Alemanha é bizarra, sempre tem seleções campeãs, mas os "craques" alemões são geralmente mais fraco que os de outros países. Em nome, e bola mesmo.
O Brasil, a Alemanha e a Itália sempre foram as seleções com o maior número de jogadores talentosos no seu elenco. Não é sem razão os títulos que possuem.
O problema veio quando ingressamos no século XXI e todas essas seleções decaíram em número de talentos. A Alemanha começou a decair após o fim da geração de Matthaus e ingressou na geração das três joias: Ballack, Schneider e Deisler. Esse último, aliás, poderia ser um grandiosíssimo jogador se não fosse a estúpida lesão no joelho e a depressão profunda, a qual lhe fez encerrar a carreira aos 26 anos. Talentoso.
A Alemanha da década de 60, de 70, de 80 e de 90 sempre teve no seu elenco três ou cinco TOP 5 das posições.
Década 60: Beckenbauer (volante), Szymaniak (volante), Seeler (centrovante), Vogts (lateral direito), Haller (ponta e meia) e Schnellinger (zagueiro e lateral esquerdo);
Década 70: Beckenbauer (líbero), Overath (meia), Müller (centroavante), Netzer (meia), Vogts (lateral e zagueiro) e Breitner (lateral e meia);
Década 80: Kaltz (lateral), Breitner (meia), Briegel (lateral), Stielike (líbero e volante), Rummenigge (atacante), K. Forster (zagueiro), Völler (atacante), Schuster (meia e meia-atacante), Fischer (centroavante), Magath (meia), Brehme (lateral direito e esquerdo, volante, meia e zagueiro), Kohler (zagueiro), Littbaski (ponta, meia e atacante) e Matthaus (volante e meia);
Década 90: Matthaus (líbero, volante e meia), Sammer (líbero, volante e meia), Hassler (ponta e meia), Kohler (zagueiro), Möller (meia-atacante e atacante), Effenberg (meia e volante), Klinsmann (atacante e centroavante).
Desconsiderei os goleiros. Os goleiros alemães sempre ganharam prêmio de melhor do mundo em todas as décadas, como Maier, Schumacher, Illgner, Kopke e Kahn.
Na casa dos goleiros, laterais e volantes residiam os maiores talentos da Alemanha. Os caras tinham um celeiro.
As sucessivas finais conquistadas nas Euros e nos Mundiais não foram à toa, especialmente na década de 80 e meados de 90. A profusão de talentos era enorme na Alemanha.
Craque cinco estrelas, na minha visão, foram dois: Matthaus e Beckenbauer. Pegue os vídeos desses caras e repare no gesto técnico, na quantidade de recursos, na rapidez de domínio, no ímpeto ofensivo e na capacidade física. Os vídeos de ambos, sempre que revejo, ainda me impressionam. O Beckenbauer considera o Gerd Müller o terceiro maior alemão.
Nos meus exercícios dedutivos, durante os tempos livres, consegui montar cinco seleções de todos os tempos da Alemanha, com cada equipe tendo 32 jogadores, levando em conta as notas da Kicker, a regularidade e os números individuais. Ou seja, mais de 150 jogadores.
Acerca da seleção de 2002, a televisão, Globo e ESPN Brasil, nos sugestionou a crer que aquele time só tinha jogador mediano. Não era isso. Aquele time era muito bom. De ótimo jogadores, além do Ballack, que era excelente, tinha-se o Schneider, o Hamann, o Ziege, o Ramelow e o Kahn. A turma de 2006, Frings e Klose, cresceu a partir dali. Ambos se tornaram bons jogadores.
O problema é que todo o mundo estava mal acostumado a essa sequência de talentos que a Alemanha sempre gozou. Matthaus, Klinsmann, Sammer e Hassler, na década de 90, foram pódio do FIFA POTY e da Bola de Ouro uma ou duas vezes, sem deixar de falar de Kohler que figurava entre os maiores zagueiros do mundo na década de 90 e Möller que se tornou o Totti do Borussia Dortmund e levou o time ao campeonato da Champions. E tinha o Effenberg, o dono do Bayern de Munique no fim da década de 90.