Provavelmente em termos de proporção com a quantidade de edições, o Roger Stern tem uma quantidade bem grande de historias marcantes em poucas edições, então não é surpresa que seja considerado o melhor arco do personagem.
O Roger Stern imediatamente buscou trazer de volta o elemento que tinha sumido das historias do aranha nos últimos anos (o que em termos de edições é mais de 30, 40, 50): o Peter Parker. Gosto bastante de como o Denny´o Neil escreve, mas no arco dele que é imediatamente anterior ao do Roger Stern (e tecnicamente é o arco imediatamente posterior a uma historia do próprio Stern no Aranha em um daqueles fases do personagem com alta rotatividade de roteiristas), mas na fase dele mesmo o Peter Parker só existe como mecânica narrativa, na grande maioria das historias o Peter nem tira o costume por inteiro, só a mascara, ele não é o Bruce Wayne.
O Peter Parker vinha sendo deixado de lado porque começou a se tornar um personagem pouco identificável no fim dos anos 70, eu já falei antes a desgosto do pessoal aqui do fórum, que ele deixou de ser um jovem furioso, com problemas graves de família e dinheiro, sem amigos, nerd, talvez a única característica curiosa é que as fases inicias do personagem parecem um anime de harem de tanta jovens (e não tão jovens assim como é o caso da Betty) se atirando para cima dele, o que obviamente é algo friamente calculado por ser o sonho de todo jovem leitor da revista, enfim... ao longo que o personagem foi envelhecendo essas características foram gradativamente sumindo, ele deixou de ser um trapalhão melancólico, ele se tornou um adulto miserável, sem emprego estável, sem relacionamentos (literalmente todo mundo ao redor dele nesse instante ou morreu, ou virou vilão, ou pirou, ou ficou doente ou abandonou ele), com o peso da morte de muita gente na consciência em resumo... um perdedor, um lixo de vida que nenhum leitor gostaria de ter, de repetente não era mais tão legal ser o aranha, a velha máxima de que para ser o Batman o requisito é que seus pais morram na sua frente.
E não pensem que os leitores não apontaram tudo isso quase que imediatamente, as mortes da Gwen e do capitão Stacy sempre foram controversas porque em ambos os casos não só o Peter teve influencia física direta em ambas (eu diria que ele foi muito mais responsável que o próprio Dr. Octopus), mas no caso especifico da Gwen ainda tem o fato de que ela morreu ignorante, ela nunca teve a chance de se defender, de fugir, porque o Peter sempre escondeu a identidade dele, coisa que ele geralmente fazia com mentiras absurdas que apenas deixavam a pobre menina cada vez mais atormentada e assustada, isso quando ele não aproveitava da situação para se fazer de vitima, em resumo... o Peter não era um bom namorado, alias... ele nunca foi muito bom para suas namoradas.
Não é por nada que logo após a morte da Gwen, existe um salto inexplicável de meses, porque ele literalmente do nada começa um relacionamento com a Mary Jane, que por sua vez termina com a rejeição e sumiço dela por anos da revista (e enquanto eu não sei porque... eu tenho certeza que os leitores ficaram extremamente desgostados em ver o Peter querendo casar pouquíssimas edições após a morte da Gwen).
O que nos traz de volta a fase do Stern, ele trouxe de volta os relacionamentos da vida do Peter, a tia dele voltou a ser um personagem, a Mary Jane retornou (o Stern nunca especificou a intenção real dele, mas por declarações posteriores, é bem obvio que ele como muitos roteiristas, foi extremamente contra o casamento do Peter com a Mary Jane), o Flash voltou, alias até antes do arco dele de fato começar, ele fez questão de explicar porque o J.J andava tão errático ultimamente, a Gata Negra virou um relacionamento viável para o personagem, a Betty e obviamente o Ned.
Não era só mais um revista do aranha batendo no vilão do mês.