Confrades, esse relato me lembrou de uma história na adolescência.
Lembram da época do Mirc? Meu irmão mais velho - canastrão típico, daqueles que por um detalhe não se tornaram agenciadores de garotas de programa- um dia apareceu com uma menina do site ali, cuja alcunha online era algo como " Fofinha Sacana".
De fato, eu não sei se era mais condizente com ela o " fofinha"ou o "sacana", como vim a descobrir depois, embora esses dois adjetivos fossem dois eufemismos, e a descreveriam melhor algo como " baleiúda gigantescamente rotunda e obesa" e " pervertida sapeca insaciável".
Enfim, senhores, meu irmão percebeu na situação uma bela oportunidade: a donzela essa, cujo apetite sexual era bastante assim, como poderíamos descrever, " notável", tinha um sex appeal inversamente proporcional à libido irrefreável, de modo que precisava se valer de ardis para satisfazer sua " sede por falos".
Então meu irmão, esse ser malicioso, passou a atuar como uma espécie de facilitador. Despretensiosamente, ele apresentava a ela " voluntários", que se dispunham a aplanar o fogo por sob as saias da menina, em troca de " vantagens materiais", por assim dizer. Meu irmão também recebia sua quota ( geralmente em engradados de ceva e carne pra churrasco). E uma mão lavava a outra.
Houve um grande campeão nesse sentido,o favorito do meu irmão, que era o Zé. Um bicuíra da praia, sujeito sestroso, que parecia em qualquer situação desenrolar-se muito bem. O Zé passou a faturar a nossa amiga com alguma frequência, o que lhe resultou coisas como: prancha, bicicleta, bermudas e tênis Reef, dentre outras.
Contudo em dado momento o Zé passou a refugar o compromisso. Parece que o foi acometendo uma espécie de depressão. Conjecturo aqui comigo que em alguma ocasião seu pênis deve ter lhe direcionado a palavra, e dito algo como " caramba, de novo, seu FDP?", em clara revolta com tamanha infidelidade, por forçá-lo a encarar tarefas tão ingratas.
O fato é que vagou esse cargo do Zé, mas não arrefeceu o interesse do meu irmão em auferir vantagens da situação. E, menos ainda, apaziguou-se a chama que comichava por entre as pernas da nossa gloriosa " Fofinha Sacana", talvez tenha só aumentado.
Então um dia, como não poderia deixar de ser, acabou a este que vos fala sobrando a escalação para a tarefa. Vocês podem agora até se questionar " Mas Victor, você precisava ter se submetido? Onde estavam sua honra e amor próprios?". Só que senhores, à época eu não trabalhava, e recém ganhara da mãe um dreamcast de presente de aniversário. Tinha de jogos o Soul Calibur e o Sonic. Mas queria muito o Crazy Taxi, o Shenmue, o Skyes of Arcadia... Vocês conseguem me compreender?
Meu irmão organizou o ritual, que consistia basicamente em buscar a menina, já com o mártir, digo o voluntário escolhido da vez no carro, conduzindo todos até o primeiro posto de gasolina, para buscar engradados de cerveja e insumos que o satisfizessem ( seu pagamento vinha primeiro).
Senhores... senhores... a visão daquela mulher, cuja silhueta até então eu só conhecia pelos relatos dos " voluntários" e do meu irmão, causou-me reações fisiológicas imediatas e sensíveis. A principal, além dos calafrios, foi no meu pênis, que pareceu desesperar-se, falando para mim algo como " não, por favor, nããoooo". Não tenho dúvidas de que, não estivesse ele interconectado ao meu corpo por tecidos, ter-me-ia abandonado, esforçando-se a ficar bem distante de onde eu pudesse inventar de encontrá-lo. Restou a ele murchar-se, acanhar-se até um ponto em que, supunha ele, eu talvez não o achasse.
Pois pedi a meu irmão tudo de álcool que pudesse trazer, a mim também. Pretendia lembrar-me de muito pouco do que poderia acontecer dali por diante.
Com efeito, de pouco me lembro a partir de então, a não ser de alguns breves flashes.
Eu lembro de ter dito que ia mijar, e a nossa gloriosa senhorita insinuando algo como " posso ir junto?". Então lembro de ter uma cabeçona muito horrenda e rotunda engolindo o litle Vic, em algo que se assemelharia ao Majimbu mastigando chocolate branco.
Lembro ainda de estar metendo de quatro. Só que o dorso que tinha diante de mim era tão largo, que me lembrou de um sofá. Não sei se porque estava tão bêbado, ou como mecanismo de defesa, mas deitei sobre ela, e meio que peguei no sono. Sob protestos da nossa gloriosa musa.
Sim, senhores, a história é verídica. Acho que não cumpri de forma brilhante meu papel, mas fiz o que pude, de modo que, ainda com queixas, recebi meu prêmio: um dvd do Shenmue, outro do Skyes of Arcadia, e ainda aquele memory card que fazia uma telinha no controle.
Não soube mais da Naty ( era o nome dela), embora meu irmão tenha me convocado mais algumas vezes, o que refuguei. Soube que ele depois teve de acabar assumindo também o papel de protagonista, mas que a sociedade dos dois não durou mais muito.
E essa foi a história que lembrei envolvendo fofuchas, amigos, desculpem a extensão.