Sobre certos aspectos, sim. Mas bem poucos, o que não é o caso dessas novas maneiras de lidar com o cabelo, romper com a ideia de roupas destinadas a tais gêneros, etc. Tanto que fora da bolha universitária ainda são vistos como "estranhos" e a reação em massa no tópico é exemplo disso. Ou seja, a cultura dominante definitivamente não é a deles.
Por outro lado, o que você disse tem certo sentido quando observamos as mudanças comportamentais que passam pela sociedade nos últimos tempos, as discussões travadas. Nesse âmbito é uma forma de "contra-cultura", mas ainda assim é controverso, porque me parece muito mais uma reação clamando pela volta de um tempo que havia um tratamento desigual ou desrespeitoso a mulheres, negros, transgêneros, etc.
A minha política basicamente é: não seja um babaca. Eu abomino as investidas censoras dos SJWs que lutam por guerras de narrativas, querem policiar, fazendo um verdadeiro patrulhamento e vigilância sobre o que é dito e o não dito, promovendo um caça às bruxas, verdadeiros expurgos e linchamentos virtuais, em uma dinâmica de pureza moral - quase carola - sem conceber a ideia de erro ou perdão. Ainda assim, eu não posso ignorar e embarcar na trincheira dos reaças militontos do Bolsonaro nas redes sociais, que brigam como se o mundo sempre foi as mil maravilhas antes dos "SJW" e não houvesse nenhum ponto relevante nos debates que [os SJWs] trazem.
A minha política em um nível mais complexo:
destruam ou profanem os códigos. Esse é o pressuposto do capitalismo, a destruição-criativa, e a mesma força que dessacralizou o papel social tradicional da mulher e permitiu que ela saísse da esfera doméstica - tornando-a também uma mercadoria - para se emancipar e trabalhar fora de casa, abre a oportunidade para a libertação de qualquer outro grupo. O desafio é enxergar essas linhas, saber cavalgar essas forças e sermos senhores de nossos próprios destinos.
O
marxismo de direita confere grande valor a essa passagem do Manifesto do Partido Comunista, e apesar do marxismo de direita não ser comunista, mas
aceler@cionista, aposta na velocidade de
transformação/cibernética do capitalismo para nos levar a caminhos inimagináveis, portanto o desafio é acelerá-lo e buscar valores imanentes às nossas vidas através de práticas nessas transformações:
"A burguesia não pode existir sem revolucionar permanentemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, por conseguinte as relações sociais todas. A conservação inalterada do antigo modo de produção era, pelo contrário, a condição primeira de existência de todas as anteriores classes industriais. O permanente revolucionamento da produção, o ininterrupto abalo de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos distinguem a época da burguesia de todas as outras. Todas as relações fixas e enferrujadas, com o seu cortejo de vetustas representações e intuições, são dissolvidas, todas as recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo o que era dos estados [ou ordens sociais — ständisch] e estável se volatiliza, tudo o que era sagrado é profanado, e os homens são por fim obrigados a encarar com olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas ligações recíprocas."
https://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComunista/cap1.htm