Eu estava muito empolgado para jogar Ghost of Tsushima principalmente pela direção de arte belíssima condensada num universo openworld sobre samurais. É visível o carinho que os desenvolvedores tiveram no projeto e por isso queria ter gostado muito mais dele, mas infelizmente por apostarem tanto em mecânicas tão batidas de jogos openworld no meio da aventura já estava entediado, porém o jogo possui pontos positivos que devem ser exaltados e a Sucker Punch é um estúdio que merece muita atenção na próxima geração.
Um openworld em forma de pintura
Sempre quando lembrar do Ghost of Tsushima vai vir a imagem de um dos mais belos jogos openworlds já lançados, a direção de arte é simplesmente incrível.
Todos os cenários parecem terem saídos de uma pintura, as cores fortes da vegetação e das folhas planando deixaram tudo mais bonito, mas não só isso, os ambientes parecem vivos com árvores e gramados sempre reagindo ao toque do vendo.
Também fizeram questão de elaborar regiões bem diversificadas surpreendendo constantemente o jogador com um cenário mais bonito que o outro, sempre brincando com as cores das quatro estações.
Visualmente Ghost of Tsushima é uma obra de arte.
Mas tudo tem o seu preço, no PS4 Slim a performance do jogo é ruim e pode acabar comprometendo a experiência de quem sensível a constantes quedas de fps e stutterings. Infelizmente foi algo que me incomodou bastante e recomendo quem for comprar um
PS5 recentemente aguardar o lançamento do novo videogame para jogá-lo.
Jogabilidade
Ghost of Tsushima tem um sistema de combate que gosto de chamar de "estilo dança", geralmente é quando os inimigos fazem rodinha atacando um de cada vez enquanto os outros assistem, assim o jogador tem que ir dando os comandos no ritmo certo de acordo com o ataque que irá receber.
O que mais gostei dele foi de ter profundidade e não ser tão simples como em outros jogos que só se preocupam com o espetáculo visual, como é o caso por exemplo do The Witcher 3 e Assassins Creed.
No Ghost of Tsushima o jogador tem a opção de ataque rápido, ataque forte para quebrar defesas, esquiva e parry, além de ter que se preocupar em usar a postura mais eficaz contra cada tipo de inimigo (espadachim, escudeiro, lanceiro e brutamontes). Também oferece uma grande variedade de armas secundárias para serem usadas durante a luta ou para facilitar a abordagem furtiva, como arco e flecha, kunais, bombas, zarabatana etc.
Confesso que no início achei os controles meio atabalhoados para trocar entre as diferentes armas secundárias, então acabei usando basicamente só o arco com flechas simples e as kunais, mas no final da aventura, quando estava mais acostumado com os controles, flertava com diferentes abordagens.
A minha grande frustração com o sistema de batalha está na câmera ruim e na falta de um sistema de lock on.
Para o jogador enfrentar uma grande quantidade de inimigos os desenvolvedores preferiram que ele sozinho direcionasse o ataque e ao mesmo tempo movimentasse a câmera, o problema disso tudo é que usando o analógico direito perde-se a opção dos ataques e da esquiva, assim culminando em momentos bem frustrantes.
É bem normal a câmera sozinha dar zoom no personagem principal deixando os inimigos fora da tela, parando atrás de objetos ou comprometendo a noção de distância entre os personagens, assim exigindo que o jogador deixe de atacar ou esquivar para ajustá-la.
Os combates em ambientes abertos são menos problemáticos, mas nos acampamentos com muitas cabanas em volta é muito frustrante, porém fora das batalhas quando estamos apenas navegando pelo mundo a câmera se comporta bem.
É normal isso acontecer nos combates:
Duelo com a vista completamente tampada pela grama:
História e estrutura
Esses foram os pontos que realmente me fizeram achar Ghost of Tsushima entediante.
Lembro que os previews antes do lançamento me deixaram bastante animado por darem a impressão que iriam tentar oferecer algo novo, mas infelizmente a estrutura do jogo é batida em relação a outros do gênero e também bastante repetitiva.
Geralmente as quests e side-quests são bem parecidas com o formato usado pela Rockstar nos seus jogos: inicia indo ao ponto marcado no mapa, assiste uma cutscene introdutória, as vezes tem que acompanhar um personagem até o objetivo escutando ambos dialogarem, realiza a tarefa necessária e assiste outra cutscene para encerrar a missão.
Com esse formato, na minha opinião, o Ghost of Tsushima apresenta 5 problemas:
1) 95% das vezes as tarefa que deve ser realizada nas missões consiste em matar um punhado de inimigos. Apesar do sistema de batalha ter as suas qualidades não consegue tornar todos encontros diferentes um do outro, então os combates acabam se tornando repetitivos e entediantes lá pra metade do jogo.
2) Falta missões épicas como a primeira cena do jogo ou as grandes perseguições da Rockstar etc.
3) Muitas missões também exigem usar a "habilidade detetive" para analisar ambientes e seguir rastros, nessa altura do campeonato já estou bem cansado dessa mecânica porter sido usada exaustivamente em vários outros jogos, esses momentos parecem ser apenas uma perda de tempo.
4) geralmente as cutscenes e diálogos são desinteressantes pela história e personagens serem bem sem sal, não tem por exemplo a qualidade da escrita dos jogos da Rockstar ou CD Projekt.
5) Não tem como pular as cutscenes, então mesmo se estiver as achando chatas o jogador é obrigado a assisti-las.
As side-quests que fogem disso também acabam sendo bastante repetitivas como: enfrentar inimigos aleatórios para ganhar marcadores de missões no mapa, ir nas marcações do mapa onde tem toca da raposa para segui-las e ganhar upgrades, ir nas marcações do mapa com torres para escalar de forma bem automática ao estilo Uncharted 4, ir nas marcações do mapa onde tem acampamentos inimigos e enfrentá-los etc.
Entenderam né? Ghost of Tsushima tem pouca exploração e se resume em ficar indo atrás de pontos marcados no mapa como os tão criticados jogos da Ubisoft.
O pronto positivo em relação ao mapa openworld é o fato dele ser muito bem construído, raramente encontra becos sem saída, geralmente sempre tem um local para subir ou descer de um penhasco. Pode parecer bobeira mas quem não se lembra das subidas forçadas no Skyrim ao não conseguir achar a estrada correta ou os becos sem saída do
Horizon Zero Dawn? No Ghost of Tsushima isso não acontece.
Agora, infelizmente não consegui me conectar com a história, apesar dos lampejos de alguns bons momentos. Na maioria das vezes achei os personagens sem sal e os diálogos desinteressantes.
Pra piorar existem algumas side-quests que envolvem o arco dramático de alguns coadjuvantes que só vão ser revolvidos apenas no final do jogo, a impressão que tive ao fazê-las é de acompanhar vários episódios fillers de um seriado cujas coisas só vão se resolver no season finale.
As outras histórias que envolvem os habitantes de Tsushima são bem genéricas, fiz várias que iniciavam com pessoas achando que demônios assombravam o local para no final ser apenas bandidos.
Por isso tudo no meio do jogo já estava achando a aventura entediante.
Conclusão:
Ghost of Tsushima é um jogo sólido que se ampara em mecânicas já batidas do gênero openworld e a estrutura das main quests e side-quests se repetem bastante ao longo da aventura.
O sistema de combate é interessante por ter uma complexidade que falta a outros jogos semelhantes, porém a câmera é ruim e pode frustrar em várias ocasiões. Como as missões na maioria das vezes se resumem em enfrentar um punhado de inimigos isso acaba desvalorizando um pouco o sistema de combate e o tornando maçante no meio do jogo.
Faltou também uma história interessante e personagens com mais carisma para motivar o jogador.
Hoje recomendaria Ghost of Tsushima pra quem gosta bastante de jogos openworlds sem se importar com mecânicas batidas e repetitivas ou se amar a temática samurai, tenho certeza que essa pessoa irá se encantar pelos belos cenários e se divertirá com o sistema de combate.
Mas quem não é tão fanático por esses pontos que citei anteriormente recomendo esperar uma promoção e comprá-lo quando estiver custando uns R$70 ou 80.
Nota: 7/10