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OS Books [+reading now]

jcsilva87

Ei mãe, 500 pontos!
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Aniquilação
Curti demais o filme e peguei a trilogia pra ver qual é.
 

MrMojo

Habitué da casa
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84602

Já ouvi falar tão bem desse livro que... vou ter que ler. Começando agora.
Dizem que é um dos melhores suspenses já escritos. Veremos.

"No verão de 1954, o xerife Teddy Daniels chega a Shutter Island com seu novo parceiro Chuck Aule. A dupla deverá investigar a fuga de uma interna do Hospital Psiquiátrico Ashecliffe, reservado a pacientes criminosos. Sem deixar vestígios, a assassina Rachel Solando escapou descalça de um quarto vigiado e trancado à chave. Os médicos, funcionários e enfermeiras da instituição não parecem dispostos a colaborar com a investigação. E as mentiras vêm diretamente do enigmático médico-chefe do hospital. O desaparecimento de Rachel traz à tona uma série de suspeitas sobre o hospital: com suas cercas eletrificadas e guardas armados, talvez ele não seja apenas mais um sanatório para criminosos. Surgem rumores de que uma abordagem radical e violenta da psiquiatria seria lá praticada - as suspeitas incluem desde terríveis experiências com drogas e cirurgias experimentais, até o desenvolvimento de instrumentos a serem usados na Guerra Fria. Enquanto isso, um furacão se aproxima da ilha, precipitando uma revolta entre os presos. Quanto mais perto da verdade Teddy e Chuck chegam, mais enganosa ela se torna" (resumo da Amazon)
 

Niko

V Has Come To
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Helena de Machado de Assis

Uau. Senhores, que obra. Estou extasiado aqui, livro muito bom. É um livro da era mais romantista, até naturalista do Machado, então não traz elementos realistas ou desgraças mais latentes. Mas mesmo assim, traz todas as complicações extremamente originais e criativas do autor numa obra que tem um desenlace bem pouco previsível e invoca quem tá lendo a ler quase que compulsivamente por causa de sua trama. Amei. Tem uma escrita bem mais simples que suas obras mais consagradas (as realistas), então bem acessível a todo tipo de público; e com o padrão Machado de Assis, em que uma palavra traz consigo vários indicadores, vários sentidos, inúmeros adjetivos, trazendo uma concisão enorme, bem objetivo e direto ao ponto.

O livro traz uma história excelentemente amarrada e surpreendente; o foco é em poucos personagens, não se abre o leque para vasta gama de personagens como visto em outras obras dele e isso dá mais objetividade ainda, um texto coeso e mais proximidade com os personagens. Narrado de forma bem padrão em 3ª pessoa, os textos são menos vistos e o livro dá um grande espaço aos diálogos, que são sempre muito deliciosos e transmitem de uma forma muito carismática os personagens que se apresentam, todos muito agradáveis de acompanhar de querer saber mais, precipuamente nesse caso a protagonista que leva o nome do livro, que é sempre muito bem descrita pelo autor. E como disse anteriormente quando li Dom Casmurro, esse é um dos principais motivos, junto com a criatividade e histórias sensacionais do escritor que tenho o autor como meu preferido. Particularmente gosto de uma história bem contada, e aí vale pra qualquer tipo de mídia, filmes, séries, quadrinhos e mangás, e em livros não é diferente; mas nos livros do machado ele traz um elemento a mais fora as narrativas sensacionais, que são as mulheres e a forma como ele descreve trazendo muito carisma, são meigas, bonitas, perspicazes, interessantes e basicamente tudo aquilo que um homem deseja. Nesse livro não poderia ser diferente, a protagonista é um deleite, uma mulher orgulhosa e inteligente, mesmo vindo de estratificações mais baixas. E, claro bem enigmática, que traz mais atenção ainda.

Sobre a narrativa, o autor dá um tom extremamente implícito, oculto e enigmático que não sabemos nunca para onde tudo irá se seguir e apenas torcemos para alguns caminhos, que sabemos difíceis de acontecer. Muito diálogos e narrações bem nas entrelinhas, um leitor menos contido, como eu, pode tirar conclusões bastante precipitadas no decorrer da história (não foi o meu caso, felizmente acabei acertando ponto crucial da história) e pender a coisas mais proibidas, mais desejadas. Traz assuntos de difíceis compreensão para época que foi publicado em 1876, seja pela rigidez, seja pelo conservadorismo e que nos dias de hoje seriam tratados com menos neura. O leitor lê o livro sempre com um pé atrás, sem ter noção muito do que quer que aconteça ou que irá acontecer, pois os sentidos são muito duplos, muita ambiguidade. No meu caso sempre gosto de pegar um livro ou um filme sem saber de NADA da história e descobrir vivendo mesmo ali na hora.

Como já citei, a escrita do Machado é bem mais leve nesse livro, esse sim concordaria em incentivar às crianças a lê-lo no ensino médio (se pode o Dom Casmurro, pode qualquer coisa, e o tom adultero de Memórias Póstumas de Brás Cubas hein), mas ainda assim é um livro censura livre, como sempre. Qualquer pessoa pode ler, nunca vai ter nada explicito não, aliás a ambiguidade é o que dá mais carisma ao livro. A obra conta com bastante diálogos, muitos mesmo e mais pro final alguns diálogos enormes, dignos de monologo. Alias os diálogos são ponto forte do livro, com certeza. Muitos bem rebatedores, bate e volta, argumentativos, bem construídos, inteligentes e que mostravam a cara dos personagens. Não sei porque mas me lembrou muito o Quentin Tarantino, um diretor e roteirista que sabe escrever muito bem diálogos, talvez pelo tom de debate em alguns momentos, geniais.

Assim como visto em suas outras obras, o livro traz menções, seja como for, através de citações, através de conversas, palavras soltas, a outros inúmeros literários abrangidos pela vasta memória e leitura do machado de assis, mas o que me chamou mesmo atenção nesse livro foram as dezenas de citações a varias personalidades e pensamentos implícitos bíblicos e proverbiais. Como Daniel 6, Gênesis 28,12, Mateus 5,13, Êxodo etc, o que demonstra uma verdadeira devoção à religião pelo autor, que usa desses e outros artifícios nos personagens. Não lembro de ter visto muito disso quando vi Dom casmurro que possui um tom extremamente religioso, mas talvez seja porque essa edição que comprei aqui de Helena seja muito bem feita (Penguin e Companhia das Letras), tudo de difícil compressão, citações, menções são explicadas no rodapé pelo pessoal que revisou a obra. Aliás, esse livro contem uma introdução bem longa feita por um dos estudiosos que repassaram o texto que quem tiver comprado o livro não recomendo a leitura dessa introdução, pois contem inúmeros spoilers. Um erro da editora ter colocado no inicio, teria que ser no final do livro. Eu só vi depois que vi todo o livro.

Enfim, recomendo bastante esse livro, tem que ser leitura obrigatória para todo amantes de livros! Já li algumas obras do machado, ainda tenho outras pra ver dele, mas essa daqui tá lá no topo. Deixo um trecho do livro no spoiler:
Trecho em que Estácio, irmão de Helena conversa com a protagonista, ambos em cima de seus cavalos, numa estrada de terra:

''—Valem muito os bens da fortuna, dizia Estácio; eles dão a maior felicidade da Terra, que é a independência absoluta. Nunca experimentei a necessidade; mas imagino que o pior que há nela não é a privação de alguns apetites ou desejos, de sua natureza transitórios, mas sim essa escravidão moral que submete o homem aos outros homens. A riqueza compra até o tempo, que é o mais precioso e fugitivo bem que nos coube. Vê aquele preto que ali está? Para fazer o mesmo trajeto que nós, terá de gastar, a pé, mais uma hora ou quase.
O preto de quem Estácio falara, estava sentado no capim, descascando uma laranja, enquanto a primeira das duas mulas que conduzia, olhava filosoficamente para ele. O preto não atendia aos dois cavaleiros que se aproximavam. Ia esburgando a fruta e deitando os pedaços de casca ao focinho do animal, que fazia apenas um movimento de cabeça, com o que parecia alegrá-lo infinitamente. Era homem de cerca de quarenta anos; ao parecer, escravo. As roupas eram rafadas; o chapéu que lhe cobria a cabeça, tinha já uma cor inverossímil. No entanto, o rosto exprimia a plenitude da satisfação; em todo o caso, a serenidade do espírito.
Helena relanceou os olhos ao quadro que o irmão lhe mostrara. Ao passarem por ele, o preto tirou respeitosamente o chapéu e continuou na mesma posição e ocupação que dantes.
—Tem razão, disse Helena-: aquele homem gastará muito mais tempo do que nós em caminhar. Mas não é isto uma simples questão de ponto de vista? A rigor, o tempo corre do mesmo modo, quer o esperdicemos, quer o economizemos. O essencial não é fazer muita coisa no menor prazo; é fazer muita coisa aprazível ou útil. Para aquele preto o mais aprazível é, talvez, esse mesmo caminhar a pé, que lhe alongará a jornada, e lhe fará esquecer o cativeiro, se é cativo. É uma hora de pura liberdade.''
 


EgonRunner

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Patriot Games, segundo livro do Ryanverse (até o momento em 27 livros).
leitura relativamente tranquila em inglês, acho que no começo o Tom Clancy não exagerava nos termos técnicos.
 

maedre

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O livro se propõe a uma (suposta) análise de um policial que se desviou moralmente e cometeu crime. Há também uma ferrenha crítica a polícia enquanto militarizada.
Conforme avança a leitura vc captura aqui e ali certas similaridades com fanfics e isso foi desmotivando.

Quando o personagem inicia uma discussão com Nietzsche, literalmente, acerca do "sistema" que corrompe as pessoas, eu dropei.






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Livro doido da poha, Haja imaginação do autor. Muito coisa grotesca, muita obscenidade. Suponho haver uma crítica ao mundo da fama em Hollywood.
 

General Mark

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Terminei semana passada o Fahrenheit 451 do Ray Bradbury, que livro foda! Distopia porém não muito longe da nossa realidade. (nao vou dar spoiler)
Mas tudo que é feito no livro, de certa forma acontece hoje em dia por OUTROS meios.

89107


Comecei essa semana Os Irmãos Karamazov, do Dostoievski. Já li o Crime e Castigo dele e me disseram que esse segue pelo mesmo caminho. Apesar das muitas críticas em cima do autor, gosto do estilo dele. Impressionante como a gente se sente mal de verdade em alguns trechos das obras dele.

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EgonRunner

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Cronologicamente Red Rabbit não é o primeiro? É qdo o Clark nem era Clark ainda.

esse aí é Without Remorse, o primeiro da cronologia.

  1. Without Remorse - Starts late 1970 in the aftermath of Hurricane Camille and continues the following spring in 1971. Epilogue is titled "February 12, 1973".
  2. Patriot Games - Begins in 1981 and continues through summer 1982 based on a reference to Ryan's age, which is 31 at the beginning of the novel. Roughly fits with a reference to the Princess of Wales's first child being a boy and a few months old, since Prince William was born in 1982.
  3. Red Rabbit - Presumably starts in the spring of 1982 as Jack Ryan Jr.'s age in the novel is given as 6 months, although the main action explicitly starts on August 15.
 

Caio-mas-levanto

Veterano
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Comecei a ler Brisingr nesse fim de semana, livro que compõe o Ciclo A Herança (Eragon).

Por mais que o autor enrole detalhando muito, ainda assim sua escrita é muito boa. Recomendo a leitura.
 

Thomas Shelby

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Helena de Machado de Assis

Uau. Senhores, que obra. Estou extasiado aqui, livro muito bom. É um livro da era mais romantista, até naturalista do Machado, então não traz elementos realistas ou desgraças mais latentes. Mas mesmo assim, traz todas as complicações extremamente originais e criativas do autor numa obra que tem um desenlace bem pouco previsível e invoca quem tá lendo a ler quase que compulsivamente por causa de sua trama. Amei. Tem uma escrita bem mais simples que suas obras mais consagradas (as realistas), então bem acessível a todo tipo de público; e com o padrão Machado de Assis, em que uma palavra traz consigo vários indicadores, vários sentidos, inúmeros adjetivos, trazendo uma concisão enorme, bem objetivo e direto ao ponto.

O livro traz uma história excelentemente amarrada e surpreendente; o foco é em poucos personagens, não se abre o leque para vasta gama de personagens como visto em outras obras dele e isso dá mais objetividade ainda, um texto coeso e mais proximidade com os personagens. Narrado de forma bem padrão em 3ª pessoa, os textos são menos vistos e o livro dá um grande espaço aos diálogos, que são sempre muito deliciosos e transmitem de uma forma muito carismática os personagens que se apresentam, todos muito agradáveis de acompanhar de querer saber mais, precipuamente nesse caso a protagonista que leva o nome do livro, que é sempre muito bem descrita pelo autor. E como disse anteriormente quando li Dom Casmurro, esse é um dos principais motivos, junto com a criatividade e histórias sensacionais do escritor que tenho o autor como meu preferido. Particularmente gosto de uma história bem contada, e aí vale pra qualquer tipo de mídia, filmes, séries, quadrinhos e mangás, e em livros não é diferente; mas nos livros do machado ele traz um elemento a mais fora as narrativas sensacionais, que são as mulheres e a forma como ele descreve trazendo muito carisma, são meigas, bonitas, perspicazes, interessantes e basicamente tudo aquilo que um homem deseja. Nesse livro não poderia ser diferente, a protagonista é um deleite, uma mulher orgulhosa e inteligente, mesmo vindo de estratificações mais baixas. E, claro bem enigmática, que traz mais atenção ainda.

Sobre a narrativa, o autor dá um tom extremamente implícito, oculto e enigmático que não sabemos nunca para onde tudo irá se seguir e apenas torcemos para alguns caminhos, que sabemos difíceis de acontecer. Muito diálogos e narrações bem nas entrelinhas, um leitor menos contido, como eu, pode tirar conclusões bastante precipitadas no decorrer da história (não foi o meu caso, felizmente acabei acertando ponto crucial da história) e pender a coisas mais proibidas, mais desejadas. Traz assuntos de difíceis compreensão para época que foi publicado em 1876, seja pela rigidez, seja pelo conservadorismo e que nos dias de hoje seriam tratados com menos neura. O leitor lê o livro sempre com um pé atrás, sem ter noção muito do que quer que aconteça ou que irá acontecer, pois os sentidos são muito duplos, muita ambiguidade. No meu caso sempre gosto de pegar um livro ou um filme sem saber de NADA da história e descobrir vivendo mesmo ali na hora.

Como já citei, a escrita do Machado é bem mais leve nesse livro, esse sim concordaria em incentivar às crianças a lê-lo no ensino médio (se pode o Dom Casmurro, pode qualquer coisa, e o tom adultero de Memórias Póstumas de Brás Cubas hein), mas ainda assim é um livro censura livre, como sempre. Qualquer pessoa pode ler, nunca vai ter nada explicito não, aliás a ambiguidade é o que dá mais carisma ao livro. A obra conta com bastante diálogos, muitos mesmo e mais pro final alguns diálogos enormes, dignos de monologo. Alias os diálogos são ponto forte do livro, com certeza. Muitos bem rebatedores, bate e volta, argumentativos, bem construídos, inteligentes e que mostravam a cara dos personagens. Não sei porque mas me lembrou muito o Quentin Tarantino, um diretor e roteirista que sabe escrever muito bem diálogos, talvez pelo tom de debate em alguns momentos, geniais.

Assim como visto em suas outras obras, o livro traz menções, seja como for, através de citações, através de conversas, palavras soltas, a outros inúmeros literários abrangidos pela vasta memória e leitura do machado de assis, mas o que me chamou mesmo atenção nesse livro foram as dezenas de citações a varias personalidades e pensamentos implícitos bíblicos e proverbiais. Como Daniel 6, Gênesis 28,12, Mateus 5,13, Êxodo etc, o que demonstra uma verdadeira devoção à religião pelo autor, que usa desses e outros artifícios nos personagens. Não lembro de ter visto muito disso quando vi Dom casmurro que possui um tom extremamente religioso, mas talvez seja porque essa edição que comprei aqui de Helena seja muito bem feita (Penguin e Companhia das Letras), tudo de difícil compressão, citações, menções são explicadas no rodapé pelo pessoal que revisou a obra. Aliás, esse livro contem uma introdução bem longa feita por um dos estudiosos que repassaram o texto que quem tiver comprado o livro não recomendo a leitura dessa introdução, pois contem inúmeros spoilers. Um erro da editora ter colocado no inicio, teria que ser no final do livro. Eu só vi depois que vi todo o livro.

Enfim, recomendo bastante esse livro, tem que ser leitura obrigatória para todo amantes de livros! Já li algumas obras do machado, ainda tenho outras pra ver dele, mas essa daqui tá lá no topo. Deixo um trecho do livro no spoiler:
Trecho em que Estácio, irmão de Helena conversa com a protagonista, ambos em cima de seus cavalos, numa estrada de terra:

''—Valem muito os bens da fortuna, dizia Estácio; eles dão a maior felicidade da Terra, que é a independência absoluta. Nunca experimentei a necessidade; mas imagino que o pior que há nela não é a privação de alguns apetites ou desejos, de sua natureza transitórios, mas sim essa escravidão moral que submete o homem aos outros homens. A riqueza compra até o tempo, que é o mais precioso e fugitivo bem que nos coube. Vê aquele preto que ali está? Para fazer o mesmo trajeto que nós, terá de gastar, a pé, mais uma hora ou quase.
O preto de quem Estácio falara, estava sentado no capim, descascando uma laranja, enquanto a primeira das duas mulas que conduzia, olhava filosoficamente para ele. O preto não atendia aos dois cavaleiros que se aproximavam. Ia esburgando a fruta e deitando os pedaços de casca ao focinho do animal, que fazia apenas um movimento de cabeça, com o que parecia alegrá-lo infinitamente. Era homem de cerca de quarenta anos; ao parecer, escravo. As roupas eram rafadas; o chapéu que lhe cobria a cabeça, tinha já uma cor inverossímil. No entanto, o rosto exprimia a plenitude da satisfação; em todo o caso, a serenidade do espírito.
Helena relanceou os olhos ao quadro que o irmão lhe mostrara. Ao passarem por ele, o preto tirou respeitosamente o chapéu e continuou na mesma posição e ocupação que dantes.
—Tem razão, disse Helena-: aquele homem gastará muito mais tempo do que nós em caminhar. Mas não é isto uma simples questão de ponto de vista? A rigor, o tempo corre do mesmo modo, quer o esperdicemos, quer o economizemos. O essencial não é fazer muita coisa no menor prazo; é fazer muita coisa aprazível ou útil. Para aquele preto o mais aprazível é, talvez, esse mesmo caminhar a pé, que lhe alongará a jornada, e lhe fará esquecer o cativeiro, se é cativo. É uma hora de pura liberdade.''
Parabéns cara, agora me deu uma vontade absurda de ler esse livro kkk. Achei o diálogo sensacional, mto tarantino mesmo, só falta a violência gratuita em seguida xP.
 

Thomas Shelby

Bam-bam-bam
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Lendo atualmente: Amar, verbo intransitivo. Comprei ele nos tempos do vestibular, era leitura obrigatória mas nunca tinha chegado a ler. Achei meio fraco na real, autor dialoga muito com o leitor e isso me irrita às vezes, mas não é ruim não.
 

Giant Enemy Crab

Wyrd biõ ful ãræd
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faz tempo que não posto aqui, mas sou obrigado a recomendar:

O Instituto - Stephen King
「o instituto stephen king」の画像検索結果



Esse livro é facil um dos melhores que li esse ano, e olha que li livro pra c***lho esse ano. heheh.



Uma breve sinopse por mim mesmo sem spoiler:
Um menino genio de 12 anos, moleque super normal, tirando a inteligencia. Ele conseguiu entrar em 2 universidades com 12 anos. É sequestrado e seus pais são assassinados. Ele é dopado e levado até o outro lado dos USA, no Maine (sempre o Maine). Ele acorda em um quarto bem parecido com o dele, a diferença que ele esta trancado dentro de um lugar que é chamado de "Instituto".

La dentro há outras crianças. O motivo dele ter sido sequestdado não é por ser um genio, isso é irrelevante para o povo do Institituto, é porque ele é telecinetico. Todas as crianças ali são ou telecinéticos ou telepaticos. Mesmo que em grau leve.

Dentro do Instituto a parte de "moradia" das crianças é um sistema de merecimento por moedas. "Se comporte bem e ganha moedas", que podem ser usadas em maquinas pra pgar comidas diferentes (além das "gratis" do refeitório), cigarros e bebidas.
As crianças são submetidas a vários tipos de testes, humilhação e tortura. Para em algum momento breve serem "mandados para Parte de Trás", aonde o que acontece la vai sendo um mistério solucionado pouco a pouco no decorrer do livro. "A Parte da frente" é um preparatório "Pra parte de trás".


A sinopse acima parece um tanto quanto modesta, o livro demora um pouco pra engrenar porque os primeiros 10% dele nem é sobre o Ellis, é sobre o Tom, um ex-policial que ia pegar um avião até Nova York, mas a compania aérea por precisar de algum lugar vago, paga alguns milhares de dolares pra ele pra ele ceder o lugar. Então ele vira um "andarilho sem rumo" e vai parar numa cidadezinha chamada DuPray na Carolina do Norte. Aonde vira Vigilante Noturno. (todas as decisões até aqui dele parecem aleatórias, ele mesmo pontua isso).


Quem conhece Stephen King ja deve ter uma idéia do o porque a história começa com alguém tão aleatório e sem nexo com O Instituto. Stephen king é um genio da escrita, nesse livro ele mostra o porque merece ser chamado de um dos melhores escritores de ficção. O livro é super gostoso de ler, todos os personagens relevantes tem várias camadas. A forma de escrita é super suave. E ele detalha, pelo menos pra mim, as coisas mais importantes de uma história de ficção, os personagens. Não perde dezenas de paginas descrevendo a porcaria da neve no pé de um carinha parado como um autor ingles gordinho e famoso costuma fazer,.
Além da manjesterona que poucos conseguem, é narrar histórias paralelas em locais diferentes ao mesmo tempo, e ainda conseguindo fazer o leitor conseguir de forma automatica criar um paralelo na linha de tempo (como acontece de forma preguiçosa em vários filmes que dividem a tela pra mostrar 2 personagens distintos fazendo coisas distintas durante o mesmo periodo).


Eu não sou chegado em livros protagonizados por crianças. Mas o Ellis aqui por ser genio e gente boa, é muito gostoso de acompanhar sua saga. Pois Stephen King mesmo com todos os pesares que o pequeno protagonista passa em sua jornada, em momento algum esquece que o personagem é uma criança de 12 anos, um genio xadrezista, mas ainda sim uma criança de 12 anos atormentada e sentimentalmente abalada.

Stephen King consegue até mesmo deixar um personagem que só vai aparecer bem no epilogo, um tanto quanto "amedontrador" (isso que o livro todo ele é apenas um telefone embaixo da mesa da chefe do instituto).


Mas nem tudo são rosas, quem não é acostumado com Stephen King pode achar o final um tanto quanto "broxante", principalmente quem gosta de finais "A la Lord of The Rings aonde há uma clara divisão de bem ou mal e uma clara tentativa de ser épico.
Eu particularmente não me incomodei com o final desse, achei bem coerente, não faltou nada, foi até melhor do que eu esperava (principalmente depois de ter lido Sob A Redoma, A Grande Marcha e Insonia, do mesmo autor, 3 livros com finais completamente patéticos).

Fazia tempo que eu não lia + de 200 paginas seguidas só parando pra ir no banheiro. Como eu fiz com a ultima metade desse, entre sabado e domingo de madrugada/.
 
Ultima Edição:

guiracer

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Terminando aqui, boa demais a história e nos faz pensar em pontos de vista, e que a história é contada pelos vencedores.
 

skydog

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Terminei semana passada o Fahrenheit 451 do Ray Bradbury, que livro foda! Distopia porém não muito longe da nossa realidade. (nao vou dar spoiler)
Mas tudo que é feito no livro, de certa forma acontece hoje em dia por OUTROS meios.

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Comecei essa semana Os Irmãos Karamazov, do Dostoievski. Já li o Crime e Castigo dele e me disseram que esse segue pelo mesmo caminho. Apesar das muitas críticas em cima do autor, gosto do estilo dele. Impressionante como a gente se sente mal de verdade em alguns trechos das obras dele.

Visualizar anexo 89108

Esses Dostoiévski você comprou em ebook? Estou atrás de livros dele - só li O jogador, daquela editora L&PM Pocket - mas na amazon a maioria é com tradução de português de Portugal, e acho um saco!
 

General Mark

Bam-bam-bam
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Esses Dostoiévski você comprou em ebook? Estou atrás de livros dele - só li O jogador, daquela editora L&PM Pocket - mas na amazon a maioria é com tradução de português de Portugal, e acho um saco!
Não! Comprei físico mesmo em uma loja de livros usados.
 

komplicado

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Esses Dostoiévski você comprou em ebook? Estou atrás de livros dele - só li O jogador, daquela editora L&PM Pocket - mas na amazon a maioria é com tradução de português de Portugal, e acho um saco!
Comprei o box da Editora 34 - essa versão é traduzida do Russo. Peguei no submarino essa semana que teve o cupom com 40% de desconto. Veio os livros "Irmãos Karamázov", "O adolescente", "os demônios", "O idiota" e "crime e castigo".
 

solfieri

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Estou lendo Hyperion, comecei o segundo livro ontem, me surpreendi com o primeiro. No início estava indo devagar e interessante, foi chegando no final a historia teve uma reviravolta e me vi obrigado a começar o segundo.

Me dividindo entre Praetorian of Dorn, onde a Heresia de Horus começa a caminhar para o seu fim, com as primeiras incursões da frota de Horus chegando à Terra.

BLPROCESSED-praetorian-of-dorn-ebook.jpg


e Sapiens:

51-U-eopKJL.jpg

Tenho vontade de entrar no Universo de Warhammer, mas nunca pesquiso por onde começar.
 

Sgt. Kowalski

Lenda da internet
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Tenho vontade de entrar no Universo de Warhammer, mas nunca pesquiso por onde começar.

Warhammer 40k é como crack, depois que vc entra, não para mais.
Somando os dois acima, eu estou batendo em 20 livros lidos esse ano. Metade são de Warhammer.

eu recomendo cair de leve no lore pra vc se habituar mais antes de partir pra coisas ÉPICAS E GLORIOSAS como a Horus Heresy.

Vc pode começar por livros fechados como:

brothersofthesnakecover.jpg


aqui são os Space Marines retratados de forma crua.

Vc pode pegar o clássico definidor da Guarda Imperial, que são os compendios da Tanith First and Only.

517K5piiOOL._SX316_BO1,204,203,200_.jpg


Começando por aí, vc começa bem.
 

solfieri

Bam-bam-bam
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Warhammer 40k é como crack, depois que vc entra, não para mais.
Somando os dois acima, eu estou batendo em 20 livros lidos esse ano. Metade são de Warhammer.

eu recomendo cair de leve no lore pra vc se habituar mais antes de partir pra coisas ÉPICAS E GLORIOSAS como a Horus Heresy.

Vc pode começar por livros fechados como:

brothersofthesnakecover.jpg


aqui são os Space Marines retratados de forma crua.

Vc pode pegar o clássico definidor da Guarda Imperial, que são os compendios da Tanith First and Only.

517K5piiOOL._SX316_BO1,204,203,200_.jpg


Começando por aí, vc começa bem.
Obrigado.
 

Agito

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O livro bate muito nesse negócio de cultura viking e bom, os vikings eram uns merdas covardes. Sem falar que os diálogos e tudo ali tem um ar meio forçado do tipo que deve ser foda na cabeça do autor, mas na prática é bem mais ou menos.

Dropei depois da metade.
 

Tyler_Durden

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Aproveitando, recentemente terminei de ler esse magnifico livro Memórias Póstumas de Brás Cubas. Acho difícil ter alguém q nunca leu essa obra prima, mas super recomendo. A edição q comprei é essa 'edição exclusiva da Amazon' que ficou muito bem feita, capa dura e desenhos do Cândido Portinari, gostei bastante.
 

guiracer

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Sou fissurado no canal Discovery ID e na série Mind Hunter, apesar de achar macabro, confesso que o tema Serial Killer atiça a minha curiosidade, pesquiso sobre os mais famosos, o Modus Operandi, a motivação, o passado do psicopata, a rota que ele fez, como ele foi preso, pesquiso sobre as vítimas, enfim, pra quem gosta do assunto recomendo fortemente este livro, tem histórias ali macabras demais, recomendo ler com o celular do lado, cada caso me fez pesquisar sobre o assassino na Internet, bem legal mesmo.
51DH3ODzHxL._SX373_BO1,204,203,200_.jpg
 

Agito

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Então vc não acha q vale a pena? Tava pensando em ler esse ae
Depende, se vc curte cultura viking e talz, acho que vale a pena. O livro é baseado em eventos históricos da época em que os filhos do Ragner (protagonista da série vikings) resolveram invadir a Bretanha pra vingar seu pai (na verdade eles queriam era mesmo tocar o puteiro e encher os bolsos). No meio desse cenário está o jovem Angus acompanhando seu pai, o líder Seawolf, onde os dois vão descobrir que nem tudo é questão de honra e coragem. Como falei, os diálogos não são tão bons (opinião pessoal minha), mas as lutas são bem legais. Tanto no que diz lutas um contra um e batalhas de maior escala (exércitos), se vc curte um combate mais tático, vc vai gostar.

Se quiser, te vendo a minha cópia por R$10,00 e faço Mercado Livre. Novo ele sai por por uns R$25,90.
 

Niko

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Os Demônios de Fiódor Dostoiévski

Um livro muito bom! Terminei ontem, dei uma corrida pra terminar, porque ele é meio longo e queria logo terminar, pois estava me consumindo e agora que finalizei já sinto saudades dos personagens e da trama, que envolve bastante o leitor.

Inicia-se meio distante, meio intocável sua história, o modo da tradução parece seguir à risca o que o autor quis passar, tanto é que às vezes sentia um certo desconforto pela maneira como os personagens conversam entre si, uma mistura de formalidade excessiva com pontas soltas de entendimento, mas com o decorrer do livro a gente consegue pegar o ritmo das conversações, mas mais adiante falo mais da tradução. A história é longa e em alguns momentos, confesso me senti cansado, meio exausto por não conseguir entender para onde tudo aquilo se seguia, as reais motivações, as conexões, os porquês; também o livro é composto de ''dezenas de dezenas'' de personagens, nunca li um livro com tanto personagem na minha vida, em vários momentos a gente se perde, ali nas primeiras 200 páginas e nesse inicio tudo é apenas uma grande barca de conhecimento inicial para o que se segue, é um longo preâmbulo de iniciação ao background de personagens. Alguns, em minha visão, ainda ficaram pouco explicados e olha que o livro é grande hein! já outros aparecem mais do que gostaria e em algumas cenas que achei supérfluas.

O livro é composto de 2 personagens principais, que são o foco do trabalho do autor na historia, mas ele traz mais ''outras centenas'' que tbm aparecem bastante. Piotr Stiepánovitch e Nikolai Stavróguin trazem ao centro da trama muita obscuridade, muitos devaneios e mais perguntas do que respostas durante o livro inteiro! Pelas suas personalidades, que são horrendas, é esperado que o leitor os odeie, mas muito pelo contrário, eu amei lol, Dostoievski consegue trazer tudo de uma forma muito lenta, todo valor intrínseco desses dois personagens (e mais outros dois que citarei depois) que a gente começa a se apaixonar ainda mais pela história e quer saber mais, ver mais desses personagens. Todo o livro é composto por um enigma, aliás vários enigmas, leve obscurantismo e niilismo que a gente sente na alma, e apesar de trazer uma trama política em seu enredo, todo o conjunto da obra se desbanca num verdadeiro thriller político-psicológico de dar nos nervos, que prende o leitor como se fosse um filme. Muitas outras obras vieram a minha mente ao ler esse livro, que pra mim definitivamente traz reminiscências de Fargo, The Sopranos, Goodfellas e Onde os fracos não tem vez. Até golpes militares, como o que ocorreu aqui no Brasil, lembra um pouco, é incrível o grau de amplitude que o tema do livro toma. Não sei se livro pode ter ou tem censura, mas pelo teor psicológico que esse aborda, não acho que deva ser livre para todos os públicos (?), não sei, me corrijam se eu tiver errado.

Os diálogos tomam bastante parte do livro, eu diria que 90 a 95 % do livro é composto de diálogos, que para minha surpresa são enormes! alguns até tomam páginas e páginas, e por VÁRIOS momentos possui um tom bastante filosófico, em outros muito obscuros, extremamente implícitos, muito nas entrelinhas, bem onipresente para os interlocutores, mas absolutamente escusos para o leitor, que sempre fica com uma pulga atrás da orelha, a gente tem que supor tal coisa e muitas das vezes apenas dando um tiro no escuro, sem o menor fio de certeza, pois não tem como saber de forma alguma. No geral, ninguém assume nada, ninguém fala explicitamente, é como se já soubessem tudo, como se estivessem com medo de alguém estar ouvindo.

Com o passar das páginas, no decorrer, nos momentos de ápice os diálogos, parece que por momentos de pura inspiração do autor, vão se tornando ainda mais ricos e originais, demonstrando uma criatividade alucinante, eu fiquei embasbacado pelo nível de coerência e aplicabilidade de carisma e apego que o autor dá, mesmo aos personagens odiáveis.

O tom político é o qual (deveria) indicar pra onde se seguirá, mas a obra é composta de outros vários momentos que não tem (ou tem?) absolutamente nada a ver com o tema e aí mais uma vez as entrelinhas se fazem presente, e só no extremo final é que podemos ou não fazer um apanhado geral e observar o completo constructo, que agora no momento em que escrevo posso notar que é uma verdadeira obra de arte do autor, um livro maravilhoso.

Sem dar spoilers, Nikolai Stavróguin, um dos protagonistas, é o personagem mais enigmático da história e um dos melhores construídos, apesar das possíveis neuras e negatividades, possíveis teorias propostas durante o decorrer da trama produzidas pelo personagem, nada é muito claro, a gente não consegue acreditar e se apega ao personagem, que tem grossos toques niilistas, mas de uma forma mais racional, diferente do outro protagonista, Piotr Stiepanovitch, que é bem escancarado e grosso. Inclusive os diálogos entre esses dois protagonistas são os melhores do livro, sem dúvidas.
Sobre o Nikolai Stavróguin gostaria de deixar minha EXTREMA recomendação de quem for ler esse livro que pegue a versão da Editora 34, no meu caso é livro físico, pois não gosto de livros digitais, essa edição contém um apêndice, um capítulo que foi censurado, não contemplado nas primeiras edições que o livro foi lançado lá nos anos 1872, inclusive até depois da morte do autor esse capítulo ficou censurado, mas que eu considero ESSENCIAL para a história, que me fez amar mais ainda o conjunto da obra.
Outros personagens que destaco são Stiepan Trofímovitch e Lizavieta Nikoláievna, o Stiepan o mais carismático do livro, lembra bastante o personagem Policarpo Quaresma do livro Triste fim de Policarpo Quaresma, do Lima Barreto.


Como ponto negativo mesmo acho que poderia citar alguns excessivos diálogos e cenas que me deixaram cansado no decorrer do livro, que pareciam não necessárias, apenas mesmo pra alongar. Raras vezes isso aconteceu, mas me incomodou um pouco. E a quantidade de personagens é enorme, até me lembrou um pouco a 2ª temporada de True Detective (2015, HBO), que em minha opinião foi um sincera obra de arte, mas que foi vastamente criticada pela sua densa quantidade de personagens, muitos, inclusive que deveriam aparecer mais pra explicar mais as coisas, não parecem ou aparecem pouco. Outros até inúteis, e é assim que funciona um pouco os personagens desse livro, cara é MUITA gente kkkk. Por isso não recomendo muito o livro para aquele leitor menos preparado ou com menos prática de leitura, pois tem que lembrar de muita coisa importante, muitos objetos que estavam em tal lugar, acontecimentos, é uma trama densa, e se desenvolve no seu tempo, até pq é grande e tem tempo para isso, sem falar da escrita que pode confundir ou não ser clara, por usar termos menos usuais.

O livro abarca uma série de temas mais esparsos, como críticas ao conservadorismo russo, criticas ao socialismo, ao movimento niilista russo. Também abarca espionagem, pensamentos filosóficos, existencialismo, suicídio, doenças crônicas. Possui momentos leves, mais engraçados, os personagens são bastante carismáticos, tem momentos mais dark e momentos mais de tensão, que faz a gente sentir fortes emoções.
De forma geral, os 70% iniciais do livro são bem trabalhados em forma de círculo de conversas de personagens cíclicas e reuniões de personagens, tudo num envolto conspiratório e obscuro que ninguém sabe, não tem nem como supor o que vai acontecer. Eu por exemplo, estava na página 530 e só me perguntava: pra onde que vai tudo isso, meu deus? kkkkkkk

Enfim, destaco tbm, mais uma vez a edição da Editora 34, é maravilhosa, bom acabamento, o tradutor traz centenas de notas de rodapé e ainda trouxe um capitulo que tinha sido censurado. A tradução é maravilhosa, sem reclamações, pelas notas de rodapé nota-se que o tradutor possui vasto conhecimento da língua e das obras e vida de dostoievski, e também não achei um erro sequer de ortografia ou pontuação, imagina o trabalho pra revisar essa obra. Vem tbm com gravuras de um gravurista Claudio Mubarac, que terminei o livro todo e não entendi UM DESENHO kkkkkkk, definitivamente gravurismo, esses desenhos não são pra mim lol. Avaliando agora de uma forma completa, o livro é uma put* obra foda. É uma obra de arte, sem dúvidas, sensacional. Recomendo.

Dizem que o livro é o único do Dostoiévski que possui tons panfletários ou reacionário, mas confesso que é impossível ver a que lado o autor pende mais, pois sua imparcialidade reina aqui e o que se observa de forma geral é uma crítica a todo o conflito e conjunto político, e também sabemos que Dostoiévski se alinhava mais ao conservadorismo, profundamente ligado a Deus, mas tbm foi a favor de igualdade social sem tons socialistas, é claro. O que me deixa ainda mais apaixonado é a forma que ele trata os dois lados da moeda entre esquerda e direita nesse livro, consegue ver momentos bons e momentos ruins de ambos, sem efetivamente pender 100% pra um lado. Ele apenas transmite a história.
Trecho em que o protagonista Nikolai Stavróguin debate com um de seus associados, Ivan Chátov, sobre sua possível fé em Deus e seus ideais:

— Não estava brincando! Na América, passei três meses deitado na palha, ao lado de um... infeliz, e soube por ele que enquanto você implantava Deus e a pátria em meu coração, exatamente ao mesmo tempo, talvez até naqueles mesmos dias, você envenenou o coração daquele infeliz, do maníaco do Kiríllov... você implantou nele a mentira e a calúnia e levou a razão dele ao delírio... Vá lá agora e olhe para ele, é sua criação... Aliás, você viu.
— Em primeiro lugar, eu lhe observo que o próprio Kiríllov acabou de me dizer que é feliz e belo. Sua hipótese de que tudo aconteceu ao mesmo tempo é quase correta; bem, o que se conclui de tudo isso? Repito, não enganei a nenhum de vocês.
— Você é ateu? Hoje é ateu?
— Sim.
— E naquela época?
— Exatamente como hoje.
— Eu não lhe pedi respeito por mim ao iniciar a conversa; inteligente como é, você poderia compreender isso — murmurou Chátov indignado.
— Não me levantei ao ouvir sua primeira palavra, não encerrei a conversa, não fui embora, mas até agora estou aqui sentado e respondendo tranquilamente às suas perguntas e... gritos, logo, ainda não violei o respeito por você.
Chátov interrompeu, deu de ombros:
— Você se lembra da sua expressão: “Um ateu não pode ser russo, um ateu deixa imediatamente de ser russo”, está lembrado?
— Verdade? — era como se Nikolai Vsievolódovitch pedisse para repetir.
— Você pergunta? Esqueceu? No entanto, é uma das assertivas mais precisas a respeito de uma das peculiaridades fundamentais do espírito russo que você adivinhou. Você não poderia ter esquecido isso, não é? Lembro-lhe ainda mais; naquela mesma ocasião você ainda disse: “Não sendo ortodoxo não pode ser russo”.
— Suponho que isso seja uma ideia eslavófila.
— Não; os eslavófilos de hoje a rejeitariam. Hoje o povo está mais inteligente. No entanto você foi mais longe ainda: acreditava que o Catolicismo romano já não era Cristianismo; afirmava que Roma proclamou um Cristo que se deixou seduzir pela terceira tentação do demônio e que, ao anunciar ao mundo que Cristo não conseguia preservar-se sem o reino terrestre na terra, o Catolicismo proclamou o Anticristo e assim arruinou todo o mundo ocidental. Você afirmou precisamente que se a França se atormentava era unicamente por culpa do Catolicismo, pois ela rejeitara o fétido deus romano e não encontrara um novo. Eis o que você conseguia dizer naquela época! Eu me lembro das nossas conversas.
— Se eu cresse, sem dúvida repetiria isso também agora; eu não estava mentindo ao falar como pessoa que crê — pronunciou Nikolai Vsievolódovitch com muita seriedade. — Mas lhe asseguro que essa repetição das minhas ideias passadas produz sobre mim uma impressão demasiadamente desagradável. Não poderia parar?
— Se cresse? — gritou Chátov sem dar a mínima atenção ao pedido. — Mas não foi você mesmo que me disse que, se lhe provassem matematicamente que a verdade estava fora de Cristo, você aceitaria melhor ficar com Cristo do que com a verdade? Você disse isso? Disse?
 
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