JoyLand
Pequeno Prólogo.
Alguns anos atrás eu trabalhava com um rapaz fã do Stephen King. Nossas conversas sobre literatura sempre acabavam com ele falando do Mestre do Terror e me prometendo empréstimo de diversos livros que tinha em sua estante. Para não enjoar do autor e para conseguir ler meus próprios livros, estipulei os empréstimos para o inicio do ano. Uma época que remetia a férias e a uma leitura mais descontraída. Por cinco anos foi assim, eu sempre iniciava o ano com uma leitura do King, e sempre com uma boa indicação. Até que o destino nos separou, eu perdi o contato do meu “fornecedor” e passei a “mendigar Kings” em meus círculos sociais.
Eu queria nos mesmos moldes, ou quase, uma leitura sugerida do autor e claro por empréstimo. Assim, ganhei alguns de natal, e alguns “sorteei” na prateleira da biblioteca. Desta vez, comecei a minha busca por um King emprestado desde outubro. Ninguém tinha, e os que diziam que tinham me enrolavam. O ano começou e eu, aficionado para ler alguma coisa, mas preso a uma tradição imposta por mim mesmo perdi o melhor mês, janeiro. Já desesperado, entrei numa loja virtual e decidi que compraria o King mais barato que me saltasse aos olhos.
Assim começa o meu breve comentário sobre JoyLand.
Por escolha natural, não seria um livro que eu leria agora. Tem outros do autor que eu acho mais interessantes que ainda não li. Mas queria ser surpreendido, e minhas expectativas até aumentaram após um comentário positivo no tópico de compras. E também, por se tratar de um King, a leitura seria no mínimo interessante. Assim iniciei o ano com o pior King que li até agora.
Devin Jones, um jovem universitário que aproveita suas férias da faculdade para trabalhar temporariamente em um parque de diversões na Carolina do Norte, nos EUA. Nesse local, uma espécie de Disney dos pobres, ele faz diversas amizades que vão ajuda-lo a elucidar a lenda de um macabro assassinato ocorrido dentro do parque.
Característica forte do Stephen King é o desenvolvimento de seus personagens. Aqui não é diferente. Ele trabalha bem desenvolvimento de Devin, que chega ao parque, deprimido com o fim do namoro, para uma evolução a ponto de ter contato com pessoas reclusas da cidade onde mora. O personagem coadjuvante também tem suas evoluções, mas o livro foca demais em Jones, deixando ele um pouco cansativo. Sem contar que o personagem é chato. Não sei se foi a sua superexposição, ou mesmo a fascinante escrita do autor que faz gerar em seus leitores sentimentos que vão alem da leitura. Se eu conhecesse esse Devin Jones, provavelmente eu o acharia chato.
Mas não é só o personagem que é chato. Muitas passagens do livro também são. Em muitas situações as coisas acontecem de forma muito proposital para que o enredo aconteça. Talvez eu não tenha percebido isso nas outras obras que li do autor, mas aqui fica muito aparente ele mostrar esses “ganchos” para que lá na frente ele justifique algumas ações. Por exemplo, em determinado momento, um personagem demonstra notável habilidade em tiro, habilidade essa que vai ser usava mais para frente para justificar uma situação. Talvez eu esteja mais esperto, e de tanto ler Stephen King, estou vendo além da “Matrix”. Percebendo ali, suas jogadas, suas migalhas de pão, seus pequenos presentes, para construir situações e criar surpresas, ou talvez’ eu esteja chato mesmo, como o seu personagem Devin Jones.