Acho que nunca tirei tanta screenshot enquanto jogava um jogo. O jogo é estupidamente lindo.
A gente tem um jogo que sabe de suas limitações técnicas e usa a direção artistica pra entregar um jogo que na maior parte do tempo é lindo. Reviews que falaram que esse jogo é feio devem ser completamente ignorados, mesmo nível dos que falaram que os leaks do TLoU2 eram mentira. Pessoas que não entendem nada ou só estão sendo desonestas.
Gostei da história/narrativa do jogo. É simples e com um elenco de personagens bastante reduzido, principalmente quando se fala de um open world. Tem uns 6 personagens principais e isso influencia na estrutura do game que vou falar logo mais. O maior destaque aqui não é para uma história elaborada, mas sim para a ótima construção de personagens. As cenas e dialogos são muito bem dirigidos e escritos. Como falei no meu post anterior, o jogo bate na tecla ao longo do jogo e não decepciona no seu payoff. Consistente e funcional, com um final MARAVILHOSO.
Falado isso, vamos falar do jogo em si.
Primeiro, o combate do jogo é delicioso... Por um tempo. Depois que você pega o jeito e libera algumas coisas, é muito prazeroso sair fatiando inimigos por aí. Mas chega um ponto que você já viu o que tinha que ser visto, e após liberar o grosso das melhorias do combate, o resto do jogo é uma repetição eterna. Nesse sentido, na reta final, tive um sentimento de fadiga muito alto, com o jogo repetindo a mesma coisa, o mesmo padrão e o mesmo estilo de jogo eternamente, e ele não não tenta fazer nada novo pra quebrar essa repetição, apenas esticando aquilo que já vimos anteriormente.
Falando em esticar o jogo, achei mais longo do que devia. Devia ter terminado no final do Ato 2. O Ato 3 fica MUITO com a sensação de que esticaram o jogo. As main quests são totalmente desinteressantes sem acontecimentos relevantes até o final, e o mapa parece rushado, sem pontos de real interesse e muitas vezes muito mal construido. Claramente acabou o tempo de desenvolvimento e tiveram que fazer o que dava. Muito potencial perdido nessa 3ª ilha, e acabou afetando a qualidade do jogo.
Esqueçam quem falou que o jogo se parece com BotW e sua exploração, ou quem disse que separece um Witcher 3 no Japão. Não tem nada a ver com esses jogos.
Ele é um open world padrão, que tras diferenças usando seu setting.
Uma coisa que o jogo faz muito bem, é adaptar suas mecânicas para dentro do contexto do jogo. Compor Haikus, Cortar Bambus, Fazer oferendas, duelos, tomar banho... Parece óbvio, mas muito jogo falha miseravelmente em fazer isso, oferecendo apenas uma skin de uma atividade comum que outros jogos já fizeram exaustivamente. Essas coisas são o que fazem o jogo ser diferente. Cortar bambu não é algo que você vai ver em outro jogo além de um que se passa no Japão Feudal.
Mecânicas como os Passáros, Fox Den, Fumaças, são usadas para guiar o jogador sem a necessidade de marcar um ponto no mapa, e funcionam MUITO bem, tudo dentro do contexto do jogo.
PORÉM, o jogo não tem coragem de ir completamente na sua proposta e oferece muitas soluções padrões desse tipo de jogo, que acabam afetando algumas das decisões acertadas. Ele não pede que você limpe o mapa, mas recompensa caso faça isso. Ele não pede pra você usar waypoints, mas te dá a opção e acaba perdendo o peso de mecânicas previamente comentadas, ele não pede pra você descobrir tudo, mas se fizer vai facilitar muito sua vida.
Além de atividades que simplesmente estão ali pra fazer volume. Destruir o acampamento generico numero 27, liberar campônes pela 54ª vez, encontro randômico com patrulha, coletar florzinha aleatória... O jogo é cheio dessas coisas onde parece que ele não confia na tacada e sente a necessidade de entregar uma checklist de open world padrão.
Mas no geral, acredito que seja o jogo que tem a melhor formula de "open worlds basicão".
Mas ao mesmo tempo que ele acerta em alguns pontos, ele erra MUITO em outros. Por exemplo, muitas vezes eu simplesmente fiquei perdido olhando uma parte do mapa pois não tinha nenhuma dica visual de onde eu deveria interagir. Isso não foi uma, nem duas, nem três, mas algo com certa frequencia, e a sensação de frustração começa a surgir após ficar 5 minutos olhando de um lado pro outro sem achar o próximo ponto de ativação de quest. O estopim foi fazendo uma sidequest que eu precisava procurar o ponto e ativação de evento NUMA VILA INTEIRA. Pulta mierda Sucker Punch, num faça isso com o pai...
Parte da culpa desse problema é que o jogo copia um dos piores aspectos dos open worlds da Rockstar: Limitar por área. O jogo não permite que você faça da sua maneira, e limita numa pequena área as suas ações, e isso é uma péssima decisão num open world. Se é pra fazer isso, que façam um jogo linear então.
Outro ponto é que o sistema de quests permite ativar apenas uma quest por vez, e se não terminar a quest numa tacada só, vai ter que recomeçar.
Esses 3 aspectos comentados, sem dica visual de interação, limitação de área e quests limitadas é objetivamente um sistema quebrado, e é uma pena que o jogo tenha essas falhas, que não consigo ignorar. Da mesma maneira que não consigo ignorar um jogo focado em narrativa falhar em contar sua história, não consigo ignorar um open world que insiste em limitar o jogador.
Tenho que elogiar que o jogo consegue fazer um sistema de progressão sem XP, algo cada vez mais raro hoje em dia em jogos grandes. O jogo tenta se sustentar mais no prazer de jogar e na curiosidade do jogador. Só acho que poderiam ter aplicado isso também para as skills. Assim como acontece para alguns golpes e para as instancias, que é desbloqueado por simplesmente jogar o jogo, e não ganhando um ponto pra você abrir na skill tree. Falo isso pois essas coisas fazem a estrutura do jogo acabar se tornando grindy em algum momento, algo que o jogo tenta MUITO evitar.
As side quests em si são extremamente básicas, se resumindo em quests básicas, quests de lendas, e quests de personagens.
As side quests marcada com o ícone comum são totalmente dispensáveis na sua maioria. Nada em especial, e repetem um padrão que cansa bem rápido. As quests que tinha que defender algum campones eram as piores. Simplesmente ruim.
As quests das lendas do músico, apesar de serem básicas em termos de atividades, você sabe que vai ser recompensando com algo interessante no final além de um boss fight.
As melhores não preciso ne mdizer que são as quests dos personagens, que seguem um sistema episódico, avançando no plot pessoal de um desses personagens. Elas se sustentam mais na narrativa e construção de personagens, e funciona MUITO bem (Destaque para o Sensei Ishikawa).
É aqui que o jogo MAIS consegue se distinguir dos demais open worlds, e ao meu ver, deveriam ter focado nessas quests apenas. Espero que numa sequencia não se preocupem tanto em oferecer quests só pra atingir uma quantidade, e façam mais dessas quests elaboradas.
Resumindo: Um jogo lindo, que sabe como usar o setting e seu contexto a seu favor, mas tem medo de ir totalmente na sua proposta, e acaba se tornando mais um open world por ter muitas coisas padrões e não confiar na sua tacada, ficando maçante na reta final. Com uma historia ibem contada e personagens muito bem construídos, faz valer a pena a jogada, especialmente pelo belissimo final.
Daria uma nota 7.
Que venha Ghost of Nagasaki.