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[OPINIÃO]O risco com Dilma – e a incerteza sem ela

4 Ton Mantis

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http://g1.globo.com/mundo/blog/helio-gurovitz/post/o-risco-com-dilma-e-incerteza-sem-ela.html


Se alguém esperava que os protestos de ontem tivessem um tamanho menor, foi surpreendido. Embora a multidão nas ruas tenha sido, segundo todas as medidas, inferior à dos protestos de março, ela superou os protestos de abril. Desta vez, segundo o Instituto Datafolha, a reivindicação foi mais clara: 82% pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. É uma demostração vigorosa de força contra um governo cuja popularidade naufragou e está hoje no patamar mais baixo da história recente da nossa democracia, uns 8%. As ruas deixaram claríssimo: o país não está satisfeito com o governo Dilma.

Não à toa. O preço dos delírios promovidos durante a campanha eleitoral petista, e mantidos no início do governo, é a frustração. A principal raiz da insatisfação, como já escrevi, é a situação indigente da nossa economia, com recessão, alta na inflação e no desemprego. Ao longo do primeiro semestre, o governo demonstrou uma incapacidade crônica para lidar com as questões essenciais do país e se perdeu num debate improdutivo com o Legislativo. Isso agravou ainda mais o quadro econômico e fortaleceu as manifestações de ontem.

O outro fator determinante são os desdobramentos da Operação Lava Jato. A investigação desmascarou as vias ilegais de financiamento do PT, PMDB e PP e atingiu uma parcela do empresariado que se julgava imune ao alcance da lei. A próxima fase serão os processos contra os políticos, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na lista de alvos prováveis. A sensação de corrupção sem fim contribuiu para dar um tom moralista aos protestos, que mostraram Lula e Dilma em trajes de presidiários e tiveram no juiz Sérgio Moro – e não em qualquer político ou líder oposicionista – seu maior herói.

O que poderá acontecer agora? Por mais que tenham uma legitimidade inegável, apenas manifestações são insuficientes para tirar do poder uma presidente eleita por mais de 54 milhões de votos. As articulações para a saída de Dilma do poder sofreram um baque na semana passada, graças à ação de peemedebistas como o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros. O maior adversário de Dilma no Congresso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, subitamente perdeu força na condução da agenda política do país.

Para tentar dar uma resposta aos anseios da nação, Renan e o PMDB urdiram um documento intitulado Agenda Brasil, com diversas propostas sensatas, outras menos. Dilma deu uma guinada em seu discurso e aceitou subscrever a um conjunto de mudanças no ambiente de negócios, na gestão das finanças públicas e acelerar projetos na área social e na infra-estrutura. A partir de agora, o governo será cobrado por isso. Seu capital político, embora tenha crescido com a ajuda do PMDB, ainda é exíguo. Será impossível levar qualquer coisa adiante sem o apoio de Cunha ou da Câmara.

Mas, se o cenário do impeachment se tornou menos provável com a articulação da semana passada, o cenário oposto, a aprovação de um conjunto de medidas virtuosas para recolocar o país no trilho do crescimento, é também improvável. O mais provável é a dança a que estamos acostumados na política brasileira, um puxa-de-lá, entrega-de-cá sem fim, que até tente produzir algum resultado concreto, mas acima de tudo mantenha a aparência de que algo é feito, enquanto o governo tenta se arrastar até a próxima eleição. Os atores políticos se movem por interesses próprios – e é para eles que devemos olhar se quisermos vislumbrar o futuro.

Para Dilma e o PT, o importante é manter-se no poder e tentar reerguer minimamente a economia, de modo a manter uma candidatura viável para 2018. Se sobreviver à Lava Jato – algo a cada dia mais difícil –, o candidato natural será Lula. Mas, em qualquer cenário, a perspectiva para o PT é sombria. Mesmo que sobreviva, sairá menor do governo DIlma.

Para o PMDB, a perspectiva de poder é concreta. Com a exceção do grupo de Cunha, o partido preferiu lutar pelo caminho institucionalmente menos traumático. Nomes para 2018 não faltam, do próprio Temer ao prefeito do RIo de Janeiro, Eduardo Paes. A verdade é que, com o PT em frangalhos, o poder gravitou naturalmente para o PMDB, hoje o partido que governa na prática. A maior preocupação dos peemedebistas é a Lava Jato, cujos alvos incluem Cunha, Renan e podem se ampliar para outros caciques do partido. Eles almejam deter a investigação.

O PSDB é o partido de oposição que saiu claramente vitorioso das manifestações de ontem. Pela primeira vez, apoiou explicitamente os protestos pela saída do PT do poder. E, talvez pela primeira vez na história, tucanos aparecem na liderança de protestos substantivos nas ruas. Líderes peessedebistas como os senadores Aécio Neves e José Serra foram presença ostensiva. Dos três possíveis nomes do PSDB para a presidência, apenas o governador paulista, Geraldo Alckmin, manteve a discrição. Ele é o menos interessado na saída de Dilma, pois sua candidatura precisa maturar até 2018. Mas mesmo Aécio, em tese o maior beneficiário de um impeachment, não tem garantia de um cenário favorável caso o desejo da maioria dos manifestantes se tornasse realidade.

O problema das manifestações de rua é que elas são mais emoção que razão. Embora sirvam para extravasar uma revolta legítima e genuína, elas não trazem as respostas às principais sobre o futuro. Suponha que o desejo dos manifestantes se torne realidade, e Dilma saia. Qual seria o efeito disso – ou do trauma de um impeachment – na militância petista e nos movimentos sociais? O que faria Lula, um nome de popularidade indiscutível, se sobrevivesse à Lava Jato? Quem ocuparia o poder? O PMDB de Temer e Renan, com apoio de Serra e do PSDB? Ou o PMDB de Cunha? Haveria novas eleições como quer Aécio? Como um novo governo enfrentaria o inferno de petistas tomando as ruas aos gritos de “foi golpe!”? E como desarmaria a bomba de um Estado aparelhado pelo PT nos últimos 12 anos? As questões sem resposta caso são inúmeras. Não é possível nem sequer avaliar os riscos de cada uma. E políticos e homens de negócios experientes sempre preferem lidar com riscos conhecidos, por piores que sejam, a enfrentar incertezas desconhecidas.
 

renatorodrigobs

Ser evoluído
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...só que não pelo seguinte:
Iria para a manifestação de domingo se a principal motivação não fosse o impeachment. Nosso problema, nem no sonho, será resolvido com uma troca pura e simples. E, nesse caso, uma troca suspeita. Nosso vice-presidente é do partido mais fisiologista do país e sob ele estará a mesma engrenagem que mantém nossa cultura de corrupção. Iria para a manifestação se fosse para apoiar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vítima de um bombardeio político. Iria se fosse para apoiar e exigir que o juiz Sérgio Moro continuasse a desmontar esse esquema sujo. Iria se fosse para cobrar do Congresso Nacional a aprovação de medidas de ajuste fiscal necessárias para corrigir os erros que o governo cometeu, com o apoio do próprio Congresso e da base aliada. Todos eles ganharam muito maquiando a nossa realidade.
Não vou para um protesto apoiar um golpe, estimular a derrubada de um governo eleito democraticamente. Posso odiar, mas não posso fazer isso. Como diz Marina, “não se troca de governo, como se troca de camisa”. É fato. A maioria fez sua escolha e, agora, não é, simplesmente, trocando de comandante que teremos um exército mais eficiente. Que tal lutar por uma mudança de regras e de cultura? Mas no país da farsa, tudo que é muito mais difícil fica para depois, até um dia que aperta e o próprio umbigo é atingido. Boa parte da elite, da burguesia, da classe média ou do povão - seja lá como queiram chamar - que vai às ruas domingo, lambuzou-se com os benefícios que o governo deu nos últimos anos, de maneira equivocada, para “fingir” que estava tudo bom.
Quem fez panelaço trocou de carro várias vezes nos últimos anos, porque o IPI estava reduzido; trocou todos os móveis da linha branca porque os impostos foram cortados. Comprou apartamento de meio milhão financiado pelos bancos públicos, com taxa de juros ainda alta, se comparada ao padrão mundial, mas bem mais baixa do que a que fora praticada em outros tempos. Quem pede o golpe – e não tem outro nome - ganhou dinheiro supervalorizando o preço dos apartamentos novos e usados de programas do governo, por causa das várias medidas que deram oportunidades aos que nunca tinham sonhado ter uma casa própria.
O movimento é legítimo, mas o seu objetivo é bem brasileiro. Fazer uma mudança para jogar tudo para debaixo do tapete e ficar como está. Sejamos sinceros: temos um problema de povo, cultural, de comportamento. Muitos dos que estarão nas ruas domingo não vão para lá exigir um transporte público de qualidade. Aliás, irritam-se quando prefeituras abrem uma faixa exclusiva para ônibus e diminuem o espaço do “passeio individual”. Quem vai às ruas pedir o golpe finge que não sabiam que, desde sempre, empresas financiam campanhas milionárias de políticos, em troca das licitações arrumadinhas. Quem vai às ruas até pode argumentar que foi o PT que organizou e institucionalizou a roubalheira, mas não quer protestar e exigir, sistematicamente, uma reforma política. Aliás, não sabe o que é e tem preguiça de pensar sobre.
Não cometerei o erro da generalização, mas muitos “politizados” do impeachment querem a escravidão das empregadas domésticas e condena, simplesmente, o “bolsa família”. Tem preguiça de ir às ruas exigir do governo fiscalização e um plano mais eficiente de geração de emprego e renda, para que essas pessoas utilizem o benefício social, apenas, como trampolim. Quem pede o golpe não está preocupado com o bem comum, com a democracia. Está preocupado com o próprio umbigo, com as próprias dores. Afinal, agora está tudo mais caro e vai ficar mais difícil trocar de carro, viajar, exibir-se. Somos um país de ignorantes e aproveitadores. Temos que ir às ruas para mudar a nós mesmos e não um governante.
(ESSE ARTIGO FOI ESCRITO PELO JORNALISTA PARAIBANO LAERTE CERQUEIRA, COM O NOME DE "SOMOS UMA FARSA")
 
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