Notando essa recorrência de posts advogando pelo "um centavo ou um bilhão, é corrupção e eu digo não" eu me lembro de como, em 2014 e 2018, eu ouvi diversos podcasts esquerdistas pra saber como era o raciocínio da militância. Podcasts como Anticast, Lado B do Rio, Revolushow e etc, em que a bancada era assumidamente petista/psoleira.
Algo que me chamou a atenção por ser um argumento onipresente nesses podcasts era que as bancadas eram unânimes em concluir que eles dificilmente conseguiriam convencer os "fascistas que odeiam pobres, mulheres e negros" a votarem na Dilma ou no Haddad, mas que a ação mais eficiente pra "defender a democracia" era incentivar os potenciais apoiadores do inimigo a jogarem o voto fora. Que se eles não podiam conseguir um voto para o PT, a missão era fazer um voto no Aécio ou Bolsonaro se transformar em um voto em algum candidato figurante no primeiro turno e uma abstenção/nulo no segundo. Até no Braincast teve uma dessas, se não me engano no episódio "Como não perder amigos nessas eleições", um dos membros da banca (um cara que a voz lembra muito a do Porchat) dizia que o método preferido dele pra mudar votos era se dizer um eleitor do Dória/Bolsonaro, mas que tinha ficado desiludido quando descobriu X e ia anular o voto, ou então que os dois eram corruptos e portanto nenhum merecia o voto (forçadores de bolsopetismo, alguém?). Pessoas que assumidamente iam votar no PT, com todo aquele histórico, mas que usavam essa dissimulação pra trabalhar pela vitória do partido. Algo que alguns deles chamavam de pragmatismo...
Pior que eu mesmo tenho um amigo, com quem evito ao máximo falar de política, que vai votar no Lula. Vindo de uma linhagem de bancários sindicalizados, e ele usa exatamente esses mesmos jargões. Algumas vezes eu até tentei pressionar apontando as "discrepâncias" dos argumentos dele, especialmente o que ele mais gosta de ostentar ("eu prezo pela educação"), e no fim sempre acaba com ele desconversando e dizendo que o Bolsonaro só não foi tão ruim quanto o Lula porque "não teve tempo" pra fazer as merdas, e que mesmo assim, o Lula é mais "diplomático" do que o Bozo e por isso votará nele. Enfim... o cara que não é petista, mas que vota no PT desde 2002, e votará em 2022.
Taí o link para um dos podcasts
https://castbox.fm/episode/287.-Como-Não-Perder-os-Amigos-(E-a-Sanidade)-Durante-as-Eleições-id309992-id92950510?country=br