- José Sanchéz membro do programa Chiringuito e colunista do Marca disse hoje que Zidane aceitou o negócio com Neymar;
- Outro periodista de Madrid disse que Zidane nunca teve nada contra a pessoa de Neymar, mas sim contra o estafe dele;
- Ao L'Equipe, hoje, Leonardo disse que as negociações sobre a saída de Neymar progrediram e deseja o mais rápido possível o fim da novela, mas evitou revelar o interessado;
- Perguntado sobre Neymar, Valdeverde disse que está feliz com o elenco que tem;
- Arthur Melo disse que não só ele, mas há outros que querem o retorno de Neymar ao Barcelona;
- Florentino teria oferecido a Neymar um contrato de cinco anos com 40 mi anuais. Quer dizer, o mesmo salário de Messi;
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Essa negociação do Neymar, além de ser muito curiosa, está sendo muito divertida quando analisamos os diversos ponto de vista.
Os torcedores.
Acompanhando a reação dos torcedores do Real, a maioria esmagadora - pelo menos na internet - é contra a chegada do brasileiro. A motivação é exclusivamente a personalidade e o comportamento extracampo do brasileiro. No campo, aliás, odeiam o estilo
piscinero. Incomodam-se até da possibilidade de Neymar manter a amizade com Messi e visitar a Catalunha, esporadicamente. Afinal, seu filho está repousado lá com a mãe e o atual marido, salvo engano. Temem, inclusive, que o Neymar possa se frustrar com certas decisões de Zizou e as vaias da torcida e, de uma hora para outra, bater o pé e querer sair do clube.
Plausível! Sobretudo no que tange à reação da torcida madrilenha no estádio, exigente como é. Eu não discordo nem um pouco desta preocupação deles, sabendo o espectro cultural que envolve o futebol espanhol entre os dois principais clubes e o comportamento incerto do Neymar e, somado a isso, a tendência, ora observada, de Zizou se indispor com certos jogadores nos últimos tempos, como Isco, Bale, James.
Porém, ao tempo que eles são contra, não querem, de forma alguma, que Neymar vá para o Barcelona, pois acreditam que isso sacramentaria mais uma época duradoura de títulos nacionais dos culés e praticamente garantiria, no mínimo, o clube nas finais das próximas Champions. Então, o jeito seria Zidane e o Florentino matar dois coelhos com uma cajadada só, fortalecendo o atual e precário elenco dos merengues e impedindo o Barcelona de deter três ou quatro jogadores que entregam, a grosso modo, mais de 30 gols por temporada.
Os torcedores do Barcelona, a seu turno, amam o jogador e detestam a pessoa Neymar, pelo menos uma grande parcela deles. E recai sobre eles a mesma lógica acima apontada. Eles poderiam dominar a Espanha e, quiçá, o continente com a Neymar, Griezmann e Messi, e o promissor meio que se desenha, com Arthur, De Jong e Busquets. E se o Neymar for para o Real, acredito que aqui ninguém discorda de que ele será mais odiado até do que o boa praça Figo, somada à toda a bagagem antipática de eventos que o brasileiro carrega consigo.
O Real Madrid.
Aquilo que falei anteriormente. O Zizou não tem para aonde fugir!
O Poupoguibá não vem, ao menos nesta janela, e pode até bater na Juventus, depois da venda do Neymar (falei acima sobre as implicações). Apesar de ser, para mim, o meia atual com maior potencial de influenciar uma partida (em que pese a sua irregularidade), é, para todos os efeitos, um meia e, portanto, não é um jogador que te garante um grande pacote de gols na temporada. É bem verdade que fez muitos gols na última temporada, para um meia europeu, mas, enfim, não é um atacante!
O Mbappé é um desejo impossível, sejamos racionais! Depois do francês corresponder todas as expectativas, ganhando até a Copa do Mundo, virou para o PSG o futuro do clube. Só tem 20 anos, é da cidade e será o craque do país, ao que tudo indica. Ele renovará com os cataris e será o jogador mais bem pago do mundo, mais do que Messi e Neymar. Isso não tenho dúvida! Talvez nunca jogue no Real e vire o Messi do PSG. Vai virar o ícone histórico do clube, maior artilheiro e vencedor!
E o Mané, bem, é um mané muito bom de bola, mas longe de ser um jogador do peso comercial e da classe técnica como os jogadores já mencionados por aqui.
O Zizou pode ter até assinado um contrato que lhe desse total autonomia na gestão do elenco, mas, na atual conjuntura, ele jamais terá o alto gabarito de exigir do Florentino, de toda a diretoria e sócios que não quer o Neymar, se eles de fato querem contratá-lo. Ora, Zizou não quer Bale nem James, não quer Neymar? Então, ele quer montar um time com Hazard e Benzema, mais Vásquez? Mais Vinícius? Mais Rodrygo? Não dá! Tecnicamente é impossível esse time manter-se regular para ganhar a Liga e competitivo para se garantir sobre um Liverpool, um PSG, um Atlético, um Barcelona.
O Barcelona.
O Barcelona é o mais confortável na situação. Já tem o time montado. Um meio de campo cheio de jovens talentos e promissores. Um ataque com um deus e dois excelentes companheiros. Ainda com Dembelé e Coutinho para auxiliarem o eventual rodízio dos trintões Messi e Suárez, com o Griezmann indo para o centro do ataque. Não precisa de Neymar, aparentemente! Se tivesse folgado financeiramente ou mesmo desse um jeito mágico de trazer o brasileiro, o Bartô teria que trazê-lo. Messi e Neymar de titulares, Suárez e o Lagoa Azul revesando a posição.
O Neymar.
Eu creio que o Neymar no Real Madrid é um tremendo desafio e um risco sério que pode dar muito errado. Ele chegará sob grandes suspeitas e antipatias, devido ao seu histórico de comportamento errático e de indiferença afetiva aos clubes anteriores. Qualquer polêmica plantada pela mídia ou por ele mesmo, com o Zizou, pode lhe gerar um grave ônus.
Ainda que ele tiver certo na celeuma, suponhamos, com Zizou, a torcida se voltará contra ele com vaias durante as partidas e xingamentos na primeira queda no gramado. Qualquer vídeo de Neymar numa festa de arromba do aniversário da irmã e dançando com a Anitta e o Medina no Brasil vai deixar a intolerante e melindre torcida do Real muito incomodada, e vai tomar vaia no campo. Se ele e o seu estafe forem espertos, devem ter isso em mente, de modo que o clã deve chegar quietinho, sem exigências. Quem vai bater as faltas e pênaltis? O Zizou que decide!
Se tudo for redondinho, o Neymar vai liderar a equipe tecnicamente. A famosa e pesada camisa 7 (do Butragueño) foi confirmada com o Hazard, ao menos se livrou dessa responsabilidade. Se o Bale (11) e o Modric (10) permanecerem no elenco, o Neymar vai pegar uma camisa totalmente whatever, algo que talvez nunca ocorreu na sua carreira. Seria simbólico para a sua reviravolta egomaníaca. Mas acho que o Bale ou o Modric, ou ambos, deve sair para arrefecer a folha salarial. Assim, o Neymar ou pega a 11 ou a 10, suas camisas tradicionais.
O Neymar no Barcelona iria fazer dele, mais uma vez, aquilo que ele foi anteriormente, um tenente do Messi, usando as palavras do Griezmann.
Com base na época de Barça, seus números de gols e assistências seriam bem inferiores ao que ele apresentou no auge na seleção e no próprio PSG, protagonizando todas as ações de ataque e bolas paradas. O desgaste físico seria muito maior pela incumbência de marcação que ele teria como um terceiro homem de ataque, sendo o Messi como o segundo. O Ney, mesmo estando mais velho para fazer a função, iria ficar preso no corredor da esquerda, enquanto o Messi flutuaria, a partir da direita para o centro do ataque, atrás do Suárez, com o jogo, justamente, concentrado no argentino, como um 10, o homem do último passe e da finalização. O Neymar não iria bater pênalti nem faltas, via de regra, o que implicaria no auxílio às conquistas pessoais, como artilharias, chuteira de ouro e até a Bola de Ouro.
No PSG, o Neymar, a meu ver, teria um desafio muito mais satisfatório, porém, mais difícil. Esportivamente poderia atingir níveis muito mais altos do que poderia atingir em outros lugares. Financeiramente, nem se fala!
Como falei em outros posts por aqui, no PSG, pela bola que tem, poderia se tornar o ícone histórico do clube e, por consequência, o esportivo da mais turística, charmosa, emblemática cidade da Europa continental. O elenco do PSG não é ótimo, é excelente. Talvez, no papel, inferior apenas ao Barcelona. E, se não for, dificuldades não faltam para o clube, a cada ano, trazer um grande jogador, como Savic, Dybala, Donnaruma, os nomes que são ventilados hoje. Acredito que é questão de tempo o clube francês ganhar uma Champions, como ocorreu com o Chelsea do russo. É dizer, no PSG, ele sempre teria um time muito competitivo para si.
Não acho que o melhor Neymar - bem de mente e corpo -, no PSG, ficou atrás do Mbappé, muito pelo contrário. Todas as ações de ataque, de plasticidade e de gols estavam, em maioria, concentradas no melhor Neymar. Conquistando a carreira de títulos nacionais, artilharia e, ao menos, duas Champions, por exemplo, já consolidaria como tal figura do clube. Ele tem hoje 51 gols em 58 jogos. O maior artilheiro é Cavani com 198 gols. Em quatro anos de regularidade, o Neymar poderia atingir 300 gols. Como sabido, a Bola de Ouro está totalmente associada ao torneio continental, independentemente do que se faz nas ligas nacionais, com raríssimas exceções, mas ganhar a Liga ajuda e sendo artilheiro dela, a chuteira de ouro é garantida.
O melhor Neymar era o queridinho do PSG e, aproveitando deste contexto, o jogador poderia fazer o mesmo papel de Messi e CR7, ajudando e participando de todo o entorno do time, como contratações e afins. Ao fim de tudo, ganharia uma estátua no futuro estádio e um grande cargo no clube cujo projeto, em tese, é ambiciosíssimo. Isso, por outro lado, com a idade de hoje, nunca ele conseguirá no Real de Di Stéfano e CR7, digo, Butragueño, ou no Barcelona de Messi. Não dá tempo mais! E tais clubes já têm nomes grandes demais para o Neymar conseguir superar e conquistar a iconolatria!
Mas, analiso isso conforme o meu sentir, de acordo com as minhas experiências pessoais, crença no meu potencial como profissional e anseios egoicos, como um ator de novelas de sucesso, apesar de que pouca gente as conhece. Não sei se o Neymar tem essa visão profissional, se sentiria prazer nesse desafio e projeto pessoal.
Enfim, se sua prioridade é ser feliz como ser humano, é provável que o Barcelona é o lugar melhor, por suas amizades já consolidadas e pela ótima cidade. Se sua prioridade é tornar um deus do futebol, com números individuais maravilhosos, conjugados com as conquistas coletivas, além dos principais prêmios pessoais, ficaria mais difícil no Barcelona. Se sua prioridade é ficar cada vez mais rico, o PSG seria a primeira opção, e a segunda, o próprio Real. Os três têm as suas vantagens e desvantagens, nem um nem outro se excluem propriamente, mas só cabe à pessoa Neymar entender o que é melhor para si.
Vamos ver o que acontece.