Sgt. Kowalski
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Ratazana recheada: exposição apresenta iguarias da Roma antiga
OXFORD, INGLATERRA - Alguém está servido de ratazana recheada de entrada? O prato, uma iguaria na antiga Roma, era preparado estripando o rato, que era então recheado com carne de porco moída, e assado. A ratazana era previamente engordada em um jarro especial que tinha pequenas saliências moldadas no seu interior, para que ele pudesse correr antes de ser abatido.
Um destes jarros está em exposição em O último banquete em Pompeia, no Museu da instituição Ashmolean de Oxford. A mostra vai até o dia 12 de janeiro de 2020. Pompeia é talvez a janela mais importante para se ter uma visão da antiga Roma. Quando o Vesúvio entrou em erupção em 79 depois de Cristo, a cidade foi sepultada sob a cinza superaquecida.
O calor matou os habitantes quase instantaneamente, enquanto as cinzas preservaram seus últimos momentos para todo o sempre, o que nos proporciona um vislumbre da vida cotidiana dos antigos romanos - inclusive o que eles comiam e como comiam. O alimento era uma parte crucial da cultura de Roma; e Pompeia estava cercada por cerca de 80 fazendas e vinhedos. A ratazana é uma das especialidades romanas que sobreviveram: ainda é servida na Croácia e na Eslovênia.
“Os que estão acostumados com a moderna cozinha italiana ficariam surpresos com a comida dos antigos romanos: para começar, nada de tomates, nem pizzas e não macarrão”, disse em um e-mail Mary Beard, professora de cultura e literatura clássicas na Universidade de Cambridge.
Os objetos expostos na mostra variam do banal ao maravilhoso. Há jarros de vinho e utensílios de cozinha, penicos e minúsculos palitos de dentes esculpidos em osso. Uma taberna típica de Pompeia servia seguramente carne de porco, galinha ou cabra grelhados com pão e legumes, disse Paul Roberts, curador da mostra.
Em outra sala, encontramos a reconstituição de uma sala de jantar, ou “triclinium”, em que os romanos abastados na hora das refeições se reclinavam sobre um canapé de madeira trabalhada aberto de três lados. As refeições podiam começar com ovos, azeitonas, massas salgadas e, às vezes, ratazanas. Então vinham os frutos do mar: um mosaico maravilhoso exposto na mostra apresenta um polvo de olhos enormes, acompanhado por incontáveis peixes e crustáceos. O prato principal era carne, seguida de fruta.
Um pão carbonizado de uma das 32 padarias de Pompeia, que pode ser visto em uma exposição no Museu Ashmolean, em Oxford, Inglaterra. Foto: Museo Archeologico Nazionale di Napoli
Alguns outros aspectos do jantar romano talvez parecessem desagradáveis. Um deles é um molho de peixe picante chamado garum, que era servido com qualquer coisa, inclusive as sobremesas. Para o seu preparo, deixavam-se as partes do peixe que não eram comidas- moela, guelras, cabeças, rabo e barbatanas - em uma cuba onde fermentavam por duas ou três semanas.”
“O odor devia ser difícil de descrever”, disse Roberts, que experimentou o garo. “Mas estranhamente, retirado o líquido, o prato tem um gosto delicioso, e um cheiro não chega a ser duvidoso”. O aspecto mais repulsivo da cultura alimentar romana eram as cozinhas em si. “Elas eram “quentes, abafadas, escuras e mal cheirosas”, disse Roberts - principalmente porque os banheiros e as latrinas ficavam no mesmo lugar. “Os romanos não compreendiam a relação entre higiene e saúde”.
Por outro lado, eles tinham uma profunda consciência da morte. O ato de comer era acompanhado por lembretes da mortalidade, e símbolos de esqueletos às vezes eram usados como motivo de decoração. Perto do final da exposição, há um mosaico do piso de uma sala de jantar em Pompeia que hoje parece uma estranha premonição: ele retrata um esqueleto humano segurando um jarro de vinho em cada mão.
“Os dois mundos da morte e do banquete, a mesa e a tumba, nunca estiveram separados”, diz o texto na parede da mostra. “A mensagem é muito clara: “Carpe diem” - aproveite o dia. Aproveite as delícias do banquete enquanto pode”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
OXFORD, INGLATERRA - Alguém está servido de ratazana recheada de entrada? O prato, uma iguaria na antiga Roma, era preparado estripando o rato, que era então recheado com carne de porco moída, e assado. A ratazana era previamente engordada em um jarro especial que tinha pequenas saliências moldadas no seu interior, para que ele pudesse correr antes de ser abatido.
Um destes jarros está em exposição em O último banquete em Pompeia, no Museu da instituição Ashmolean de Oxford. A mostra vai até o dia 12 de janeiro de 2020. Pompeia é talvez a janela mais importante para se ter uma visão da antiga Roma. Quando o Vesúvio entrou em erupção em 79 depois de Cristo, a cidade foi sepultada sob a cinza superaquecida.
O calor matou os habitantes quase instantaneamente, enquanto as cinzas preservaram seus últimos momentos para todo o sempre, o que nos proporciona um vislumbre da vida cotidiana dos antigos romanos - inclusive o que eles comiam e como comiam. O alimento era uma parte crucial da cultura de Roma; e Pompeia estava cercada por cerca de 80 fazendas e vinhedos. A ratazana é uma das especialidades romanas que sobreviveram: ainda é servida na Croácia e na Eslovênia.
“Os que estão acostumados com a moderna cozinha italiana ficariam surpresos com a comida dos antigos romanos: para começar, nada de tomates, nem pizzas e não macarrão”, disse em um e-mail Mary Beard, professora de cultura e literatura clássicas na Universidade de Cambridge.
Os objetos expostos na mostra variam do banal ao maravilhoso. Há jarros de vinho e utensílios de cozinha, penicos e minúsculos palitos de dentes esculpidos em osso. Uma taberna típica de Pompeia servia seguramente carne de porco, galinha ou cabra grelhados com pão e legumes, disse Paul Roberts, curador da mostra.
Em outra sala, encontramos a reconstituição de uma sala de jantar, ou “triclinium”, em que os romanos abastados na hora das refeições se reclinavam sobre um canapé de madeira trabalhada aberto de três lados. As refeições podiam começar com ovos, azeitonas, massas salgadas e, às vezes, ratazanas. Então vinham os frutos do mar: um mosaico maravilhoso exposto na mostra apresenta um polvo de olhos enormes, acompanhado por incontáveis peixes e crustáceos. O prato principal era carne, seguida de fruta.
Um pão carbonizado de uma das 32 padarias de Pompeia, que pode ser visto em uma exposição no Museu Ashmolean, em Oxford, Inglaterra. Foto: Museo Archeologico Nazionale di Napoli
Alguns outros aspectos do jantar romano talvez parecessem desagradáveis. Um deles é um molho de peixe picante chamado garum, que era servido com qualquer coisa, inclusive as sobremesas. Para o seu preparo, deixavam-se as partes do peixe que não eram comidas- moela, guelras, cabeças, rabo e barbatanas - em uma cuba onde fermentavam por duas ou três semanas.”
“O odor devia ser difícil de descrever”, disse Roberts, que experimentou o garo. “Mas estranhamente, retirado o líquido, o prato tem um gosto delicioso, e um cheiro não chega a ser duvidoso”. O aspecto mais repulsivo da cultura alimentar romana eram as cozinhas em si. “Elas eram “quentes, abafadas, escuras e mal cheirosas”, disse Roberts - principalmente porque os banheiros e as latrinas ficavam no mesmo lugar. “Os romanos não compreendiam a relação entre higiene e saúde”.
Por outro lado, eles tinham uma profunda consciência da morte. O ato de comer era acompanhado por lembretes da mortalidade, e símbolos de esqueletos às vezes eram usados como motivo de decoração. Perto do final da exposição, há um mosaico do piso de uma sala de jantar em Pompeia que hoje parece uma estranha premonição: ele retrata um esqueleto humano segurando um jarro de vinho em cada mão.
“Os dois mundos da morte e do banquete, a mesa e a tumba, nunca estiveram separados”, diz o texto na parede da mostra. “A mensagem é muito clara: “Carpe diem” - aproveite o dia. Aproveite as delícias do banquete enquanto pode”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA