O que há de Novo?
Fórum Outer Space - O maior fórum de games do Brasil

Registre uma conta gratuita hoje para se tornar um membro! Uma vez conectado, você poderá participar neste site adicionando seus próprios tópicos e postagens, além de se conectar com outros membros por meio de sua própria caixa de entrada privada!

  • Anunciando os planos GOLD no Fórum Outer Space
    Visitante, agora você pode ajudar o Fórum Outer Space e receber alguns recursos exclusivos, incluindo navegação sem anúncios e dois temas exclusivos. Veja os detalhes aqui.


Recomende estudiosos, pensadores, pesquisadores, especialista, jornalista, formadores de opinião, etc.

Pingu77

Mil pontos, LOL!
Mensagens
22.644
Reações
29.812
Pontos
1.114

PUsW4sP.gif
 

Kelsen

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
993
Reações
3.528
Pontos
674
Minha listinha, apenas baseada em livros:

Roger Scruton, filósofo conservador inglês, dos mais importantes da atualidade, obra recomendada "Uma Filosofia Política, Argumentos para o conservadorismo", lendo isso a gente constrói um bom panorama do mundo moderno, entende o brexit, o Trumo, o globalismo, e o retardo mental que vem assolando a mentalidade da juventude atual. Ele discorre sobre aborto, a decadência da arte, ambientalismo, vegetarianismo, etc...
https://livraria.tercalivre.com.br/uma-filosofia-politica-roger-scruton

Mario Ferreira dos Santos, considerado por Olavo de Carvalho como o grande nome da filosofia brasileira de todos os tempos. A obra dele é densa e difícil, mas essa aqui é bem tranquila, "A Invasão Vertical dos Bárbaros" expressão cunhada por Rathenau e usada também por Ortega y Gasset:
https://www.amazon.com.br/Invasão-Vertical-Bárbaros-Ferreira-Santos/dp/8580330866

Ortega Y Gasset, obra recomendada: A Rebelião das Massas, livro mais atual do que nunca e imprescindível para entender a sociedade atual. Faz um combo perfeito com os dois acima.
https://www.amazon.com.br/Rebelião-Massas-José-Ortega-Gasset/dp/8567394821

José Guilherme Merquior, um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos, infelizmente falecido precocemente e, assim como o Mário Ferreira dos Santos, mas nem tanto pelo seu flerte com a esquerda na juventude, boicotado e condenado ao ostracismo pelo academicismo de guerra cultural promovido pela esquerda brasileira nas últimas décadas. Merquior eu defino com um pensador mais voltado à literatura e à estética dentro do campo do pensamento político recomendo "O Liberalismo. Antigo e moderno.
https://www.amazon.com.br/Liberalismo-Antigo-Moderno-Guilherme-Merquior/dp/8580331714

Friedrich Hayek, obra recomendada "O Caminho da Servidão". É só ler pra fundamentar a já notável sensação de retardo mental de quem chama os adversários do PT de fascistas.
https://www.amazon.com.br/Caminho-Servidão-F-Hayek/dp/8562910201


Nunca se esqueçam dos livros galera.
 

Kelsen

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
993
Reações
3.528
Pontos
674
Como vocês conseguem levar esse velho lunático à sério? Pelo jeito que ele fala, as famílias no passado eram bonitinhas como as famílias que são mostradas em propaganda de margarina, nunca foi, a grande maioria das famílias são desestruturadas, é a regra, familia estruturadas são apenas exceções, e isso não é apenas um fenômeno atual, sempre foi assim em toda história humana. E ele ainda critica outros tipos de familia(ex:casais homoafetivos), o que não faz sentido nenhum, se a família é o grande bastião de resistência contra a dominação estatal, não é meio contraditório ser contra outros arranjos de família?
O que de fato destroem as famílias são:
1- Drogas
2- Dificuldades Financeiras
3- Traição
4- Violência doméstica.
Se quer destruir realmente a família é só explorar esses pontos, agora apontar o "gayzismo" como um dos responsáveis pela destruição da família não tem lógica nenhuma.


O problema com o Olavo para a maioria das pessoas é que elas conhecem apenas a sua caricatura das redes sociais, seja pelos seus posts no facebook, ou os trechos de vídeos no youtube que são apenas pequenos excertos das suas aulas no COF e outros cursos e , geralmente, tirados do contexto em que são proferidos para fazerem proselitismo de determinado assunto. Por exemplo, numa aula do COF com duração de 4 horas e sobre a influência de Hegel no desenvolvimento do pensamento do socialismo materialista, ele fala uns 15 minutos sobre a furada que é a teoria do valor em Marx. Logo alguém sobe essa parte com o título " como refutar Marx" por exemplo.

Mesmo quem lê seus livros, como O Imbecil Coletivo ou O mínimo está lendo apenas uma pequena parte e a menos profunda do seu pensamento. Qualquer pessoa que leva a filosofia a sério não pode deixar de considerar Aristóteles em Nova Perspectiva, or exemplo, como uma grande contribuição para o pensamento moderno: a teoria ali exposta (sem muitos detalhes porque não quero caceteá-los haha) é de extrema importância para entender o estagirita, e ganha mais importância ainda porque o assunto ali tratado, ao longo da história , só foi abordado por ninguém menos que Sto. Tomás de Aquino e Avicena. Isso depois de um hiato de décadas sem NENHUMA obra sobre Aristóteles saindo no Brasil mesmo com um imneso revival do grego mundo afora.

O tema central de toda a filosofia do Olavo de Carvalho é de base ontológica e de recuperação da alta cultura e dos valores intelectuais contidos no cristianismo como forma de combate ao solipsismo, ao relativismo, ao subjetivismo que impregna TODAS as áreas da sociedade . A parte mais importante na obra dele não é a destruição de família, esse tema e outros mais imediatos e rasos como os relacionados à moral são apenas pontos dentro de uma estrutura muito mais vasta, mas é a que chega ao grosso do povão, destituído de cultura literária e filosófica e que considera uma mera guerrinha de opiniões como debate de ideias.

Para mim, só o fato de eu ter chegado a conhecer Mario Ferreira dos Santos or intermédio do velho maluco já o coloca acima de todos os outros influenciadores de hoje.
 

Bisnaga Louca

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
5.588
Reações
10.463
Pontos
753
Preciso saber: como voces sequer chegam nesses nomes? Nao me digam que apenas se perdem no youtube atras de filosfofos sem clicar em mais nenhuma bobajada que desvie as recomendaçoes.
 

Setzer1

Mil pontos, LOL!
Mensagens
16.796
Reações
31.694
Pontos
1.344
Preciso saber: como voces sequer chegam nesses nomes? Nao me digam que apenas se perdem no youtube atras de filosfofos sem clicar em mais nenhuma bobajada que desvie as recomendaçoes.

- Recomendados.
- Usando canais de recomendados dos canais. (se vc procurar eles geralmente estão linkados a outros youtubers). Passo um pente nesses casos pq nem tudo me agrada e não preciso de 5 canais falando as mesmas coisas. (Como é um hobby basta 2 pra confirmar a info).
- procurei 1 tema em especifico, e dos que achei o cara era o que melhor explicava, olhei a lista inteira e confirmei que não e´só coincidência.

Eu tenho +de 100 canais inscritos no meu youtube. E isso facilita o próprio youtube me recomendar canais. 1/5 deles ta morto com a queda de monetização do youtube. Os outros 4/5 divide-se em politica, ciência e games.
 


Beren_

Mil pontos, LOL!
Mensagens
13.473
Reações
29.117
Pontos
1.053
O problema com o Olavo para a maioria das pessoas é que elas conhecem apenas a sua caricatura das redes sociais, seja pelos seus posts no facebook, ou os trechos de vídeos no youtube que são apenas pequenos excertos das suas aulas no COF e outros cursos e , geralmente, tirados do contexto em que são proferidos para fazerem proselitismo de determinado assunto. Por exemplo, numa aula do COF com duração de 4 horas e sobre a influência de Hegel no desenvolvimento do pensamento do socialismo materialista, ele fala uns 15 minutos sobre a furada que é a teoria do valor em Marx. Logo alguém sobe essa parte com o título " como refutar Marx" por exemplo.

.

Olavo deve ser bom dando aulas mesmo.
Como qualquer um, ninguem é perfeito, Olavo tem coisas boas, e tem logico coisas merecedoras de critica.
Eu admiro o trabalho do Hayek, caminho da servidão está entre meus favoritos. Mas tambem já li criticas a algumas partes do trabalho dele que são perfeitamente pertinentes.
Não podemos nunca endeusar qualquer tipo de filosofo, pensador, pois nenhum possui todo conhecimento do mundo (como Hayek já mostrava com a teoria do conhecimento disperso).

Mas, chamaram ai para refutação de Marx?

É sabido que Marx popularizou a ideia de que os capitalistas exploram os trabalhadores apropriando-se de uma parte de seu trabalho. O argumento, quando despido de toda o seu linguajar pomposo, é relativamente simples: segundo Marx, as mercadorias produzidas pelos trabalhadores são vendidas por um valor que é igual ao tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-las; sendo assim, em um mundo justo, cada trabalhador deveria ganhar um salário equivalente ao fruto integral de seu trabalho, isto é, equivalente ao valor exato da mercadoria que ele produziu.
Consequentemente, o capitalista, que não efetua trabalho físico, retém para si uma parte do valor desses bens que os trabalhadores produziram, e ele consegue fazer isso graças ao seu monopólio dos meios de produção (os quais, vale dizer, são bens complementares indispensáveis ao trabalhador, sem os quais os trabalhadores nada conseguiriam produzir).

Falando mais especificamente, o capitalista remunera o trabalho com $100 (D), esse trabalho gera mercadorias (M), e essas mercadorias são vendidas por $120 (D'). Segundo Marx, isso só é possível de ocorrer porque há uma parte do trabalho que não foi remunerada pelo capitalista (D'-D), mas que de fato produziu mercadorias com um valor de troca.

Essa diferença é justamente a mais-valia, que é a mensuração exata da "exploração laboral" — ou seja, o trabalhador prestou um serviço para o capitalista e não obteve a devida remuneração.

A solução de Marx? Confiscar os meios de produção da burguesia e repassá-los aos trabalhadores para que estes possam reter o produto integral do seu trabalho sem que haja intermediários capitalistas que se apropriam de parte do suor de seu rosto.

Há vários problemas com essa teoria marxista. Em primeiro lugar, ela parte do princípio de que todo o valor de troca de uma mercadoria depende exclusivamente do trabalho incorrido em sua produção, e não de sua utilidade marginal; o fato de que o valor de um bem é totalmente subjetivo é ignorado pela teoria. Há também uma questão ainda mais problemática, que é a natureza distorcida que Marx atribui ao capital: Marx assume que o valor do capital (por exemplo, o valor de uma máquina utilizada na produção de uma mercadoria) também é determinado pelo trabalho que foi incorrido em sua produção, e que o valor desse capital se transforma, em função de sua depreciação, no valor da mercadoria final; trata-se de uma espécie de contabilidade de custos que se dá de acordo com o tempo de trabalho utilizado.

Eis um exemplo dessa teoria. Se uma impressora de livros tem um preço de 100 onças de ouro (porque o tempo de trabalho necessário para fabricá-la foi equivalente a 100 onças de ouro), e supondo-se que ela possa imprimir 1.000 livros, então o valor que ela irá imputar a cada livro será, segundo a teoria, de 0,1 onça de ouro.

No entanto, na prática, as coisas funcionam exatamente ao contrário: é justamente porque os consumidores estão dispostos a pagar pelo menos 0,1 onça de ouro por cada livro, que a impressora poderá ter um valor de mercado de 100 onças de ouro. Se, no entanto, os consumidores passarem a desejar menos livros impressos e passarem a desejar mais livros eletrônicos, então essa mesma impressora — ainda que o tempo de trabalho socialmente necessário para fabricá-la seja o mesmo, e ainda que os consumidores sigam demandando livros impressos (só que agora em menor quantidade) — irá se depreciar enormemente.

Estabelecida a correta relação entre o preço dos bens de consumo e o preço dos bens de capital, a questão seguinte passa a ser: dado que uma impressora pode imprimir durante os próximos dez anos 1.000 livros com um valor de mercado de 0,1 onça de ouro cada um, por que então a impressora jamais custará 100 onças de ouro, mas sim muito menos?

Ignoremos os eventuais custos subjacentes, pois não é aí que está a dificuldade, e concentremo-nos na questão principal: por que ninguém pagaria hoje 100 onças de ouro por um ativo apenas para receber de volta, ao longo dos próximos dez anos, essas mesmas 100 onças?

Ou ainda mais completo: por que ninguém pagaria hoje 100 onças de ouro por um ativo apenas para receber de volta (ou talvez nem mesmo receber nada), ao longo dos próximos dez anos, essas mesmas 100 onças?

A resposta é simples: porque 100 onças de ouro hoje não têm o mesmo valor que 100 onças de ouro no futuro. As 100 onças de ouro que você já possui hoje são muito mais valiosas do que 100 onças de ouro que você talvez venha a ter no futuro.

As onças de ouro em sua posse hoje representam uma capacidade de satisfazer imediatamente eventuais necessidades que possam surgir, ao passo que as onças de ouro a serem eventualmente recebidas apenas no futuro (e há a chance de que isso nem ocorra) não conferem essa mesma segurança e nem muito menos essa mesma capacidade.

Uma coisa é gastar 100 onças de ouro hoje adquirindo bens de consumo; outra coisa, completamente distinta, é gastar essas mesmas 100 onças em um investimento que nos permitirá recuperá-las apenas ao longo dos anos. Sendo assim, o lógico é que compremos a impressora hoje por, digamos, 90 onças de ouro com o intuito de receber 100 onças ao longo dos próximos dez anos — sempre correndo o risco de que tal retorno pode não se concretizar.

No entanto, se o capitalista compra por 90 para receber 100, então ele está obtendo mais-valia. Só que esta mais-valia não está vinculada à exploração do trabalhador, mas sim ao tempo que o capitalista tem de esperar para auferir essa receita e ao risco que ele tem de assumir ao incorrer nesse processo produtivo. Dito de outra maneira, assim como a mão-de-obra é um fator de produção, o tempo e o risco também o são (se não estamos dispostos a esperar e a assumir riscos, não há como haver produção, por maior que seja a quantidade de trabalho abstrato em que incorramos).

Dado que o capital que é adiantado na forma de salários e na forma de maquinário para os trabalhadores supõe também uma espera e uma assunção de riscos para o capitalista, não seria mais correto dizer que a "mais-valia" do capitalista advém não de um assalto ao trabalhador, mas sim da remuneração desses fatores de produção (tempo e risco)?

Ademais, segundo Marx, bens que requerem o mesmo tempo de trabalho — seja o tempo de trabalho prestado diretamente pelo trabalhador ou o tempo de trabalho incorrido na fabricação dos meios de produção utilizados — para serem produzidos deverão possuir o mesmo valor de troca, e, portanto, o mesmo preço. (Vale notar que, na teoria de Marx, preço e valor de troca só coincidem quando os trabalhadores são donos dos meios de produção.) Mas isso simplesmente não faz nenhum sentido.

Suponha que, para se produzir 100.000 toneladas de trigo são necessários 50 anos de trabalho, e que para se construir uma casa também são necessários 50 anos de trabalho. Segundo Marx, desconsiderando-se oscilações de curto prazo, ambos os produtos deveriam ter o mesmo preço— por exemplo, 1.000 onças de ouro.

Logo, se um trabalhador tem 100.000 toneladas de trigo, e outro trabalhador tem uma casa, ambos poderão trocar estes bens entre si. No entanto, a questão essencial é outra: será que devemos supor que o trabalhador em posse das 100.000 toneladas de trigo está disposto a trocá-las pelo direito de receber uma casa daqui a 50 anos?

(Lembre-se que, segundo Marx, a transação é idêntica: o que está sendo trocado são apenas tempos de trabalho. No entanto, em um caso, o fruto de trabalho de 50 anos já está disponível (100.000 toneladas de trigo); no outro, a pessoa terá de esperar 50 anos para receber seu bem.)

A resposta é um óbvio não. Uma coisa é uma casa já produzida ser trocada por 100.000 toneladas de trigo também já produzidas. Isso pode perfeitamente ocorrer. Outra coisa, completamente distinta, é imaginar que essas 100.000 toneladas de trigo serão trocadas hoje por uma casa que só estará disponível daqui a 50 anos. Tal troca não irá ocorrer simplesmente porque ter uma casa hoje não tem o mesmo valor do que ter uma casa somente daqui a 50 anos.

Somente estaremos dispostos a comprar a promessa de entrega da moradia se obtivermos um desconto muito grande em seu preço. Por exemplo, se uma casa já construída vale 1.000 onças de ouro, uma casa a ser entregue somente daqui a 50 anos valerá, digamos, 200 onças de ouro. Essa mais-valia (pagar 200 hoje para receber 1.000 em 50 anos) é exatamente a taxa de juros (matematicamente, equivale a uma taxa anual média de 2,8%).

Utilizando esse mesmo raciocínio, podemos concluir que os capitalistas adiantam bens presentes (salários) aos trabalhadores em troca de receber, quando o processo de produção estiver finalizado, bens futuros. Existe necessariamente uma diferença de valor entre os bens presentes dos quais os capitalistas abrem mão e os bens futuros que eles receberão (se é que receberão). E essa diferença de valor é a mais-valia. A mais-valia, portanto, não é a apropriação de um tempo de trabalho não-remunerado, mas sim o juro derivado do tempo de espera e do risco assumido até que o processo produtivo esteja concluído.

São muitas as pessoas que não entendem corretamente esse conceito de que os capitalistas adiantam bens presentes para receber, após muito tempo, bens futuros. No entanto, basta verificar os balancetes de qualquer empresa para verificar esse fenômeno. Por exemplo, a General Electric investiu (adiantou) US$685 bilhões para recuperar, na forma de fluxo de caixa anual, aproximadamente US$35 bilhões. Ou seja, os capitalistas da GE abriram mão de US$685 bilhões (e seu equivalente em bens de consumo que eles poderiam ter adquirido no presente) para receber, anualmente, uma receita de US$35 bilhões. Nesse ritmo, serão necessários 20 anos apenas para recuperar todo o capital adiantado.

A pergunta é: os capitalistas que adiantam $685 bilhões — que se abstêm de consumi-los e que incorrem em risco para recuperá-los — não deveriam receber nenhuma remuneração por isso? Será que durante os próximos 20 ou 30 anos eles deveriam se contentar apenas em recuperar — isso se tudo der certo — tão-somente os $685 bilhões de que abriram mão, sem receber nenhuma remuneração pelo seu tempo de espera e pelo risco em que incorreram?

Em suma, você realmente acredita que ter $1.000 hoje é o mesmo que ter $1.000 apenas daqui a 500 anos (e assumindo zero de inflação de preços), mesmo que ambos os valores contenham o mesmo tempo de trabalho?

Pois é exatamente esse o raciocínio por trás de toda a análise marxista da exploração. O que há de errado, portanto, com a teoria da exploração de Marx é que ele não compreende o fenômeno da preferência temporal como uma categoria universal da ação humana.

Os capitalistas, ao adiantarem seu capital e sua poupança para todos os seus fatores de produção (pagando os salários da mão-de-obra e comprando maquinário), esperam ser remunerados pelo tempo de espera e pelo risco que assumem. Por outro lado, os trabalhadores, ao receberem seu salário no presente, estão trocando a incerteza do futuro pelo conforto da certeza do presente.

O fato de o trabalhador não receber o "valor total" da produção futura não tem nada a ver com exploração; simplesmente reflete o fato de que é impossível o homem trocar bens futuros por bens presentes sem que haja um desconto. O pagamento salarial representa bens presentes, ao passo que os serviços de sua mão-de-obra representam apenas bens futuros.

A relação trabalhista, longe de ser uma situação de exploração, é apenas uma relação de troca entre bens presentes (o capital do capitalista) por bens futuros (os bens que serão produzidos pelos trabalhadores e pelo maquinário utilizado, e que só estarão disponíveis no futuro).

Böhm-Bawerk expressou tudo isso de maneira bem mais resumida: "Parece-me justo que os trabalhadores cobrem o valor integral dos frutos futuros do seu trabalho; mas não é justo eles cobrarem a totalidade desse valor futuro agora."


https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1856
 

Beren_

Mil pontos, LOL!
Mensagens
13.473
Reações
29.117
Pontos
1.053
Preciso saber: como voces sequer chegam nesses nomes? Nao me digam que apenas se perdem no youtube atras de filosfofos sem clicar em mais nenhuma bobajada que desvie as recomendaçoes.

Eu procuro por:

Autores e filosofos que ja conheco e que tem canais, como Stefan Molineoux.
Recomendados por outros canais.
Temas especificos:
Escola Austriaca
Escola de Chicago
Liberalismo clássico
Conservadorismo

E por coisas bem especificas como Aristotéles, Locke, Hobbes, Kant, Comte, Heggel, Sombart, etc, e ai eu vou filtrando quem eh vejo conteúdo maior e melhor. Geralmente isso me leva a dica de livros que pode valer a pena ler.
 

Bisnaga Louca

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
5.588
Reações
10.463
Pontos
753
Eu procuro por:

Autores e filosofos que ja conheco e que tem canais, como Stefan Molineoux.
Recomendados por outros canais.
Temas especificos:
Escola Austriaca
Escola de Chicago
Liberalismo clássico
Conservadorismo

E por coisas bem especificas como Aristotéles, Locke, Hobbes, Kant, Comte, Heggel, Sombart, etc, e ai eu vou filtrando quem eh vejo conteúdo maior e melhor. Geralmente isso me leva a dica de livros que pode valer a pena ler.
Mas o que faz voce ter a vontade, o principio, a faísca, para procurar por isso?

É apenas a curiosidade nata pela sabedoria? Não, eu sei que a respota nao é tao simples.

Pergunto isso pois nunca na minha vida nada me leva naturalmente a buscar filosofos, e para a maioria das pessoas tambem nao. O que conheço vem meio que por inércia.
 

Beren_

Mil pontos, LOL!
Mensagens
13.473
Reações
29.117
Pontos
1.053
Mas o que faz voce ter a vontade, o principio, a faísca, para procurar por isso?

É apenas a curiosidade nata pela sabedoria? Não, eu sei que a respota nao é tao simples.

Pergunto isso pois nunca na minha vida nada me leva naturalmente a buscar filosofos, e para a maioria das pessoas tambem nao. O que conheço vem meio que por inércia.

No meu caso. Eu sou empresário e entender economia se mostrou necessário. Mas eu sempre fui "curioso", curto acumular conhecimento. Eu só expandi a area.
Eu rumei para EA porque são os unicos que tem explicações racionais viaveis para as crises internacionais, e que previram todas elas com anos de antecedencia já explicando como e porque ia ocorrer, com pequenas margens de erro na data pq eh quase impossível prever mesmo.

Como EA é multidisciplicar acabei entrando em um pouquinho de filosofia,sociologia, direito etc. E vou tentando melhorar meus conhecimentos com o tempo.
 

Kelsen

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
993
Reações
3.528
Pontos
674
^^
@Bisnaga Louca
O desejo de saber e conhecer é inerente ao homem. Faz parte da natureza humana. Isso já dizia Aristóteles em sua "Metafísica". Esse impulso de alcançar a verdade e evitar o erro. O próprio fato de você estar perguntando é prova disso.

Só que ter essa característica inata e passar à ação que a favoreça não é um determinismo e vai variar com o temperamento de cada um, a época, os meios à disposição, o ambiente ... é necessária então uma tomada de consciência. Parece-me que, atualmente, vivemos na era das massas e da opinião, qualquer opinião, e não o verdadeiro conhecer, e isso acaba meio que amortecendo esse desejo natural pela verdade e dificultando a tomada de consciência.

Pragmaticamente, pra mim funciona assim: eu tenho uma dúvida sobre determinada questão, quero saber determinada coisa. Vou quebrar a cabeça reinventando a roda ou perguntar pra quem já a analisou, já tem uma resposta? E se essa resposta vier de uma tradição que já examina a pergunta que tenho há muito tempo, melhor ainda. Se houver várias respostas conflitantes? Bem , vamos lê-las, nem que sejam muitos livros e autores e chegar a uma conclusão, ninguém disse que é fácil, né?
 

x-eteano

Bam-bam-bam
Mensagens
4.761
Reações
5.616
Pontos
319
Recomendo a lista do Paulo Francis que esta no artigo Um guia pra ter cultura. Não li tudo ainda, espero um dia terminar.

Um guia para ter cultura

Uma bibliografia básica para quem quer compreender a aventura da humanidade

Por Paulo Francis


Pedem minha ficha acadêmica para jovens vestibulandos...Não tenho. Tentei um mestrado na Universidade Columbia em Nova York 1954, mas desisti, aconselhado pelo professor-catedrático Eric Bentley. Achou que eu perdia o meu tempo. Li toda a literatura relevante, de Ésquilo a Beckett, e sabia praticamente de cor a Poética de Aristóteles. Em alguns meses se lê tudo que há de importante em teatro. Li e reli anos a fio.
Mas, sem o doutorado ou nem sequer mestrado, me proponho fazer algumas indicações aos jovens, que, no meu tempo, seriam supérfluas, mas que, hoje, talvez tenham o sabor de novidade. Falo de se obter cultura geral. É fácil.
Educação era a transmissão de um acúmulo de conhecimentos. Hoje, é uma adulação da juventude, que supostamente deve fazer o que bem entende, estar na sua, como dizem, e o resultado é que os reitores de universidades sugerem que não haja mais nota mínima de admissão, que se deixe entrar quem tiver nota menos baixa. Deve haver exceções, caso contrário o mundo civilizado acabaria, mas a crise é real, denunciada por gente como o príncipe Charles, herdeiro do trono inglês, e por intelectuais como Alan Bloom, que consideram a universidade perdida nos EUA. No Brasil, houve a Reforma Passarinho nos anos 60. A ditadura militar tinha o mesmo vício da esquerda. Queria ser popular. Era populista. Quis facilitar o acesso universitário ao povo, como resa o catecismo populista. Ameaça generalizar o analfabetismo.
Não há alternativa à leitura. Me proponho apontar alguns livros essenciais ao jovem, um programa mínimo mesmo, mas que, se cumprido, aumentará dramaticamente a compreensão do estudante do mundo em que está vivendo.
Começando pelo Brasil, é indispensável a leitura de Os Sertões, de Euclides da Cunha. É curto e não é modelo de estilo. Euclides escreve como Jânio Quadros fala. É cara do far-te-ei, a forma oblíqua de que Jânio se gaba. Mas o livro é de gênio. Nos dá a realidade do sertão, que é, para efeitos práticos, o Brasil quase todo, tirando o Sul; a realidade do sertanejo, e do nosso atraso como civilização, como cultura, como organização do Estado. Euclides mostra o choque central entre o Brasil que descende da Europa e o Brasil tropicalista, nativo, selvagem. Euclides apresenta argumentos hoje superados sobre a superioridade da Europa, mas nem por isso deixa de estar certo. Tudo bem ter simpatia pelo índio e o sertanejo, o matuto, mas nosso destino é ser, à brasileira, à nossa moda, um país moderno nos moldes da civilização européia. Euclides começou o livro para destruir Antônio Conselheiro e a Revolta de Canudos, mas se deixou emocionar pela coragem e persistência dos revoltosos e terminou escrevendo um grande épico, em prosa, que o poeta americano Robert Lowell, que só leu a tradução, considera superior a Guerra e Paz, de Tolstoi.
Mas o importante para o jovem é essa escolha entre o primitivo irredentista dos Canudos e a civilização moderna, porque é o que terá de enfrentar no cotidiano brasileiro. É o nosso drama irresolvido.
Leia algum dos grandes romances de Machado de Assis. O mais brilhante é Memórias Póstumas de Brás Cubas. Para estilo, é o que se deve emular. O coloquialismo melodioso e fluente de Machado. É um grande divertimento esse livro. Eu recomendaria ainda para os que tem dificuldade de manejar a lingua O Memorial de Aires. É o livro mais bem escrito em português que há.
Os gregos são um dos nossos berços. Representam a luz e a doçura, na frase de um educador inglês, Mathew Arnold (também poeta e crítico). Arnold falava contra a tradição judaico-cristã, dominante na nossa cultura, na nossa vida, a da Bíblia e do Novo Testamento, que predominaram no mundo ocidental desde o século 5 da Era Cristã, quando o imperador romano Constantino se converteu ao cristianismo. Estudos gregos sérios só começaram no século 19, quando se tornaram currículo universitário, porque antes os padres e pastores não deixavam.
Mas leia originais. Escolhi quatro. Depois de se informar sobre Platão na enciclopédia do seu gosto, se deve ler A Apologia, que é a explicação de Sócrates a seus críticos, quando foi condenado à morte, e Simpósio, um diálogo de Platão. Platão não confiava na palavra escrita. Dizia que era morta. Preferia a forma de diálogo.
Na Apologia se discute o que é mais importante na vida intelectual. A liberdade de ter opiniões contra as ortodoxias do dia. Ajudará o estudante a pensar por si próprio e ter a coragem de suas convicções.
Depois, o delicioso Simpósio. É uma discussão sobre o amor, tudo que você precisa saber sobre o amor sensual, o altruístico, o que chamam de platônico, é o amor centrado na sabedoria.
Platão colocou, à parte Sócrates, seu ídolo, no Diálogo, Aristófanes, o grande gozador de Sócrates. Na boca de Aristófanes põe uma de suas idéias mais originais. Que o ser humano era hermafrodita, parte homem parte mulher, e que cada pessoa, depois da separação, procura recuperar sua parte perdida, e daí a predestinação da mulher certa para um homem e do homem certo para uma mulher.
Imprescindível também ler As Vidas, de Plutarco, o grande biógrafo da Antiguidade. Ficamos sabendo como eram os grandes nomes em carne e osso, de Alexandre, paranóico, a Júlio Cesar, contido, a Antônio e Cleópatra. Shakespeare baseou grande parte de suas peças em Plutarco e leu em tradução inglesa, porque Shakespeare, como nós, não sabia latim ou grego. E, finalmente, como história, leia A Guerra do Peloponeso, de Tucídides. É sobre a guerra entre Atenas, Esparta, Corinto e outras, durante 27 anos, no século 5 antes de Cristo. Lendo sobre Péricles, o líder ateniense, Cléon, o führer espartano, e Alcebíades, o belo, jovem e traiçoeiro Alcebiades, nunca mais nos surpreenderemos com qualquer ato de político em nossos dias. É o maior livro de história já escrito. Sempre atual.
Da Roma original basta ler Os Doze Césares, de Suetônio, e Declínio e Queda do Império Romano, de Gibbon. Mais um banho de natureza humana.
Meu conhecimento científico é quase nenhum. Mas lí, claro, a Lógica da Pesquisa Científica, de Karl Popper, quando entendi o que esses cabras querem. Para quem quer um começo apenas, recomendo o prefácio do Novum Organum, de Francis Bacon, que quer dizer, o título, novo instrumento, e Bacon explica o método científico e o que objetiva a ciência. E para complementá-lo leia o prefácio dos Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton, e o prefácio de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead de seus Principios da Matemática. Também vale a pena ler a História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russell, e o capítulo sobre Positivismo Lógico, que é a filosofia calcada no conhecimento científico. Em resumo, tudo que pode ser provado lógica e matematicamente, é filosofia.O resto não é. Acho isso perfeitamente aceitável. Dispenso o resto.
É nas artes que está a sabedoria. Como viver bem sem ler Hamlet, de Shakespeare? Está tudo lá em linguagem incomparável, é de uma clareza exemplar, tudo que nós já sentimos, viremos a sentir, ou possamos sentir.
Preferi citar junto com Shakespeare uma peça grega, que considero vital: Antígona, de Sófocles. Há uma tradução de Antígona, em verso, por Guilherme de Almeida, que Cacilda Becker representou no Teatro Brasileiro de Comédia.
Antígona é o que há de melhor na mulher. É a jovem princesa cujos irmãos morreram em rebelião contra o tio, o rei Creon, e ela quer enterrá-los, porque na religião grega espíritos não descansam enquanto os corpos não são enterrados. Creon não quer que sejam enterrados, como advertência pública a subversivos. Antígona desafia Creon. Ele manda matá-la. Ela morre. Seu noivo se suicida. É o filho de Creon, que enlouquece. Parece um dramalhão, mas não é. É a alma feminina devassada em toda sua possibilidade fraterna. Hegel achava que Antígona era o choque de dois direitos, o direito individual e o direito do Estado. E assim definiu a tragédia.
A melhor história de Roma é a de Theodore Mommsem. A melhor história da Renascença é a de Jacob Buckhardt. Tudo que você precisa saber.
E aprenda com um dos mais famosos autodidatas, Bernard Shaw (o outro é Trotski). Leia todos os prefácios das peças dele. São uma história universal. Um estalo de Vieira na nossa cabeça. Em um dia você lê todos. Anotando, uma semana. Também vale a pena ler a Pequena História do Mundo, de H.G.Wells, superada em muitos sentidos, mas insuperável como literatura.
Passo tranquilo pelo Iluminismo. Foi tão incorporado a nossa vida, que não é necessário ler Voltaire ou Diderot. Os livros de Peter Gay sobre o Iluminismo são excelentes. Dizem tudo que se precisa saber. Se se quer saber mesmo o que foi o cristianismo, a obra insuperada e As Confissõesde Santo Agostinho, uma das grandes autobiografias, à parte a questão religiosa.
Não é preciso ler A Origem das Espécies, de Darwin, mas é um prazer ler Viagens de um Naturalista ao redor do Mundo, as aventuras de Darwin como botânico e zoólogo, a bordo do navio inglês Beagle, nos anos 1830, pela América do Sul, com páginas inesquecíveis sobre Argentina, Brasil e Galápagos, que está até hoje como Darwin encontrou (e o Brasil e Argentina, na sua alma?)
Houve três grandes revoluções no mundo, a americana, a francesa e a russa. A literatura não poderia ser mais copiosa. Mas basta ler, por exemplo, Cidadãos, de Simon Schama, para se ter um relato esplêndido da revolução interrompida, 1789-1794, na França, e concluir com o livro de Edmund Wilson, Rumo à Estação Finlândia.
O melhor livro sobre a Revolução Francesa é Schama é conservador, Wilson não era, quando escreveu, fazia fé, ainda na década de 30, como tanta gente, na Revolução Russa. Mas a esta altura, e mesmo antes de ele morrer, em 1972, é fácil notar que a Revolução Russa não teve o Terror interrompido, como a Francesa, mas continuou até Gorbachev revelar o seu imenso fracasso.História da Revolução em França, de Edmund Burke, de 1790, que previu o Terror de Robespierre e Saint-Just. Se o estudante quer um livro a favor da Revolução Francesa, leia, o título é o de sempre, o de Gaetano Salvemini. A favor da russa a de Sukhanov, que a Oxford University Press resumiu num volume, ou A Revolução Russa, de Trotski, um clássico revolucionário. Mas os fatos falam mais alto que o brilho literário de Trotski.
Sobre a Revolução Americana não conheço livro bom algum traduzido, mas por tamanho e qualidade, um volume só, sugiro a da editora Longman, A History of the United States of America, do jovem historiador inglês Hugh Brogan, 749 págs, apenas, quando comprei custava US$ 25. Tem tudo que é importante.
Em economia, a Abril publicou 50 volumes dos principais economistas. Eu não perderia tempo. Têm tanta relação com a nossa vida como tiveram Zélia e a criançada assessora. Mas há o Dicionário de Economia, também da Abril. Quando tascarem o jargão, você consulta para saber, ao menos, o que significa a embromação. Economia se resume na frase do português: quem não tem competência não se estabelece.
Dos romances do século 19, Guerra e Paz, de Tolstoi, e Crime e Castigo, de Dostoiewski, me parecem absolutamente indispensáveis. Guerra e Pazporque é o retrato completo de uma sociedade como uma grande familia, porque rimos e choramos sem parar, porque contém um mundo e as inquietações do protagonista, Pierre Bezhukov, que até hoje não foram respondidas. Crime e Castigo, porque exemplifica toda a filosofia de Nietzsche de uma maneira acessível e profundamente dramática, de como o cérebro humano é capaz de racionalizar qualquer crime, que tudo é relativo, em suma, a pessoa que pensa e age, como Raskolnikoff, o protagonista. Vale tudo. Dostoiewski, para nos impedir de aniquilar uns aos outros, acrescenta que não se pode viver sem piedade.
Dos modernos, Proust é maravilhoso, mas penoso, Joyce é desnecessário, mas vale a pena ler as obras-primas de Thomas Mann, A Montanha Mágica, para saber o que foi discutido filosoficamente neste século, e Dr Fausto, que leva o relativismo niilista que domina a cultura moderna e de que precisamos nos livrar, se vamos sobreviver culturalmente, como civilização, e não como meros consumidores, num nível abjeto de satisfação animal.
Há muitas obras que me encantaram e não estou, de forma alguma, excluindo autores ou quaisquer livros. A lista que fiz me parece o básico. Em algumas semanas, duas horas por dia, se lê tudo. Duvido que se ensine qualquer coisa de semelhante nas nossas universidades. Se eu estiver enganado, dou com muito prazer a mão à palmatória.
Por Paulo Francis, para o jornal - OESP - 30/05/91 (PF4d01.htm)


https://sites.google.com/a/desculpeapoeira.com/www/paulofrancis2
 

Kelsen

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
993
Reações
3.528
Pontos
674
Grande Paulo Francis!!

Já li vários do que ele cita.
Só tenho minhas ressalvas quanto ao Novum Organum do Francis Bacon. Acho que para o ponto específico que ele se refere aqui seria melhor ler Descartes. Também algumas ressalvas acerca do positivismo lógico como interpretado por ele. Mas até aí não li essa parte do Russel e estou me baseando no que conheço do Comte.
...

Uma outra coisinha: ele cita várias coisas da cultura grega e que costumam ser associadas à alta erudição e dificuldade. Nada mais falso! As peças de Ésquilo, Sófocles, Eurípedes ( li todas) são uma brisa para ler. Além de curtas e divertidas. Tem e-book em pdf a rodo na internet. O único cuidado é com a tradução.

Mesma coisa com Shakespeare, que além do Hamlet citado, minha favorita, é indispensável a leitura de Macbeth, Rei Lear e Othelo.

Nos grandes da literatura por ele citados eu incluiria Dom Quixote, O Decamerão e A Divina Comédia.

De qualquer maneira, excelente post! Tem algumas coisas aí que eu não conheço e vão pra minha lista de leituras.
 

Kelsen

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
993
Reações
3.528
Pontos
674
^^
Vou complementar mais uma coisinha. Ele cita Crime e Castigo como um bom exemplo da filosofia do Nietzsche mas é uma obra densa e a influência do bigode nela é bastante complexa.

Se alguém gosta de Nietzsche e gostaria de vê-lo aplicado a uma obra literária mais simples, curta e acessível, recomendo Zorba o, Grego, do Kazantzakis. Outra grande obra.
 

Setzer1

Mil pontos, LOL!
Mensagens
16.796
Reações
31.694
Pontos
1.344
Mas o que faz voce ter a vontade, o principio, a faísca, para procurar por isso?

É apenas a curiosidade nata pela sabedoria? Não, eu sei que a respota nao é tao simples.

Pergunto isso pois nunca na minha vida nada me leva naturalmente a buscar filosofos, e para a maioria das pessoas tambem nao. O que conheço vem meio que por inércia.

No meu caso é porque eu curto historia e de saber de onde viemos e pra onde vamos. E historia quanto mais eu sei de outros temas +precisamente eu consigo ser.
Logo sociologia, filosofia, politica, geografia, economia e até mesmo engenharia, química e matemática entram no campo.
 

Hitmanbadass

You can't handle the truth!
VIP
Mensagens
23.769
Reações
51.834
Pontos
1.564
Um que gosto mto e não sei se foi citado: David Foster Wallace
 

Caco Antibes

Mil pontos, LOL!
Mensagens
11.811
Reações
25.219
Pontos
1.139
Ah eu tinha esquecido de um: A metarmofose de Franz Kafka. (Tive o prazer de ter visitado o msueu dele em Praga)
Já vou avisando: esse é o tipo de obra que, ao terminar de ler, dá depre, mas é uma obra genial.
 

PedroFross

Bam-bam-bam
Mensagens
1.982
Reações
2.987
Pontos
303
Guardando vários nomes,Ótimo tópico!

Tem o george orwell,engraçado, ele era socialista convicto,mas escreveu uma das maiores criticas a União soviética: A revolução dos bichos.

E tem o clássico escrito por ele 1984 mas esse todo mundo conhece


Enviado de meu LG-K350 usando Tapatalk
 

f0rg0tten

Mil pontos, LOL!
GOLD
Mensagens
11.108
Reações
17.368
Pontos
1.444
Me lembrei de outro, Tom Woods:



(aproveitando e colocando a playlist do Mises University, vale a pena dar uma olhada nos outros vídeos)
 

PedroFross

Bam-bam-bam
Mensagens
1.982
Reações
2.987
Pontos
303
O ópio dos intelectuais de raymond aron é um livro bastante famoso.
Ele foca numa crítica ao marxismo mais principalmente sobre como os intelectuais da época(decáda de 50 na frança) tratavam o marxismo como uma religião.

Enviado de meu LG-K350 usando Tapatalk
 

PedroFross

Bam-bam-bam
Mensagens
1.982
Reações
2.987
Pontos
303
Ah.
Dave rubin não se considera um conservador,segundo ele é um "liberal clássico"

Enviado de meu LG-K350 usando Tapatalk
 

Geo

Mil pontos, LOL!
Mensagens
10.375
Reações
12.083
Pontos
1.129
Brasileiro recomendo o borra-cuecas de esquerdista, Olavão de Carvalho, em geopolítica o véio é foda.
Esse vídeo aqui é de 2011 mas parece que foi feito ontem :rox


Tem palestras dele no fórum da liberdade que são excelentes, algumas entrevistas em tv, etc...
Olavo de Carvalho? Pensador?
58507840.jpg
 

arthur the king

Bam-bam-bam
Mensagens
2.895
Reações
5.753
Pontos
453
Olavo de carvalho e de fuder


Pensem assim,a vida e um recurso escasso,não vale a pena ler Olavo nem se for só pra falar mal

Enviado de meu SM-G920I usando o Tapatalk
 

Tauron

Bam-bam-bam
Mensagens
4.074
Reações
28.879
Pontos
453
Recomendo a lista do Paulo Francis que esta no artigo Um guia pra ter cultura. Não li tudo ainda, espero um dia terminar.

Um guia para ter cultura

Uma bibliografia básica para quem quer compreender a aventura da humanidade

Por Paulo Francis

Pedem minha ficha acadêmica para jovens vestibulandos...Não tenho. Tentei um mestrado na Universidade Columbia em Nova York 1954, mas desisti, aconselhado pelo professor-catedrático Eric Bentley. Achou que eu perdia o meu tempo. Li toda a literatura relevante, de Ésquilo a Beckett, e sabia praticamente de cor a Poética de Aristóteles. Em alguns meses se lê tudo que há de importante em teatro. Li e reli anos a fio.
Mas, sem o doutorado ou nem sequer mestrado, me proponho fazer algumas indicações aos jovens, que, no meu tempo, seriam supérfluas, mas que, hoje, talvez tenham o sabor de novidade. Falo de se obter cultura geral. É fácil.
Educação era a transmissão de um acúmulo de conhecimentos. Hoje, é uma adulação da juventude, que supostamente deve fazer o que bem entende, estar na sua, como dizem, e o resultado é que os reitores de universidades sugerem que não haja mais nota mínima de admissão, que se deixe entrar quem tiver nota menos baixa. Deve haver exceções, caso contrário o mundo civilizado acabaria, mas a crise é real, denunciada por gente como o príncipe Charles, herdeiro do trono inglês, e por intelectuais como Alan Bloom, que consideram a universidade perdida nos EUA. No Brasil, houve a Reforma Passarinho nos anos 60. A ditadura militar tinha o mesmo vício da esquerda. Queria ser popular. Era populista. Quis facilitar o acesso universitário ao povo, como resa o catecismo populista. Ameaça generalizar o analfabetismo.
Não há alternativa à leitura. Me proponho apontar alguns livros essenciais ao jovem, um programa mínimo mesmo, mas que, se cumprido, aumentará dramaticamente a compreensão do estudante do mundo em que está vivendo.
Começando pelo Brasil, é indispensável a leitura de Os Sertões, de Euclides da Cunha. É curto e não é modelo de estilo. Euclides escreve como Jânio Quadros fala. É cara do far-te-ei, a forma oblíqua de que Jânio se gaba. Mas o livro é de gênio. Nos dá a realidade do sertão, que é, para efeitos práticos, o Brasil quase todo, tirando o Sul; a realidade do sertanejo, e do nosso atraso como civilização, como cultura, como organização do Estado. Euclides mostra o choque central entre o Brasil que descende da Europa e o Brasil tropicalista, nativo, selvagem. Euclides apresenta argumentos hoje superados sobre a superioridade da Europa, mas nem por isso deixa de estar certo. Tudo bem ter simpatia pelo índio e o sertanejo, o matuto, mas nosso destino é ser, à brasileira, à nossa moda, um país moderno nos moldes da civilização européia. Euclides começou o livro para destruir Antônio Conselheiro e a Revolta de Canudos, mas se deixou emocionar pela coragem e persistência dos revoltosos e terminou escrevendo um grande épico, em prosa, que o poeta americano Robert Lowell, que só leu a tradução, considera superior a Guerra e Paz, de Tolstoi.
Mas o importante para o jovem é essa escolha entre o primitivo irredentista dos Canudos e a civilização moderna, porque é o que terá de enfrentar no cotidiano brasileiro. É o nosso drama irresolvido.
Leia algum dos grandes romances de Machado de Assis. O mais brilhante é Memórias Póstumas de Brás Cubas. Para estilo, é o que se deve emular. O coloquialismo melodioso e fluente de Machado. É um grande divertimento esse livro. Eu recomendaria ainda para os que tem dificuldade de manejar a lingua O Memorial de Aires. É o livro mais bem escrito em português que há.
Os gregos são um dos nossos berços. Representam a luz e a doçura, na frase de um educador inglês, Mathew Arnold (também poeta e crítico). Arnold falava contra a tradição judaico-cristã, dominante na nossa cultura, na nossa vida, a da Bíblia e do Novo Testamento, que predominaram no mundo ocidental desde o século 5 da Era Cristã, quando o imperador romano Constantino se converteu ao cristianismo. Estudos gregos sérios só começaram no século 19, quando se tornaram currículo universitário, porque antes os padres e pastores não deixavam.
Mas leia originais. Escolhi quatro. Depois de se informar sobre Platão na enciclopédia do seu gosto, se deve ler A Apologia, que é a explicação de Sócrates a seus críticos, quando foi condenado à morte, e Simpósio, um diálogo de Platão. Platão não confiava na palavra escrita. Dizia que era morta. Preferia a forma de diálogo.
Na Apologia se discute o que é mais importante na vida intelectual. A liberdade de ter opiniões contra as ortodoxias do dia. Ajudará o estudante a pensar por si próprio e ter a coragem de suas convicções.
Depois, o delicioso Simpósio. É uma discussão sobre o amor, tudo que você precisa saber sobre o amor sensual, o altruístico, o que chamam de platônico, é o amor centrado na sabedoria.
Platão colocou, à parte Sócrates, seu ídolo, no Diálogo, Aristófanes, o grande gozador de Sócrates. Na boca de Aristófanes põe uma de suas idéias mais originais. Que o ser humano era hermafrodita, parte homem parte mulher, e que cada pessoa, depois da separação, procura recuperar sua parte perdida, e daí a predestinação da mulher certa para um homem e do homem certo para uma mulher.
Imprescindível também ler As Vidas, de Plutarco, o grande biógrafo da Antiguidade. Ficamos sabendo como eram os grandes nomes em carne e osso, de Alexandre, paranóico, a Júlio Cesar, contido, a Antônio e Cleópatra. Shakespeare baseou grande parte de suas peças em Plutarco e leu em tradução inglesa, porque Shakespeare, como nós, não sabia latim ou grego. E, finalmente, como história, leia A Guerra do Peloponeso, de Tucídides. É sobre a guerra entre Atenas, Esparta, Corinto e outras, durante 27 anos, no século 5 antes de Cristo. Lendo sobre Péricles, o líder ateniense, Cléon, o führer espartano, e Alcebíades, o belo, jovem e traiçoeiro Alcebiades, nunca mais nos surpreenderemos com qualquer ato de político em nossos dias. É o maior livro de história já escrito. Sempre atual.
Da Roma original basta ler Os Doze Césares, de Suetônio, e Declínio e Queda do Império Romano, de Gibbon. Mais um banho de natureza humana.
Meu conhecimento científico é quase nenhum. Mas lí, claro, a Lógica da Pesquisa Científica, de Karl Popper, quando entendi o que esses cabras querem. Para quem quer um começo apenas, recomendo o prefácio do Novum Organum, de Francis Bacon, que quer dizer, o título, novo instrumento, e Bacon explica o método científico e o que objetiva a ciência. E para complementá-lo leia o prefácio dos Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, de Isaac Newton, e o prefácio de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead de seus Principios da Matemática. Também vale a pena ler a História da Filosofia Ocidental, de Bertrand Russell, e o capítulo sobre Positivismo Lógico, que é a filosofia calcada no conhecimento científico. Em resumo, tudo que pode ser provado lógica e matematicamente, é filosofia.O resto não é. Acho isso perfeitamente aceitável. Dispenso o resto.
É nas artes que está a sabedoria. Como viver bem sem ler Hamlet, de Shakespeare? Está tudo lá em linguagem incomparável, é de uma clareza exemplar, tudo que nós já sentimos, viremos a sentir, ou possamos sentir.
Preferi citar junto com Shakespeare uma peça grega, que considero vital: Antígona, de Sófocles. Há uma tradução de Antígona, em verso, por Guilherme de Almeida, que Cacilda Becker representou no Teatro Brasileiro de Comédia.
Antígona é o que há de melhor na mulher. É a jovem princesa cujos irmãos morreram em rebelião contra o tio, o rei Creon, e ela quer enterrá-los, porque na religião grega espíritos não descansam enquanto os corpos não são enterrados. Creon não quer que sejam enterrados, como advertência pública a subversivos. Antígona desafia Creon. Ele manda matá-la. Ela morre. Seu noivo se suicida. É o filho de Creon, que enlouquece. Parece um dramalhão, mas não é. É a alma feminina devassada em toda sua possibilidade fraterna. Hegel achava que Antígona era o choque de dois direitos, o direito individual e o direito do Estado. E assim definiu a tragédia.
A melhor história de Roma é a de Theodore Mommsem. A melhor história da Renascença é a de Jacob Buckhardt. Tudo que você precisa saber.
E aprenda com um dos mais famosos autodidatas, Bernard Shaw (o outro é Trotski). Leia todos os prefácios das peças dele. São uma história universal. Um estalo de Vieira na nossa cabeça. Em um dia você lê todos. Anotando, uma semana. Também vale a pena ler a Pequena História do Mundo, de H.G.Wells, superada em muitos sentidos, mas insuperável como literatura.
Passo tranquilo pelo Iluminismo. Foi tão incorporado a nossa vida, que não é necessário ler Voltaire ou Diderot. Os livros de Peter Gay sobre o Iluminismo são excelentes. Dizem tudo que se precisa saber. Se se quer saber mesmo o que foi o cristianismo, a obra insuperada e As Confissõesde Santo Agostinho, uma das grandes autobiografias, à parte a questão religiosa.
Não é preciso ler A Origem das Espécies, de Darwin, mas é um prazer ler Viagens de um Naturalista ao redor do Mundo, as aventuras de Darwin como botânico e zoólogo, a bordo do navio inglês Beagle, nos anos 1830, pela América do Sul, com páginas inesquecíveis sobre Argentina, Brasil e Galápagos, que está até hoje como Darwin encontrou (e o Brasil e Argentina, na sua alma?)
Houve três grandes revoluções no mundo, a americana, a francesa e a russa. A literatura não poderia ser mais copiosa. Mas basta ler, por exemplo, Cidadãos, de Simon Schama, para se ter um relato esplêndido da revolução interrompida, 1789-1794, na França, e concluir com o livro de Edmund Wilson, Rumo à Estação Finlândia.
O melhor livro sobre a Revolução Francesa é Schama é conservador, Wilson não era, quando escreveu, fazia fé, ainda na década de 30, como tanta gente, na Revolução Russa. Mas a esta altura, e mesmo antes de ele morrer, em 1972, é fácil notar que a Revolução Russa não teve o Terror interrompido, como a Francesa, mas continuou até Gorbachev revelar o seu imenso fracasso.História da Revolução em França, de Edmund Burke, de 1790, que previu o Terror de Robespierre e Saint-Just. Se o estudante quer um livro a favor da Revolução Francesa, leia, o título é o de sempre, o de Gaetano Salvemini. A favor da russa a de Sukhanov, que a Oxford University Press resumiu num volume, ou A Revolução Russa, de Trotski, um clássico revolucionário. Mas os fatos falam mais alto que o brilho literário de Trotski.
Sobre a Revolução Americana não conheço livro bom algum traduzido, mas por tamanho e qualidade, um volume só, sugiro a da editora Longman, A History of the United States of America, do jovem historiador inglês Hugh Brogan, 749 págs, apenas, quando comprei custava US$ 25. Tem tudo que é importante.
Em economia, a Abril publicou 50 volumes dos principais economistas. Eu não perderia tempo. Têm tanta relação com a nossa vida como tiveram Zélia e a criançada assessora. Mas há o Dicionário de Economia, também da Abril. Quando tascarem o jargão, você consulta para saber, ao menos, o que significa a embromação. Economia se resume na frase do português: quem não tem competência não se estabelece.
Dos romances do século 19, Guerra e Paz, de Tolstoi, e Crime e Castigo, de Dostoiewski, me parecem absolutamente indispensáveis. Guerra e Pazporque é o retrato completo de uma sociedade como uma grande familia, porque rimos e choramos sem parar, porque contém um mundo e as inquietações do protagonista, Pierre Bezhukov, que até hoje não foram respondidas. Crime e Castigo, porque exemplifica toda a filosofia de Nietzsche de uma maneira acessível e profundamente dramática, de como o cérebro humano é capaz de racionalizar qualquer crime, que tudo é relativo, em suma, a pessoa que pensa e age, como Raskolnikoff, o protagonista. Vale tudo. Dostoiewski, para nos impedir de aniquilar uns aos outros, acrescenta que não se pode viver sem piedade.
Dos modernos, Proust é maravilhoso, mas penoso, Joyce é desnecessário, mas vale a pena ler as obras-primas de Thomas Mann, A Montanha Mágica, para saber o que foi discutido filosoficamente neste século, e Dr Fausto, que leva o relativismo niilista que domina a cultura moderna e de que precisamos nos livrar, se vamos sobreviver culturalmente, como civilização, e não como meros consumidores, num nível abjeto de satisfação animal.
Há muitas obras que me encantaram e não estou, de forma alguma, excluindo autores ou quaisquer livros. A lista que fiz me parece o básico. Em algumas semanas, duas horas por dia, se lê tudo. Duvido que se ensine qualquer coisa de semelhante nas nossas universidades. Se eu estiver enganado, dou com muito prazer a mão à palmatória.
Por Paulo Francis, para o jornal - OESP - 30/05/91 (PF4d01.htm)


https://sites.google.com/a/desculpeapoeira.com/www/paulofrancis2

A lista do Francis é excelente, eu lá no fim dos anos 90 comecei a ler essas obras por conta desse artigo, infelizmente algumas das indicações não estão disponíveis comercialmente, só existem em grandes bibliotecas para consulta.

Agora uma dica pra quem pretende se aventurar na literatura Russa, Tolstoi, Dostoievski, Gogol etc, os Russos utilizam um sistema de diminutivos que não parece com nada que temos na língua portuguesa, em edições mais recentes, como nas da Editora 34 isso é mitigado por notas de rodapé, nas mais antigas não, então é prudente anotar num caderninho os diminutivos e a quem se referem pra não se perder na leitura, algumas obras como Guerra e Paz também possuem muitos personagens e anotar a arvore genealógica deles ajuda a não se perder na narrativa;

Não que literatura Russa seja difícil, ela só é bastante diferente da literatura Ocidental, mas é magnífica, inclusive quem deseja conhecer os fundamentos ideológicos daquilo um dia se chamaria "comunismo", eu recomendo Os Demônios de Dostoievski.
 

Beren_

Mil pontos, LOL!
Mensagens
13.473
Reações
29.117
Pontos
1.053
Bom, seguindo algumas recomendações, resolvi começar a ler alguns livros, tirar a poeira do meu kindle. Baixei 4 livros inicialmente:

As seis lições - Ludwig von Mises

A Lei - Frédéric Bastiat

O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota – Olavo de Carvalho

O Imbecil Coletivo - Olavo de Carvalho

Encontrei esse site aqui, com alguns livros disponibilizados, principalmente em formato mobi. O que me dizem?

http://rothbardbrasil.com/biblioteca/

Esses 2 primeiros voce provavelmente vai devorar em 1 dia cada hauhaa.
 

Beren_

Mil pontos, LOL!
Mensagens
13.473
Reações
29.117
Pontos
1.053
Eu estou lendo a Lei. Como leio apenas 30 min no horário de almoço do trabalho, não terminei ele ainda. O livro é muito bom, mas boa parte do que ele fala eu já conhecia. Mas é uma leitura interessante sim.

Uma coisa que considero uma sacada fenomenal do Bastiat, é "o que se vê, e o que não se vê".

1542912500699.jpeg
Ainda não tive tempo de ler esse livro embora eu seja familiarizado com o conceito. Mas é uma sacada genial.

Dois textos interessantes:
https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=539

E:

A parábola da vidraça quebrada
falc3a1cia-da-janela-quebrada.png

Você já testemunhou a fúria do bom cidadão João-Ninguém[1], quando seu filho pestinha quebrou uma vidraça? Se você assistiu a esse espetáculo, certamente notou que todos os presentes, mesmo que fossem trinta, foram unânimes para oferecer ao desafortunado proprietário da vidraça esse consolo uniforme: “Há males que vêm para o bem. Tais acidentes fazem a indústria funcionar. Todo mundo tem que viver. O que seria dos vidraceiros se nunca quebrassem as vidraças? ”
Ora, há nessas fórmulas de condolência uma teoria completa, que é bom atentar-se ao flagrante delito, neste caso muito simples, a qual é exatamente a mesma que infelizmente governa a maioria de nossas instituições econômicas.
Supondo-se que se deva gastar seis francos para reparar o dano, pode-se dizer que o incidente aporta seis francos à indústria vidraceira, aumentando seu crescimento em seis francos. Concordo com o fato, eu não discordo de forma alguma, somente pela razão. O vidraceiro virá, fará um trabalho, receberá seis francos, esfregará as mãos e, em seu íntimo, abençoará o terrível moleque. Isso é o que vemos.
Mas se, pela dedução, chegarmos à conclusão, como fazemos muitas vezes, que é bom quebrarmos as vidraças, pois assim circula o dinheiro, que resulte em um encorajamento para a indústria em geral, sou obrigado a exclamar: alto lá! Essa teoria compreende o que se vê, não leva em consideração o que não se vê.
Não se vê, uma vez que nosso cidadão gastou seis francos em uma coisa, assim não poderá mais gastá-lo em outra. Não se vê que, se ele não tivesse nenhuma vidraça para substituir, ele teria trocado, por exemplo, seus sapatos gastos ou adicionar mais um livro à sua biblioteca. Em suma, ele teria investido seus seis francos em um trabalho que ele não faria.
Então, vejamos a indústria em geral. Sendo a vidraça quebrada, a indústria do vidro foi estimulada em seis francos. É o que se vê.
Se a vidraça não tivesse sido quebrada, a indústria de calçados (ou qualquer outra) teria sido encorajada na proporção de seis francos. É o que não se vê.
E se levarmos em consideração o que não vemos, porque é um fato negativo, bem como o que vemos, porque é um fato positivo, entenderíamos que não há vantagem para a indústria em geral, nem para todos os trabalhos nacionais, para o fato de vidraças serem quebradas o ou não.
Façamos agora as contas do João-Ninguém.
Na primeira hipótese, a da vidraça quebrada, ele gasta seis francos, e tem, mais ou menos do que antes, o benefício de uma vidraça.
Na segunda hipótese, quando o incidente não aconteceu, ele teria gasto seis francos com sapatos e teria desfrutado de um par de sapatos e de uma vidraça.
Agora, como João-Ninguém é parte da sociedade, deve concluir-se que, considerado como um todo, e qualquer equilíbrio de seus trabalhos e benefícios, perdeu-se o valor do vidro quebrado.
Consequentemente, pode-se generalizar com a conclusão inesperada: “a sociedade perde o valor dos objetos desnecessariamente destruídos” — e esse aforismo arrepiará o cabelo na cabeça dos protecionistas: “Quebrar, destruir, dissipar, não é estimular o trabalho nacional”, ou ainda sucintamente, “Destruição não é lucro”.
O que dirão vocês do Monitor Industrial?[2] o que dirão seguidores deste bom Sr. de Saint-Chamans[3], que calculou com tanta precisão o que a indústria ganharia com o incêndio de Paris, por causa das casas que devemos reconstruir?
Lamento refutar seus cálculos engenhosos, especialmente porque ele influenciou em nossa legislação. Mas insisto que se refaça os cálculos novamente, levando em consideração o que não vemos ao lado daquilo que vemos.
O leitor deve ter o cuidado de ver que não há apenas dois personagens, mas três no pequeno drama que trouxe à sua atenção. Um, o João-Ninguém, representa o consumidor, reduzido seu poder financeiro pela destruição de um benefício em vez de dois. O outro, na figura do vidraceiro, mostra-nos o produtor a quem o incidente incentiva a indústria. O terceiro é o sapateiro (ou qualquer outro industrial), cujo trabalho é desencorajado pela mesma causa.
É essa terceira personagem que está sempre nas sombras e que, personificando o que não vemos, é uma parte necessária do problema. É ele quem logo nos ensina o quanto não é menos absurdo ver lucro em uma restrição protecionista, o que é, afinal, apenas uma destruição parcial.
Então, se ver no fundo de todos os argumentos apresentados a seu favor, você encontrará apenas a paráfrase deste popular ditado: “O que seria dos vidraceiros, se as vidraças nunca se quebrassem?”
NOTAS
[1] Jacques Bonhomme: expressão francesa para retratar o “cidadão de bem”, o homem médio.
[2] Jornal que defendia interesses protecionistas.
[3] Auguste, visconde de Saint-Chamans (1777-1861) conselheiro de Estado durante a Restauração, defensor do protecionismo e da balança comercial positiva.
O autor dessa parábola foi o economista e ensaísta francês Frédéric Bastiat (1801 — 1850). Defensor do ultraliberalismo, insistia que o papel do Estado seria proteger a vida, a liberdade e a propriedade, evitando-se qualquer forma de política protecionista nacional.
Essa parábola foi popularizada no livro Economia numa única lição do jornalista norte-americano Henry Hazlitt (1894 – 1993) no argumento contra qualquer forma de intervencionismo estatal. Hoje, adeptos da escola austríaca, neocons e libertários emprega-na contra políticas de benefícios sociais. Porém, paradoxalmente, inspira a Teoria das Janelas Partidas do politólogo James Q. Wilson, do criminologista George L. Kelling e da antropóloga jurídica Catherine Coles. Essa teoria postula que a depredação acontece, mas o ônus coletivo de não a reparar seria o aumento dos custos sociais na forma de criminalidade. Ainda mais paradoxalmente, esse estudo serviu para subsidiar a política criminal de “tolerância zero”.
 

Baralho

Ei mãe, 500 pontos!
Mensagens
9.132
Reações
32.118
Pontos
503
Não foi citado até agora, então segue:



O clínico psiquiatra britânico Theodore Darlymple.

Partindo de sua experiência como médico e de sua inclinação conservadora, o médico responsabiliza a noção do Welfare State pela falta de amadurecimento, cada vez mais generalizada em sua opinião.

De acordo com Dalrymple, a sociedade contemporânea embarcou numa concepção preguiçosa de mundo, em uma dimensão onde as fraquezas individuais são estimuladas e onde a ordem política passou a tratar indivíduo como uma criança. Segundo o autor, há vantagens em ser tratado como criança – como a de não ser responsável pela própria experiência, e achar que a “vida ganha” é um direito.¹

Segundo seu livro Podres e Mimados, na contemporaneidade há uma dissociação da ideia do direito da ideia do dever, e um culto tóxico do sentimentalismo que traz uma degeneração do ser humano. O culto tóxico do sentimentalismo torna o homem cada vez mais violento e a mulher cada vez mais objetificada, em uma espécie de parceria doentia. Dalrymple exemplifica suas ideias com casos clínicos particulares documentados ao longo de sua vida exercendo a psiquiatria.

Para o britânico, a cultura moderna se alimenta de nossos medos, frustrações e riscos. Riscos estes que nos tornam adultos.²

Referências:
¹ The Uses of Metaphysical Skepticism', in: In Praise of Prejudice. The Necessity of Preconceived Ideas, p. 6 (capítulo 2).
² 'The Law of Conservation of Righteous Indignation, and its Connection to the Expansion of Human Rights', in: In Praise of Prejudice. The Necessity of Preconceived Ideas, p. 68 (capítulo 17).

Esteve no Brasil em abril deste ano, palestrando no fórum da Liberdade em Porto Alegre, RS.
 

Beren_

Mil pontos, LOL!
Mensagens
13.473
Reações
29.117
Pontos
1.053
Não foi citado até agora, então segue:



O clínico psiquiatra britânico Theodore Darlymple.

Partindo de sua experiência como médico e de sua inclinação conservadora, o médico responsabiliza a noção do Welfare State pela falta de amadurecimento, cada vez mais generalizada em sua opinião.

De acordo com Dalrymple, a sociedade contemporânea embarcou numa concepção preguiçosa de mundo, em uma dimensão onde as fraquezas individuais são estimuladas e onde a ordem política passou a tratar indivíduo como uma criança. Segundo o autor, há vantagens em ser tratado como criança – como a de não ser responsável pela própria experiência, e achar que a “vida ganha” é um direito.¹

Segundo seu livro Podres e Mimados, na contemporaneidade há uma dissociação da ideia do direito da ideia do dever, e um culto tóxico do sentimentalismo que traz uma degeneração do ser humano. O culto tóxico do sentimentalismo torna o homem cada vez mais violento e a mulher cada vez mais objetificada, em uma espécie de parceria doentia. Dalrymple exemplifica suas ideias com casos clínicos particulares documentados ao longo de sua vida exercendo a psiquiatria.

Para o britânico, a cultura moderna se alimenta de nossos medos, frustrações e riscos. Riscos estes que nos tornam adultos.²

Referências:
¹ The Uses of Metaphysical Skepticism', in: In Praise of Prejudice. The Necessity of Preconceived Ideas, p. 6 (capítulo 2).
² 'The Law of Conservation of Righteous Indignation, and its Connection to the Expansion of Human Rights', in: In Praise of Prejudice. The Necessity of Preconceived Ideas, p. 68 (capítulo 17).

Esteve no Brasil em abril deste ano, palestrando no fórum da Liberdade em Porto Alegre, RS.


Eu acho deveras interessante, como casos clínicos, ou seja, documentação empírica, se aproxima muito de proposições a priori. Esse caso da infantilização que o welfare causa é defendido pela escola austriaca já a tempos.

Vou deixar um artigo em ingles.

https://mises.org/wire/how-welfare-states-encourage-bad-economic-thinking

How Welfare States Encourage Bad Economic Thinking

humanright.PNG


09/02/2017 Jakub Bozydar Wisniewski

The greatest intellectual accomplishment of the laissez-faire liberal theorists was the recognition of the “hard” and “soft” institutions that are crucial prerequisites of productive accomplishment and material prosperity. The hard institutions include private property rights, market prices, and sound money. The soft institutions include those that reinforce values such as prudence, thrift, resourcefulness, innovative courage, and respect for success.

However, this accomplishment was accompanied by a proportionately great intellectual error- the belief that these institutions can be safeguarded exclusively by monopolistic apparatus of aggressive violence, commonly known as states. Since states necessarily parasitize on the productive output of market society, the belief that they are necessary for its emergence, let alone that they can remain “minimal” after its emergence, is fatally misguided. On the contrary, it appears perfectly predictable that they will grow in step with the increase in market output.

Unfortunately, this is not the end of the story. As powerful as states may be in terms of sheer physical force, their survival is ultimately rooted in favorable public opinion, and the best way to secure such opinion is to share their plunder as widely as possible. Thus, with sufficiently wealthy hosts at their disposal, states invariably turn into “welfare” states. And it is at this point that they start sawing off the branch on which they are sitting.

With productive achievement institutionally separated from consumption opportunities, the wealth-generating soft institutions start to erode particularly fast. When there is great abundance all around, but it seems that it can be enjoyed without putting in any productive effort, increasingly many of those who do not so enjoy it come to believe that abundance is a free good, and that the only reason why it is not free for them is because someone unfairly withholds it from them. In other words, the prevalence of welfare-statist “redistribution” spells the death of economic thinking – that is, thinking in terms of resource scarcity, opportunity costs, and incentive structures. This temporarily strengthens the state even further – since at this point the state immediately steps in as an entity that is able and willing to punish the malevolent withholders – but it also further accelerates the death of the goose that lays its golden eggs.

In addition, great abundance coupled with the prevalence of statist “redistribution” encourages the overall infantilization of culture. In the absence of sound economic thinking, which explains why particular resources end up in the hands of particular members of extended social order, there appears a tendency to invent arbitrary pseudo-reasons as to why one’s position in this order is not as satisfactory as one would like it to be. One is then encouraged to, for example, invent various contrived identities that are supposed to account for “economic discrimination” of those who are unlucky to possess them. This leads to adopting a crude, childish worldview whereby every aspect of reality is somehow linked to one’s identity and its supposed disadvantages, and whereby the whole realm of social intercourse is reduced to a zero-sum clash between identity-based classes. Needless to say, this creates a perfect environment for accelerated capital consumption.

Another aspect of the infantilization typical of an affluent society mired in welfare statism is that it replaces eudaimonism with hedonism – instead of promoting the pursuit of happiness, it promotes the demand for pleasure. Happiness is increasingly not an option, since it is accessible exclusively to the rapidly diminishing group of those who put serious intellectual, moral, and entrepreneurial effort into seeking it. Instead, the beneficiaries of the welfare state are satisfied with the dubious pleasures of hand-to-mouth existence sponsored by legal plunder, which not only rapidly impoverishes society in material terms, but also steadily erodes its intellectual and moral quality. This, in turn, makes restoring the wealth-generating soft institutions and harmonizing them with the relevant hard institutions all the more difficult.

Thus, it becomes clear that the welfare state is not something that can be grudgingly tolerated as merely a parasitic nuisance. It is overoptimistic to assume that the remaining vestiges of free-market entrepreneurialism will always be able to outpace its insatiable drive toward capital consumption. Nor is it prudent to believe that the hard institutions of private property rights and market prices will be able to survive, let alone do their job effectively, with their underlying cultural foundations eroded to the core. And it is evident that welfare statism strikes at the latter at least as hard, if not more so, than it does at the former.

In other words, in the context of getting rid of all traces of statist “redistribution”, there is no such thing as acting too quickly. As long as the welfare state operates unabated, the wealthier society becomes, the faster it moves toward the point of no return, beyond which the forces of capital consumption irreversibly overcome the forces of capital accumulation. Furthermore, one has to bear in mind that in the context of stopping the former, what matters is not just formal institutional changes, but also – probably more so – far more intangible normative corrections. This is why, in addition to promoting economic knowledge in the spirit of Ludwig von Mises, we should also promote standards of moral and cultural excellence, as epitomized by the leading figures of the Austrian tradition and other individuals cognizant of the normative underpinnings of the free and prosperous commonwealth.
 
Topo Fundo