O que há de Novo?
Fórum Outer Space - O maior fórum de games do Brasil

Registre uma conta gratuita hoje para se tornar um membro! Uma vez conectado, você poderá participar neste site adicionando seus próprios tópicos e postagens, além de se conectar com outros membros por meio de sua própria caixa de entrada privada!

  • Anunciando os planos GOLD no Fórum Outer Space
    Visitante, agora você pode ajudar o Fórum Outer Space e receber alguns recursos exclusivos, incluindo navegação sem anúncios e dois temas exclusivos. Veja os detalhes aqui.


[Realidade Alternativa] E se... O Brasil tivesse se tornado Socialista em 60?

Goris

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
21.829
Reações
76.870
Pontos
553
Semanas atrás, criei um tópico sobre como seria o Brasil atual se tornar socialista.

Num país em que o "jeitinho" e a "Lei de Gerson" são sinônimos de esperteza e grande parte das pessoas esperam que o governo lhes dê tudo ao invés de buscarem melhorar por si mesmas (e melhorar, ter mais, crescer são sempre vítimas de inveja) um Brasil socialista simplesmente não seria funcional e não tem chance alguma de algum dia surgir de verdade. No máximo ficamos 20 anos numa Venezuelização crescente até tudo voltar ao normal.

Mas e se... nos anos 60, ao invés de termos uma Ditadura Militar tivéssemos uma Ditadura do Proletariado, com comunistas tomando o poder através de um Golpe de Estado em 1963? Como vocês acham que estaria o Brasil e como vc acha que passaríamos as últimas 5 décadas?

Ontem eu estava pensando em países socialistas (não, não penso o dia todo neles, apenas gosto de pensar em coisas diferentes aqui e ali) e me veio essa dúvida. Com a Guerra Fria em seu auge, mudanças na economia, política e até sociedade eu fiquei pensando numa imensa burocracia socialista comando conta do país naquela época. Imaginei brasileiros tentando fugir e sendo impedidos, tbm lembrei que não houve NENHUM país socialista em que grandes, graves e injustas perseguições políticas e culturais.

De repente, os mesmos professores que foram perseguidos pelos militares apenas por discordar deles no poder, se desencantassem o o socialismo tupiniquim ou denunciassem atos corruptos e fossem eles mesmos perseguidos. Se a Ditadura de 64~84 foi uma das mais brandas da América Latina em termos de mortes (fatos, não ideologias... Não curto a DM nem quero militares de volta ao poder) e se ditaduras como a cubana, chinesa, russa ou alemã oriental foram pródigas em mortes, será que não teríamos uma realidade ainda mais cruel?

Isso sem falar que um país-continente subitamente enfiado no meio do quintal dos EUA mudaria TOTAL E COMPLETAMENTE as relações de poder URSS-EUA, podendo desta vez virar mais que um conflito com marionetes como a crise de Cuba, ou uma guerra longínqua como Vietnan, Coréa e cia... O Brasil seria um monstro grande demais, poderoso demais, imprevisível demais pa se deixar assim, à solta.

A URSS ia amar, com certeza enviaria "consultores" para auxiliar nosso povo na implantação correta do socialismo, nos tornando uma colônia possivelmente mais direta que chegamos a ser dos EUA (os militares, apesar de apoiados pelos EUA ,sempre pregaram uma terceira via e jamais foram realmente alinhados ou subtalternos aos interesses ianques).

Isso sem contar o risco de uma fragmentação do país, não consigo imaginar São Paulo, Paraná e Santa Catarina aderindo em peso ao socialismo. Os riscos de uma devasadora guerra civil me pareceriam imensos.

E então, o que vcs pensam?
 
Ultima Edição:

Tilak

Bam-bam-bam
Mensagens
4.447
Reações
9.411
Pontos
303
tem nada de "realidade alternativa", a Venezuela hoje, era o Brasil nos anos 80

As vezes eu até penso se nós não fomos uma cobaia americana, pra ver até onde o socialismo chegava num país tão grande
 
Ultima Edição:

thiago_rariz

Bam-bam-bam
Mensagens
10.743
Reações
8.560
Pontos
454
Improvável. Mas eu tenho uma outra ideia: se Jango tivesse conseguido fazer as reformas que propunha, com certeza hoje seriamos uma Alemanha ou até mesmo uma Noruega.
 

Agito

Bam-bam-bam
Mensagens
6.943
Reações
26.061
Pontos
353
Improvável. Mas eu tenho uma outra ideia: se Jango tivesse conseguido fazer as reformas que propunha, com certeza hoje seriamos uma Alemanha ou até mesmo uma Noruega.
giphy.gif
 


Monogo

Mil pontos, LOL!
Mensagens
16.904
Reações
70.622
Pontos
1.279
Nos nem teríamos meios de discutir isso nesse fórum, que por sinal nem existiria.
 

Aulendil

Gato do Mato
VIP
Mensagens
1.829
Reações
11.238
Pontos
909
Uma coisa é certa: se a Revolução de 64 tivesse falhado, teria sido acionado o protocolo da operação Brother Sam. Nesse caso, a situação teria voltado à "normalidade" não muito tempo depois.
 

thiago_rariz

Bam-bam-bam
Mensagens
10.743
Reações
8.560
Pontos
454
Acho dificil, ainda mais que ele Flertava com sucessos como Cuba.
Bom, ele era um latifundiário rico, por qual motivo flertaria com Cuba? As reformas que ele propunha: fiscal, agraria, urbana, administrativa e universitária. Modernizar o Estado brasileiro era um dos objetivos. E as reformas propostas tinham um forte viés de wellfare state, nada de socialismo.
 

ReInan

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
7.524
Reações
7.570
Pontos
839
Bom, ele era um latifundiário rico, por qual motivo flertaria com Cuba? As reformas que ele propunha: fiscal, agraria, urbana, administrativa e universitária. Modernizar o Estado brasileiro era um dos objetivos. E as reformas propostas tinham um forte viés de wellfare state, nada de socialismo.
Então ainda bem que não deu certo.

Por que vocês insistem em wellfare state em países pobres?

A economia já sobrevive no fio da navalha, jogar mais impostos em cima dela é pedir pra dar m****.
 

Deus-da-Destruição

Mil pontos, LOL!
Mensagens
7.466
Reações
28.597
Pontos
1.024
Como seria?
O Brasil seria uma nação forte, justa e com um povo feliz e sem divisão de classes sociais, seriamos uma nação de primeiro mundo onde nossos justos governantes nos levariam à excelência da sociedade.
Assim como em... em outros países que deram certo como... ahn.. é... peraí.. deixa eu ver... Alemanha..? éh.. não Alemanha não é socialista.. deixa eu ver...Suíça? ahn... é.. também não... Caramba, deve ter um país socialista que não está mal, vejamos...bom eu vou procurar e já volto.
 

Beren_

Mil pontos, LOL!
Mensagens
13.473
Reações
29.117
Pontos
1.053
Provavelmente,, a URSS bancaria o Brasil igual bancou outros paises como Cuba e best Korea.

Numeros incontaveis de pessoas, muito maior do que na ditadura militar morreriam de fome, por serem aversos ao sistemão ou por querer se expressar. Uma ditadura realmente totalitaria se desenvolveria.

Derrepente algo bom acontecia e os EUA resolviam invadir o Brasil.
 

Land Stalker

Ei mãe, 500 pontos!
VIP
Mensagens
19.001
Reações
63.781
Pontos
554
tem nada de "realidade alternativa", a Venezuela hoje, era o Brasil nos anos 80

As vezes eu até penso se nós não fomos uma cobaia americana, pra ver até onde o socialismo chegava num país tão grande
Sei não, também não era assim nos anos 80, tinha inflação galopante, remarcação de preços e o escambau, mas não chegou ao cúmulo de ser uma Venezuera
 

MASTER FAST

Bam-bam-bam
Mensagens
4.084
Reações
13.619
Pontos
303
Como seria?
O Brasil seria uma nação forte, justa e com um povo feliz e sem divisão de classes sociais, seriamos uma nação de primeiro mundo onde nossos justos governantes nos levariam à excelência da sociedade.
Assim como em... em outros países que deram certo como... ahn.. é... peraí.. deixa eu ver... Alemanha..? éh.. não Alemanha não é socialista.. deixa eu ver...Suíça? ahn... é.. também não... Caramba, deve ter um país socialista que não está mal, vejamos...bom eu vou procurar e já volto.

Tem a Alemanha Oriental , mas deu tãããããããão certo que tiveram que construir um muro pro povo não fugir de lá, de tããããão bom que era.


Nessas horas vale a pena lembrar das pérolas que já forram ditas aqui no forum : Não existe ditadura comunista !!! Não existe !!!!! Vc que não entende nada de comunismo !!!! Nem vou discutir mais !!!
 

Goris

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
21.829
Reações
76.870
Pontos
553
Improvável. Mas eu tenho uma outra ideia: se Jango tivesse conseguido fazer as reformas que propunha, com certeza hoje seriamos uma Alemanha ou até mesmo uma Noruega.
Até discordo, o Brasil tem uma cultura com foco no fracasso, mas até não via com maus olhos algumas das metas do Jango. Algumas delas, como reformar agrária, poderiam ter diminuído problemas que depois se tornariam maiores.
Mas, ao mesmo tempo, se nem Lula quando teve maioria fez, não dá pra sonhar que Jango naquela época tivesse grande sucesso.

De qualquer modo, o tópico é sobre uma improvável República Democrática do Brasil e suas consequencias, não sobre Jango, que no caso tbm teria sido apeado do poder pelos comunistas. Já imaginaram Dilma mandando no Brasil em 1970 ao invés de hoje?
 

Tilak

Bam-bam-bam
Mensagens
4.447
Reações
9.411
Pontos
303
Sei não, também não era assim nos anos 80, tinha inflação galopante, remarcação de preços e o escambau, mas não chegou ao cúmulo de ser uma Venezuera
Nem na URSS a situação foi igual da Venezueira...
o fim do controle de preços da Russia, resultou uma inflação de ~1000%
na Venezueira, a inflação está passando dos 200%, e ainda tem controle de preços! quando soltarem os preços ali, vai bater recordes!
 
Ultima Edição:

Tarvos

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
3.997
Reações
13.883
Pontos
954
Os vermelhinhos abastados seriam refugiados em algum país opressor capitalista, e odiariam o comunismo porque o Brasil confiscou o dinheiro e propriedades do avô/pai.
 

bróðir

Master Distiller
Mensagens
46.243
Reações
46.777
Pontos
1.934
a galera do levante caviar não teria internet, notebook, iphone, samsung galaxy, videogame pra curtir em suas tardes de sábado e domingo!
 

New_Wave

Lenda da internet
Mensagens
22.168
Reações
80.727
Pontos
1.559
Essa é fácil!

Não teremos as infra estruturas que temos hoje. Não teríamos pontes e nem porra nenhuma.

Pro pessoal do Rio, isso aqui nem existiria:


Ponte Rio-Niterói

a-ponte-rio-niteroi-em-construcao-em-1972-1416501996812_615x300.jpg

A ponte Rio-Niterói foi construída entre 1969 e 74, nos governos de Costa e Silva (que deu o nome à ponte) e Médici. Com 13,3 km, foi considerada, na época, a segunda maior ponte do mundo. Atualmente, cerca de 150 mil veículos trafegam todos os dias no local.
 

Crude Dude

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
2.056
Reações
3.119
Pontos
979
Difícil dizer, mas juntar o jeitinho brasileiro com um sistema comunista provavelmente já teria quebrado o país no meio da década de 70 por inanição. A livre iniciativa é o que impede o país de parar de vez.

Enviado de meu LG-D855 usando Tapatalk
 

Flea.

Mil pontos, LOL!
Mensagens
16.068
Reações
20.632
Pontos
1.144
Acho dificil, ainda mais que ele Flertava com sucessos como Cuba.

Jango flertando com Cuba ?

Vou até aproveitar o gif

giphy.gif


Não se confundam, Jango era um populista, filhote do Vargas, graduado em direito na UFRGS, achou que seria o novo Varguinhas, governando com a população na ponta do coração com um executivo forte dominando o Legislativo, só que o cara se esqueceu que a população já tava de saco cheio da coligação PSD-PTB monopolizando a politica brasileira(vide a bizarra eleição onde o Jânio, da UDN, venceu, e logo saiu) não era mais um Estado onde ele tinha todo aquele mesmo controle.

Pra quem não sabe tanto PSD quanto PTB foram criados por Vargas, para o Vargas e para servir o Vargas.
 

the_eye

Bam-bam-bam
Mensagens
2.511
Reações
3.242
Pontos
303
Difícil dizer, mas juntar o jeitinho brasileiro com um sistema comunista provavelmente já teria quebrado o país no meio da década de 70 por inanição. A livre iniciativa é o que impede o país de parar de vez.

Enviado de meu LG-D855 usando Tapatalk

MAs foi lá pelo meio da década de 70 que o Brasil "quebrou" mesmo...
 

toad02

Lenda da internet
Mensagens
39.639
Reações
66.935
Pontos
1.659
o tio sam ja ia ter chegado aqui pra trazer um pouco de freedom
 

100 FISTS

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
9.921
Reações
53.701
Pontos
703
Por que vocês insistem em wellfare state em países pobres?

.

Muito bem proposto. Por que fazem tanta propaganda em Wellfare State sempre associado ao socialismo, em países que não tem condições de bancar isso ? Parece mera propaganda partidária, usando a falácia do socialismo tudo para todos que só funciona na teoria.
 

Queiroga'

Mil pontos, LOL!
Mensagens
17.734
Reações
22.510
Pontos
1.129
Não havia condições para um golpe socialista.

Não estávamos tão fodidos quanto a Rússia em 1917 ou a China em 1949. E o nacionalismo não era uma bandeira capaz de mover as massas como ocorreu nos demais países em que houve revoluções socialistas.

O que poderia ocorrer seria um golpe do Jango, que se utilizaria da bandeira do reformismo para centralizar em suas mãos o poder e alterar a constituição então vigente. Seria tipo um Estado Novo, parte 2.

Nesse caso, ele poderia seguir uma linha socialista ou capitalista. Na primeira hipótese estaríamos fodidos, já que as décadas de 70 e 80 foram mais do que suficientes para demonstrar a incapacidade do Estado em substituir a complexidade do mercado.

Por outro lado, se as reformas fossem feitas em um ambiente capitalista, acho que estaríamos consideravelmente melhor do que agora.

A ditadura militar era muito apegada em manter os privilégios e o status quo de nossa elite e pouco afeita em resolver problemas sociais básicos. Uma população faminta e analfabeta dominada por uma elite aristocraticamente pouco dinâmica não é exatamente o melhor lugar para o desenvolvimento do sistema capitalista.

Se esse regime autoritário janguista fosse capaz de revolucionar nossa educação de base, fazer uma reforma agrária que trouxesse racionalismo capitalista à nossa divisão de terras, se incentivasse o desenvolvimento de uma elite de empresários (e não de aristocratas), etc, não digo que seríamos uma Noruega, mas acho que a Coréia do Sul é um bom exemplo daquilo que poderíamos ter sido.

Mas, claro, isso dependeria da capacidade do Jango. Aí é difícil botar fé em um cara que mais parece um típico exemplar do político populista sul-americano...
 

doraemondigimon

Lenda da internet
Mensagens
16.209
Reações
23.311
Pontos
1.619
Nos nem teríamos meios de discutir isso nesse fórum, que por sinal nem existiria.

Ahh... Poderia existir sim! Na base da discada (de 0:00 às 5:59) e via MirC! (ou quem sabe, com uma 'bem desenvolvida' double ISDN de 512 mb, chafurdando na deepweb....:coolface

Agora, em pensamentos, segundo o estilo da pergunta:

1º - Meu pai continuaria com o Fusca (e depois, seria passado pra mim!):kcool
2º - Meu pai teria um 'rabo de peixe' (algum V8 das antigas!)(e depois, seria passado pra mim!):kbeca


3º - Levando em consideração o pensamento de uma economia desligada do resto do mundo, passando por um estilo de 'economia basicamente interna, eu seria RICO porque meus pais e minha avó trabalhavam diretamente para o governo federal e com isso, o emprego seria passado de pai para filho. O que me deixaria com um cargo de bom tamanho dentro do MOBRAL.... (cof, cof...) MEC e teria um controle do serviço para meus filhos e netos.

Com uma economia disforme, as chances de um outro 'êxodo' de brasileiros para outras partes do mundo, seria pior do que foi entre as décadas de 80 e 90, criando uma desestabilidade única, além de um 'racismo' pior do que já existe em diversos países para com a população brasileira (algo que poderia culminar em um golpe de estado, transformando a 'república de bananas' em algo parecido com o que a Colômbia passa com as FARCS.

No caso, os 'ricos' brasileiros, seriam totalitários e os 'pobres' brasileiros seriam praticamente como estrume de gado, sumindo com a classe média quase que por inteiro. Guerrilhas para tentativas de golpes não seriam forçadas apenas em SP e Rio, mas em todo o território nacional, criando facções e transformando a 'pacata' vida do gado de corte brasileiro em um ambiente adequado ao 'Allahu Ahkbar' muçulmano.

Não sei, mas acho que forcei muito nas minhas explicações, pensando em uma linha puxada pro lado do que houve em Cuba e na faixa Oriental da Alemanha....:kbeca
 

100 FISTS

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
9.921
Reações
53.701
Pontos
703
Como seria?
O Brasil seria uma nação forte, justa e com um povo feliz e sem divisão de classes sociais, seriamos uma nação de primeiro mundo onde nossos justos governantes nos levariam à excelência da sociedade.
Assim como em... em outros países que deram certo como... ahn.. é... peraí.. deixa eu ver... Alemanha..? éh.. não Alemanha não é socialista.. deixa eu ver...Suíça? ahn... é.. também não... Caramba, deve ter um país socialista que não está mal, vejamos...bom eu vou procurar e já volto.

E aí amigo, conseguiu encontrar aquele FAMOSO PAÍS SOCIALISTA QUE DEU CERTO ?
 

Edi (FZ2D)

Mil pontos, LOL!
Mensagens
15.913
Reações
53.734
Pontos
1.284
E aí amigo, conseguiu encontrar aquele FAMOSO PAÍS SOCIALISTA QUE DEU CERTO ?
Segura essa entao golpistasinho...

Venezuela: o socialismo que deu certo


"A Venezuela é um país ímpar, único lugar onde os ricos protestam e os pobres celebram." (De um jornalista colombiano, fevereiro de 2014).

Por Eduardo Montesanti Goldoni *

Após a dissolvição da ex-União Soviética em 1991, o historiador norte-americano Francis Fukuyama sentenciou O Fim da História: o capitalismo vencera para sempre sem deixar opções à humanidade, logo pautando a retórica de muitos indivíduos, analistas ou não, incapazes de enxergar alternativas ao sistema que se mostra cada vez mais falido.

Quando opções são apresentadas, em diversas ocasiões inspirados ou se justificando na doutrina de Fukuyama, que é a de Washington, aplica-se o velho discurso regressivo, essência das mentalidades reacionárias: se não for o neoliberalismo, será o comunismo soviético novamente? Inovação, uma terceira via, sempre impensável, sumariamente rechaçada e até ridicularizada àqueles que podemos chamar de filhotes da Guerra Fria e da ditadura.

Socialismo que deu certo

"Ideias e informações possuem o poder de libertar e de escravizar... ou pior. Nossa escolha se dá através da adaptação a isso." (Dylan Charles, escritor norte-americano)

Em 1998 ascendeu ao poder venezuelano Hugo Rafael Chávez Frías, defendendo entusismada e objetivamente o socialismo do século XXI em plena década perdida da América Latina, onde nunca antes os Estados Unidos haviam exercido tanto domínio sobre a região como naqueles anos.

À ascensão de Hugo Chávez sucederam-se, ao longo da década de 2000, outros personagens progressistas na região mais rica em biodiversidade do planeta: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Honduras (apesar do golpe treinado e financiado pelos EUA, que derrubou Manuel Zelaya em 2009) e Nicarágua.

A democracia participativa passou a reger a maioria desses países: nunca houve na história latino-americana tanta participação popular em sua vida política, tanta liberdade de expressão, garantia de direitos humanos, distribuição de renda, redução do analfabetismo e acesso à educação e saúde entre outras inéditas conquistas, quanto nestes anos.

No caso específico da Venezuela, a democracia participativa tem entregue diversas decisões às mãos da sociedade: medidas a serem tomadas nos bairros, fiscalizações, a possibilidade de sugerir aprovação ou revogação de leis nacionais além do referendo revogatório que pode ser convocado no segundo ano de cada mandato presidencial, como ocorreu em 2004 quando a oposição, através da criação de mais um clima de caça às bruxas, aprovou o referendo e a sociedade optou, maciçamente, pela continuidade de Hugo Chávez (a Constituição venezuelana é uma das poucas do mundo a terem sido constituídas através de Referendo Popular, em 1999).

Hoje, o presidente Nicolás Maduro ex-motorista de ônibus e líder sindical, é o mais popular da América Latina segundo amplapesquisa da rede de TV NTN 24, e 60% dos venezuelanos considera o socialismo o melhor sistema, contra apenas 21% que acredita ser o capitalismo a melhor alternativa.

Através de pesquisas nos dias 27 e 28 de fevereiro, a empresa internacional de pesquisas International Consulting Services (ICS) constatou que 80,9% dos venezuelanos apoia o presidente Maduro, e suas medidas de paz e diálogo especialmente na convocação da Conferência Nacional pela Paz (além de boicotada pela ala oposicionista mais radical, Conferência seguida de boicote nada noticiados pela mídia predominante).

A ICS concluiu ainda que 85,4% da sociedade condenam os atos violentos da oposição no país, e 91,3% concorda que todos os setores políticos, sociais e econômicos devem manter uma postura respeitosa diante da Constituição, isto é, respeitar o governo democraticamente eleito sem a retórica de "apenas cessaremos a violência com renúncia".

Democracia e direitos humanos não são as reivindicações de setores oposicionistas das classes média e alta da Venezuela, muito pelo contrário, e lá estão os EUA apoiando os clamores antidemocráticos. "Só abriremos mão da violência quando este governo renunciar", é o imperativo predominante do setor oposicionista nas ruas e na mídia local, recusando-se a dialogar e a participar das reuniões como a Conferência pela Paz convocada pelo presidente Maduro, a maioria desses encontros, desde antes da violência que tomou conta das ruas, transmitidos ao vivo, em cadeia nacional.

"Dialoguemos e busquemos a paz e soluções ao país, olho no olho", tem dito o dignatário venezuelano. Através da TV ao vivo, em rede nacional, perguntou no Palácio de Miraflores a um de seus adversários mais radicais, o governador de Miranda, Henrique Capriles: "Aqui estão governadores opositores ao meu governo dialogando. Por que você não está aqui? Por que se recusa sempre a estar aqui?". O candidato de Washington na eleição presidencial do ano passado derrotado por Maduro, Henrique Capriles, prefere o silêncio político e a violência nas ruas.

Outro mito, já desfeito em cima de fatos especialmente em nossa última publicação neste Observatório, diz respeito ao "controle midiático" do governo venezuelano. Acrescentemos a realidade trazida no artigo Dialogue or Coup, do jornalista chileno Pedro Santander (http://venezuelanalysis.com/analysis/10369):

"80% da mídia (venezuelana) é privada. Os três jornais de circulação nacional (El Universal, El Nacional e Últimos Noticias) são oposicionistas ao governo, especialmente os dois primeiros, os quais detêm, sozinhos, 90% da leitura no país. Dos quatro canais de TV com cobertura nacional, três deles (Venevisión, Globovisión e Televen) são oposicionistas, detendo 90% da audiência, de acordo com informações fornecidas pela empresa AGB.

Neste sentido, e de acordo com os critérios das Nações Unidas, a liberdade de informação na Venezuela é, sem nenhuma dúvida, mais ampla e melhor que no Chile enquanto no país caribenho a diversidade de propriedade, a diversidade de tipos de mídia (pública, comercial, comunitária) e de discurso – que são os três principais critérios de medição da UNESCO [para avaliar liberdade de Imprensa] – são superiores ao sistema do Chile. Ninguém que compare objetivamente, isto é, com dados (indicadores, medidores, escalas, etc), a mídia chilena com a venezuelana, verá que nosso país [o Chile] está em situação muito mais precária, e não muito democrática."

No Peru, cujo governo é pró-EUA, 78% da mídia impressa está em apenas uma mão. No Brasil, a mídia de massas, totalmente pró-Washington, encontra-se mais oligopolizada que à época da ditadura: pertence a cinco famílias oligárquicas. Além do mais, os EUA e seus parceiros ocidentais baniram redes de TV e estações de rádio iranianas da América do Norte e de vários países eurpoeus em 2012/2013.

Acrescentemos também que o governo bolivariano da Venezuela promoveu expansão sem precedentes no país, e na América Latina, equiparável apenas a Bolívia e Equador, em relação à mídia comunitária, dando voz a todos os setores da ociedade inclusive indpigenas, historicamente abafadas.

Mark Weisbrot apontou que: "Uma análise minuciosa dos canais [venezuelanos] mostra que os canais privados dedicaram proporção muito maior da cobertura ao candidato Henrique Capriles Radonski, aos acontecimentos de sua campanha [presidencial de 2013] e aos seus his seguidores (73%), com muito menor porcentagem (19%) dedicada ao partido governista do então candidato, Nicolás Maduro, aos acontecimentos de sua campanha e a seus seguidores. (...) Na mídia privada, o candidato Henrique Capriles recebeu 60% de cobertura positiva (com 23% negativa, e 17% neutra), enquanto o candidato Maduro teve 28% positiva (com 54% negativa, e 18% neutra)."

Em vista desta realidade toda, contrariada por parte da "grande" mídia apenas com retórica persuasiva sem base nos fatos e nem apresentação da versão de todos os envolvidos conforme rezam as letras mortas da cartilha do jornalismo razoável, a natural constatação é que o governo bolivariano da Venezuela é tão repressor contra a mídia quanto foi o presidente João Goulart... A história imperialista e midiática manipulatória se repete.

...

Fonte: VEJA

Enviado de um aparelho que transmite sonhos!!!
 
Topo Fundo