorece os países desenvolvidos. A China tem uma economia de mercado com estado forte, um não é inimigo do outro como já dizia o grande Eneas Carneiro.
Enquanto por outro lado os americanos vivem num país cada vez mais degenera
Claude,
Que direita brasileira? Quem quer importar tudo dos EUA? Que desonestidade intelectual é essa?
Você soa como um antiamericanista tacanho, um social-nacionalista maniqueísta.
Você já conseguiu de plano me enquadrar, pelas minhas poucas palavras, no todo espectro da "direita brasileira"?
Cara, livre-se desses padrões cognitivos. Isso é altamente limitante, desonesto, predispõe uma antipatia motivada por obsessão ideológica.
Isso porque fica difícil manter um diálogo racional com quem raciocina por vieses cognitivos, com uma mente engessada por uma ideologia predileta com seus dogmas predefinidos. Esses vícios mentais de processamento de dados leva a conclusões rápidas, preconceituosas e superficiais. São raciocínios lineares e absolutos por meio dos quais se busca a simples correspondência de doutrina e a prática, de bandeira e grupo. E isso é muito evidente em indivíduos que abraçaram um catecismo ideológico (closet theories) e passa a interpretar a realidade por preconceitos e determinismos.
Nessas suas poucas letras, já identifiquei os vieses de pensamento de grupo, de pensamento de bloco ou falsa dicotomia, de pensamento livresco ou dogmático e do julgamento por adivinhação, além das falácias do apelo ad personam.
Você precisa raciocinar por graduação e matização como, na maioria esmagadora das vezes, a realidade precisa ser entendida e delimitar-se no debate de ideias.
Dito isso, vamos lá. Vou tentar recuperar o nível. Vou me prolongar pois o tema é complexo.
Ah! Também, vou evitar usar binômio Direita-Esquerda, porque, a meu ver, é desprovido de rigor científico e é um chavão próprio da baixa retórica política e da linguagem de propaganda de estratégica de poder.
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No campo do livre mercado, ou liberalismo, existe muitas moradas. Você não pode confundir o Liberalismo Francês (conhecido como Radicalismo ou Jacobino) com o livre mercado baseado na propriedade privada e na lógica subsidiária e indutiva, de idealização dos neoescolásticos de Salamanca e Évora (Vitória, Soto, Molina etc.), nos idos do Siglo de Oro, e que pouco depois foi dogmatizado (simplificado em abstrações dogmáticas e, por isso, um problema) pelos liberais clássicos britânicos (Locke, Smith etc.).
O Liberalismo continental, sim, desafia o Liberalismo clássico por ser anticlerical, materialista, amoral, voluntarista, autoritário, libertino e individualista (exacerbação da individualidade). O liberalismo católico (neoescolástico) e o liberalismo protestante (clássico) não estão desprovidos da "Teoria dos Sentimentos Morais". Sem a moral tradicional a sociedade se corrompe, a confiança entre os indivíduos se perde, os negócios não prosperam como se deveria e a sociedade tomba em promiscuidade. Foi assim na França com a Revolta Egofânica do "Culte de la Raison", difundido pelos revolucionários de Rousseau.
E, dessa maneira, para se restaurar a ordem ou a estabilidade política apenas por meio de um poder central, autoritário e salvacionista, que, entusiasmado com esse poder messiânico, muitos restam por ditar novas e brutais regras e instituem o seu "Estado Novo" ou "Nova Ordem". O sonho molhado de todo movimento revolucionário, seja ele de matriz nacionalista, seja internacionalista. O teórico revolucionário Bezmenov explica a miúde isso.
Em contrapartida, foi exatamente por causa da liberdade de mercado, do princípio da subsidiariedade política, mas mitigado pela ética tradicional e moral cristã, pela filosofia do realismo político grego e cristão [cosmovisão essa batizada de conservadorismo (clássico) por Burke e Chateaubriand], com o respeito ao poder da base social (indivíduo e família, liberdades civis e políticas) que o Ocidente se desenvolveu e atingiu essa posição, primeiro os ibéricos, depois o Reino Unido e os EUA.
Isso é evidência histórica.
Para além disso, existem outros Liberalismos, como o famigerado Neoliberalismo, tão usado pelos revolucionários marxistas e trabalhistas do Brasil quando se referem ao Movimento Globalista encampado pela Elite Ocidental.
Todo Estado Nacional ultraintervencionista que colocou a pesada mão controladora na economia se perverteu, corrompeu a inteligência e moral do povo. Porque é da natureza do Estado, do poder político, ser expansionista e anexionista, de modo que fará de tudo para se manter, inclusive, via engenharia social, estupidificando cada vez mais os seus cidadãos com simplificações ideológicas em busca de uma falsa legitimação popular. O Lord Acton sempre esteve certo. Isso é um truísmo da ordem natural.
O Liberalismo moderado, entendendo como as liberdades políticas e civis e a livre concorrência garantida, é imprescindível para o desenvolvimento de uma nação tanto moral quanto intelectualmente, tanto política quanto economicamente.
E é claro que é pertinente haver, uma vez ou outra, uma intervenção para ajustar algumas corruptelas. E é claro também que os revolucionários internos (facções ideológicas) e desestabilizadores externos (nações imperialistas) não sejam oportunizados a se aproveitar dessa abertura "democrática" para usar como escudo jurídico e retórico e então encampar a desordem psicológica no povo e a corrupção espiritual das instituições do Estado, objetivando o sequestro dos poderes e os rumos políticos do país.
Pois bem. Na Terceira Fase do Capitalismo, a Elite anglo-americana e eurocêntrica, especialmente passando pelo problemático Padrão Dólar e, depois, pelo fim da Primeira Fase da Guerra Fria, abraçou esse "Liberalismo Jacobino", digo, reformulado pela revisão do Marxismo Ocidental, com o seu subjetivismo radical, que já vinha sendo desenvolvido desde a New Left americana e o Progressismo continental. O melhor meio, via Guerra Híbrida e Revolução Cultural, para eles tomarem o controle de nações de rico território a explorar, como o Brasil e as demais republiquetas latino-americanas, aumentando e corrompendo a alta burocracia estatal, dilapidando a livre concorrência de mercado para o Capitalismo de Estado comandado por oligopólios financeiros e partidos e agentes políticos internos.
Sim. Não é novidade para ninguém que o Sistema Financeiro Ocidental, encampado pela elite anglo-americana e alemã, controla as repúblicas democráticas através de sua radical abertura institucional. O problema não é o "Liberalismo" pelo "Liberalismo", confundindo objeto com meio e agente, mas a corrupção do sistema da livre concorrência para transformar o Estado em Capitalismo de Oligopólios que a cúpula globalista ou neoliberal, como queiram, está fazendo paulatinamente.
A melhor maneira, do ponto de vista político-jurídico, conforme o realismo filosófico, para mitigar esse movimento neoimperialista é reduzir a drástica abertura institucional à Chefia de Estado, valendo-se do instituto da hereditariedade do Direito Monárquico. Afinal, o que o Poder Régio tem de mais caro e primário para si é manter a dinastia de sua Casa no poder através da opinião pública, guardando a identidade nacional, mantendo-se fiel à tradição e, sobretudo, como Chefe Supremo das FA de modo unitário e contínuo, atuando com a Inteligência de Estado, para evitar instabilidades sociais, supervisionar a ordem institucional contra medidas de guerra burocrática que enfraqueçam o sistema antitruste e traçar um programa de política internacional que perdura por décadas sem ser interrompido por eleições e achaques políticos.
Um Estado Nacional cuja Monarquia não seja Constitucional (previsão de direitos e garantias fundamentais) culminará em Tirania, Absolutismo. A Monarquia deve servir como fiel da balança, uma sentinela cujo farol nunca se apaga e da qual todos temem o rigor (circunstancial e de última instância do Poder Moderador), parafraseando o liberal republicano arrependido Ruy Barbosa. Uma Monarquia Absoluta que conjuga a Chefia de Estado e de Governo não necessariamente deve levar a deterioração do Estado, a priori, mas, de logo, compromete sensivelmente as liberdades de seus cidadãos (e não súditos), sobretudo de minorias ou de pessoas que não se enquadram nos interesses da elite monárquica ou política.
A combinação dialética de interesses de uma Monarquia Constitucional Parlamentarista tende a gerar um Estado ao tempo forte e mínimo, como também sofisticado quanto à Defesa Nacional e Inteligência de Estado.
A propósito, há quem seja simpático a um Estado republicano nacionalista, socialista e autocrático. Isso é perigoso e nunca mostrou-se ser um caminho correto. As ideologias revolucionárias do Movimento Vanguardista do início do século XX estão aí para provar. É idealista demais. Na verdade, é um erro lógico de querer combater um extremo valendo-se de outro extremo. Querem combater esse imperialismo capitalista de oligopólios aderindo a um oligopólio nacional de mercado dos amigos do partido (o Estado socialista de viés nacionalista). Essa experiência deu errado e gerou barbáries.
As ditaduras republicanas se corrompem facilmente, porque são construídas em torno de um Partido que é composto sempre de fanáticos dogmáticos e tarados por poder e embaladas por uma "nova tradição", a ideologia que se torna hegemônica; de maneira que, seus internos são facilmente cooptados por interesses estrangeiros e o ditador, com medo de traição e usurpação, por não gozar da hereditariedade, torna-se um paranoico violento com mania de perseguição e um demagogo orwelliano.
E, quanto aos EUA, é uma nação que está sequestrada por seus "robber barons", devido à paulatina eliminação do capitalismo de concorrência para o Capitalismo de Estado (Oligopólio); situação essa que começou com Woodrow Wilson, acelerando com os neocons da família Bush, deteriorando pela atuação dos Clintons e Obama. Isso graças à sua estrutura republicana, ainda que das melhores organizações presidencialistas. Faltaram-lhes novos Teddy Roosevelt para quebrar as espinhas dos Rockfeller, Ford, Morgan e cia? Sim, faltou! Mas a ordem natural das coisas diz que a excelência sempre é uma exceção. Enfim, um Chefe de Estado temporário, partidário, achacado e dependente sempre é uma fraqueza.
Como é uma República, é muito difícil os EUA se recuperarem, sobretudo porque as suas altas instâncias políticas e o estamento da Inteligência estão quase que por completo controlados pela Elite do Capital Ocidental, que por sua vez controla o Complexo Militar-industrial. A princípio, apelando à Navalha de Occam, a única solução que vislumbro não é outra senão que as elites religiosas, os grupos médios financeiros e acadêmicos, parte da elite política e parte da cúpula militar se unam e movam as suas ações nos bastidores e na cultura de forma organizada, algo que acho muito difícil pelo alto nível de comprometimento neomarxista da maioria esmagadora da atual e das futuras gerações do estamento estatal americano.
Quanto ao Reino Unido, afirmo sem medo de errar que a Coroa Inglesa é parte do Movimento Globalista. É sem dúvida um agente histórico que mudou o curso de muitas nações, vide o que fez contra as Monarquias Imperiais concorrentes no fim do séculos XIX e início do XX e o que os seus embaixadores fazem em conluio com as ONGs e partidos políticos nas repúblicas latino-americanas. Mas, como a política e a geopolítica não são lineares, senão dialética, há um jogo de vai e vêm tremendo, entre os interesses nacionais e a influência neoimperialista sobre diversas nações do globo, vide BREXIT.