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Estou escrevendo um livro de poemas, e gostaria de saber a opinião de vocês a respeito do gênero. Postem os seus favoritos, ou autorais, enfim...
Obviamente eu amo. O meu favorito é "Alone" do Edgar Allan Poe:
Sozinho
Da hora da infância, eu nunca pude ser
Como outros eram, – nunca pude ver
Como outros viam, – sentimento algum
Pude extrair de manancial comum.
Nas mesmas fontes eu não fui buscar
A minha dor; não pude despertar
Meu gozo com os tons de meu vizinho;
E tudo o que eu amei, amei sozinho.
Então, – na minha infância, – foi tirado,
Na aurora de um viver atormentado,
Dos abismos de todo mal e bem,
O mistério que ainda me retém:
Da torrente e da fonte,
Do penhasco vermelho do monte,
E do sol, a rolar a meu lado
Com as tintas do outono dourado...
Do corisco na altura sem fim,
Que voando passava por mim...
Da tormenta, da voz do trovão,
E da nuvem, criando a ilusão
(Lá no meio do azul a brilhar)
De um demônio em meu olhar.
Seguido de perto, vem esse da incrível Sylvia Plath:
Canção de Amor da Jovem Louca
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)
Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)
-----
Indiferença
Ponto branco solitário,
no breu do meu quarto,
no vazio do meu eu,
guardião de memórias
desenhando saudade.
Meu celular
é presença inanimada,
que testemunha
o fim do amor
e o início do silêncio.
A cada toque
uma resposta fria.
Indiferente.
Distante.
Fútil.
E quando me deslogo,
a luz se esvai
e fica um coração
sem seguidores.
Apenas eu.
------------
Goteira
Em minha casa havia vazamentos,
poupo a pouco estancados,
rebaixados a meras goteiras,
rachaduras a suaves curvas.
Meu teto de vidro
é resistente a pedras,
e a luz entra
pelos meus poros.
------------------------------
Carta a quem chegou
Seja bem-vindo pequeno pássaro;
Aqui não há grades,
não há portas,
apenas pulso.
Não repare a bagunça,
Empoleire-se em meu
ventrículo esquerdo,
sei que não irá obstruí-lo.
Se quiser abrir as asas,
apenas vá, só não o faça
aqui dentro.
Em ambiente tão frágil,
Amor é alimento.
Confiança é lar.
Ponto branco solitário,
no breu do meu quarto,
no vazio do meu eu,
guardião de memórias
desenhando saudade.
Meu celular
é presença inanimada,
que testemunha
o fim do amor
e o início do silêncio.
A cada toque
uma resposta fria.
Indiferente.
Distante.
Fútil.
E quando me deslogo,
a luz se esvai
e fica um coração
sem seguidores.
Apenas eu.
------------
Goteira
Em minha casa havia vazamentos,
poupo a pouco estancados,
rebaixados a meras goteiras,
rachaduras a suaves curvas.
Meu teto de vidro
é resistente a pedras,
e a luz entra
pelos meus poros.
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Carta a quem chegou
Seja bem-vindo pequeno pássaro;
Aqui não há grades,
não há portas,
apenas pulso.
Não repare a bagunça,
Empoleire-se em meu
ventrículo esquerdo,
sei que não irá obstruí-lo.
Se quiser abrir as asas,
apenas vá, só não o faça
aqui dentro.
Em ambiente tão frágil,
Amor é alimento.
Confiança é lar.
Obviamente eu amo. O meu favorito é "Alone" do Edgar Allan Poe:
From childhood’s hour I have not been
As others were—I have not seen
As others saw—I could not bring
My passions from a common spring—
From the same source I have not taken
My sorrow—I could not awaken
My heart to joy at the same tone—
And all I lov’d—I lov’d alone—
Then—in my childhood—in the dawn
Of a most stormy life—was drawn
From ev’ry depth of good and ill
The mystery which binds me still—
From the torrent, or the fountain—
From the red cliff of the mountain—
From the sun that ’round me roll’d
In its autumn tint of gold—
From the lightning in the sky
As it pass’d me flying by—
From the thunder, and the storm—
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view—
As others were—I have not seen
As others saw—I could not bring
My passions from a common spring—
From the same source I have not taken
My sorrow—I could not awaken
My heart to joy at the same tone—
And all I lov’d—I lov’d alone—
Then—in my childhood—in the dawn
Of a most stormy life—was drawn
From ev’ry depth of good and ill
The mystery which binds me still—
From the torrent, or the fountain—
From the red cliff of the mountain—
From the sun that ’round me roll’d
In its autumn tint of gold—
From the lightning in the sky
As it pass’d me flying by—
From the thunder, and the storm—
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view—
Sozinho
Da hora da infância, eu nunca pude ser
Como outros eram, – nunca pude ver
Como outros viam, – sentimento algum
Pude extrair de manancial comum.
Nas mesmas fontes eu não fui buscar
A minha dor; não pude despertar
Meu gozo com os tons de meu vizinho;
E tudo o que eu amei, amei sozinho.
Então, – na minha infância, – foi tirado,
Na aurora de um viver atormentado,
Dos abismos de todo mal e bem,
O mistério que ainda me retém:
Da torrente e da fonte,
Do penhasco vermelho do monte,
E do sol, a rolar a meu lado
Com as tintas do outono dourado...
Do corisco na altura sem fim,
Que voando passava por mim...
Da tormenta, da voz do trovão,
E da nuvem, criando a ilusão
(Lá no meio do azul a brilhar)
De um demônio em meu olhar.
Seguido de perto, vem esse da incrível Sylvia Plath:
"I shut my eyes and all the world drops dead;
I lift my lids and all is born again.
(I think I made you up inside my head.)
The stars go waltzing out in blue and red,
And arbitrary blackness gallops in:
I shut my eyes and all the world drops dead.
I dreamed that you bewitched me into bed
And sung me moon-struck, kissed me quite insane.
(I think I made you up inside my head.)
God topples from the sky, hell's fires fade:
Exit seraphim and Satan's men:
I shut my eyes and all the world drops dead.
I fancied you'd return the way you said,
But I grow old and I forget your name.
(I think I made you up inside my head.)
I should have loved a thunderbird instead;
At least when spring comes they roar back again.
I shut my eyes and all the world drops dead.
(I think I made you up inside my head.)"
I lift my lids and all is born again.
(I think I made you up inside my head.)
The stars go waltzing out in blue and red,
And arbitrary blackness gallops in:
I shut my eyes and all the world drops dead.
I dreamed that you bewitched me into bed
And sung me moon-struck, kissed me quite insane.
(I think I made you up inside my head.)
God topples from the sky, hell's fires fade:
Exit seraphim and Satan's men:
I shut my eyes and all the world drops dead.
I fancied you'd return the way you said,
But I grow old and I forget your name.
(I think I made you up inside my head.)
I should have loved a thunderbird instead;
At least when spring comes they roar back again.
I shut my eyes and all the world drops dead.
(I think I made you up inside my head.)"
Canção de Amor da Jovem Louca
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)
Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)
Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)
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